(Tratamos essa primeira parte por MP)
A noite anterior tinha sido difícil, um sonho que forçava sua mão.
Mais um passo e Ragna estaria o mais distante que já esteve em toda a sua vida de seu vilarejo. Narok estava próximo, sobrevoava a região - saia de sua vista algumas vezes, mas sempre retornava. Estava claro que a medida que mais se afastava do ponto de origem, mais reticente a ave se tornara para seguir o caminho, embora não estivesse ficando para trás, havia certo apego irracional para Narok deixar o local que conhecia como casa, seu vínculo e vontade de prosseguir apenas funcionava por conta de Ragna.
Mas já estava decidido, em sua própria tribo ninguém falaria sobre a dobra de sangue, alguns anciões já tinham visto e poucos outros já havia até realizado - mas era difícil, perigosa e não queria incentivar que Ragna seguisse esse caminho. Pelo menos, não saindo esse conhecimento deles próprios. Sabia que o assunto era um tabu em todas as tribos, mas somente um dobrador de água poderia lhe ajudar nessa aspecto e era necessário procurar somente nas outras três tribos restantes.
A tribo do leste, conhecida como a Armada dos Lobos, poderia ser um caminho a percorrer. Tinha um perfil mais militar e talvez pudesse encontrar ali alguém com maior disposição de lhe passar esse conhecimento. O que sabia até então, é que a dobra de sangue poderia ser ativada apenas durante uma lua cheia e seus efeitos consumiam tanto o alvo como o dobrador. O pouco que conseguiu pesquisar a respeito dava uma noção do poder que esse tipo de poder poderia lhe conceder e de qual ser a responsabilidade.
O longo caminho pelas estepes geladas do norte foi difícil, se não fosse pela companhia frequente de Narok, teria sido um caminho muito mais longo. Foi quando observou ao longe paredes brancas, como montanhas - mas em gradução reta. Demorou um pouco até perceber que de fato eram paredes - construídas por dobradores, aqueles mais experientes tinham facilidade em erguer blocos e blocos de gelo. Essa parede era uma gigantesca muralha que envolvia toda a tribo do leste e um grupo armado e homens e mulheres fazia a segurança da única entrada, caminho pela qual Ragna vinha. Diferente da mesma - a pele destes era escura, como se fosse bronzeada - apesar do pouco sol que recebiam, assim como seus cabelos, grossos e escuros - raspados nas laterais e presos em coques, cada qual com seu estilo, mas seguindo um determinada linha estética que os fazia se reconhecer.
- Alto! O que deseja na Armada, filhote?