Boa tarde, ignoto e audaz desbravador, ouso saudar-te nesta senda velada, onde verdades se ocultam além das sombras e do véu que reveste a quarta parede deste teatro cósmico. Aqui, na caverna escura que denominamos existência, um vale de melancolia lacrimosa e gotejante de pranto ancestral, ergo meu olhar com genuína alegria e reverência à tua chegada.
Com mãos trementes e mente enredada nos mistérios, faço ecoar estas palavras crípticas para que a atmosfera, já densa como o nevoeiro primordial, não se dissipe com a banalidade do comum. Deves, caro confrade, imergir com plena suspensão de descrença, pois nesta egrégora, onde as sombras dançam com o invisível, tudo — repito, tudo — pode acontecer.
Porém, não temas! Não espero que outros tomem de mim a pena enigmática com que escrevo. Estas palavras apenas selam o pacto de imersão que aqui forjamos. Contudo, há mais a ser dito, e logo revelarei... Se alguma dúvida lhe causa espécie, me interpele, que esforçarei para que compreenda minhas palavras, aqui plasmada em pixels e fótons, mídias por uma incrível teia que reveste o globo.
Meu coração se rejubila ao saber que aceitaste o convite. Não te aflijas com a leitura do tomo; as regras, como as sombras que se desvelam na noite, serão sutilmente reveladas ao longo da trama. Sendo esta uma obra tecida no molde do PbTA, a ênfase repousa não no arcabouço técnico, mas na narrativa que, como teia onírica, se estenderá ante ti.
Quanto ao cenário, o véu do desconhecido é teu maior aliado. Quanto menos teus olhos sondarem, maior será o impacto dos horrores que emergem das profundezas insondáveis. Kult: Divinity Lost (KDL) sussurra segredos de um mundo entrelaçado de trevas, reminiscente de Hellraiser, entrelaçado com os enigmas de Matrix e os paradoxos da Cidade das Sombras de 1998. Se puderes assistir essas obras, isso sim, é uma boa cousa. Porém, não se engane! A primeira edição de nossa saga foi forjada muito antes do despertar de tais ícones, e carrega consigo a marca de um horror mais profundo, de uma loucura mais lancinante, onde o fio tênue da sanidade se desfia em gnosticismo e ecos de revelações judaico-cristãs.
Se porventura souberes de outros que, como tu, desejam sondar os abismos da mente e da alma, convida-os em meu nome. Antecipadamente, ofereço-te minha gratidão, pela coragem e pela sede de saber que em ti reside.