O que posso dizer? Eu sempre fui assim, eu não sinto falta de nada além da miséria, é a minha marca, eu sempre dou um jeito de foder com tudo, principalmente se tudo está indo bem. Não chamem a ferrada da Amber para a sua festa, ela vai explodir o lugar de alguma forma... Eu sempre fui uma fodida na vida, e porque algum dia ser diferente? Vivo me perguntando isso mas ainda sou otária o suficiente para acreditar que vai. Só porque eu posso pegar fogo sem me queimar? Porque posso voar e explodir as coisas e sabia fazer pirofagia desde que tinha... Sei lá... 8 anos? Minha vida é tão estranha que fica mais estranho se eu disser que não me lembro de nada de antes desses meus 8 anos? Ok, isso pode parecer divertido, menos a parte da amnésia, e é mesmo, mas não importa o quanto você bote pra fora toda essa pressão que tem, esse fogo que você sabe que está dentro não se apaga, a cada dia me sinto mais como uma bomba relógio e que vou botar algo pra fora que vai destruir tudo. Que merda não é?
Essa sou eu, pra você
Eu sempre vivi de música, já da pra começar a entender o porque minha vida é uma porcaria, não é? Eu nunca conheci os meus pais biológicos, pra sorte deles... Ou eu teria, literalmente, botado fogo na casa deles ao invés do meu pai de verdade, aquele cara que eu amo e me criou, Joel Targeryan, e por esse mesmo cara que eu tento ser quem ele sempre me dizia que eu tinha o potencial de ser, é a única forma que tenho de honrar a memória dele e compensar tudo o que ele fez por mim. Ok, agora vamos falar um pouco da minha vida fodida... Oi, eu sou Amber e sou uma alcolatra. Oi Amber. Desde que era pequena eu tinha essa coisa de brincar com fogo, eu não sei se eu já tinha antes desses meus oito anos, merda eu nem sei quem eu era antes deles, e eu só aprendi a controlar por completo essa maldição recentemente. Eu já fiz muitas merdas por causa dela, mas não vou botar toda a culpa nisso, eu não precisei de fogo pra machucar as pessoas que me amavam, e amar as pessoas que me machucaram.
If you know what I mean...
Eu tinha um melhor amigo... Jack, bem, pelo menos ele era meu melhor amigo, agora ele deve me odiar pra caralho e eu não o culpo. Nós eramos amigos desde a infância. Ele se apaixonou por mim e isso que ferrou com tudo, porque eu sou uma maldita lésbica. Jack é meu vizinho, desde que eu apareci do nada na casa do meu pai toda suja e com umas roupas que deviam ser, sei lá... da Idade Média, não, não é metáfora, meu pai me disse que eu literalmente estava usando roupas de idade média, parecia fantasia, por fim... Eu conheço o Jack desde essa época, nós sempre brincamos juntos, a mãe do Jack, a sra. Damsel foi como uma mãe/tia, pois o meu pai morava sozinho, a esposa dele tinha falecido no parto da filha dele, que também não conseguiu nascer com vida. Isso arrazou com ele e me ter foi como uma segunda chance pra ele. Jack e eu eramos inseparáveis, eu dormia na casa dele e ele dormia na minha. Olha, eu não vou bancar a otária que não se tocou que o cara gostava de mim desde aquela época e eu também amava o Jack, mas não dessa forma, eu nunca o vi mais do que um irmãozão e eu fingia que não notava que ele me olhava com cara de bobo. Jack e eu faziamos de tudo juntos, inclusive ele que me mostrou o violão que ele ganhou do pai dele, e eu me empolguei mais que ele, meu pai logo comprou um pra mim também e me ensinou a tocar, ele tocava antes de se casar, depois que se casou ele parou, é uma merda né? Precisou só de uma piranha pra que você se apaixone e taque tudo o que você gosta pro alto. É bem isso mesmo, acredite eu sei como é. Não demorou muito pra que eu contasse pro Jack o que eu podia fazer com fogo, e o tempo todo nós brincamos com ele, ou melhor, eu brincava e ele assistia.
Ele sempre queria contar pros amigos o que eu podia fazer com o fogo, inclusive tentou me usar como sua arma pra ser um valentão na escola, e eu quase cedi, eu só não o fiz porque eu sempre me lembrava do que o meu pai me falava sobre os meus poderes, até porque eu não sabia controlá-los ainda, não que eu saiba agora, pelo menos melhorei um pouco, mas por mais que eu os controlasse menos na época ainda conseguia fazer umas coisas pequenas e legais, mas não foi legal quando eu pus fogo na casa do Jack, sim... Eu fiz isso, eu me descontrolei, estavamos só brincando com o fogo, eu deixei ele escapar e ele começou a se espalhar, naquela época eu não conseguia controlar tanto fogo, o Jack quase morreu e eu iria sair ilesa. A sra. e o sr. Damsel não estavam em casa, eles confiaram em Jack pra ficar sozinho em casa pela primeira vez e eu ferrei com a oportunidade. Se o meu pai não estivesse por perto pra tirar ele de lá a tempo ele teria morrido, merda... Meu pai também quase morreu tentando salvar o Jack, eu mesma só servi pra ferrar tudo e ligar pros bombeiros. Quando eles chegaram meu pai já tinha salvado o Jack, os bombeiros já tinham apagado tudo.
Eles perderam tudo, o meu pai me deu uma terrível bronca, uma que eu nunca me esqueci, eu me senti culpada por muito tempo porque os problemas financeiros que impactaram na familia do Jack foram o suficiente pra fazer o sr e a sra Damsel se desentenderem e brigarem direto e eles se separaram. Jack chegou a me culpar e ficou sem falar comigo por alguns meses, mas ele nunca contou pra familia dele que foi tudo culpa minha, nunca contou a ninguem o meu segredo e depois desses meses ele finalmente me perdoou. Desde aquele dia eu prometi a mim mesma que nunca mais ia usar meus poderes, mas.... Eu nunca consegui cumprir essa promessa. Eu tive o meu momento “Quero ser uma heroína, como esses da TV.” Eles sempre apareciam e como eu, eles tinham poderes, eu achava que podia ser igual, mas o problema é quando você é uma criança e as únicas pessoas que você conhece que são malvadas são os brigões da escola, eu me encrenquei com um deles, e aí eu só quis assusta-lo mostrando o que eu podia fazer, e eu fiz, mas eu acabei o machucado... Machucando pra valer... Logicamente ele dizia que fui eu que queimei ele, e tinha amigos dele que confirmavam a história, mas ele não tinha provas e eu confessei que... Taquei alcool nele e depois atirei um fósforo...
Como os adultos passaram a me ver depois disso.
Isso me rendeu muitos problemas, inclusive o conselho tutelar quase me arrancou do meu pai, o processo demorou muito, mas eu não podia dizer que queimei ele com os meus poderes, teria sido muito pior. Ele saiu com o braço todo queimado até o cotovelo, o advogado do meu pai era amigo dele e moveu céus e terras para me manter com ele. Novamente eu jurei nunca mais usar meus poderes e dessa vez, eu juro que tentei cumprir minha promessa, mas como eu falei, só recentemente dei uma melhorado nos meus poderes, ou pelo menos eu acho.... Além de aprender a controlar meus poderes, eu tinha que controlar algo muito mais perigoso, o meu temperamento. Nós ja eramos adolescentes, eu já tinha passado do violão pra guitarra e pela primeira vez eu achei que estava apaixonada pelo Jack, foi quando vi ele conhecendo uma garota da escola, uma garotinha imbecil que se achava esperta porque estava no clube do xadrez, beleza, ela era esperta mesmo e era muito gostosa... Jack não é um cara feio, ele chama a atenção das garotas mas nunca ligou pra elas porque ele gostava de mim, e quando ele passou a gostar dessa Vallerie eu senti ciumes. Ele não saia mais comigo com frequência, não dormia mais na minha casa e quem eu via indo com mais frequência pra lá era ela.
Eu fiquei fodida e pela primeira vez o fogo saiu de mim sem eu querer de verdade. Meu pai notou que eu estava estranha e veio conversar comigo sobre as “mudanças do meu corpo”, um papo chato e que me deixou muito constrangida, mas eu contei pra ele o que estava sentindo, estava com ciumes e contei que fiquei tão puta da vida que deixei escapar um pouco de fogo, mas que não tinha queimado nada, ele achou isso perigoso e me aconselhou a conversar com Jack, mas é logico que eu não conversei com o Jack, eu jamais ia deixar ele saber que estava puta por ele estar saindo com outra pessoa que não eu, até porque eu nunca dei uma brecha pra ele falar o que sentia e de qualquer jeito eu nunca consegui uma brecha pra falar pra ele o que eu sentia, ele estava sempre com aquela coisinha nojenta.
Eu arrumei novos amigos, pela primeira vez experimentei beber, Jack era meu melhor amigo, o único que aguentava minhas “explosões”, ele era tudo o que eu tinha de amizade, não precisava de ninguem além do Jack e isso me custou caro pois quando ele se foi tive que arrumar outras companhias e foram essas que me apresentaram o cigarro e a bebida, e eu fiquei bebada muito fácil, felizmente eu ainda estava sóbria o suficiente pra não sair atirando fogo em ninguem... Mas sim em algumas coisas... Eu fui até a casa da Vallerie no meio da madrugada, toda alcoolizada e o que eu fiz? Botei fogo na casinha do cachorro dela,
... Cara... Eu sempre vou me odiar por isso, eu estava louca, nem mesmo pensei em me certificar se o cachorro estava lá, eu apenas vi o bichinho correndo e rolando na grama pegando fogo, eu saí correndo como nunca na minha vida, mas é claro que Jack sabia que não tinha como uma casinha de cachorro pegar fogo do nada e eu estava sem paciência com a ressaca, ele veio tirar satisfação comigo, nós brigamos feio e eu me incendiei por completo no meio da discussão. Jack ficou assustado comigo e eu não pude culpá-lo, mas eu sabia a quem culpar... Eu logo fui procurar aquela vadia, ia meter uma grande porrada na cara dela e para minha surpresa e felicidade completamente egoísta, vi ela num carro com outro cara, eu sabia quem era o cara, ele era mais velho, eu logo consegui descobrir onde ele morava com os novos amigos, eu fui até a casa dele com o celular, eu gravei os dois saindo do carro e entrando na casa, logo depois eu me gravei explodindo o carro no mesmo filme e saindo correndo, eu mostrei pro Jack, ele terminou com a vadia na hora e eu pensei que ia poder falar pra ele que gostava dele do jeito que ele gostava de mim, mas na hora eu não tinha essa vontade, mas eu achei que podia ser por ego e então eu me forcei a beijar o Jack, e eu não gostei... Mas novamente, achei que podia ser meu ego, agora que tenho a atenção dele não ia mais querer, mas se outra vadia aparecesse eu iria ficar na sofrência denovo...
Era isso o que eu me dizia, e Jack e eu ficamos, mas pra mim foi horrível, e não percebi o quanto comecei a tratar mal o meu melhor amigo e novo namorado. Eu me entediava fácil, comecei a ficar muito ativa, a bebida era muito frequente no meu cotidiano, o cigarro também, eu arrumei uma banda, andava com uma galera estranha, meu pai e eu brigávamos direto, Jack e eu... Estavamos uma porcaria, ele queria muito que eu parasse de agir como uma louca o tempo todo e eu já cheguei a dizer que ele estava mais chato que o meu pai.
Como disse, eu estava entediada, eu sempre queria ver o caos, então eu comecei a agir de forma mais imprudente que o normal, comecei a atirar fogo nas coisas pra me aliviar um pouco, principalmente quando estava bêbada e eu fui idiota porque noticiarios começaram a surgir e investigações começaram a ser feitoas sobre incendios e explosões que aconteciam na cidade, meu pai logo sacou que fui eu, Jack também, os dois tentaram me dar uma bronca, eu chateei meu pai dizendo à ele que nunca pedi pra que ele me adotasse e que Jack parasse de dar uma de namorado protetor e sem querer.... Deixei escapar que entendia o porque Valerrie tinha o trocado por outro. Eu sei que fui cuzona e percebi isso no segundo seguinte que falei essas coisas pra ele, mas fui orgulhosa demais pra no mesmo momento pedir desculpas pra ele, cara... Ele gostava muito de mim pra não ter me chutado no mesmo segundo, Jack não era de levar desaforo pra casa, apenas os meus que já passavam dos limites. Eu mesma logo depois comecei a ficar mais discreta porque vi que estava sendo seguida por pessoas estranhas, eu não falei pra Jack nem pro meu pai porque não queria que eles falassem na minha orelha mais do que o normal mas falei pros meus outros amigos, aqueles da má influência, eles inventaram de me escoltar e acabaram achando os caras que me seguiam e deram umas porradas nesses caras, mas o estranho é que esses caras eram loucos, eles tinham a testa marcada com um simbolo que nunca vi antes, e foi quando descobrimos que eram sectários de alguma religião louca, eles fugiram, mas outros me seguiam mais e mais. Eu comecei a ficar assustada de verdade, com medo de eles descobrirem meus poderes e começarem a me achar algum tipo de bruxa ou outra bizarrice que eles iriam querer me usar de sacrificio.
Eu alertei a policia sobre eles, alguns foram presos e tiveram ordem de restrição e eles pararam de me seguir por um tempo. Meu pai e o Jack nunca souberam disso, como eu disse não quis que eles me enchessem, mas isso não serviu pra eu aprender, porque logo depois que comecei a ficar mais tranquila continuei a usar meus poderes a rodo mas como eu não tinha o controle e meus poderes estavam ficando mais fortes, eu cheguei a explodir algumas festas, bares, causei incendios e não tomei providencia nenhuma para que essas coisas não acontecessem mais, cada vez mais eu chamava atenção pra mim até que fiquei sabendo que haviam outros desses caras com poderes investigando isso e foi aí que minha bunda apertou com o medo e eu comecei a parar de verdade a explodir as coisas. Não foi necessário o meu fogo pra que eu machucasse as pessoas, como eu tinha falado antes, bastava apenas a mim para fazer isso, e foi quando eu conheci uma garota chamada Nathalie que eu definitivamente fiz isso com o Jack... Eu fiquei atraída de uma forma que nunca fiquei pelo Jack, que merda.... Eu nem sabia quem era Jack quando estava falando com ela, e nós nos pegamos, Jack tinha ido me procurar no bar, ele me viu e eu vi ele puto indo embora... Eu não fui atrás dele porque tinha medo de enfrentá-lo.
As coisas começaram a fugir além do meu controle, de verdade, a partir daquele momento... Eu não tinha ainda falado com Jack, ficamos sem nos falar por uma semana, eu nunca dei a ele uma explicação, mas quem sabe aquilo foi o melhor... Porque os sectários tinham voltado e eles tentaram me levar. Eu... Me defendi, e foi assim que eu matei a primeira pessoa com os meus poderes e fiquei chocada. Eu fugi... Quando cheguei em casa, eles estavam me esperando, com o meu pai de refém, e então me desacordaram com uma pancada na cabeça. Eu não sabia quanto tempo eu fiquei desacordada, mas estava com o meu pai dentro de uma espécie de masmorra, estavamos presos em uma cela de pedra e eu não conseguia explodir nada ali, era duro demais... Eles então apareceram, mas eles tinham armas, e ameaçaram matar o meu pai se eu fosse hostil, mas aí que tudo começou a ficar mais bizarro ainda... Eles me mantinham de refém, e ao meu pai também, mas me idolatravam, como se fosse uma espécie de santa, messias, divindade... Sei lá... Os caras eram loucos e sabiam de mim, diziam que eu possuía alma de dragão, essência de dragão, mãe de dragões, sei lá, que eu era uma “Reencarnação” da Profecia deles, sei lá, eu nunca tinha ouvido falar de nenhuma religião assim mas aí eles começaram a revelar que não éramos dessa terra, que eu não era dessa terra. Eu ouvi falar de descobrimentos de outros universos mas nunca me interessei por eles porque minha cabeça era pequena e esquentada demais para lidar com qualquer coisa que eu já não conseguisse atualmente... E também National City ficou meio de fora desse esquema todo, a prefeita dizia que os heróis de National City tinham que focar na cidade. Mas eu por um momento acreditei que não era mesmo dessa Terra, havia aquela guerra... A Batalha de Antares... Eu realmente nunca dei atenção àquilo antes, haviam todas as Alianças, herois e seres de outras dimensões iam e viam, aquilo não era surpresa pra ninguem, e aí sacava que aqueles loucos eram da Terra que parecia que tudo veio do universo do Tolkien, e fazia sentido...
Pela forma que meu pai me encontrou, pode ser que eu fosse de lá também e alguém podia ter me trazido de lá, mas porque? Será que aqueles idiotas estariam falando a verdade? Até hoje eu não sei, mas nada mais importou, porque eles tentaram levar meu pai e eu não podia impedi-los porque eles ainda tinham armas apontadas para o meu pai, eles tentaram me levar e ele tentou impedir, mas eles atiraram nele, e no impulso eu os incenerei sem pesar duas vezes. No ultimo momento de vida do meu pai, ele tentou me confortar, ele tentou dizer que... Eu independente daquilo que eles estavam dizendo, que eu era Amber Targeryan e que continuaria sendo pra sempre sua filha e me pediu... Para que eu não deixasse mais coisas assim acontecerem, que eu era boa, que eu podia ser a heroína que um dia eu quis ser, que eu era muito mais do que tudo isso e só dependia de mim, e nas suas ultimas palavras ele me disse que me amava e sempre estaria comigo... Ele morreu nos meus braços.
Eu achei que jamais fosse ficar tão puta na minha vida a ponta de explodir uma cidade inteira... Mas foi o que eu fiz. Senti o meu interior arder como nunca antes, e doía como nunca, mas eu não conseguia parar, eu gritei e gritei o mais alto que podia e o fogo que normalmente tomava conta do meu arredor se intensificou em uma forma gigantesca. Eu não sei porque, mas eu não me assustei, de alguma forma eu senti que sempre pude fazer isso, apenas não tinha força. Todo o local desabou com o fogo que saíra de dentro do meu corpo e quando tudo ao redor desabou eu criei asas, fodendo asas de dragão feitas de fogo, eu vi que não estava na minha cidade... Estava numa citadela e era noite... Tudo era diferente, não era como antes, os prédios, casas, cidades... Era tudo muito primitivo e eu via daquela citadela várias pessoas fugindo com medo do desabamento. Eu vi que todos tinham marcas nas testas... Todos eles... Minha fúria não tinha limites, nem o que eu podia fazer, bastou eu erguer voo fazendo a grande poeira. Eu vi todos eles... Fugindo assustados, com medo, mas outros muitos se agaixaram, se ajoelharam, como se eu fosse uma espécie de divindade para eles com asas de Dragão e aquilo só me fez ficar ainda mais irritada. Tão irritada que eu só via a cor vermelha e ansiava por mais dela, e eu sabia o que tinha de fazer pra conseguir mais... Eu sabia que eu precisava apenas um gesto.
Eu gritava de raiva e logo o fogo começou a varrer todas aquelas pessoas que gritavam de dor por apenas o segundo que o fogo precisou pra consumir a carne delas, mas eu não estava satisfeita, nem um pouco... Eu via que mais deles fugiam, alguns se escondiam nas casas, outros iam pelos campos vastos, e eu sobrevoei a cidade, destruímos casas, queimei campos, o sangue não passava de cinzas assim como a carne, eu escutava o grito de cada um deles e não queria parar, eu precisava daquilo, precisava ver todos eles morrendo e sofrendo nas minhas mãos e eu podia fazer aquilo, a sensação de poder era extasiante, eu realmente me sentia o “uma outra coisa” que eles diziam que eu era e eu gostei daquilo porque tinha a vida deles todos nas minhas mãos e eu podia fazer o que queria com elas, e como eu os odeio... Eu precisava de mais e quis continuar a destruir tudo... Demorou algum tempo, a citadela era grande, eles eram todos daquela seita.
Já era de manhã, o sol havia nascido a poucos minutos, eu tinha finalmente descido ao chão, eu caminhava olhando ao redor, eu estava desolada, finalmente podia chorar no meio do campo de enxofre, via corpos completamente carbonizados, agora eu estava calma, e estava deprimida, não só pelo meu pai... Pelo que tinha feito nesse lugar, mas o que acabou comigo foi ver que... Havia o corpo de uma criança carbonizada. Eu chorei e a dor era intensa, eu estava tão cega e surda com os gritos que não diferenciei culpados de inocentes, haviam aqueles que fugiram e haviam aqueles que me reverenciaram, eu nem parei pra pensar que tinham aqueles que não faziam ideia do que estava acontecendo e haviam aqueles que causaram tudo aquilo, naquele momento eu pensei em matar... Eu não era nada daquilo que meu pai tinha falado e então que eu vi... Caído... Uma pedra, uma pedra redonda e oval, lisa e bonita. Foi instintivo, eu peguei aquela pedra e a abracei como se fosse um filho, era quente, reconfortante, estava lá no meio dos destroços e eu senti uma ligação forte com ela, desde então eu não tirava mais a pedra do meu lado e não me pergunte o que eu tava pensando, eu não estava pensando nada, eu apenas cuidava daquela pedra de forma tão naturalmente como uma pessoa anda, fala, come e respira.
Eu ouvi pessoas chegando, eles eram mais capazes, não eram pessoas comuns, todos vestiam roupas estranhas, não dessa época... Eu logo notei pelo local e pelas vestimentas das pessoas que eu deveria estar na Terra 2, mesmo não fazendo ideia de onde estavam. E as pessoas me encontraram, eu me rendi, fui levada para a prisão na corte medieval, tentaram tirar a pedra de mim mas viram como eu reagia violentamente se fizessem isso, para evitar problemas e vendo que era só uma pedra eles me deixaram ficar com ela. Eu não conseguia falar nada, eu sonhei com o meu pai todas as noites que estava presa e nos meus sonhos ele tentou me motivar, tentou me levar pra frente, de que apesar do erro, da raiva, eu ainda podia ser mais que aquilo... Mortes inocentes nunca seriam apagadas, mas vidas inocentes sempre podem ser salvas, mesmo nos meus sonhos ele sempre foi o meu pai, mesmo nos meus sonhos ele sempre me guiou.
No tribunal eu seria julgada, executada, e eu... tentei me defender, tentei explicar o que estava acontecendo, sem me entregar demais, eu ainda sentia que podia me redimir dos meus erros, que eu podia ainda fazer o certo e continuar caminhando, mas nunca faria isso se eles me executassem ali, mas felizmente alguém interviu na corte e precisou de poucas palavras para me livrar da enrascada. O nome dele era Galahad Hockhild, era um anão velho, com tapa olho, muito feio, mas que detinha poder ali, pois ele apenas disse que eles não tinham direito de tocar em mim, mas ele usou o termo “esta criança” e aquilo me irritou. A corte tentou explicar minha acusação, e ele apenas replicou que eles sabem apenas que uma bomba gigantesca das outras terras poderia ter causado aquela destruição ou demonios infernais, e o que tinham na corte era uma garota, sem provas, apenas testemunhos pouco críveis de uns doidos com algum conhecimento amador de arte arcana, bem... Não precisou de muito e eles me liberaram da acusação sob falta de provas mas a real é que sei que aquele Galahad tinha um poder político grande, e quando ele me levou pra liberdade, ele me disse:
- Garota, agora que você está livre meu débito com a sua mãe está paga, avise a ela que estamos quites de uma vez! Eu nem sabia qual era a minha cara na hora, mas sei que ele insistiu que eu era filha de maga, ou como a chamam, a Rainha sem Trono, a família cujo o nome era Fogo e Sangue. Quando perguntei porque diabos ele achava que conhecia minha mãe, ele replicou:
- Tá de sacanagem? Você é a cara dela! E também, fui eu quem te levou pra National City na Terra 1, te reconheceria em qualquer lugar!Eu precisava de respostas e parecia que aquele cara tinha, mas ele não queria me dar simplesmente porque dizia que não era mais assunto dele e ele não queria se meter, não é preciso ser um gênio pra saber que batemos boca, mas parecia que tinha alguém mais chato que eu e era Galahad, pedi pra ele ao menos me dizer onde podia encontrá-la e ele me disse que ela estava para ir com a Aliança para uma missão entre as Multiterras, era algo grande mas que tinha um bom propósito. Não foi dificil então imaginar o porque eu me juntei à Aliança não é? Mas caso não tenha ficado claro, primeiro, pra conhecer a minha mãe, a minha mãe de verdade, precisamos ter uma reunião de família se for isso mesmo, porque as coisas vão esquentar... E também porque esse seria o desejo do meu pai, ele queria que eu me tornasse alguém que usasse meus poderes pro bem, como uma Heroína, que eu salvasse vidas com eles, que eu mostrasse meu valor pro mundo e mais importante, pra mim mesma
Certas coisas não mudam, é verdade. Eu me candidatei pra Aliança, fui aceita com um nome que o Galahad colocou pra mim: Flamesh. Mas o que diabos é um Flamesh??? O Foda é que o nome pegou e quando me perguntaram o que significava eu não sabia responder, o porque o anão velho do caralho colocou esse nome no meu identificador de herói. No final, eu fui do time Delta, então já viu né? Nem cheguei a participar de verdade da ação, só dei um rolê no espaço ficando no banco da reserva com uma outra galera, a missão foi cumprida sem eu nem ter feito nada e voltei pra National City, agora eu tenho uma missão espacial no meu currículo como primeira experiência de trabalho sem ter tido a experiência, daora fera, heroína maneira você, Amber. Também tenho que caçar aquele anão velho gagá, porque eu não encontrei nenhuma pista da minha mãe me juntando à Aliança, o velho me despistou com isso. Ah, e sabe a minha pedra que bizarramente eu era obcecada?? Era um OVO!!! EU TINHA UM OVO DE DRAGÃO E ELE CHOCOU!!!! Valkar, o Terror Negro é o nome dele.
Eu sei que ele não é um terror com essa carinha de neném, mas ele vai crescer né??? Meu monstlinho vai ser muito felóiz! Né bebê!?!?!? Eu levo ele pra passear voando, dou carninha, dou água, ele dorme comigo na cama. Gente, ensinei tudo sozinha, não tem canal do youtube que ensina adestrar dragão não. Livro, profissional, nada que ensine a cuidar de dragões, tudo o que eu tinha era uma animação da Dreamworks de referência, mas o meu bebê é muito inteligente, entende tudo o que as pessoas falam,é obediente comigo, é comportado, assiste Netflix comigo no meu colo, vamos pra um lugar deserto pra treinar atirar fogo juntos, se preciso sair eu só ligo a televisão pra ele e ele fica bonitinho assistindo série até eu voltar. Tem 4 meses meu bebê, mas já estou planejando a festinha de aniversário de 1 ano, a lista de convidados tá em andamento. Enfim, é a vida, melhor coisa que me aconteceu, agora só falta resolver o todo o resto, minha depressão, alcoolismo, arrumar uma banda nova, controlar meu poderes e convencer todo mundo que posso ser uma heroína. Sussa!