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@Alexyus
O Primórdio é uma terra de encantos sem fim, mas que também guarda seus capítulos de dor e tragédia.
Uma destas histórias tristes - talvez uma das mais tristes entre os elfos - envolve a cidade perdida de Nuncainverno.
Antes uma imponente capital do povo ancestral, Nuncainverno era peculiar, não apenas pelas suas magníficas torres de cristal, arquitetura única e riquezas incontáveis, mas também por se situar parte na superfície e parte no subterrâneo, nas profundezas da Floresta das Sombras.
Ao contrário das outras capitais élficas esta cidade não existia nas alturas das copas das árvores, nem se mesclava apenas com a natureza da superfície, mas era como uma jóia que se harmonizava com cada árvore e pedra, com cada caverna, rio e lago.
Além disso, era a cidade que alimentava parte das lendas sobre a Floresta das Sombras - o nome vinha da percepção dos viajantes, que observavam figuras furtivas se deslocando na mata, confundindo aventureiros e viajantes de modo a manter a comunidade élfica longe dos olhos não élficos.
Se o povo de Nuncainverno batizou a Floresta das Sombras, foi a magia dos elfos que deu nome à cidade. O frio de fora da divisa nunca ingressava naquela comunidade, que permanecia em uma primavera eterna.
Os elfos negros viviam felizes ali, isolados e autossuficientes.
Mas isso foi há muito tempo.
Alarion ainda era muito jovem nessa época, mas ainda se lembra de quando os monstros conseguiram vencer os batedores na floresta, vencer a floresta, e chegar aos limites de Nuncainverno. Ele se lembra de que havia Urgrosh e Norfss participando daquele ataque mas, o mais aterrador de todos era um Drakonis.
Ele era um monstro. Mais alto que os outros Norfss e Urgrosh, suas asas de couro tinham a envergadura de um pequeno navio! As magias e setas dos elfos resvalavam contra seu couro duro, e entre seus dentes surgia um bafo de fogo.
O Drakonis comandou aquele assalto, e vinha seguido por uma verdadeira horda de guerreiros.
Nuncainverno não estava preparada para aquilo, e a Maravilha do Norte fora reduzida a escombros.
Mais tarde, Alarion ouviria de outros sobreviventes que aquela unidade estava em busca de um tal Orbe de Kraagnoth, ou algo assim, e que estavam sob as ordens de Graak, o Sanguinário.
Muito tempo se passou desde então, e Alarion se escondeu e evitou a Grande Guerra quando ela veio. Ele ouviu falar dos Kyrin e de suas táticas alienígenas, e soube que de alguma forma os povos do norte se uniram para combatê-los. Mas não os elfos negros, porque quase já não havia elfos negros para fazer o que quer que fosse.
Isso foi há muito tempo.
Alarion lidou com a perda se tornando um caçador solitário. O melhor, diziam. Ele vagou pelo Continente Azul perseguindo e matando todos os Urgrosh e Norfss que podia, colecionando riqueza e poder durante o processo.
Ironicamente, isso o conduziu mais ao sul, justamente para a segunda região mais infestada de Norfss de todo o Primórdio!
Nas planícies de Geneva repousava a cidade de mesmo nome. Era o único assentamento próximo - exceto por Porto da Cova - que poderia fornecer o mínimo de suprimentos e qualquer tipo de trabalho remunerado, na região. Mas era também uma cidade dominada pelos Norfss, em sua maioria.
O patrulheiro também ouviu falar que havia um novo grupo, uma seita ou algo assim, se formando naquela região. Embora não soubesse muito, tinha escutado que se denominavam Vulto, e frequentemente pagavam por missões de caçada de Urgrosh e Norfss.
Os mesmos boatos davam conta de que havia um contato desse grupo, justamente, em Geneva. Seria justiça poética ir até uma cidade Norfss buscar um contrato para caçar Norfss?
Logo na entrada da cidade estava um Norfss Molok, com uma insígnia de guarda, apoiado no cabo de uma arma tosca - parecia um machado com a lâmina presa a um bloco irregular de pedra. Mal ele viu Alarion, parece ter torcido o focinho para o elfo.
Má ideia... Muito má ideia.
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@Lucas Corey
Torasgan, o Sem-Nome. Torasgan, a quem apenas é permitido se referir à sua procedência, as longínqua montanha de Kyrohhuni. Sem família. Assassino. Proscrito.
É fato que o feticeiro já vinha vagando há muito tempo pelo Continente Azul. Sua associação com o grupo mercenário Nevasca o tinha levado de Misthaven a Utopia, de Alta Montanha às praias do oeste, e isso em menos de 8 anos.
Os olhos do aventureiro já tinham visto muito do Primórdio. Torasgan conhecia seus povos e principais cidades, tinha noção de seus costumes e problemas. Mas isso ainda não era suficiente...
Davion, seu pai, continuava em local incerto. Davion, aquele fraco maldito em razão do qual Kyrohhuni negou um nome a Torasgan. Não importava o quanto o feiticeiro viajasse, não ouvia nada sobre seu mal afamado pai, nem uma história, nem um vestígio, nada!
Isso seria muito frustrante, não fosse pelo seu outro objetivo de vida. Kyroh. O gigante invencível estava adormecido sob Kyrohhuni, e tinha manifestado ao aventureiro seu desejo de despertar e caminhar novamente pelo Primórdio, desafiando os maiores poderes de todo o Continente para se provar, mais uma vez, o mais forte.
Mas isso levaria tempo, ainda. A magia necessária para concretizar essa façanha, provavelmente, seria a obra de uma vida. Não que isso fosse impedir Torasgan... Mas era assunto para outra hora.
No momento, Holg tinha enviado seu companheiro em uma outra missão. A Nevasca tinha sido contratada para localizar e proteger um famoso ladrão de tumbas. Curiosamente, esse ladino era também professor livre-docente (o que quer que isso signifique) da Incrível Universidade de Ür, no Continente Amarelo, mais ao sul. Pelo que Holg tinha mencionado, esse ladino, Kevin Evin, era um sujeito meio louco, mas absurdamente inteligente e perigoso, e tinha chamado a atenção de uns malfeitores quaisquer.
Aquilo não parecia ser mais do que um contrato habitual. Encontrar o tal do "Professor" Kevin e enviá-lo inteiro a Ür, era essa a missão. E, dificilmente, qualquer grupo aleatório de bandidos poderia fazer frente à Nevasca.
Seria muito fácil.
O contato, que indicaria o possível paradeiro do alvo, estava oculto em um bazar, na cidade Norfss de Geneva. O lugar, segundo se lembra, era uma pocilga, mas uma na qual se poderia encontrar quase qualquer coisa - já que apenas em Utopia era possível encontrar qualquer coisa.
As Planícies de Geneva não eram um terreno tão gelado quanto aqueles mais ao norte, mas ainda assim eram bem frias. À distância, Torasgan vê as luzes da cidade onde estava seu destino mais imediato. Era chegada a hora de cumprir o contrato da Nevasca e obter mais algum ouro.
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@GM
O mundialmente famoso Professor Kevin Evin, livre-docente-adjunto da Incrível Universidade de Ür, e maior arqueólogo vivo de todo o Primórdio!
Kevin Evin gostava de apresentar a si mesmo com toda a pompa e circunstância, o que fazia com que as pessoas contassem histórias sobre sua pessoa e, mesmo, fomentassem uma lenda sobre si. Aqueles que o conheciam apenas superficialmente, contavam histórias sobre como o Professor Evin recuperou um ou outro artefato famoso, ou invadiu essa ou aquela tumba ou masmorra antiga e saiu com vida para contar a história.
Mas, na verdade, essas histórias nem sequer arranham a realidade da percepção extremada de Kevin! Não!
Na verdade, tudo o que acontece é parte de um plano maior! Esqueça toda essa bobagem de Panteão do Primórdio, de que Mercius criou a coisa toda e blá blá blá! Isso é tudo história para ferlix dormir!
Os verdadeiros deuses! Há, os VERDADEIROS DEUSES estão muito além disso, governando toda a existência através de realidades alternativas e dispositivos estranhos, nos quais escrevem e apagam realidades inteiras apenas por diversão!
Sim! Essa era a verdade absoluta por trás de todo o Cosmos! E Kevin podia provar!
Oculto entre seus pertences, estava um dispositivo, que Kevin decidiu nomear como "A Tabuleta Misteriosa de Gyx Gagax", um fino paralelepípedo com uma das faces adornadas por caracteres estranhos, vindos de outro mundo, e que apontavam, invariavelmente, para outros artefatos incríveis!
Foi através dele que Kevin angariou a fama de maior arqueólogo do Primórdio. E, certamente, após decifrar todos os seus mistérios, o Prof. Evin poderá transcender e contatar as entidades superiores as quais teoriza (mas tem certeza que existem!).
E foi assim que Kevin Evin se lançou em sua última aventura.
Nas imediações das Planícies de Geneva há um extenso pântano e, no meio dele, um templo, esquecido pelo tempo. Kevin, quando decifrou as informações expostas pela Tabuleta, teve certeza que a estrutura antiga escondia o lendário e incompreensível "Dado de Treze Lados", um poliedro feito inteiramente de cristal, cujas arestas se formam de maneiras incompreensíveis para a mente humana!
Arrecadar este item era de vital importância para a consecução do objetivo condutor do professor, e assim ele faria!
Espreitando pelo pântano, Kevin conseguiu se aproximar do templo e, acendendo uma tocha, ingressou na escuridão da estrutura antiga. Seus pés tocavam pedra gelada e os olhos percorriam paredes musgosas e um teto perigosamente instável.
A galeria principal descia um pouco, até que se perdia de vista, na vastidão abaixo.
Quando o Prof. Evin se prepara para avançar mais, estaca, por um momento. Ele teve certeza de ter ouvido um click, seguido do barulho de pedra sendo esmagada, bem atrás dele..
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@Rosenrot
Tyaria Sussurra no Vento era tudo, menos uma ferlix convencional. Os gatos gostavam de viajar em suas cidades-caravana por aí, parando de ponto em ponto, ora aqui e ora ali, mas sempre juntos. Diziam que era uma forma de se defender dos elfos, caso eles resolvessem atacar todo o povo de novo.
Se isso fazia sentido ou se era apenas mais uma história antiga para colocar medo nos filhotes, Tyaria não saberia dizer.
Desde pequena ela sempre foi muito boa em se virar sozinha, e não costumava apreciar muito a companhia dos outros. Qualquer um podia ser um inimigo em potencial e a única forma de estar verdadeiramente protegida era viver sempre um passo à frente de todo mundo.
A aventureira até confiava em Allë e Aniaria, mas já tinha visto mais de uma caravana sucumbir por conta de uma decisão errada do líder.
Assim, antes, ela até acompanhava a cidade-caravana, mas cada vez mais distante.
A notícia sobre o mapa para a lendária Nexztal, por fim, foi a cereja do bolo para que Tyaria buscasse viver as próprias aventuras.
Ela era competente, e foi fácil tomar o que a monja acreditava ser um pedaço do mapa para a cidade ancestral dos Ferlix de dois rufiões do Vulto. Havia, no entanto, dois problemas.
O primeiro - e mais óbvio - é que Tyaria não tinha o mapa todo. O segundo era que as informações constantes do pedaço que tinha estavam escritas em um idioma antigo e esquecido.
Por Crysallis, alguém no Primórdio deveria conhecer o segredo para desvendar aquela trilha!
E, já com o mapa e uma grande angústia no coração, Tyaria finalmente ouviu falar do mundialmente famoso Professor Kevin Evi, livre-docente-adjunto da Incrível Universidade de Ür, no Continente Amarelo.
A partir daí, não foi difícil seguir a pista do Prof. Evin, primeiro até a Cidade de Geneva e, depois, até o pantâno no limiar das planícies.
Tyaria tinha a clara intenção de se aproximar, mas decidiu esperar quando notou que duas figuras seguiam Evin por onde quer que ele fosse, e que apenas se detiveram próximo ao pântano, onde não mais conseguiriam se esconder.
Aquilo não cheirava a boa coisa, e se pegassem Kevin Evin antes de ele ensinar como decifrar o mapa, talvez Tyaria perdesse para sempre a chance de guiar seu povo à terra natal.
A monja acompanhou o trio (Kevin e os perseguidores) até o momento em que o arqueólogo entrou no qua parecia ser uma tumba antiga. Os outros dois sujeitos ficaram do lado de fora, discutindo o que fazer. A monja, oculta na vegetação do pântano, a alguma distância, conseguia vê-los perfeitamente.
O que faria?
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@Daniel
Já fazia muito tempo que Drazz tinha deixado sua vila. Não trazia muita coisa consigo - talvez, o maior peso que levava era o machado (ou seria um martelo?), a arma lendária que foi o motivo de abandonar sua pequena comunidade.
A partir daí, não tinha muito o que fazer, a não ser sobreviver.
O Norfss Molok era um combatente capaz, e volta e meia algum pirata de Porto da Cova trocava umas moedas por uma "sessão de porrada" em alguém.
Era uma vida simples, é verdade, mar Drazz gostava das coisas simples.
Ele não estranhou nem um pouco quando um grande troll da montanha o contatou para fazer um serviço em uma cidade mais ou menos próxima.
Geneva não era grande coisa, na verdade - exceto pelo mercado e pelo bazar, que eram bem conhecidos na região - mas tinha lá seu charme. O troll, que se apresentou como Garra Negra (por ele era pirata e tinha um gancho negro no lugar da mão direita, muito clichê) disse que Drazz deveria se alistar na milícia da outra cidade e, no momento certo, deixar um pequeno grupo de forasteiros passar sem fazer muitas perguntas.
O dinheiro era bom e o trabalho... Bem... O trabalho era não fazer nada!
Foi assim que Drazz arrastou a própria cauda, e o machado (ou seria um martelo?) pelas planícies frias de Geneva, até chegar à cidade com o mesmo nome.
Logo que chegou, se apresentou ao primeiro capitão da guarda que encontrou, e foi alegremente recebido como uma das sentinelas frontais do lugar. Deram até uma insígnia a Drazz!
Assim, o Molok foi para o seu posto, montar guarda, e ficou lá apoiado no cabo do machado (ou seria um martelo?), aguardando por cinco figurões encapuzados que iam chegar em algum momento.
Os camaradas deviam estar atrasados, mas um elfo orelhudo de pele escura vinha se aproximando. Ele parecia ter torcido o nariz para o Norfss, logo na entrada da cidade. Má ideia, muito má ideia!