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    Terra e Sangue

    Makaveli Killuminati
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    Mensagem por Makaveli Killuminati Seg Jun 22, 2015 4:42 am

    Anahera observa mais uma vez o globo de luz, focando ainda mais seu olhar, tencionando os músculos faciais, franzindo sua testa e cerrando seus olhos enquanto inclinava um pouco a cabeça à se aproximar do globo de luz que a velha falava, e que está acompanhando a feiticeira à tanto tempo. Apesar de montar sugestões em sua cabeça sobre o quê era tudo aquilo, nada fazia muito sentido.

    A jovem feiticeira deixa de olhar para o globo de luz e volta a encarar a velha, sempre com seu semblante desconfiado e nada amigável. Curiosa, Anahera se aproxima da mesa para observar o cordão com a chave que a velha tinha deixado sobre a mesa, em seguida puxa o cordão para si, segurando a chave sobre a palma da mão, mas rapidamente perde o interesse na chave e a devolve colocando sobre a mesa.

    No momento que a velha fala que havia sido ela que colocou a maldição sobre Anahera, a feiticeira instintivamente já pensou em ataca-la, suas mãos começaram a esquentar, talvez até a fumacear, pois Anahera quase fez suas mãos incendiarem para vingar sobre a condição amaldiçoada que a velha tinha deixado Anahera, mas a feiticeira se conteve, a velha ainda tinha mais coisa a falar.

    Cabia a Anahera escolher o destino do seu próprio passado, por mais contraditório que pudesse soar. Para a feiticeira a escolha era muito fácil, apesar de não garantir que conseguiria absorver tudo o quê lhe seria revelado de maneira fácil. - Não existe pecador sem um passado... Anda, continua... Me mostre meus pecados. - Anahera sinaliza para a velha continuar com o ritual, se acusando como possível motivo de ter feito alguma burrada em algum tempo longínquo do seu próprio passado.
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    Mensagem por Soviet Qui Jun 25, 2015 2:26 am

    O corpo fraco e rígido de Nasri não permitia movimentos fluídos, ou mesmo movimento algum, mas com alguma dificuldade ela ergueu o pescoço, encarando o druida, e o Desertor ficava com uma expressão de curiosidade a cada coisa que Nasri dizia ter acontecido. A aparição dos fantasmas das mulheres, a visão sobre as pessoas gritando e a criatura das mil bocas. Cada fato aguçava mais a curiosidade do druida, e isso ficou bem claro para a mulher sem memória. Mas era além dele que a mulher focava sua atenção. O assecla fugia dos olhares de Nasri e tinha um certo medo dominando-o; ele estava com a cabeça voltada para baixo, tinha os ombros encolhidos e o torso um pouco virado para o lado, mas por mais que Nasri pensasse em todo o sofrimento que sofrera desde que acordou com o rosto na neve, por mais que a humana tenha sentido a mesma sensação que da outra vez, por algum motivo dessa vez nada aconteceu.

    Apesar disso, dessa vez algo foi diferente. Nasri não sentiu sua cabeça doer, pelo contrário. A dor que a mulher tinha na nuca desapareceu no instante em que Nasri sentiu suas sensações fluírem para a mente do assecla do Desertor. Foi a segunda vez que a mulher sem memórias usou esta habilidade, mas primeira conscientemente e em que sentiu como ela funcionava. Era como sentir a própria mente se esticar sem perder a forma, sem ter os limites deformados. Nasri, quando usou o que quer que aquilo fosse, mergulhou em sua própria mente e viajou por planos infinitos dentro dela em instantes. A sensação era de acessar universos inimagináveis apenas pensando.

    - Nasri? - A voz do Desertor das Árvores trouxe a mulher de volta para o mundo real - Você estava com os olhos distantes... Estava em outra de suas visões? Eu devo lhe dizer que não tenho nenhuma relação com este monstro que você viu, ou com as pessoas gritando - O Desertor levou o copo com vinho à boca, tomando um gole e falando logo em seguida, com os lábios ainda sujos pela bebida - Mas admito que os fantasmas das mulheres terem lhe visitado foi minha culpa. Você com certeza as viu durante o Samhain.

    O druida limpou a boca com a mão e tornou a encher o copo. O prato dele já estava vazio quando Nasri chegou, apenas com pequenos restos de sua refeição.

    - Voltando ao assunto que te trouxe aqui, eu me sinto obrigado em explicar o motivo do que fazemos aqui. Você deve pensar que eu e estes homens que me seguem somos ruins, cruéis... Mas esta não é a verdade. Eu não espero que me perdoe, mas que compreenda - O Desertor se arrumou na cadeira, ficando completamente voltado para a mesa, olhando para ela com a cabeça levemente baixa. Nasri notou que agora havia pesar em sua voz - Muitos anos atrás, um mal terrível assolou todo o Norte, provocando o caos e o medo no coração de todos. Estes sentimentos eram como uma doença que nos infectava, mas ninguém sabia o que estava causando aquilo, de onde tinha surgido. Muitos morreram, mas não tantos quanto aquela presença desejava. Assassinatos entre amigos, entre irmãos, traições em todos os lugares, um medo irracional que fez o mais gentil dos homens se tornar egoísta. Pouco se fala nisso porquê, para o homem comum, tudo não passou algum mal que ele não espera ou não deseja compreender, mas uma pessoa chegou na origem de tudo.

    O Desertor olhou para Nasri pela primeira vez desde que começou seu relato, e a mulher conseguiu ver que aquilo realmente era doloroso para o druida. Apesar disso, o Desertor não buscava compaixão em Nasri, e continuou.

    - Aedan Deòir. Um membro da minha ordem. Um druida proeminente, tornou-se o Grande Druida do Norte com apenas 31 anos. Eu o servi quando ele era um dos treze druidas do Norte, e posso afirmar que Aedan era um homem incrível. Totalmente desapegado de qualquer bem material, ele devotou sua vida ao estudo de tudo o que existe no mundo natural e à sua proteção - O druida bebeu alguns goles de vinho, tornou a encher seu copo e ofereceu à Nasri antes de colocar a jarra na mesa - Aedan foi o primeiro a notar que aquilo que inundava os homens com medo e os jogavam numa espiral de loucura e caos, também afetava os outros animais e a fauna. Nossos companheiros se tornaram mais agressivos e atacavam outros animais sem motivo claro, e árvores com séculos de vida definhavam até a morte em meses. Pesquisando sobre o que causou essas mudanças, Aedan chegou na fonte do poder e no lugar de onde ele emanava - O Desertor das Árvores suspirou, um suspiro longo e profundo - Nas entranhas da terra, debaixo de uma montanha menor nas Inferiores, Aedan encontrou um demônio e seu séquito de criaturas abisssais. Ainda me lembro bem do dia em que ele nos descreveu a criatura. Foi em um Debate que Aedan invocou às pressas no solstício de inverno daquele ano e que aconteceu na Floresta Alta. Pele completamente negra, corpo esguio mas forte, muito alto e com uma substância viscosa que sempre escorria pela sua pele. Mas o que mais marcou Aedan e os outros que se encontraram com o demônio foram os seus olhos. Púrpuras como o entardecer no verão, mas com um brilho rubro que não demonstravam nada além do mais puro mal. Claro que Aedan não lutou com o demônio ou com seus seguidores quando os encontrou embaixo da montanha, ele guardou este momento para outro dia, que logo chegou.

    O druida olhou para Nasri que, por um momento, quase esqueceu sua estada no interior de uma árvore. A tristeza que o Desertor tinha nos olhos era quase palpável e a humana se sentiu contagiada por aquele sentimento e também por compaixão. Mas logo as pernas de Nasri doeram em resposta à um movimento, e a mulher não soube muito bem como reagir àquela situação.

    - Espero que você esteja compreendendo até aqui, falta pouco para eu terminar. Aedan e alguns de seus amigos fizeram frente ao demônio, e um deles descobriu se tratar de um ser antigo. Acho que o nome do elfo era Anorieuilos. Um mago inteligente. Ele descobriu que haviam registros do nome do demônio em textos da época de Netheril. Mas ninguém simplesmente mata um demônio. Um mal antigo como este é apenas banido deste mundo e volta ao Abismo, aonde pode pensar em como retornar e voltar a corromper a vida. Era preciso conter o mal para que ele nunca mais retornasse, e isso só seria alcançado aprisionando o demônio em Faerûn - O Desertor riu - Contraditório, não? Aedan e seus amigos pensaram numa forma de prender o demônio e erradicar sua influência sobre a terra, e eles conseguiram. Alguns morreram durante o confronto com o demônio, mas as mortes que mais marcaram foram as de Anorieuilos, de sua esposa, uma elfa chamada Irpadordra e de Cizar, um humano que cresceu com Aedan. Mas, apesar das mortes, o ritual planejado com cuidado funcionou. O corpo físico do demônio foi destruído e sua essência aprisionada. Durante sua luta contra o demônio, que durou muitos meses, Aedan tinha crescido dentro da Ordem, alcançando o posto de Grande Druida do Norte. Como eu disse, ele tinha 31 anos. Aedan entregou para um dos iniciados que o servira a responsabilidade de manter vigilância sobre o demônio e sua prisão, para que ninguém tentasse libertá-lo.

    O Desertor das Árvores se levantou, caminhou ao redor ao de Nasri, olhando para as árvores que, assim como Nasri, ouviam aquela história. O druida deu outra volta e parou do lado oposto da mesa, estendendo os braços e apontando para a floresta.

    - Pois este lugar é a prisão e eu sou o carcereiro. O que na época eu vi como uma missão de grande honra, recebida de um homem que eu admirava, hoje não vejo como nada além de uma maldição que corrói a minha alma a cada dia que passa. Corrói este lugar, destruindo a sua vida. Dezessete anos. Dezessete longos anos! - O Desertor bateu com a mão na mesa, que cedeu e rachou em alguns pontos. Nasri pulou na cadeira com o susto - Você deve pensar que eu sou um monstro, mas o verdadeiro monstro roubou cada pedaço de mim ao longo desses anos. Eu não fiz com aquelas mulheres algo de que me orgulhe! Não! O que eu fiz foi para manter o voto que fiz de proteger este lugar e fazer com que o demônio permaneça preso! Eu apenas sacio a sua fome, esperando conseguir que a criatura fique contida mais um dia. O ritual foi poderoso o suficiente para prendê-lo, mas ele é antigo. Seu corpo se foi, mas ele ainda é forte e a cada instante que passa, ele recupera mais de seu poder - O Desertor apoia as mãos no encosto de uma cadeira, se acalmando e voltando ao seu tom habitual - Não espero o seu perdão, Nasri, mas a sua compreensão. Eu quero que você entenda que a sua vida será sacrificada para proteger outros milhares. Coma se tiver fome, beba se tiver sede. Hoje você dormirá em uma cama, aquecida. Amanhã, ao entardecer, você será purificada e preparada e, quando Selûne estiver alta no céu, tomaremos a sua vida.

    A sinceridade do Desertor era afiada. O druida permaneceu aonde estava e esperou que Nasri absorvesse e entendesse tudo o que lhe aconteceria.
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    Mensagem por Soviet Seg Jun 29, 2015 5:35 pm

    - Sente-se, por favor - Aghna pede isso enquanto ela mesma se coloca de pé, juntando algumas coisas e as colocando ao lado do baú - O que você tomou foi um chá que abre os canais do corpo para energias externas, como magia, facilitando o ritual. Não tem nenhum outro efeito além disso, e se você escolhesse por partir sem ter o encantamento quebrado, o máximo que aconteceria era você se sentir mais emocional, pois captaria com mais facilidade os humores alheios.

    Um livro antigo e grosso, com capa madeira revestida com couro marrom, foi colocado por último na mesa. Ele era quase tão alto quando o baú e com certeza era um pouco mais largo. A madeira cobria a frente e verso do livro, e a lombada era protegida apenas pelo couro mole. Uma corrente de metal esverdeado surgia na lombada, perto do topo do livro, contornava todo o volume e um anel de metal o prendia em si mesmo próximo ao centro da capa. As páginas eram amareladas, grossas para simples folhas de papel e tinham as bordas irregulares, como se tivessem sido comidas por algum inseto. Aghna rodou o anel para um lado e a corrente se soltou, apesar de Anahera não ter visto nenhuma abertura no metal do anel. Deòir abriu o livro com calma, apoiando-o no baú para que a ele não abrisse totalmente, e procurou pela página correta com calma. A feiticeira, versada na Arte, reconheceu de imediato os símbolos e escritos como fórmulas arcanas. Aghna parou de folhear o livro quando encontrou uma página aonde havia um desenho de uma espécie de raiz que nascia no topo e no final da folha e se entrelaçava no centro, de um lado da raiz havia uma espécie de casulo com uma esfera incrustada nela, alguns símbolos grandes e duas frases curtas escritas. Do outro lado das raízes havia um pequeno texto e logo abaixo um símbolo que se assemelhava a uma gota muito comprida e de sua base nascia uma espiral que a contornava por completo. Deòir suspirou e olhou para Anahera.

    - O encantamento que eu coloquei em você é poderoso e, portanto, eu preciso de outro tão poderoso quando para desfazê-lo. Este que eu escolhi é ainda mais forte - A velha riu como uma criança prestes a fazer alguma travessura - Não podemos correr nenhum risco disto falhar. O processo será doloroso e violento, Anahera. Você será tomada por centenas de memórias de toda a sua vida ao mesmo tempo e você não terá como absorvê-las de uma vez. Não importa o quão capaz você seja, nossa mente tem um limite de informação que consegue receber e isso vai ultrapassar em muito este limite, e acho que você sabe o que acontece quando forçamos o limite de algo - O tom de Denòir era sério, mas sempre gentil - Acomode-se bem, cubra-se, sinta-se confortável. Você precisa estar relaxada para que isso funcione bem.

    A velha espera que Anahera faça o que tenha vontade de fazer. Levantar e andar pela casa, beber mais chá, refletir sobre alguma coisa... Aghna não apressa a feiticeira, dando à garota o tempo que a garota precisa. A velha aproveita o tempo para acender alguns incensos e apagar algumas velas. Quando Anahera se sente pronta para o ritual, Aghna pede que a garota faça silêncio e dá início à magia. O cheiro de sândalo já dominava o ambiente, um cheiro suave mas marcante. A entonação das palavras mudava conforme Deòir avançava com os encantos, mas de alguma forma, mesmo quando a velha elevava a voz de uma maneira agressiva, a gentileza nunca se perdia.

    - Koyaanisqatsi... Koyaanisqatsi... - Anahera ouvia as palavras, que ecoavam não apenas em sua mente, mas que parecia reverberar por todo o seu ser. Seu corpo, sua alma... A feiticeira sentia aquelas palavras alcançando lugares que Anahera não sabia sequer que existiam. Ou um dia a garota soube? - Koyaanisqatsi... Koyaanisqatsi...

    O corpo de Anahera começou a ficar dormente, as pálpebras pesadas, o pulso era algo distante, quase imperceptível. Em contraste, a mente da feiticeira estava mais desperta neste momento do que estivera em toda a sua vida, e a garota contemplava coisas que existiam dentro de si que não conseguiam ser classificadas como nada além de fantástico, apesar de incompreensíveis. Anahera encostou sua cabeça na poltrona e abriu os olhos, que imediatamente focaram no fino fio espiralado de fumaça que nascia no incenso e morria poucos centímetros em um mar invisível de ar. O fio era quase que perfeitamente reto e logo dançava consigo mesmo, criando pequenos vórtices perfumados que se desprendiam e vagavam por toda a sala antes de desaparecerem. Anahera pensou nas próprias lembranças e em como aquela analogia era perfeita.

    - Heddan Tantlar Draiter Nadyr...

    As palavras do encantamento ficavam cada vez mais confusas, a voz de Aghna cada vez mais distante... A visão de Anahera foi se turvando, cada vez mais perdendo o foco até que a feiticeira caiu na completa escuridão.

    O silêncio reinou absoluto por um tempo que Anahera não soube definir quanto durou mas, abruptamente, um clarão afastou a escuridão e milhares de sons diferente sobrepujaram o silêncio. O piar de pássaros, dezenas deles, folhas dançando sob o vento, risadas, gritos de medo, de dor, de paixão, homens e mulheres falando sobre os mais diversos assuntos, crianças chorando, velhos contando histórias, o barulho constante de um rio percorrendo seu curso, palavras arcanas de poder, sussurros de estudo, o ranger de rodas, o ranger de dezenas de rodas diferentes, cada uma delas guiada por uma pessoa diferente e todas diziam algo diferente ao mesmo tempo. Centenas de lugares diferente surgiam e desapareciam com a velocidade de um piscar de olhos, mas todos eles carregavam uma sensação diferente para cada um dos cinco sentidos. O rosto de um rapaz surgiu e junto dele uma sensação de calor, assim como quando uma mulher caminhou da escuridão e resplandeceu por breves instantes. Dores, angústias, medos, ansiedades, preocupações, prazer, ódio... Tudo inundava Anahera ao mesmo tempo, que sentia seu corpo ser esticado em todas as direções, a carne se soltando os ossos, que resistiam bravamente no lugar. A dor era imensa, e em meio à ela a feiticeira se lembrou das palavras de Aghna. Aquilo que era esticado de forma impiedosa não era seu corpo, mas apenas uma forma como a mente da garota escolheu se representar. Anahera fechou os olhos em uma tentativa de diminuir a dor, mas foi inútil. Os músculos da feiticeira rasgavam, seu sangue escapava das veias e escorria pelas fendas na carna, seus ossos trincavam e as articulações se soltavam. Anahera urrava de dor, mas as imagens não cessavam.

    Uma pequena garota surgiu, sentada debaixo de uma árvore enquanto chovia, a dor de um machucado, a fome, o medo de morrer, o medo de ficar pra sempre perdida e sozinha. Lembranças que fizeram Anahera chorar, pois ela sentiu toda aquela angústia novamente. Todo o sofrimento que a feiticeira sentiu durante dezessete anos a atingiram de uma vez e dor alguma no mundo poderá um dia se comparar aquilo, mas também haviam boas lembranças, momentos ternos e de certa forma felizes. Momentos simples surgiam, como uma menina comendo na companhia de outras crianças. Um velho, com uma longa barba e vestindo um robe vermelho com a pele de algum felino cobrindo-lhe os ombros, estava sentado ao lado de uma garota, que ria de alguma piada que o homem contará. Um chapéu da mesma cor da roupa e pontiagudo estava em uma das mãos do velho e na outra ele segurava um cajado de madeira com a ponta de cima revestida de metal. Uma esfera vermelha e translúcida estava presa no metal, assim como um cordão de onde pendiam penas de alguma ave de rapina. O homem se levantou, entregou um saco de comida para a menina e foi embora. Uma noite fria em uma casa familiar, dor e tensão, choro... Mas era um choro de felicidade e tristeza. Anahera sentia o prazer daquela mulher, mas também sua angústia, pois ela sabia que a criança à quem ela dava à luz teria que morrer. Uma mulher fazia o parto e um homem alto a auxiliava. O homem tinha os cabelos castanhos e o corpo bem constituído, mas havia um claro sinal de cansaço em seu rosto. Ele vestia roupas simples e de tom verde escuro e um cordão pendia de seu pescoço segurando um símbolo. A mulher tinha os cabelos completamente brancos e o corpo pequeno. As mãos eram finas mas firmes e o rosto era enrugado e... Era Aghna. Mais nova, sim, mas era ela. Tudo girou em um turbilhão de sentimentos e memórias e paredes de pedra surgiram no lugar das de madeira. Deòir segurava uma criança recém-nascida no colo, envolvida em peles e com um símbolo vermelho pintado na testa. O mesmo homem estava ao seu lado. Aghna dizia alguma coisa, mas Anahera não ouvia mais nada... A feiticeira tentou, mas não havia mais como aguentar. A imagem desvaneceu em espirais como a fumaça do incenso e tudo se transformou em escuridão novamente.

    Anahera acordou com a boca seca e o estômago ansiando por comida. A feiticeira se sentia fraca e estava nua em um mar de peles e, olhando para os lados, viu que estava em uma cama. O quarto era pequeno, mas aconchegante e uma criança encarava a feiticeira. O menino pulou da cadeira e correu para a porta, gritando pela avó. Minutos depois, Aghna estava no quarto.

    - Quem bom que você acordou - Deòir estava claramente aflita - Pensei que você ficaria presa neste sono por minha causa. Pietro, vá pegar um pouco de água, por favor, e um prato de comida. Anahera deve estar precisando muito dos dois.
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    Mensagem por Edu Ter Jun 30, 2015 3:11 pm

    Nasri estava certa que dessa vez iria acontecer novamente o mesmo de quando tinha sido levada pra dentro da arvore. Acabou sendo uma decepção pra ela, sua mente estava conectada com a do assecla mas todo o sofrimento que pensara não passara pro homem. O lado bom era que não tinha mais sentido a forte dor na cabeça igual a vez anterior.

    Ainda refletia na sua mente pensando o porque o seu pequeno "truque" não funcionara igual a vez anterior. Caso desse certo ela partiria pelo menos com uma satisfação, agora nem isso teria. No meio desse pensamento que o Desertor chamou a sua atenção.

    Nasri se virou pra ele e ouviu tudo o que o homem tinha a dizer. As "explicações" sobre o porque sacrificar ela e outras mulheres. Por um momento sentiu compaixão pelo druida, mas ela rapidamente foi embora quando se lembrou das figuras das mulheres. O quão perturbadas elas eram e também o quão perturbadoras pareciam. Tinha pena delas, mereciam um descanso e não aquilo.

    - Eu não compreendo você e nem quero compreender. O que você e seus asseclas fizeram com aquelas mulheres e vão fazer comigo é monstruoso, tão ruim quanto o próprio demônio que vocês druidas prenderam. Não sei nada de demônios, mas sei que sempre existe outro jeito - Disse Nasri parando por um momento e respirando antes de continuar - Você tá recebendo a punição que merece, e ela só vai continuar pior e pior. Não dá pra sentar aqui no meio dessa floresta e ficar sacrificando mulheres com o pretexto de impedir que o demônio saia livre. Você poderia pesquisar outras formas e rituais pra lidar com esse ser. Além do mais no meu caso, você nem sabe com o que tá lidando, nem eu sei o que eu sou. Eu estou a dias sem comer e não sinto fome, também não me sinto mais fraca por causa disso.
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    Mensagem por Soviet Ter Jun 30, 2015 4:04 pm

    - A besta anseia apenas a morte, e é somente com sangue que ele se sente saciado - O Desertor puxou a cadeira em que estava apoiado e se sentou - A outra forma de lidar com este demônio é matando-o, um ser talvez mais antigo do que Toril e os próprios deuses. Como você sugere fazer isso?

    O Desertor não aparentou ter sido atingido pelas palavras de Nasri de forma alguma. O druida transparecia uma tranquilidade inquietante, pois o que vivia preso naquela floresta, as coisas que o Desertor e seus asseclas faziam... Não deveria haver lugar naquele homem para a paz, mas talvez esta fosse a forma que o Desertor encontrou para conseguir aguentar o fardo ou então a besta tenha simplesmente destroçado com a sanidade do druida.

    - Mas foi bom você tocar neste outro ponto, porque eu não tenho problema em não saber o que você é, apesar disso não ser verdade. Me disseram o que você fez com Wilmær, como você... Perturbou a sua mente - O Desertor olhou para Nasri com atenção, tentando ver além, ver o que a humana escondia - Eu não cheguei na posição que estou sendo um tolo, sei o que isso pode significar e o que você pode ser, o que me leva a duvidar do seu problema de memória. Eu não tenho provas, mas as evidências são grandes.
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    Mensagem por Edu Ter Jun 30, 2015 4:37 pm

    Nasri nesse momento havia ficado realmente surpresa. De todas as respostas que ela pensava em ter ouvido aquela nunca seria esperada.

    - O que está dizendo? Você sabe o que eu sou e o porquê eu perdi a memoria? Porque não me diz logo então ou a sua crueldade chega a tanto? Ou não vai garantir o meu ultimo desejo antes da morte? - Indagou e afirmou ao mesmo tempo Nasri inquieta na cadeira.

    A verdade era que não tinha se entregado ainda, queria a paz, sim, queria, mas não estava nem de perto tranquila com o destino que ia ter. O problema era que não tinha meios de como fazer isso. Talvez, isso numa possibilidade remota, poderia negociar com o próprio demônio em si. Com certeza ele desejaria vingança em cima daqueles druidas, porém não precisaria da ajudar dela pra ser livrar da prisão, afinal tem todo o tempo do mundo. Por outro lado o tempo tambem é algo pessimo pra esse demonio, pois quanto mais ele fica preso mais sofrimento tem, se ele recusar um sacrifício a prisão pode se desfazer mais rápido.
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    Mensagem por Soviet Ter Jun 30, 2015 11:59 pm

    - Eu disse que tenho um palpite, apesar de estar seguro sobre ele. Vou assumir que a sua amnésia é real e lhe explicar o que eu acho que você é - O Desertor tornou a encher seu copo - Não seu qual é a extensão de sua falta de memória, mas eu imagino que você ainda se lembre que existe magia em nosso mundo, e se não lembra, teve um vislumbre dela quando eu a prendi no interior de uma árvore. Explicando de forma simples, magia acontece quando alguém manipula a Trama. O que você fez com Wilmær foi diferente, você o manipulou com sua própria força interna.

    O Desertor toma um pouco de vinho e continua. O tom que o druida usava fazia Nasri pensar em uma conversa de amigos antigos.

    - Usando a sua mente, você canalizou o seu poder até a mente de Wilmær, que desde então está aterrorizado. Eu tive que explicar para ele o que estou lhe explicando agora, pobre infeliz. Algumas pessoas, raras como uma flor no outono, possuem o poder de criar efeitos semelhantes à magia, mas com suas mentes. Estas pessoas recebem o nome formal de psiônicos, e eu acredito que você é uma.
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    Mensagem por Makaveli Killuminati Sex Jul 03, 2015 4:32 am

    Anahera ouvia com atenção tudo que era dito para ela, observava o livro, as gravuras, e em especial as da página que Deòir tinha deixado aberta, pelo que parecia, o ritual era ago grandioso, e a velha logo confirma as expectativas da jovem feiticeira. As chances do ritual ser tranquilo era quase nulo, e ainda poderia falhar miseravelmente, mas Anahera já tinha feito a escolha antes mesmo de analisar estas possibilidades, não era algo que ela poderia fugir para sempre.

    Quieta, Anahera não estava disposta a fazer outra coisa que não fosse esperar até que Aghna finalizasse a preparação para iniciar o ritual, pacientemente, a feiticeira se limita a ficar sentada ali mesmo apreciando mais uma caneca de chá. Até que finalmente estava tudo preparado para iniciar.

    As palavras de magia proferida por Aghna iniciava o ritual, e logo uma série de devaneios, sentimentos e sensações toma conta de Anahera, se intensificando e se alongando por mais algum tempo, ou muito mais tempo.


    ----------------


    Da mesma forma que se perdeu do mundo físico, se encontrou novamente, na fumaça espiral do incenso. Após uma explosão de informações recebidas, a mente da feiticeira ainda estava organizando todos os arquivos mentais como um quebra-cabeça, e pouco a pouco Anahera vai montando e relacionando as informações com conclusões que preferia duvidar a princípio, e não comentar.

    Quando seus olhos se abrem, estava umedecido, sabia que havia chorado também no mundo físico, a maneira assustada em que repentinamente se senta na cama a faz sentir uma dor e peso sobre o corpo inteiro, o quê a faz voltar a deitar-se. Anahera esfrega uma de suas mãos sobre o seus olhas molhados, e esfrega nas peles que a tampava para enxugar as mãos molhada de lágrimas. A mancha negra nos dedos indicava que havia borrado toda a maquiagem escura que a feiticeira costumava usar nos olhos.

    Aos poucos, os olhos de Anahera se acostuma com a luz, mas o grito da criança faz a sua cabeça tremer de dentro pra fora. Anahera não conseguia reagir, ficava deitada na cama, como se estivesse adoecida, de tão vulnerável que se sentia. Aghna adentra o quarto, dando ordens para o garoto, que a obedece.

    Anahera pensava sobre o quê havia "lembrado", visto em sua mente no turbilhão confuso. Ficou quieta, deitada, olhando para o teto do quarto, sem falar com Aghna, sentia-se triste. Não estava em condições de fazer nada, queria apenas comer, e descansar mais um bocado.
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    Mensagem por Edu Sáb Jul 04, 2015 8:54 pm

    - Hm...- faz ela um som de incerteza e estranheza quando ouve o que o Desertor falou - Eu tenho poderes mentais e a minha amnesia veio por causa deles? Não faz muito sentido a minha capacidade de lembrar das coisas deveria ser mais facil,afinal, minha tem supostamente "poderes" especiais. Ainda assim isso não explica o porque eu não sinto fome mais, mesmo com poderes psionicos ainda teria que comer. A proposito o Wilmaer teve o que mereceu.

    Logo que terminou de falar ela olhou diretamente pro assecla, como se desejasse o pior pra ele.
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    Mensagem por Soviet Ter Jul 07, 2015 11:31 pm

    O Desertor riu quando Nasri disse que Wilmær mereceu o seu ataque. O tom do druida permanecia o mesmo, o que tornava a conversa mais estranha do que já era.

    - Você pode supor que sua amnésia tem a ver com seus poderes, mas eu não disse isso. Eu apenas expliquei o que acredito que você seja, e repito que não tenho certeza sobre isso, é apenas um palpite - O Desertor levanta, fazendo uma breve reverência à Nasri - Agora preciso me retirar. Você disse que não tem fome, mas coma e beba se desejar. Você não será mais mal-tratada e não terá motivo para atacar meus homens. Eles lhe mostrarão aonde você dormirá essa noite.

    O Desertor se vira e some entre as árvores, logo desaparecendo na escuridão da noite. Nasri não sabia muito bem o que fazer. A mulher tenta comer algo, mas fica apenas revirando a comida com o garfo, e não sentia a menor vontade de beber nada. Nasri se levanta e imediatamente um dos asseclas se aproxima dela, segurando levemente em suas costas e guiando a humana pela floresta. Não caminharam nem quinze minutos e chegaram à uma espécie de vila com casas construídas de forma que nenhuma árvore precisasse ser derrubada, portanto cada casa tinha seu próprio formato e tamanho, e nenhuma era especialmente grande. Nasri foi conduzida até a mais central delas. O interior era extremamente simples, não tendo nada além de uma cama com um colchão de penas, uma mesa e sobre ela uma garrafa com água e um cesto trançado com frutas de outono. Havia uma janela, mas ela estava trancada e Nasri não via a chave em lugar algum, é claro. Os asseclas do Desertor saíram sem dizer nada e trancaram a porta, deixando Nasri sozinha.



    Aghna entendeu o silêncio de Anahera e depois que lhe trouxe comida e bebida, chamou o garoto e deixou o quarto, fechando a porta atrás dela. A feiticeira deita novamente depois de comer e se enfia debaixo das peles, deixando-se levar rapidamente pelo sono. Inevitavelmente, sonhou com o turbilhão de memórias que acabara de devastar sua mente. Uma mulher muito idosa caminhava por uma floresta silenciosa, e depois de passar por um carvalho ancião, a menina estava em uma casa no meio do deserto. Quando abriu a porta para fugir, a jovem deu de cara com uma construção baixa de pedra cercada por dezenas de árvores. O vento cobria a grama com areia, mas os pés descalços da jovem não se incomodavam mais. As pedras pulsavam e não havia mais chão, apenas escuridão. A menina caminhou para dentro da construção.

    Aquele campo era incrivelmente belo, florido, plano, colorido. O sol brilhava forte no céu, mas a jovem não sentia seu calor. Havia apenas uma árvore enorme em todo o campo e dezenas de pequenos arbustos, e uma multidão com rostos familiares carregavam o corpo de uma idosa trajada com vestes verdes e brancas e uma coroa de flores decoravam sua cabeça e seu cabelo estava sobre o peito em uma longa trança branca. As pessoas cantavam, mas a jovem não ouvia nada. Quando a comitiva chegou até uma pira, colocou o corpo da idosa sobre ele e com algumas tochas, ateou fogo na madeira e na carne. A menina ficou desesperada, mas não conseguia fazer nada. Quando ela começou a chorar, olhou para baixo e a idosa viu que carregava um bebê recém-nascido. Era uma menina, e um homem estava ao lado da jovem. Ele era alto, tinha um belo rosto e expressões sérias, quase tristes. O chão de pedra frio era áspero e uma gota ecoava, ritmada e constante. A menina passava o dedo lambuzado de tinta vermelha por todo o corpo da criança e entoava alguma palavra enquanto fazia isso.

    Anahera acordou quando ainda estava escuro, mas o frio era mais intenso do que quando a feiticeira adormeceu. A casa estava em silêncio e o prato de comida ainda estava aonde Anahera o deixou, indicando que nem Aghna ou o garoto entraram aqui depois de terem deixado a feiticeira a sós. Anahera puxou as peles para mais perto do corpo, e olhou para o teto. Não conseguia enxergar muito, apenas os sulcos aonde uma tábua de madeira se encontrava com a outra. Uma coruja surgiu do lado de fora e seu piar distante quebrou o silêncio. A garota tentou dormir de novo, mas tudo o que conseguiu foi revirar de um lado para outro. Por instinto, pensou em onde poderia estar e como tinha chegado ali, e todas as lembranças estavam claras como um cristal. Provavelmente já devia ser madrugada e Anahera não conseguiria mais dormir.
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    Mensagem por Makaveli Killuminati Dom Jul 12, 2015 8:56 am

    Ao acordar, o corpo dolorido anunciava de forma clara que a feiticeira já estava deitada naquela cama o suficiente, não precisava mais descancar, rolaria eternamente de um lado pro outro se continuasse ali. Anahera senta-se na cama, sentindo o frio do Norte pairar sobre sua pele desacostumada com a temperatura baixa. Anahera ainda estava um pouco confusa com toda a memória que havia recuperado, mas já entendia os sinais mais claros, o quê a deixava um pouco furiosa e muito triste com a situação. A feiticeira come e bebe a refeição que ainda estava servida, e ao terminar fica estática sentada sobre a cama, tentando encaixar o quebra-cabeça que precisava ser montado.

    Impaciente, após alguns minutos de reflexão, a feiticeira joga suas mãos para um dos lados, arremessando de forma mágica a bandeja com as migalhas que sobrou em direção a parede, depois balançou as mãos para o outro lado fazendo uma cadeira de madeira levitar e se despedaçar no impacto contra a parede oposta ao que arremessou a bandeja. Anahera estava fazendo uma arruaça no quarto, tinha acordado furiosa e inevitavelmente acordaria alguém com aquele barulho.

    Após extravasar sua fúria, a feiticeira caminha até o armário e veste as roupas que encontraria. Se Aghna não aparecesse em seu quarto, Anahera estava decidida a procurar a "velha" em todo os cantos daquela casa, ou onde quer que estivesse.
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    Mensagem por Edu Dom Jul 12, 2015 10:52 pm

    - Entendo... - disse ela apenas sem mostrar qualquer reação.

    Ele de qualquer jeito não tinha respondido o que ela queria saber. Desejava descobrir o que era exatamente. Ter poderes mentais isso não a fazia ser outra coisa diferente de humano. Tinha quase certeza que não era humana mais, ou se algum dia foi, por isso mesmo precisava saber o que era exatamente.

    Levantou-se e acompanhou os asseclas em silencio e quieta. Sua mente voltou pra suas visões na arvore. Primeiro aquela cidade com nome esquisito e depois aquela inundação, se não tinha sido o Desertor e os seus lacaios, quem teria posto aquilo na cabeça dela? Será que aquela eram lembranças dela? Tinha vivido naquela cidade e morrido numa inundação? Porquê teria um corpo diferente daquele atual? Não fazia muito sentido, principalmente por causa daquela aberração no final da sua visão. Pelos deuses que ela não lembrava, o que era aquilo? Uma massiva nuvem gritante devoradora de pessoas?

    Já começava sentir dor de cabeça de tanto pensar e estava tão distraída que já tinha chegado nos seus "aposentos" e nem notara. Entrou no quarto simples e foi trancada dentro.

    - Legal - expressou ela em voz alta.

    Sentou na cama e apoio a cabeça nas duas mãos. Esfregou o rosto com as palmas nervosa. O que fazia agora? Tinha que arrumar um jeito de escapar. Talvez ao invés de ferir a mente de um dos asseclas, ela pudesse pedir pra ele ajudar-la a fugir? Tinha que tentar.

    - Wilmaer? Pode me ouvir? - Falou em sua mente tendo conecta-la com o assecla.
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    Mensagem por Soviet Qua Jul 15, 2015 12:33 am

    Nasri se sentiu um pouco tola quando tentou falar com Wilmaer através de sua mente. A noite esfriava rápido e do lado de fora da casa era possível ouvir apenas o vento assobiando e as folhas que se moviam. Nasri se concentrou mais um pouco... A mulher conseguia sentir o assecla ali, só era preciso um pouco mais de... Sim!

    Nasri não soube exatamente como e o que fez, mas a humana tinha alcançado a mente de Wilmær e feito algo com ela. Agora só era preciso uma forma descobrir o que havia acontecido.



    Cães começaram a latir quando a cadeira se estraçalhou contra a parede. Dois ou três, e pela potência e tom dos latidos, eram cães de grande porte. Não era possível mais ouvir a coruja, provavelmente a ave fugiu com o barulho. Aghna entrou no quarto enquanto Anahera se vestia. A velha segurava uma lâmpada de metal pequena, que brilhava dourada sob a luz que ela própria produzia. Deòir entrou no quarto com os passos lentos de quem acabara de acordar, olhou para os lados, procurando por algo, e quando viu a cadeira e o prato quebrados, cessou sua busca com um sorriso.

    - O que te aflige, querida? - Aghna se sentou na cama ainda quente - Eu não consigo imaginar pelo que você deve ter passado e tampouco o que sente agora, mas estou aqui e irei te ajudar como puder.
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    Mensagem por Makaveli Killuminati Qua Jul 15, 2015 3:13 am

    Anahera ainda se vestia quando Deòir adentrou seu quarto, a vontade da feiticeira era arrancar o sorriso da mulher a força, mas se limitou a balançar a cabeça negativamente enquanto apertava as longas tiras de couro que compunha sua vestimenta, e enquanto terminava de aprontar os últimos detalhes ouvia Deòir.

    - Irá me ajudar... Irá me ajudar... - A feiticeira sussurrava para ela mesma, agora andando de um lado para o outro no quarto, com os punhos fechados e as unhas cravando na carne da palma da mão. - Vou te dizer o quê me aflige! - Anahera acerta a porta de madeira do armário com o punho fechado, irada, e ali fica com a cabeça abaixada. - Vivi a maior parte da minha vida com medo, sozinha, vivi não! Sobrevivi!... - Nessa hora a feiticeira empurra o armário e da dois passos em direção a Deòir, ficando a um pouco mais de um metro da senhora, e levantando o dedo contra ela enquanto continuava a falar. - Sobrevivi em uma condição precária, grande parte doente, fugindo dos moradores próximos e trapaceando contra os mercadores que passavam pela floresta que vivia... Sem origem e sem história... Só por quê você achou que seria melhor assim! Por quê você quis me poupar de um sofrimento me impondo um ainda maior! - Anahera faz uma pequena pausa para recuperar o fôlego, estava com a respiração pesada. - Sem memória eu não tinha origem, mas tinha um objetivo... Agora eu tenho uma origem mas nenhum objetivo... Eu achei que recuperando minha memória eu preencheria a lacuna que faltava, mas não... - Anahera se afasta um pouco de Deòir, e se apoia sobre a cômoda encostada em uma das paredes, menos nervosa após desabafar, mas ainda mais triste. - Alguém sem história é tão vazio quanto alguém sem objetivo. - A feiticeira fica em silêncio em um curto período, e impediria de Deòir encostar nela caso tentasse.

    - Eu não me importo com os laços de sangue que nós temos... Eu me criei por conta própria... - Anahera falava com a voz baixa, mas ríspida, sendo direta a Deòir quanto qualquer laço sentimental que ela tentasse criar, mas a própria feiticeira não sabia se suas palavras eram verdadeiras ou estava sendo impulsiva, no momento não importava. - Queres me ajudar? Me da um objetivo pra eu continuar minha jornada, se não queres falar qual a ligação que meu pai de sangue teve com a decisão que tomasse, me diga como eu posso descobrir. - A feiticeira continuava cabisbaixa, apoiada na cômoda de madeira.
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    Mensagem por Soviet Qua Jul 15, 2015 3:03 pm

    Aghna ouviu tudo com atenção genuína, mas com o rosto inabalavelmente sério. Anahera não soube dizer se aquilo era indiferença, desejo em não ofender a feiticeira ao demonstrar pena ou compaixão, ou se era apenas o modo como Deòir agia nessas situações. Independente do que fosse, Aghna sequer abriu a boca antes de ter certeza de que a garota tivesse dito tudo o que precisava. Anahera teve certeza apenas de uma coisa, a velha não ficou ofendida com nada do que disse.

    - Você fez a sua escolha. Preferiu ter suas memórias de volta ao invés de um objetivo cruel que é simplesmente sobreviver. Eu acredito que você fez a escolha certa. Agora você precisa aprender a lidar com sua nova situação, e espero que não seja destruindo tudo o que estiver ao seu redor - Aghna se levantou e usou a chama de sua lâmpada para acender a que estava na mesa ao lado da cama. O aumento de luz fez as rugas no rosto de Deòir se intensificarem, se tornando longas linhas escuras que cortavam todo o seu rosto - Agora você tem um objetivo muito melhor do que o anterior, talvez apenas não tenha se dado conta disso, ou ele está claro demais e você teve medo de olhá-lo nos olhos e tomá-lo para si - Aghna tinha erguido novamente sua lâmpada e fitava Anahera. Os olhos eram sempre gentis, mas a expressão era séria - Seu novo objetivo é viver. Conhecer pessoas e poder amá-las e odiá-las, conseguir se importar com coisas além da sua próxima refeição, pensar no que você deseja além de um lugar para dormir a próxima noite. Agora você pode traçar planos para a sua vida, você pode ter sonhos que deseja conquistar um dia. Hoje você ganhou muito mais do que perdeu, hoje você ganhou sua vida de volta e perdeu uma existência fadada à solidão.

    Aghna parou por um instante, só absorvendo o que ela mesma disse depois de ter dito, e deu um longo e profundo suspiro, sentando-se novamente na cama. A expressão sério se quebrou em algo que transparecia dor.

    - Uma existência fadada à solidão por minha culpa. Não diretamente, mas... Minha também, por não ter contrariado a idéia de meu filho. Foi ele quem decidiu que isso seria o melhor para você, Anahera. Aedan era bom, mas quanto mais vivia, mais perdia a fé nos homens. Ele acreditava que os homens, naturalmente, importam-se apenas com o poder, por isso a maldição te fazia escolher entre suas memórias ou o poder que flui dentro de você - Deòir olhava para Anahera, mas a velha parecia ver outra coisa, algo passado há muitos anos - Eu disse que tomaria conta de você, mas Aedan estava decidido, e quando ele tinha decididoalgo, nem eu conseguia fazer com que ele mudasse de idéia - Aghna apontou para Anahera com um dedo fino e enrugado - E meu filho não é seu pai, eu sei que você está pensando nessa hipótese. Nós não temos nenhum laço de sangue, apesar de eu ter conhecido sua mãe.

    Aghna se levantou e caminhou até Anahera, olhando para a garota de perto. Deòir ficou algum tempo observando o rosto da garota, suas feições, seu cabelo, seu porte... A velho notou o desconforto da feiticeira e não fez nenhum menção de tocá-la.

    - Você acabou de me dizer uma parte muito pequena do que você sofreu, mas isso não impediu que você crescesse e se tornasse uma mulher forte. Pense agora no que você é capaz de fazer tendo o controle pleno de toda a sua vida e perceberá que a minha cadeira não precisava estar em pedaços ali no chão - Aghna não parecia se importar nem um pouco com a cadeira, apesar do que tinha acabado de dizer - Eu imagino que a conversa ainda não terminou, mas eu me sentiria melhor depois de um pouco de chá. Você me acompanha? E vista-se melhor, você ficará doente usando essas tiras de couro.
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    Mensagem por Edu Sáb Jul 18, 2015 1:57 pm

    - Dera certo!! - pensou ela animada.

    Poderes Psionicos hein? Parecia mais os poderes super-mega-fodasticos pra ela. Começava a se animar com a possibilidade de poder sair dali e não ser sacrificada, porém faltava uma coisa fundamental. O que fazia agora? Sua mente novamente tinha ligado a de Wilmaer, mas não sabia muito bem o que fazer com isso. Tudo bem, sabia que como infligir dor no homem, no entanto não era isso que precisava. Tinha que convence-lo a ajuda-la a fugir. Talvez não existisse grande magica nisso. Precisava apenas pedir.

    - Wilmaer, eu não quero machuca-lo. Quero apenas sobreviver. Você acha que esse sacrifícios vão levar vocês aonde? O demônio mais cedo ou mais tarde vai se libertar, e enquanto isso a sua consciência vai te destruindo. Eu estava lá na arvore e vi como estão os espíritos delas. Isso não pode continuar, existe sempre outro jeito. Você tem que me ajudar. Eu já entrei na sua mente e vi o quanto isso tá o destruindo, se não quer fazer isso por mim e aquelas mulheres, faça por si mesmo - Nasri falou em sua mente direcionando a Wilmaer.
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    Mensagem por Makaveli Killuminati Seg Jul 20, 2015 5:31 am

    Sem vontade de dialogar com a velha, Anahera fica quieta escutando e complementando as falas de Deòir por pensamento, ficou ali mesmo onde estava durante aquele pequeno período, levantando a cabeça apenas quando Deòir fala que ambas não tinham ligações sanguíneas, o que foi um alívio para Anahera, dificilmente perdoaria aquela senhora por seu envolvimento no ritual que desenvolveu a maldição na feiticeira.

    Anahera é convidada a tomar mais um pouco de chá na presença de Deòir, coisa que definitivamente não gostaria de fazer. Seguindo o conselho da velha, Anahera abre o armário em que estava encostada e escolhe um longo sobretudo de inverno para se cobrir, além de um par de botas que completava o conjunto da vestimenta, vestindo ambas por cima de suas vestimentas de linho e couro.

    Após vestir-se, Anahera caminha em direção a porta de saída do quarto, passando ao lado de Deòir sem a olhar no rosto. - Vou refrescar a cabeça. - Nitidamente a feiticeira estava recusando o convite para beber chá e terminando aquela conversa temporariamente, estava saindo do quarto e já partia em direção a porta que acessava a rua da fria cidade, usaria o silêncio da madrugada para caminhar e conhecer a Lua Argêntea, se distraindo um pouco para aliviar a tensão.
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