[ON] PRIMUM SANGUIS

Santa Margarida de Cortona era a santa conhecida como "A Protetora das Prostitutas". Uma coisa irônica, tendo em vista que às voltas da catedral, quando a noite caía, abarrotava-se de prostitutas. Porém, a catedral era muito mais do que aparentava. Dentro de suas paredes e sob o seu piso, encontrava-se uma base de operações das irmãs que serviam a Deus e aos bispos.

Era cedo da noite ainda. A missa estava começando e o canto gregoriano se fazia entoar pelas paredes de pedra do lugar. Haviam poucas pessoas na catedral sentadas esperando a missa, devido ao frio que fazia do começo do inverno. De pé, apagando as velas de sete dias estava uma velha conhecida como Madre Superiora...

MADRE SUPERIORA:

Junto dela, estava uma pessoa que nunca havia aparecido nesta igreja antes. Era uma mulher bela, mas que não se vestia como as outras irmãs. Tinha uma aparência mais agressiva. Seu nome, Friede descobrira logo, era Ursulla.

URSULLA:

Madre Superiora (MS): Eu entendo, irmã Ursulla. Eu creio que Friede será de grande auxílio.
Ursulla (U): Eu soube que ela é uma mutante. Que seus poderes não vêm do Todo Poderoso.
MS: Deus também criou os mutantes, irmã. Sendo assim, de forma meio distorcida, mas os poderes dela vêm de Deus, então.
U: Ela não me parece grande coisa...
MS: Ela é uma excelente guerreira de Deus.
U: Ela continua não me parecendo grande coisa.
MS: Ela é minha melhor aluna. E o próprio Bispo já se surpreendeu com as habilidades dela.
U: Mas este vai ser o primeiro trabalho de campo dela, não vai?
MS: ....
U: Apenas responda, Madre. Eu vou ser babá esta noite?
MS: Eu garanto que a minha garota pode se cuidar perfeitamente.
U: Não serei responsabilizada se ela morrer...
MS: Não será. Ali... ela vem ao longe.
U: Realmente...
MS: ...?
U: Ela não me parece grande coisa.

Ambas se viraram para o lado e Friede vinha caminhando lentamente.

MS: Aproxime-se, minha filha. Tem alguém que eu quero que você conheça.

Ao se aproximar, Friede viu que a mulher a analisava dos pés a cabeça.

U: Então.... você é a garota de ouro?

Era mais uma noite fria do início do inverno, a melhor época para a Irmã Friede, ela estava na missa entoando alguns cantos gregorianos quando ao longe observou a Madre Superiora junto com uma mulher de aparência agressiva e intimidadora, aquilo chamou a atenção de Friede que logo focou-se nas duas e pôde ouvir doq ue conversavam, claro, as poucas pessoas na igreja facilitaram seus ouvidos e para sua surpresa a moça parecia ser aquela que a Madre havia avisado que viria esta noite e que apresentaria Friede a ela.

A primeira vista Friede não era nem de perto ameaçadora como a Irmã Úrsula e isso de cara atrapalhou o julgamento dela para com a freira, pior, o fato de seus poderes serem mutantes impunha mais uma barreira, porém, o que a Irmã Úrsula não sabia é que um dos poderes de Friede foram adquiridos durante seus treinos na igreja, algo que ela percebeu que não vinha dela, mas que se mesclava a seu poder mutante para curar os feridos, provavelmente uma benção divina.

Mesmo Friede sendo centrada e calma era praticamente impossível evitar o nervosismo, primeiro para conversar com Úrsula que já era assustador por si e depois ir para a rua colocar em prática tudo que aprendeu na igreja. O maior medo de Friede por incrível que pareça era a irmã pergunta-la sobra as teorias estudadas, que eram o ponto fraco de Friede, causado pelo bloqueio por tudo que sofreu na infância, bem como a situação de seu pai. Mas na pratica era se destacava com louvor perante as demais.

Assim que a mulher começa a se aproximar Friede aproxima-se de ambas e a cumprimenta, mas não consegue evitar o olhar analítico da Irmã Úrsula, que logo dirige-se a ela.

-A paz de Cristo, Irmã...

-Então.... você é a garota de ouro?

A pergunta surpreende um pouco Friede, mas ela entende o porque, afinal a Madre rasgou elogios a ela a pouco, bem como os bispos que a analisaram em seus testes. Mas era algo que ela não gostava, contar algum tipo de vantagem.

-Não creio que é o tipo de característica que me apetece exaltar, pois, conforme ensinam as escrituras em Romanos 12:3: "Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, ao contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu."  Eu sou apenas a Irmã Friede, irmã. Estudei, trabalhei e me esforcei para cumprir meu dever, o chamado de Deus para este caminho, sei do que sou capaz, mas deixo para os outros os elogios e os agradeço.

Encerrava ela com a face serena, mas com ar de tristeza, não pelo que é ou se tornou, mas uma tristeza que a acompanha desde pequena também resultante de seus traumas.

Ursulla olha por cima do ombro para a Madre Superiora quando Friede responde a sua pergunta.

Ursulla: Humildade, hein? Soube que você é tão poderosa quanto devota... espero que seja verdade.

A Madre vai por trás de Friede e coloca as mãos em seus ombros, como que apoiando a jovem por trás e fala para a Irmã Friede.

MS: Irmã Friede, esta é a Irmã Ursulla, de um de nossos conventos na Alemanha. Ela faz parte de uma ordem criada pelo próprio Arcanjo Michael, conhecidas como Magdalenas, a Mão direita de Deus.

Ursulla: Em resumo, somos as que fazem o trabalho sujo quando as coisas apertam.

MS: Irmã Friede, a irmã Ursulla veio da Alemanha em uma missão especial e requisitou a nossa ajuda. Eu indiquei você. Você ainda não teve experiências em campo, mas eu estou muito segura e com fé em Deus que você se sairá muito bem.

Se Friede não tivesse mais nada a dizer com a Madre Superiora, ela se retiraria e voltaria a recolher as velas...

Ursulla: Bem, irmã, Friede... agora somos só nós duas. Acho melhor você pegar as armas que Deus te deu pra lutar. Pois nós iremos atrás de algo muito perigoso... me diga... o que você sabe sobre um demônio chamado Astaroth?

[se quiser, pode fazer um teste de BEM INFORMADO (caso tenha) ou um teste de RELIGIAO]

Friede acena positivamente para a Madre Superiora com certo ar de alegria em sua face, apesar de tentar mantê-la serena:

-Agradeço a lembrança e o reconhecimento, Madre. Eles vem devido a meus esforços que são recompensados por Deus com toda a sua justiça.

A jovem freira volta-se para Irmã Úrsula com sua pergunta sobre o demônio, falando sobre ele de forma resumida:

-É um prazer conhece-la, irmã. Quanto a ele, sei o suficiente para ter certeza de sua ameaça, mas sei também que quando ele está na Terra seus poderes diminuem bastante e claro, que uma de suas maiores ameaças são dentre muitas coisas: a mudança de aparência para ludibriar os desatentos, e seu grande dom de manipulação. E por fim, que mesmo com seu poder diminuído, não podemos menospreza-lo.

Friede acena positivamente para Úrsula e para a Madre que logo entende que ela iria descer para buscar sua foice grande, a foice pequena estava pendurada  em sua cintura, com parte de sua lâmina escondida dentro do vestido. Ela mostra a foice levemente para as irmãs e desce para pegar a foice maior. Quando ela volta estava descalça e com uma grande foice negra em suas costas. A foice era bem grande e com a extensão do braço da irmã Friede podia alcança alvos a pelo menos três metros de distância, já que a própria Friede tinha cerca de 1,85m de altura, muito alta para os padrões femininos.

-Estou pronta irmã Úrsula, podemos ir quando você quiser.

Ela volta-se para a Madre faz uma leve reverência e beija as duas mãos dela.

-Sua benção, Madre.

A Madre colocou a mão sobre a cabeça de Friede e falou algumas palavras em latim que a jovem sabia ser uma benção de proteção.
Depois daquele momento, Friede e Ursulla partiram da catedral.

Assim que desceram os degraus de pedra, Irmã Ursulla tirou um pêndulo que Friede imaginou ser uma relíquia sagrada.

Ursulla: Este é um medalhão de São Cipriano. Tem as lascas de um osso de um anjo e de um demônio aqui dentro. Se algo sobrenatural estiver nas proximidades, então ele vai achar...

Ela deixou o pêndulo no chão e as duas ficaram observando-o por uns 2 minutos, até que a relíquia tremeu e começou a serpentear pelo chão, seguindo em uma direção.

Ursulla: Parece que o pêndulo achou algo! Não o perca de vista

As freiras começaram a correr, seguindo o pêndulo que cada vez ficava mais e mais rápido. Foi quando o pêndulo entrou rapidamente em um prédio velho, mas não abandonado.... pelo contrário! Estava lotado! Lotado de mendigos e sem tetos. Na frente havia uma enorme fila com uns 30 sem-teto e dois voluntários servindo sopa. Dentro, o lugar deveria ser um muquifo...

Ursulla: Muito cuidado aqui. Lembre-se.... ele pode ser qualquer um. Vamos nos separar e achar o pêndulo. Assim que ele perceber o pêndulo, vai saber que estamos atrás dele e ele vai querer fugir ou lutar... Fugir se estiver fraco.... Lutar se sentir que pode nos derrotar. Nossa melhor chance é a surpresa...

Friede e Ursulla entraram e se separaram.... Dentro haviam muitos sem-teto, alguns carregando travesseiros e lençóis, outros com crianças de colo, outros sentados no corredor mesmo. Era uma casa de 2 andares, mas deveriam haver pelo menos cinquenta pessoas ali dentro...

O foco da Irmã Friede foi quase que totalmente no combate, ela estava disposta a ser a arma que finalizaria as ameaças, por isso ela negligenciou muitas coisas, inclusive seu próprio estudo como freira não é dos mais avançados, mas talvez pudesse ajudar ao analisar comportamentos através dele que deem algum indício de algo não comum e sobrenatural, alo diferente nos humanos que indicasse a ameaça, mas não seria o suficiente, ela teria que procura o pêndulo, coisa que não era nem de perto seu forte.

No caminho, Friede fica impressionada com o artefato utilizado por irmã Úrsula. Ela para junto com a irmã para esperar a reação do objeto que em poucos minutos serpenteia e segue, ambas correm seguindo o objeto, levando-as para um prédio antigo, que estava lotado de pessoas. Um lugar perfeito para um demônio se esconder.

Restava agora procurar o objeto.

Em seu íntimo ela lamentava um pouco e faz uma breve oração:

"A Madre Superiora poderia ter dito a irmã Úrsula que assim que achasse o alvo me chamasse que eu resolveria, porém devo me apegar a a Romanos 8:24-25:  'Pois nessa esperança fomos salvos. Mas esperança que se vê não é esperança. Quem espera por aquilo que está vendo? Mas, se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente.'  Guie meus sentidos meu Deus, pois essa sua serva falhou no caminho da atenção."

Friede correu junto com Úrsulla até chegarem ao abrigo de Sem-tetos e as duas decidirem se separar.

A irmã mais nova começou a procurar, mas parecia ser como procurar uma agulha em um palheiro naquele local e estava realmente difícil. Friede foi caminhando e mantendo os olhos no chão, para ver se encontrava alguma coisa. Foi quando a Freira que controlava fogo e gelo sentiu um arrepio na espinha. Ao entrar em um dos quartos, haviam diversos mendigos reunidos, de todos os tipos, tamanhos e sexos... e na frente deles, mais alto, sentado em uma cadeira que estava suspensa por vários livros e revistas velhas havia um homem sentado, como um rei...



Mendigo: Ora, ora.... o que temos aqui. Está perdida, irmã? Ou talvez tenha perdido algo...

Ele ergueu a mão, mostrando o pêndulo da irmã Ursulla, que girava como uma bússola descompensada. O "rei mendigo" sorriu, mostrando dentes podres e faltantes...

Mendigo: Hihihi... Cuidado pra não encontrar o que procura, freira....

Os mendigos que estavam "reverenciando" ele se levantaram e olharam para Irmã Friede. Estavam todos com olhos avermelhados e veias negras em seus pescoços.... eram sete na contagem e ficaram entre Friede e o Rei Mendigo.
Foi então, que a voz do mendigo ficou mais grutual, como se várias vozes saíssem de sua garganta.

Mendigo: A hora que eles terminarem com você, eu usarei seu ventre para colocar moscas e vermes... e depois alimentarei porcos com o que sobrar de ti, Irmã Friede!

Ele olhava as foices que a Irmã dispunha...

Mendigo: Eu tomaria cuidado com isso.... Estes homens estão sobre meu poder, mas... ainda são filhos do pai-todo-poderoso. "Aquele que é pobre na Terra, é rico em meu reino!" Hehehe....

Ele se recostava na cadeira e entrelaçava os dedos, como que se deliciando sobre o que Friede faria naquele momento... era um quarto bem apertado e o teto não era muito alto... dificilmente ela chegaria ao demônio sem antes passar por aquela trupe de sem-tetos, que caminhavam em direção a ela...

Friede sente um arrepio na espinha e ao olhar o "Líder" dos mendigos falando logo percebe que era quem procurava. Ele mantinha sua postura serena e uma leve ansiedade fazia seu coração bater mais rápido. Estava sozinha contra um demônio poderosos e alguns de seus capachos que eram inocentes, dominados pelo poder dele. Ela segura suas armas de modo mais firme e encarando o demônio:

-Astaroth... Nenhuma surpresa com uma ação covarde como essa... "Guarda a minha vida e livra-me! Não me deixes decepcionado, pois eu me refugio em ti. Que a integridade e a retidão me protejam, porque a minha esperança está em ti." Salmos 25:20-21

Enquanto Friede se pronunciava e pedia proteção de Deus, um vento extremamente frio começa a emanar dela como um turbilhão, despencando brutalmente a temperatura, espalhando-se por todo local, então uma névoa extremante densa surge, o chão torna-se gelo escorregadio e Friede torna-se "invisível", porém, ela controla o poder para não afetar os mendigos aparentemente comuns, apenas para afetar Astaroth e os sete que vinham em direção a ela.

-Apesar de perigoso isso é menos letal para eles, você cairá aqui, Astaroth.


OFF
Mecânica:

Névoa: (Sustentado/Ação Padrão/Área):<12> Controle do Ambiente 2[16m] ( Extra: Frio 2,  Redução de Movimento 2 [Gelo], Seletivo 2; Fixo: Afeta Intangível 2;
Ligado a Camuflagem: ( Sustentado/Livre/Pessoal/Sensorial): <5> Sensorial Camuflagem 5. (Falha: passiva -5) Descritor Frio e Camuflagem. Total: 17
Descrição: Friede cria uma névoa gélia intensa seu redor que se expande muito além  congelando o solo com temperaturas baixíssimas, com isso ela consegue se camuflar para atacar seus inimigos ao mesmo tempo que atrapalha seus movimentos.

Como ela tem ambiente favorito o Frio extremo, ela ganha +2 nas jogadas de ataque contra os alvos na área e eles são considerados "Vulneráveis?" Aos ataques se não possuírem meios de enxerga-la de modo além dos sentidos comuns.

OFF

Friede começa a conjurar os seus poderes do frio, fazendo com que em poucos segundos o local pareça mais um frigorífico do que um albergue para mendigos. Os locais começam a ficar cada vez mais lentos e o ambiente começa a ficar quase que impossível de se enxergar no ambiente.

Ela então proferia a sua ameaça contra o demônio Astaroth.

Astaroth: Eu não caí quando os Babilônios tentaram, nem quando os Egípcios quiseram.... e não vai ser hoje com você, jovem!

Friede via os vidros das duas janelas se quebrando em diversos cacos e flutuando no ar.

Astaroth: E eu não preciso ver você pra rasgar a sua carne e colher o seu sangue, garotinha!

Então, ele fez com que o quarto inteiro fosse alvejado por cacos de vidro, acertando vários dos mendigos nas costas. Friede conseguiu saltar por trás de uma cama e os cacos não a atingiram, porém a maioria dos mendigos foi alvejado e caiu no chão. Havia bastante sangue no ambiente.... apesar de os cacos não serem maiores que 7 ou 9 cm, eles eram afiados e eram muitos!

Astaroth: Hahahaha! Mais carne para o caldeirão. Até logo, irmãzinha!

Como ação de movimento, Astaroth saltou pela janela e começou a correr...

Friede vê Astaroth tentar fugir e os mendigos no chão sangrando, porém, se ele ainda estiver nesse mundo causará muito mais mortes Friede lamenta pelos mendigos mas precisava alcançar Astaroth. Um jato de ar frio sai dos pés de Friede e ela salta quase que em linha como um projétil, saindo também pela janela e continua a perseguição a Astaroth, ele só poderia escapar se corresse mais que o alcance do pulo de Friede ou tivesse alguma outra habilidade ela sabia disso mas estava atenta, assim que ela tenha alcance mesmo que seja do ar ela move sua foice longa num raio de 180° da direita para a esquerda e um cone de frio como um sopro de dragão atinge em cheio Astaroth.

-Vai precisar de mais do que pernas fugir de mim, Astaroth!

Mecânica:

Friede usa seu poder "Salto" como ação de movimento e assim que tem alcance para Astaroth ela usa seu poder "Ondas de Geada"

Poderes:

Irmã Friede deixa para trás os mendigos feridos, pois ela sabe que Astaroth soltou poderá fazer muito mais mal e aquelas pessoas tinham ao menos um enfermeiro na casa para ajudá-los.... além disso, os cacos de vidro não eram tão fatais assim.

Ela salta pela janela usando o ar frio para se impulsionar e cobrir a distância que Astaroth já havia tomado. Então a freira cria um cone de ar gelado de sua mão, que cobre os próximos cinco ou seis metros à frente. O mendigo não consegue sequer se virar e recebe todo o ar frio, com pequenos nacos de gelo que lembram os ventos cortantes da Sibéria. O cone o atinge quase que por completo! Ele se curva para trás quando a lufada o atinge, enquanto solta um grito bem intenso e capota por uns 2m na rua, caindo de barriga e se virando para cima.... Havia sangue saindo de sua boca... e o corpo estava muito ferido.

Ele meio que tentava se sentar no asfalto. Carros haviam parado por conta do que estava acontecendo no meio do trânsito e alguns motoristas saíam dos veículos depois de protestarem com buzinas. Haviam algumas pessoas na rua, a maioria moradores daquele bairro não muito abastado.

Enquanto isso, Astaroth tentava se arrastar para longe de Irmã Friede... mas no rosto do homem, havia pavor... medo.

Mendigo: Não.... não, por favor! Tenha piedade de mim! Eu.... eu não fiz nada! Não me mate!

Lágrimas escorriam pelas bochechas imundas dele. Havia um medo real em seus olhos... Ele estava muito ferido. Dificilmente conseguiria se levantar.... era um corpo magro e esfomeado e não tinha muitas condições de suportar o poder de Friede.
Foi quando uma criança de rua, que deveria ter mais ou menos uns sete anos correu, abraçando o homem pela frente e ficando entre Friede e o mendigo.

Criança: Não! Deixe o meu tio em paz! Ele só está com fome! Não machuque ele! Não machuque ele!!!

Friede começava a ver que a rua começava a se encher mais e mais de curiosos...

Mais atrás de si, na saída do albergue dos sem-teto, Friede podia ver que Irmã Ursulla observava os seus próximos atos...

Friede ataca o demônio o atingindo em cheio, porém o comportamento em seguida é de um pavor estranho, não por um demônio ela ouve as palavras com certa desconfiança pois é sabido o quão ardilosos são esses demônios e se preocupa quando uma criança abraça o homem dizendo que era seu tio e que não fizesse nada com ele, somando a isso pessoas já começa a aglomerar e chamar atenção.

A freira olha logo para o pingente mágico de irmã Úrsula e ele parece inerte, como se Astaroth tivesse saído do corpo do homem. Isso a acalmou um pouco, mas por outro lado também sabia que outra pessoa ou até o próprio mendigo poderia ser vítima do demônio.

-Seu tio não estava agindo com seus próprios pensamentos, mas ao que parece ele voltou ao normal. Friede guarda as foices e aponta para o pingente com o homem. -Só me entregue isso que eu curarei seus ferimentos e você estará bem melhor.

Quando o homem entrega, ela se ajoelha  faz uma oração de olhos abertos, sua mão começa a brilhar e ela toca o homem. Que começa a fechar seus ferimentos, como se pequenas chamas envolvessem os ferimentos e cicatrizassem parte deles.

-"Só ele cura os de coração quebrantado e cuida das suas feridas".¹ Irmão, seu corpo está aberto, mas através do senhor você fortalecerá ele e sua alma, busque-o que o mal pensará duas vezes antes de lhe acometer novamente.

Em seguida ela se despede e usando de seu salto ela vai até a Irmã Úrsula para entrega-la o pingente.

-Irmã, não teria como conseguir um desses para mim? Acho importante para estes tipos de abordagem.

Obs:

¹Salmos 147:3

Friede começava a curar o homem e as feridas dele começavam a se fechar. Ele parava de clamar de dor e a sobrinha dele olhava mais e mais maravilhada para aquilo.

A pessoas à volta viam aquele "milagre" da cura e enquanto umas ficavam meio descrentes, outras faziam o sinal da cruz e começavam a ovacionar aquilo, chamando ainda mais atenção.

Era notório os gritos de "Milagre!" "Uma Santa!" "É o poder de Deus!"

Friede teve que se desvencilhar das pessoas, pois muitos queria inclusive passar a mão nos ombros e no braço da pequena freira. Então, Friede chegou até Irmã Ursulla e comentou sobre o tal pingente.

Ursulla: No momento ele é inútil agora. Além de estar descarregado, Astaroth já sabe que estamos atrás dele e que usamos esta relíquia, então ele saberá como se esconder dele. Fique com o pingente se quiser, como souvenir da sua primeira missão. Agora precisamos pensar numa nova maneira de localizar ele e eu estou com muita fome.

As duas se dirigiram para uma cafeteria...



Ursulla: Escolha o que quiser. A ordem está pagando...

A garçonete veio e estranhou a foice nas costas de Friede, mas não falou nada... e então perguntou o que elas iriam querer.

Ursulla: Eu vou querer o do dia e um café sem açúcar e sem creme e a minha amiga...

Esperou o pedido de Friede. Enquanto esperavam, Ursulla se debruçou sobre a mesa conversando baixinho com Friede.

Ursulla: Isso não faz sentido. Porque Astaroth, um demônio de classe "S" viria à Terra para virar o "Rei dos Mendigos Vagabundos" ao invés de possuir alguém mais poderoso e que pudesse influenciar o mundo de certa forma? Tem algo que não está batendo aqui, irmã... preciso que você me ajude a pensar. De início foi muito fácil... ele se deixou apanhar. Porquê?

As habilidades curativas da freira atraíram a atenção das pessoas muito mais do que ela imaginava, afinal, nunca tinha usado em publico dessa forma, isso a assustou um pouco, principalmente quando começaram a chama-la de santa. Ela se incomodava com isso, mesmo sabendo de seu comportamento e retidão ela se julgava muito distante de ser uma santa, para piorar as pessoas começaram a querer toca-la, como costumam fazer com sua fé por algumas vezes.

Cercavam-na, mas ela conseguiu se desvencilhar e se encontrar com a irmã Úrsula. Friede chega um pouco desconcertada mas indaga a irmã sobre o pingente, mas, ao que tudo indica só poderia ser usado uma vez ou precisava de algum tipo de carregamento.

Era notório que a principal preocupação de Irmã Úrsula era quanto a Astaroth, ambas seguem conversando até uma cafeteria onde sentam, irmã Úrsula faz seu pedido e indaga Friede que logo responde:

-Ah...sim, traga um salgado e uma Coca-cola por favor!

Enquanto a moça vai buscar os pedidos a Irmã Úrsula sussurra e Friede também abaixa um pouco a cabeça para escutar. Respondendo em seguida pensativa:

-Bem, na verdade eu encontrei ele quase que ao acaso e ele estava de posse do pingente, em seguida ordenou que alguns mendigos possuídos me atacassem. Mas, ao mesmo tempo tentou me atacar matando-os ou ferindo-os gravemente, não pareie para cura-los porque julguei que muito mais dor e sofrimento seria lapidada caso ele escapasse, quando o ataquei na rua ela tinha saído do corpo do homem.

Friede olha para a rua por alguns segundos pensativa e logo retoma o raciocínio:

-Talvez ele sendo um mendigo chamasse menos atenção para agir como pretendia, ou quem sabe não fosse ele de fato... Poderia ser um de seus asseclas que espalhou ser ele para distrair quem buscava Astaroth, ganhando tempo para que o verdadeiro fizesse algo, talvez ele conseguiu alguma coisa enquanto nos distraia aqui..._Ela aponta para o pingente- Este pingente, ele foi feito para detectar Astaroth especificamente ou demônios e anjos de modo geral? SE for a segunda opção, realmente, o "Rei Mendigo" poderia não ser ele e sim uma distração.

Ela suspira:

-Temo que ele tenha feito algo muito perigoso....

Em pouco tempo, havia um salgado e uma coca-cola, juntamente com o que a Irmã Ursulla pediu.
Enquanto isso, a conversa das duas continuava.

Ursulla: Faz sentido. Demonios maiores precisam de muito dispêndio de poder para virem ao nosso plano. Astaroth certamente não veio aqui a passeio. E você fez bem em não ter parado para curar os desafortunados e ter ido atrás de Astaroth... De fato ele é muito mais perigoso e pode fazer muito mais mal.

Friede sabia que a ordem das Magdalenas não era exatamente uma ordem que se preocupava com o bem-estar dos inocentes. Elas eram conhecidas por ir atrás de exterminar o mal, não importava quanto... "mal"... elas causassem no processo.

Naquele momento, um sininho de porta se abrindo soou no ar e entrou uma moça, que caminhou até o balcão para comprar algo. Friede tinha certeza que a vira na frente do abrigo de sem-teto. Era uma das voluntárias que distribuía sopa. Ela entrou e pediu o café. Enquanto esperava, os quatro homens atrás da mesa de Friede e Ursulla começaram a cochichar e a tirar piadas entre si sobre as belas pernas da mulher. Estavam notoriamente bêbados, apesar de serem grandes e um pouco fortes. Quando ela saiu, eles se levantaram apressados "vamos lá, vamos lá".

Aquilo era notoriamente encrenca. Ursulla só olhou para Friede por cima do copo.

Ursulla: Isso é problema nosso?

Ursulla: Faz sentido. Demonios maiores precisam de muito dispêndio de poder para virem ao nosso plano. Astaroth certamente não veio aqui a passeio. E você fez bem em não ter parado para curar os desafortunados e ter ido atrás de Astaroth... De fato ele é muito mais perigoso e pode fazer muito mais mal.

Friede dá um leve suspiro e prossegue:

-Infelizmente é uma escolha que deveria ser feita ou eu ficaria para tratar os feridos e deixaria Astaroth ou qualquer outro demônio a solta para causar ainda mais ferimentos ou o perseguiria, julguei a segunda opção a que causaria menos sofrimento. Dizia ele enquanto mordia seu salgado e logo em seguida tomava o gole de coca-cola.

Ele vê a jovem adentrar o local para comprara algo e a reconhece, por um momento pensou em falar algo com ela para obter mais alguma informação, mas logo percebe os homens fazendo comentários rudes para com a moça. A freira apenas observava e quando ela saiu percebeu que os homens iam atrás dela.

Ursulla: Isso é problema nosso?

Friede abaixa a cabeça com um leve sorriso e recita mais um versículo bíblico:

"-Nós, que somos fortes, temos o dever de suportar as fraquezas dos fracos, em vez de agradar a nós mesmos." Romanos 15:1 --Portanto irmã, me sinto no dever de pelo menos verificar o que pode ocorrer, não só porque está no sacro livro, mas pela minha própria índole.

Dizia ela enquanto deixava as moedas sobre a mesa e se levantava para ver o que estes homens fariam com a moça.

Ursulla ficou ali, calmamente quando viu que Friede ia se levantar e ia atrás dos caras mexendo com a benfeitora do abrigo de mendigos.

Friede observou que a mulher atravessou a rua e foi até o seu carro. Estava chovendo um pouco, mas iria piorar. Quando ela foi abrir a porta do carro, um dos homens colocou a mão impedindo-a.

Homem1: Boa noite, moça. Precisa de carona?

Mulher: Não, eu já tenho carro, não está vendo? Com licença, a sua mão está me impedindo.

Homem2: Ah, deixa que eu te ajudo com este peso...

Então, ele puxou a sacola de papel que ela tinha comprado no restaurante que Ursulla e Friede estavam, rasgando e fazendo a comida cair no chão.

Mulher: Seu puto!

A mulher então enfiou o polegar no olho do homem, que gritava e deu um chute em suas bolas que o fez arriar.... mas o "show de pancadas" dela acabava ali.

Homem 2: Argh! Sua putinha!

Um dos outros homens pegou ela pelos cabelos e a jogou no chão, enquanto um outro chutou o rosto dela, fazendo sangue voar na porta do carro. Os homens se preparavam para fazer mais mal, enquanto o que teve as bolas chutadas sacava uma faca balisong (aquele canivete que os punks gostam de girar entre os dedos) e se preparou para rasgar a saia dela.

Mulher: Socor...

Mas um dos caras tapou a boca dela.

Homem 3: Shhh.... Sem gritar, moça... sem gritar e sem morder...

A intuição de Friede fora certeira assim que ela observa as ações, percebe que a moça não é tão indefesa assim, mas contra três brutamontes era visível que ela não tinha chances. Ao observar os homens agredirem a moça a freira simplesmente faz um turbilhão de ar sair de seus pés e descendo sobre o agressor com sua foice curta a foice menos letal se é que essa arma poderia ser definida dessa forma. Ela tentava decepar a mão do homem que estava com a faca. A lâmina de sua foice cortaria a mão do alvo ao mesmo tempo que lhe causava queimaduras no loca.

Friede após o ataque observa os agressores e com uma calma e serenidade se pronuncia:

-Sugiro que parem...ou terei que cortar vocês me pedaços...

Friede olhava friamente para o homem se debatendo em dor, podia ajuda-lo, mas não iria. Diferente do que prega a igreja ela não tinha muita fé em redinções ainda mais de criminosos covardes e assediadores como esses, mas costumava dar um aviso e deixar por conta de seu alvo a escolha de seu futuro. Suas palavras e ações pareciam ter funcionado, o aviso foi dado, a primeira aço foi tomada, restava a eles decidirem se iriam morrer ou iriam viver fugindo dali. Ela os ameaça com sua voz suave e melodiosa.

-Levem-no daqui! A dor costuma ensinar, não tenho prazer em matar, mas não me eximirei se for necessário, apesar de criaturas corruptas como vocês não merecerem viver. A pena virá pela justiça divina e o livre arbítrio permite escolhas vocês tem as suas nesse momento, então o que será? Fugir e viver ou ficar e morrer?

Caso eles fujam Friede dirige-se a moça oferecendo sua mão para ela se levantar:

-Não tenha medo, quero apenas ajuda-la, você está bem?