Anekka manteve seu sorriso nos lábios por algum tempo, ouvindo a resposta de Maxim. Era um sorriso predatório que Anekka sempre tinha quando ele correspondia a suas brincadeiras.
- Quero só ver. Quem sabe quando acabarmos essa missão, não vou deixar você esquecer. Hehehe!
Maxim não sabia se aquilo era realmente uma simples brincadeira ou Anekka esperava por aquilo. Porém, o outro comentário da amiga veio sem nenhum filtro e ela falava sem se preocupar com o efeito que teria em Maxim. Talvez, quisesse até ver como ele agiria. Ela olhou por cima do ombro, esperando sua reação. Anekka ergueu uma sobrancelha quando Maxim balançou a cabeça em negativo algumas vezes.
- Hmm...... – ela disse sem sorrir. Pareceu não perceber muito bem porque ele havia feito aquilo. - Só não deixa isso atrapalhar a missão, hein. Preciso dessa grana.
Anekka virou as costas e continuou a subir as escadas.
- Deixa ela se virar. Você mesmo disse que ela parece saber fazer as coisas e foi indicada, né. Vai saber quem é ela. Ela disse que conhecia gente da Guilda Japonesa.
Anekka pareceu um tanto curiosa. Estreitou os olhos.
- Quem será?
Talvez Eri fosse um mistério para Anekka também.
Ela também estranhou o comportamento de Maxim, mas aparentemente, não desconfiava das dúvidas que o homem tinha agora. Anekka apenas voltou sua atenção para as escadas que subia. Maxim não viu nenhum sorriso em seu rosto.
- Bem, não que eu me importe. Desde que faça o que tem que fazer. Né, Maxinho?
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Eri ficou com as bochechas levemente vermelhas quando Maxim sorriu.
- Er, quer dizer, Maxim. Desculpa aí! É quase o mesmo som! – disse, imaginando que ele não havia gostado ou achado graça demais dela ter chamado ele assim.
De qualquer forma, não teve tempo para pensar nisso: assim que Maxim prendeu o Drekavac no chão, Eri saltou sobre ele e deferia golpes fortes. Sentia, a cada acerto, a sua própria energia espiritual segurar e controlar o Fogo de Amaterasu, que lutava para ser liberado.
- Spoiler:
- Shion, para evitar explosões muito fortes, terá que controlar o Fogo de Amaterasu. Ele está ligado diretamente com seu coração. Ou seja, controlar suas emoções. Por mais que ele seja sagrado e venha de energias positivas, é destruidor. – Nanami suspirou. – Nada sem controle é bom, até o que nos deixa felizes. Lembre-se disso.
Nanami arrumou os óculos.
- Mas sabemos que a energia amaldiçoada vem das sensações negativas, e elas são antagônicas. Talvez, se usá-las para conter o Fogo, as explosões não causem um efeito tão devastador, por mais que ainda possa causar um dano considerável em maldições.
Nanami colocou a mão em seu próprio peito esquerdo.
- Sempre controle seu coração, Shion.
A imagem de seu professor vinha a sua mente a cada golpe que acertava o rosto desfigurado do Drekavac. A cada golpe, um esforço duplo: liberar apenas o necessário do Fogo e controla-lo.
Eri acertava e sentia o rosto de seu inimigo amassar-se sob suas mãos. Porém, foi pega pela sombra do Drekavac. Eri deixou que o Fogo percorresse seu corpo e impedisse que a maldição fizesse efeito. Conseguiu evitar os maiores danos, mas sentia-se esgotada. Deferia seus golpes e sua energia amaldiçoada aos poucos falhava. Usava toda sua brutalidade para esmagar o Drekavac. Sua expressão era de puro esforço e raiva!
Eri voltou a si quando sentiu que a claridade do local aumentava. Ergueu os olhos quando Maxim abriu mais as janelas. Ela percebeu a intenção do assassino e em um rápido movimento saiu de cima do Drekavac, deixando que Maxim o acorrentasse e arrastasse o Drekavac até onde havia luz.
Mais uma vez, o som ensurdecedor pôde ser ouvido. Anekka estava subindo as escadas para ajudar Maxim e Eri, mas ao ouvir o som, congelou na entrada do andar, tampando os ouvidos.
A face do Drekavac, com a boca coberta pelas correntes de Maxim, se contorceu. Os olhos, antes dois buracos negros, agora tinham glóbulos oculares de cores diversas. Maxim viu os olhos de seu irmão, que implorava por socorro. Eri, de olhos arregalados, via os olhos verdes de seu querido Megumi.
Maxim sabia que Drekavacs podiam estar na luz do sol, mas aquela luz, de forma tão direta, parecia ter atingido em cheio a criatura. Talvez fosse porque já estivesse fraco. A maldição tentava erguer os braços para soltar-se e abrir a boca para gritar, mas era em vão. A Maldição de Maxim era poderosa! Suas correntes não se moveram e mantiveram-se firmes em seu propósito.
Aos poucos, os membros já decompostos do Espectro começavam a derreter. A cada movimento, o Drekavac perdia mais e mais sua velocidade e força. Ele sacodia seus pés enquanto, aos poucos, sua forma se derretia ao que parecia ser uma poça de piche. Tentava gritar, mas novamente, as correntes de Maxim o impediam.
Eri pensou em avançar para terminar o serviço, mas a criatura já estava praticamente decomposta no chão. Ela olhava aquela cena impressionada. Era... Assustadora.
Aos poucos, o corpo do Drekavac, fraco e já surrado por Eri e Maxim, ia sumindo, tornando-se apenas uma poça negra. Presas pelas correntes estavam apenas as roupas que ela usava: a farda irreconhecível e o poncho sujo.
-.... Nossa.... – Eri sentiu as pernas falharem. Sentou-se onde estava e encostou-se na parede, enquanto recuperava o fôlego. – Acho que conseguimos, né? Então... Isso é um Drekavac. Maldição de nível 2. – imaginou como seria uma maldição de nível 1 ou especial.
Ela ergueu os olhos para Maxim:
- Foi esperto esse lance da luz! Suas correntes são bem maneiras também!
Anekka subiu finalmente as escadas, olhando para Maxim e Eri:
- Conseguiram?... – ela disse, amedrontada ainda.
Chegou até onde o Drekavac estava deitado, chutando de leve as roupas sujas. Fez uma cara de nojo e depois, ergueu os olhos a Maxim:
- E agora? Atrás de Halina e Bakkari?