Área Residencial #1

O homem lhe era estranho, mas parecia que a vampira conhecia-o de algum lugar. Com um sorriso, ela voltou-se a pequena e murmurou baixo.

- Se me dão licença, preciso cumprimentar um... Parente.

Havia alguma coisa estranha com a forma que ela falou parente, como se fosse uma piada particular ou alguma coisa do tipo... Mas assim que falou, aguardou um pouco a resposta e se afastou.


Não havia a menor pulsação no homem de terno, sinal de respiração ou coisa parecida. Também era bastante pálido. Aquele homem não parecia muito mais vivo do que o corpo, considerando esses traços. A ruiva respirava fracamente, mas era algo diferente dos mortais... A entrada de ar nos pulmões ocorria em espaços tão longos que seria impossível para um humano. Uma pessoa sem sua percepção não notaria aquilo. Ainda tinha a mesma palidez do homem, porém disfarçada com uma maquiagem suave. A criança tinha algum rubor de sangue e o homem que ela se escondeu atrás com certeza era humano. O primogenito estava com pelo menos dois vampiros ali, um indefinido e os demais eram humanos. A ruiva manteve olhar atento a ele e, após dizer sobre cumprimentar um parente, se aproximou dele calmamente, fazendo uma pequena e discreta referência.

- Senhor Crow? O ocorrido foi lamentável. Creio que isso atrapalhe para aquela... Pequena reunião desta noite.

Havia um sotaque nova-iorquino na voz dela, mas também um quê que ele conhecia... Era comum aquela coisa tão usual nas vozes Ventrue. Aquele tom que movia as emoções das pessoas, encantando-as. Não que o homem achasse que ela usava alguma disciplina nele se fosse mesmo de seu clã. Era proibido e com certeza ela saberia daquilo.

A reunião que ela falara... Provavelmente era aquela com o Príncipe e alguns outros primogênitos, que devido aos ocorridos o homem esquecera-se. Pouco após a fala dela, seus lacaios chegaram com o responsável.

A ruiva sorriu e desceu o olhar para outro se não os olhos, entendia bem a preocupação dele. Mesmo que eles não devessem usar disciplinas um no outro, era melhor nao arriscar. Quando o homem ofereceu a mão, a mulher colocou a dela sobre a dele antes de responder.

-- Dragunova, Mikhaela Dragunova. Pode chamar de Mikhaela, caso prefira. Creio que não lembre de mim... Nos vimos uma ou duas vezes em Londres, quando eu acompanhava meu... Pai.

Agora que ela falou, sua memória ajudou um pouco ele. A conhecia das reuniões de clã, mas nunca havia realmente falado com ela alguma vez. A vampira existia a pelo menos vinte anos, isso era certo e ambos eram do mesmo clã.

Mikhaela olhou por cima do ombro, para criança, e depois abaixou bastante o tom para que não os ouvissem.

-- Não é problema meu, mas a garota está procurando o primogenito Malkavian, que ela chama de pai... Algo não me soa correto.

Então ela sorriu e quando os homens chegaram, a dama sorriu e olhou-os.

- Meu senhor, este é o responsável pela investigação. - O ruivo falou e parou para olhar a vampira, que sorriu. Havia um pedido de desculpas no sorriso e também um tom de quem já se rendera aquilo.

- Boa noite, senhor. Pedimos desculpas pelo ocorrido... Pode me chamar de Capitão Jhonson. Fomos informados a pouco sobre o corpo, então temo ainda não ter muitas informações, mas se puder ajudar em algo...




Os dois pareciam conversar amigavelmente e uma hora a mulher olhou para ela, sorriu e se voltou para o homem. Em instantes, um policial foi até ambos.

A mulher ouviu com alguma atenção as palavras do homem, mas parecia mais ocupada com a criança que se aproximou. Ela sorriu e se abaixou para ficar mais ou menos na mesma após se virar para a pequena Dorothy. Seus olhos tinham alguma doçura enquanto olhavam-na e pareciam quase serem capazes de lhe desvendar os profundos mistérios da alma.

-- Oh, querida. Aqui está você. Desculpe deixar você ali, apenas achava que o corpo poderia lhe afetar demais. Deveria cumprimentar o senhor Crow, talvez o conheça... Ele é um conhecido de seu pai.

Mikhaela falou aquilo com toda ternura que um vampiro conseguia usar e se ergueu, voltando-se aos senhores que ali estavam, mas sem se esquecer da garota e do criado. Em algum momento, ela o olhou e deu um sorriso tocado por alguma malicia, jogando o cabelo discretamente depois. Alguma coisa se passava em sua mente e envolvia aquele homem.

- Faremos o quanto antes. Vejo que tem algumas câmeras. Nós poderíamos dar uma olhada depois?

A imprensa, é claro, já estava ali e se recusava a ir embora.

Rolagem: