Emma Schölz

O dia transcorre lentamente demais na clínica veterinária. O sono do acúmulo de noites mal dormidas parece voltar com tudo depois do almoço para derrubar Emma Schölz. Você se sente sem ânimo para continuar trabalhando a maioria do tempo, principalmente porque hoje o consultório está cheio de espaços sem consultas e os poucos animais que aparecem são trazidos por queixas vagas cujo diagnóstico parece bobo.

Porém quase antes do teu horário de sair do plantão você nota um homem de terno claro coberto com um grande casaco da mesma cor, chapéu baixo na altura dos olhos e trazendo um grande cão pastor em uma coleira.

O animal parece calmo porém algo na fisionomia do homem te faz o estômago apertar.
O homem te observa atentamente quando você abre a porta para chamá-lo.

 
     
     
 

Emma observou o homem momentaneamente, mas o cumprimentou antes que pudesse haver um estranhamento. "- Boa tarde." - Disse ela, com um sorriso cansado, mas ensaiado de lidar com pessoas o dia inteiro... "- Podem vir." - Chamou para adentrarem a pequena sala, que deixou com a porta entreaberta. "- Oi rapaz! Como é que você está?" - Pergunta ela para o animal, com uma voz mais doce, para ver qual a reação dele, antes de começar a examiná-lo. Ela se senta e gesticula para que o homem faça o mesmo. "- Já foram atendidos aqui? Qual é o nome e a idade dele?" - Pergunta para saber se procura nas fichas preenchidas ou pega uma ficha em branco. "- Pode dizer quais os sintomas que tem observado, enquanto preparo a ficha..." Sentia-se incomodada com a presença daquela pessoa, mas tentava não aparentar... Aproveitou que abriu uma das gavetas e deixou uma tesoura um pouco mais fácil de alcançar, caso viesse a precisar. Pegou uma caneta já para preencher a ficha.

Algo no homem e o animal te parecem estranhos, o homem se levanta rigidamente e segue até a sala de maneira formal demais. Ele te cumprimenta com um aperto de mão
— Hans Schaffer! Esse é Nuna ele tem 2 anos!

O cachorro aceita teu carinho, porém sem esboçar reação, provavelmente algum cão altamente treinado.

— Ele está reclamando quando se alimenta, comendo pouco. Acho que você precisa dar uma olhada nos dentes dele, ou na boca

(jogue uma percepção)

 
     
     
 

Emma faz um aceno positivo com a cabeça, tentando já perceber qualquer coisa de diferente com a mandíbula do cachorro, e voltando a se aproximar de ambos. [OFF] Percepção: nahna efetuou 3 lançamento(s) de dados (d6.) : 3 , 4 , 2

O cachorro não aparenta ter nada; porém, pelo tom de voz do homem que se diz Hanz você percebe que a mandíbula do cachorro foi uma ameaça.
Quando você o encara, acha que existe algo de familiar nas feições dele, e lembra-se da sensação de estar sendo observada pela rua por um homem de roupas claras

 
     
     
 

Segurando a caneta com um pouco mais de força, ela força um sorriso simpático para o animal e o dono. "- Pela carinha boa e saúde que ele tem, de forma geral, parece ser só um incômodo passageiro..." "- Tenho certeza que se o senhor levantar levemente a bochecha dele, perto do canino, deve ver no máximo um leve inchaço." "- Posso indicar dois cuidados com esse belo Nuna, senhor Schaffer..." "- Primeiro, e esse deve ser recorrente... Escovar os dentes do rapaz... Isso deve aliviar esse incômodo que pode surgir novamente." - Ela faz o sinal de 1 com os dedos. "- E segundo, trocar momentaneamente a ração dele, ou substituir a comida que dá por uma papa... Só até ele parar de se queixar." - Ela faz o sinal de 2 com os dedos. De lado mesmo, sem perdê-los de vista, Emma destaca uma folha para escrever a indicação da troca de ração/comida, e de uma pasta de dentes para o cachorro. "- Se isso não passar em quatro dias, o senhor retorna com Nuna para cá." - Ela estende o papel para o homem.

Ele faz um cumprimento com a cabeça que não chega a ser um agradecimento e sem esboçar nenhum sentimento sai da sala, sendo seguido pelo cão que mantém se um passo de distância dele em uma marcha rígida desenvolvida com um adestramento intensivo. O cachorro não chega a farejar nenhum canto da simples sala de espera da clínica mesmo estando sem a guia da coleira.

Quando a porta se fecha atrás do homem que se apresentou como Hans é como se o ar do ambiente ficasse mais tranquilo novamente, mesmo as poucas pessoas na sala de espera parecem mais tranquilas e confortáveis.

Enquanto você trabalha, você continua com a sensação de que o homem está te seguindo durante algum tempo, porém os animais precisam de você, te forçando a prestar atenção redobrada na tua clínica para não parecer distraída demais com esse assunto

 
     
     
 

Acompanhou o estranho homem até a porta, em maior parte para se certificar de que ele tinha ido embora. A presença dele ali teria sido um aviso? Praguejou em seus pensamentos. A sala de espera estava silenciosa... Sorriu gentilmente, afim de quebrar aquela atmosfera de preocupação. "- Boa tarde! Os Próximos podem vir..." ... Naquele finalzinho de plantão, usou as consultas como forma de distanciar pensamentos ruins. Emma foi até o banheiro e enxaguou seu rosto, na tentativa de afastar o sono, enxugando-se em seguida. Com o final das consultas e falta de mais procura, organizou suas coisas e apanhou sua bolsa para ir embora. Desligou tudo e trancou devidamente as portas. Apanhou um cigarro de sua bolsa e acendeu com o isqueiro. Estava doida por um cigarro desde a visita desagradável... Encostou-se na parede até terminar, observando a rotina das pessoas, tentando manter um ar de desinteresse. Caminhou até o fim da calçada e olhou ao redor para atravessar a rua, aproveitando para ver qualquer pessoa suspeita, que tivesse mudado o padrão do que estava fazendo antes.

Menos de uma quadra de distância da clínica, o homem que atendeu com você está encostado em um Volkswagen azul-claro fumando um cigarro segurando Nuna pela coleira. Nenhum dos dois parece prestar atenção a você.

 
     
     
 

Xingou mentalmente... Atravessou a rua e se decidiu a fazer um caminho diferente, passando por locais de comércio, mais apinhados de gente. Talvez com o aglomerado de pessoas, fosse mais fácil despistá-lo. Contudo, não adiantaria muita coisa... Quer quer que seja o homem, ele sabe onde ela trabalha... e muito provavelmente também onde mora. Entrou em uma livraria e começou a ler sinopses, de olho na vitrine, vendo se o homem passava com o cão. Ficaria ali por alguns minutos.

Você entra na livraria e fica matando tempo, vendo livros antigos sancionados pelo governo e sonhando com romances franceses ou ficções científicas americanas e vendo os mesmos livros que sempre estão na prateleira em quaisquer livraria.
Pensar em livros proibidos te faz lembrar de Katja (uma amiga sua que consegue alguns livros caros que são contrabandeados) e você toma um susto ao encontrá-la passeando ali por dentro.

— Oi Emma, está procurando algo mais gostoso de ler? Talvez eu tenha algo mais ... picante, ela te cutuca perto das costelas rindo. Falando sério, tenho um romance que me fez corar as bochechas aqui comigo, estou tentando passar ele adiante, porém se você quiser ler eu posso te emprestar por alguns dias e procuro um comprador para ele depois.

 
     
     
 

Emma se surpreende ao encontrar com Katja, e leva um pequeno susto. "- Nossa, eu estava pensando em você agora mesmo, olhando esses livros sem graça!" - Sorriu com a coincidência. "- Olha, eu bem que queria... Se você não conseguir repassar hoje, amanhã eu pego." "- Estou com uns contra-tempos..." - Disse olhando para o lado de fora, pela vitrine e pegando um livro da prateleira. Aproximou-se como se fosse para mostrar a sinopse e comenta mais baixo. "- Acho que estou sendo vigiada..." "- Recebi um suposto paciente na clínica, que era de dar arrepios... e quando fechei a clínica ele ainda estava por lá..." Colocou o livro de volta na prateleira. "- Estava aqui de olho pra ver se ele estava me seguindo." "- Gostaria que fosse só coisa da minha cabeça, mas foi muuuuito esquisito..." - Deu ênfase, lembrando-se do sujeito. Mesmo conversando com Katja, ela continua de olho na rua, por detrás das prateleiras, observando se o tal Schaffer iria passar.

Vocês conversam em voz baixa por mais um tempo e Katja te entrega o livro, diz que é para você o ler e depois devolvê-lo que ela o venderá para alguém (produtos do mercado negro vêm subindo de preço rapidamente)
Ela diz para você se cuidar e te convida para um encontro com alguns amigos no mesmo lugar de sempre, um prédio comercial cujo 17.º andar está vago e destrancado, onde alguns conhecidos levam bebida e comida e as pessoas ouvem música americana e inglesa para se distraírem do dia a dia.

 
     
     
 

Pegou o livro, um pouco incrédula por Katja não ter ouvido nada do que ela tinha falado... Guardou o livro na bolsa. "- Tá certo, eu apareço lá!" - Respondeu se despedindo da amiga. Suspirou, pensando sobre o livro. Agora se sentia mais preocupada, carregando uma prova e com o Schaffer bizarro de olho nela. Ou era o que ela pensava... Até tinha esperança de ser apenas uma má impressão. "Foda-se" - Pensou... Não tinha visto ninguém passando, e se ele sabe onde ela trabalha, também há de saber onde mora... Não adiantaria muito tentar despistar, de qualquer forma. Saiu da loja, procurando discretamente por aquele rosto conhecido... e de lá seguiu para casa, mas atenta no caminho.

Com o coração martelando no peito você chega em casa, o livro possui uma capa já envelhecida de tanto manuseio e apresenta na capa um homem forte e sem camisa sendo abraçado por uma menina de cabelos longos e escuros. Um romance bobinho provavelmente, porém proibido pelo governo.

Ao largar o livro na mesa de centro você tem uma impressão de que teu apartamento foi mexido, nada encontra-se fora do lugar e você tem certeza de que a porta estava trancada, mas a sensação é de que os teus pertences estão organizados, mas de uma maneira discretamente "fora do lugar"

talvez seja só impressão devido aos eventos do dia, talvez alguém tenha realmente entrado em teu apartamento e procurado por algo

 
     
     
 

Chegou em casa, aliviada, e trancou a porta novamente. Retirou o livro da bolsa e leu rapidamente a sinopse do romance, antes de colocar sobre a mesinha de centro. Dirigia-se para o quarto quando se atentou a alguns enfeites de vidro que não estavam sobre a mesa, mas na estante. Sentou-se no sofá e colocou as mãos no rosto, pensando em uns bons palavrões, enquanto dava uma boa olhada em toda a sala. Embora tudo parecesse correto, algumas coisas não tinham o seu toque de organização. Teve asco de pensar no tal Schaffer revistando suas coisas. Levantou-se e foi até o quarto, onde fechou as cortinas da janela. Deu uma boa olhada em tudo, tentando reconhecer indícios de que alguém esteve ali... Se abaixou na frente da sua cômoda de roupas, retirando a última gaveta. No vão da gaveta era onde guardava os textos que escrevia, com medo de não encontrar seus cadernos ali.

Seus cadernos estavam ali, aparentemente intocados. Assim como todos teus outros segredos guardados, como uma revista americana sobre filmes dos anos 60 e pequenas lembranças da sua infância que você não gostaria de perder.

(OFF: você mora com alguém?)

Com o coração pulando no peito, você confere todos os cômodos da casa para ver se não encontra ninguém escondido, e se existe sinal de que alguma escuta ou outro dispositivo de espionagem está escondido. Após algum tempo você começa a desconfiar de que talvez esteja ficando paranoica e que, na realidade, nada foi mexido.

 
     
     
 

Sentou-se e abraçou seus joelhos, olhando ao redor. Aquele sujeito realmente a tinha assustado... algo maldoso no jeito como se portava, talvez? Estava se sentindo paranoica todo o resto do dia... Esfregou o rosto e deu um leve bocejo. O que precisava era de um pouco de diversão e esquecer do dia que teve. Guardou suas coisas de volta no seu pequeno esconderijo de preciosidades, e junto colocou o livro emprestado. Seria sua leitura da noite, se não voltasse tão tarde. Iria para o encontro que Katja a tinha convidado... beber, ouvir musica, falar coisas mais interessantes que seu dia de trabalho, e talvez conhecer mais pessoas que valessem a pena. Levantou do chão e se despiu daquela roupa de pessoa pacata... Vestiu-se com uma calça que ela mesma reajustou para ficar justa, uma camisa com recortes e pequenos ajustes, e uma jaqueta de couro que sempre usava em seus eventos noturnos. Foi até o banheiro para terminar de se arrumar... Bagunçou e fixou seu cabelo, e fez uma maquiagem com sombreado mais forte. Voltando até a sala, calçou botas pretas e pegou suas chaves. Antes de sair, resolveu usar seu batom pra sujar um pouco a maçaneta do lado de dentro do apartamento... Talvez assim pudesse ter certeza sobre a presença de alguém ali, se voltasse a acontecer. Desceu as escadas e seguiu seu caminho habitual, afim de evitar muita atenção sobre ela. Foi até o endereço em que se encontrava com Katja, ao 17º andar do prédio comercial.

OFF

Você chega em um prédio comercial, cujas portas de vidro se encontram entreabertas, porém a portaria está apagada, nenhuma luz.
O endereço é este com certeza, o local traz uma sensação de estranheza. Ao entrar na portaria e passar pelo balcão vazio, você percebe que os botões do elevador não acendem.

Suas botas fazem eco conforme você se movimenta no local