O trio cavalgava entre as árvores cobertas de gelo, com os passos suavizados pelas camadas de neve no chão. Eles passaram por um anel de menires até avistar a rocha de quase 4 metros de altura, o ponto que representava o cemitério ancestral da tribo.
- Chegamos – diz Karün’Diir do alto de sua montaria.
Haymith desce do garanhão e retira o corpo do falecido que transportava em sua garupa. O corpo estava coberto por pesadas mantas de pele.
- Onde o enterramos? – pergunta ele ao atual xamã da tribo.
- Pode ser ali – o sacerdote aponta para um lugar próximo à grande rocha. O morto tinha sido o xamã da tribo, com mais de 80 anos de idade, mas fora derrotado pelo inverno. Seu corpo era pequeno e leve de se carregar.
Marak e Haymith pegaram as pás e começaram a cavar um profundo fosso, um trabalho que levaria a manhã toda.
- Eu sempre quis saber o significado destas runas – diz Haymith a seu amigo enquanto cavavam. Pequenos traços delicados foram gravados ao redor da Pedra Única há centenas de anos, mas os seus significados se perderam com o tempo.
O sacerdote acompanhava o trabalho dos dois do alto de seu cavalo, mas estava mais preocupado em olhar as árvores ao redor. Era sabido que licantropos do Vale da Garra andavam emboscando membros dos pôneis celestes.
- Terminamos – diz Haymith, suado pelo trabalho braçal. O morto já estava devidamente enterrado ao lado de seus ancestrais.
- Temos que retornar para o resto de nossa tribo – diz Karun’Diir, e assim eles começaram a fazer o trajeto de volta. Quando chega à noite, caminhando pela densa floresta, acontece o que o sacerdote temia, mas ele não teve tempo de reação. Uma flecha é cravada certeiramente em seu pescoço, trespassando-o de ponta a ponta. Sangue começa a sair profusamente da ferida fatal e o sacerdote despenca do cavalo para as trevas da morte. A seguir duas criaturas, meio homens e meio lobos, saem de seus esconderijos para confrontar os dois bárbaros. Uma terceira, com um corpanzil de javali, surge às costas da dupla.