A noite caía e a reunião estava prestes a começar na imponente biblioteca do Arconte, uma sala que mais se assemelhava a um caótico labirinto de pilhas de livros diversos, todos cobertos de uma espessa camada de poeira. Para Miranda, a escolha desse local para as reuniões mensais da Ordem das Testemunhas era intrigante. Ao longo de sua carreira como escritora, visitara muitas bibliotecas, a maioria delas charmosas e convidativas. A biblioteca do Arconte, no entanto, não fazia parte desse grupo seleto.
Mas era um privilégio do Arconte decidir o local das reuniões da Ordem, e aqueles que ousavam discordar eram educadamente convidados a se retirar. Isso não era uma opção atraente para Miranda, uma vez que a Ordem das Testemunhas era um dos poucos lugares onde ela conseguia algum esclarecimento sobre o controle de seus dons — e de maneira quase completamente anônima.
Na Ordem das Testemunhas, nomes eram evitados a todo custo; apenas pseudônimos eram usados. Segundo a crença da Ordem, os nomes detinham um poder próprio, e revelá-los livremente era conceder poder sobre si mesmo a quem quer que ouvisse. Acreditasse nisso ou não, Miranda sempre se sentira à vontade com o manto do anonimato, desde o momento em que começara a se comunicar com espíritos.
Enquanto a voz do Arconte se elevava acima do murmúrio da multidão, a atmosfera na sala se transformava em um silêncio tenso. Ele declarou o início da quinquagésima oitava reunião mensal da Ordem das Testemunhas, destacando o propósito daquele encontro: testemunhar, registrar e auxiliar aqueles que se aventuravam entre o Véu que separava o mundo dos vivos do mundo dos espíritos.
O Arconte fez uma breve pausa, sua garganta pigarreando antes de prosseguir.
- Gostaria de começar esta noite com um relato. Tenho sentido uma inquietude constante nos últimos tempos, e muitas almas aflitas têm buscado nossa ajuda. Alguém mais aqui tem experimentado essa sensação? Talvez nossa mais recente irmã, que demonstrou possuir um dom tão natural?
Os olhares de todos se voltaram para Miranda, pesados como um fardo, enquanto ela se encontrava sob os holofotes do desconhecido.
Miranda O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte.
O Arconte me chamou com um simples movimento dos olhos, e naquele momento, todos os olhares na sala se voltaram para mim. Uma sensação incômoda apertou meu estômago e o calor da vergonha inundou meu rosto. Essa situação me pegou de surpresa, já que eu, sendo uma recém-chegada na Ordem, mal havia começado a domar os poderes misteriosos . A angústia de dizer algo inadequado ou de revelar demais do meu ser me atormentava.
Mas, no entanto, a verdade era inescapável, e eu não podia me esconder nas sombras. O Arconte esperava pacientemente por uma resposta."Sim", minha voz escapou como um sussurro trêmulo e hesitante, como se o próprio ar tivesse medo de carregar minhas palavras. "Tenho sentido uma perturbação constante, um lamento agonizante que ecoa incessantemente em minha mente. Tenho vislumbrado almas atormentadas em busca de redenção."
Visual da Miranda
OFF: Desculpe pela demora, mas meu ritmo será mais lento em todas as mesas em que jogo, no entanto, não vou desaparecer. Obrigada pela postagem