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    Capítulo 1 - Fim da Trilha

    Shady Dope
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    Capítulo 1 - Fim da Trilha Empty Capítulo 1 - Fim da Trilha

    Mensagem por Shady Dope Qui Fev 23, 2017 4:46 am

    FIM DA TRILHA

    Wanaque, New Jersey.
    14 de Fevereiro de 1998.

    Outra vez o pescoço de Isabelle começava a doer, dessa vez o incomodo não era causado pelo frio, e sim pela posição em que acabara cochilando no banco do automóvel. O rosto estava voltado para janela, que se encontrava embaçada. As cores dos letreiros de algumas lojas de conveniência já fechadas alternavam junto com o passar do carro, era difícil enxergar algo além das cores, apenas formas geométricas simples. Já o vidro da frente estava marcado pelo limpa vidros, que permitia Alicia continuar dirigindo sem problemas diante de tal situação.

    - Chegamos. - Comentou Alicia ao perceber que Isabelle despertava de seu cochilo. O rádio do carro estava desligado, no visor analógico dele piscava com fonte vermelha o horário atual, que indicava "4:14 AM". Faltava poucas horas para amanhecer, e definitivamente aquela noite fora uma noite terrível de sono. Com o olhar menos desfocado do sono, Isabelle conseguiu ter uma visão melhor da cidade de Wanaque. A paisagem era suburbana, muito diferente de New York, todas as construções tinham no máximo dois andares, e mesmo assim eram poucas, a maioria eram construções de alvenaria ou madeira, de apenas um andar. Era exatamente como tinha visto em sua visão aproximadamente uma hora atrás. Pareciam estar no centro comercial do lugar, tudo se concentrava em apenas uma rua, e não tinha nada de impressionante. Um hotel com letreiro de neon parcialmente apagado chama atenção de Alicia, que aponta para ele. - Esse é o único hotel da cidade. Talvez seu namorado passou por ali. - Sugeriu Alicia.

    Os olhos de Isabelle viajaram mais a frente no horizonte, mostrando para ela algo que chamou sua atenção. Um posto de gasolina mantinha suas luzes dos postes acesas, e parecia e muito com o posto de gasolina que também tinha visto anteriormente. Não conseguia visualizar os dois jovens se amassando na penumbra, mas poderia ser pela falta de perspectiva, visto que ainda estava em torno de 50 metros do posto de gasolina. Isabelle lembra que na visão que tivera, o carro virou a direita na esquina após o posto. Mas nada além daquilo. Faltava-lhe informação para chegar até o destino, que parecia ser sua última visão no apartamento.

    Alicia encosta o carro na beira da estrada, bem próximo a porta do hotel. Nada indicava que alguém estava atendendo, a porta da recepção era de madeira sólida. O edifício do hotel tinha três andares, talvez fosse o maior edifício dali. Numa das paredes externas havia as escadas de emergências que levavam até as janelas de cada quarto. Isabelle já conseguia notar o olhar de Alicia flertando as escadas, já pensando em arrombar alguma das janelas. Porém, antes ela pergunta. - Será que ainda estão esperando clientes?
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    Mensagem por Brujah Girl Ter Fev 28, 2017 8:42 pm


    Por alguns instantes, antes de ser levada pelo sono, Isabelle acreditou que conseguiria alcançar seu propósito, que era ver onde Brandon estaria, mas apesar do intenso nível de concentração que conseguiu atingir, a imagem de Brandon, tão real em sua mente e quase palpável, envolveu-a em profunda escuridão e ela falhou em sua tentativa no instante em que perdeu a consciência...

    O despertar era novamente com dores em seu pescoço e elas estavam em um cenário totalmente diferente. Um suspiro de frustração escapa-lhe ao perceber o que tinha acontecido: dormira sem conseguir nenhuma pista do paradeiro de Brandon.

    “4:14 da manhã a bordo de um carro roubado com uma desconhecida em um lugar que nunca estive antes. Why not?”

    Ela ajeita seu corpo no banco do carro e observa o exterior do local. Apesar de não muito distante da capital do mundo, Wanaque parecia fazer parte de outro local completamente distante de New York, tamanha eram as diferenças. Mas o que mais lhe impressiona é que era tudo exatamente como o que tinha visto em sua visão.

    O comentário de Alicia faz com que Isabelle confirme que a estranha mulher realmente não fazia a menor ideia para onde deveriam ir e naquele instante ela quase se arrepende de ter embarcado naquela aventura com ela. Um comentário é feito:


    – Você não disse que íamos sair para procurar uma agulha em um palheiro... Eu realmente pensei que você soubesse exatamente para onde estava indo quando disse que Brandon estava em perigo!


    O posto de gasolina da visão, um pouco mais adiante e a lembrança de que elas viravam à direita logo na esquina após o posto era uma indicação do caminho que poderiam seguir, mas depois disso, apenas a recordação do local em que chegavam. Alicia parecia interessada em entrar no hotel de forma menos convencional, mas Isabelle não conseguia entender o propósito daquilo e então antes de qualquer atitude fala:


    – Se você não tem ideia de onde procurar pelo Brandon, talvez seja melhor perguntarmos ao próprio. Vou tentar falar com ele.


    Ela então pega seu celular. Pretendia ligar para Brandon e ver se agora seria atendida. Achava que não, mas não custava tentar por mais uma vez.

    Sinceramente não acreditava que Brandon tivesse passado por aquele hotel, mas até poderiam entrar em busca de informações e caso não encontrassem, era questão de seguir o rastro de suas visões. Se havia pelas redondezas alguma construção abandonada com indicações de área restrita, não seria complicado de conseguir as indicações com o povo local ou quem sabe, até mesmo com o casal que a visão indicava estar no posto de gasolina. Talvez viesse a compartilhar essa informação com Alicia, mas agora queria ver se conseguia algum contato com Brandon antes de darem o próximo passo.
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    Mensagem por Shady Dope Qui Mar 02, 2017 4:35 am

    - Hey! Esse planeta tem quinhentos e dez milhões, e cem mil quilômetros quadrados, e eu diminui a área de busca para apenas vinte e quatro quilômetros quadrados... Pela minha perspectiva, estamos muito... Muito perto de encontrar seu namoradinho. - Respondeu Alicia na defensiva após o comentário de Isabelle, demonstrando conhecimento de uma forma gratuita.

    Após Isabelle comentar que iria tentar telefonar para Brandon, Alicia suspira e apoia o cotovelo sobre o volante do carro. A mulher fitou Isabelle por alguns segundos observando Isabelle pegar o celular. - Vá em frente... - Comentou em tom provocativo.

    Isabelle nota que nenhuma das suas chamadas anteriores havia tido resposta, continuando ser um mistério quem era que havia telefonado anteriormente. O sinal do seu celular estava bem fraco, mas o suficiente para realizar a chamada. Havia bateria para mais algumas horas, provavelmente não teria que se preocupar com isso. Isabelle digitou o número de Brandon e repousou o celular em seu ouvido.

    Demorou para começar a chamar, talvez por conta do sinal fraco. Tocou uma vez. Tocou duas vezes. Tocou três vezes. Tocou quatro vezes. E tocou uma quinta vez. Inesperadamente, o telefone havia sido atendido. A ligação estava com ruído, chiava muito. Quando Isabelle tenta o contato com Brandon, um som esquisito fora escutado. Isabelle ouvia sons de papéis sendo amassados, ranger de dentes e algo como se alguém estivesse arranhando madeira com as próprias unhas, todos esses sons emaranhados junto ao chiado da chamada. Mas nenhuma voz respondia.

    Alicia aproximou seu rosto de Isabelle e levantou as sobrancelhas comentando em aviso. - Que tal desligar para não sermos rastreadas?
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    Mensagem por Brujah Girl Qui Mar 02, 2017 8:25 am



    Alicia pelo visto se lembrava muito bem das aulas de geografia, mas Isabelle não faz nenhum comentário sobre isso. Não havia nada em seu celular, o que era ruim, mas também era bom, pois indicava que Isis ainda não tinha despertado e consequentemente, não tinha descoberto que Isabelle não estava em casa, mas duvidava que conseguisse chegar em casa antes delas acordarem, enfim, tinha que fazer o que precisava ser feito.

    Apesar do sinal fraco da região, a chamada consegue ser iniciada, mas medida que os toques iam avançando e Brandon não atendia, Isabelle sentia seu coração acelerar com apreensão, mas quando a chamada é atendida e ao invés da voz de Brandon sons muito estranhos são ouvidos, é que seu coração dispara. O que mais lhe impressiona é o ranger de dentes e o som de madeira sendo arranhada, algo que faz com que a própria Isabelle se arrepie. Ela sabia que se fosse Brandon que tivesse atendido o telefone, ele não ficaria mudo. Algo estava errado, muito errado, e o comentário de Alicia é o suficiente para que Isabelle aceite essa dura constatação e faça exatamente o que ela sugere. Seu dedo pressiona a tecla de encerramento de chamada no seu Nokia 5110 e após certificar-se que a chamada estava encerrada, ela diz:


    – Você conseguiu ouvir aquilo, certo? Ok, Brandon precisa de ajuda. Desses 24km2 que você mapeou e pesquisou, consegue se lembrar de um terreno abandonado com cercas de arame farpado altas que possa ter servido para alguma coisa no passado o sufiente para ter uma placa com os dizeres de Área Restrita – Não ultrapasse? Eu tive um “feeling” sobre esse lugar, acredito que talvez seja aí que Brandon esteja. Se lembrar de algo, ótimo, podemos avançar, ou então vamos perguntar aos locais, certamente eles saberiam de algo.


    Isabelle dá uma nova olhada na rua a procura de uma delegacia, como aquela parecia ser a rua principal da cidade, era por ali que a delegacia deveria estar. Com Brandon em perigo, sua prioridade era ele e não respostas sobre seu passado. Ela começava a ponderar sobre procurar ajuda policial, embora em sua última visão não se lembrasse de estar acompanhada por policiais. Talvez Alicia, que alegava ser uma super soldado, fosse mais eficiente que um provável xerife barrigudo e com sono. Em seus questionamentos aguardava pela resposta de Alicia enquanto ainda segurava o celular em suas mãos, desejando que talvez Brandon pudesse ligar de volta e dizer que estava tudo bem... No fundo, Isabelle desejava que tudo aquilo fosse apenas um pesadelo e que ela iria acordar a qualquer momento em seu quarto, debaixo de seu edredon quentinho, pronta para um novo dia.
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    Mensagem por Shady Dope Sáb Mar 11, 2017 11:43 am

    Confusa, Alicia fitava Isabelle com expressão de estranheza percebendo que algo havia acontecido durante a ligação, algo mais sério que talvez ela imaginasse. Isabelle desliga o celular com pressa após o alerta de Alicia, em seguida revela a informação que obteve em uma visão momentos antes, o quê faz Alicia ficar pensativa por alguns segundos, remexendo qualquer informação dormente em sua memória.

    - Me dê um minuto... - Alicia deixou o dedo indicador levantado. Enquanto Alicia pensava em algo, Isabelle procura por alguma delegacia, mas não encontrava nada do tipo. Talvez nem tudo em Wannaque se concentrava em uma rua apenas, como havia imaginado antes. No banco do motorista, Alicia retira uma folha sulfite A4 de um de seus bolsos, a folha estava dobrada várias vezes, e Isabelle pôde acompanhar Alicia desdobrando cada parte da folha.

    - Não lembro de ter lido nada a respeito... Mas existe um lago artificial aqui perto. - Alicia acendeu a luz interior do carro e começou a observar a folha em suas mãos, Isabelle podia notar se tratar de um mapa feito a mão, apenas com as ruas principais e com poucos pontos de referências, sendo o hotel um deles. Mesmo o mapa sendo simples, aquilo tinha dado trabalho para quem o fez. A mulher repousou o mapa sobre sua coxa e cerrou os olhos encarando o horizonte, como quem tivesse se localizando. Isabelle percebe que a neve começava a cair também por ali, a tempestade estava um pouco atrasada, mas não falhou em chegar na pequena cidade de Wannaque. Em sua visão, não havia percebido policiais acompanhando ambas, mas também não havia percebido a neve caindo.

    - Aqui... Existe uma empresa que trata do abastecimento e tratamento da água em Wannaque, está localizada bem próxima daqui. Não sei se ainda está em funcionamento... Mas é o único local que poderia ter uma cerca dessas. - Alicia concluía com alguma dúvida em seu tom de voz. - Acho que vale a pena dar uma olhada. - Alicia deixa o mapa, praticamente o jogando para o lado fazendo a folha cair próximo ao cambio manual do carro. Ela da a partida e o carro novamente entra em movimento, deixando para trás o hotel.

    O posto de gasolina se aproximava, Alicia da o sinal para entrar na esquina, fazendo a curva. Isabelle não tirava os olhos do posto tentando encontrar o casal se beijando, e não demorou a encontrá-los. Estavam se agarrando no lado de fora, mesmo no frio, e Isabelle continuava a observá-los enquanto Alicia se concentrava apenas na estrada. O casal quando percebe o carro passando em frente ao posto para de se beijar, e simultaneamente lançam seus olhares incômodos sobre o carro de Isabelle e Alicia. Para a surpresa de Isabelle, o rosto do homem era o de Brandon, e a da mulher era o seu próprio rosto. Aquilo fez o sangue de Isabelle pulsar mais forte em suas artérias e seu coração bater com força. Uma nova passada de olhos no casal desmanchava a visão que acabara de ter, e os rostos agora não era mais que dois rostos desconhecidos de duas pessoas comuns.

    Nenhuma novidade notificada no celular. E Alicia começava a adentrar uma estrada isolada novamente, onde não havia mais sinais de moradores locais. Os postes de luz estavam posicionados há uma distância longa o bastante para no intervalo de cada dois postes apenas os faróis do carro dar conta de iluminar o caminho. E continuaram naquela estrada por mais alguns minutos enquanto a tempestade de neve as seguiam.

    Ao lado esquerdo onde havia uma vegetação alta, agora começava a ficar mais esparsas e baixas, dando lugar ao lago que Alicia havia comentado anteriormente, e um pouco do lado direito uma rua estreita de chão batido, onde Alicia entrava com o carro. Dali em diante não havia mais postes de luz. Adentraram aquela rua em baixa velocidade e continuaram assim por algum tempo. Até se depararem com uma cerca muito semelhante com aquela que Isabelle havia visto, mas a vegetação cobria a cerca quase por completo, impossibilitando avistarem algo além dela.

    Alicia estaciona o carro e deixa os faróis do automóvel iluminando a cerca. Ela abre a porta e desce sem falar nada, deixando a porta aberta enquanto caminhava em direção a cerca logo a sua frente. Alicia observava a cerca de cima a baixo, de um lado ao outro, até que parece encontrar algo. Ela da dois passos a direita e remexe a mata com as mãos, afastando o matagal concentrado ao redor da cerca e abrindo para que pudesse identificar algo. Isabelle nota que onde o mato fora afastado havia uma placa desgastada com os dizeres, "Área Restrita – Não ultrapasse". Alicia observa Isabelle assim que encontra a placa, fazendo-lhe a pergunta que ainda não havia feito. - O quê você ouviu no celular?

    Ambas se encontravam em frente a cerca, mas ainda não haviam tomado qualquer decisão sobre o quê fazer. Alicia esperava por Isabelle, respeitando que aquilo tinha mais relação com ela do quê consigo, então não deveria opinar sobre o quê ela deveria fazer.
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    Mensagem por Brujah Girl Sex Mar 17, 2017 1:51 pm





    Enquanto repara Alicia desdobrar uma folha de papel, Isabelle repara que aparentemente naquela rua não tinha nenhuma delegacia. A maldita neve começava a cair e este era um detalhe do qual não se recordava em sua visão.

    Alicia parece chegar a conclusão que talvez o local fosse uma empresa de abastecimento e tratamento de água e é para lá que ela começa a dirigir, ao menos, era o que Isabelle achava. Ela pega a folha que Alicia jogou de qualquer jeito, mas antes que começasse a olhar com um pouco mais de atenção, nota a aproximação do posto de gasolina e mantém sua atenção voltada para o local, para confirmar se o casal estaria realmente lá como na sua visão e algo bizarro acontece. Ao ver o casal leva um susto, pois o homem era o Brandon, mas logo o rosto de sua acompanhante revela-se o seu próprio, e num piscar de olhos, a visão se desfaz, revelando que eram apenas dois estranhos e nada mais. Isabelle balança negativamente a cabeça, estava vendo coisas demais.

    Elas passam pelo posto e Isabelle guarda seu celular que não tinha novas mensagens ou chamadas. Ela dá uma observada no mapa de Alicia, procurando memorizar o que pudesse e depois trata de dobrar e guardá-lo com ela, afinal, nunca se sabia quando poderia precisar do mesmo e como Alicia tinha jogado de qualquer jeito, era sinal que não tinha mais importância para ela.

    Observava agora o caminho pelo qual seguiam e conforme avançavam se afastavam cada vez mais e mais dos resquícios de civilização da pequena Wanaque, adentrando em breve na escuridão que apenas os faróis do carro podia amenizar.

    Por fim elas chegam. Para Isabelle era como se estivessem no meio da selva praticamente, mas pelo menos Alicia sabia como se virar e não demora para encontrar no meio daquele matagal a placa de sua visão. Isabelle sai do carro e se aproxima para ver a placa. A pergunta seguinte de Alicia é inesperada pois Isabelle achava que ela tinha ouvido com seus super poderes, mas de qualquer forma responde-lhe:


    – Pensei que você tinha conseguido ouvir. Não sei descrever direito, foi sinistro. A ligação não estava boa, tinha bastante ruído, depois ouvi como se papéis estivessem sendo amassados, misturado com uma espécie de ranger de dentes e som de madeira sendo arranhada com unhas. Ninguém falou nada, mas eu ouvi essas coisas.


    Isabelle não gostava nem de se lembrar daquilo. Temia por Brandon. Ela cruza os braços como se abraçasse a si mesma e após um suspiro pesado, diz:


    – Se Brandon estiver aqui, ele não está sozinho e eu tenho medo de ver algo que não queira. Se aconteceu alguma coisa com ele, por minha causa... Eu... eu não sei se vou conseguir...


    Estava sendo honesta. Sabia que talvez estivesse a um passo de se envolver com algo que se arrependeria depois. Talvez fosse o momento adequado para usar os seus dons novamente, mas naquele momento, tinha medo do que suas visões poderiam lhe mostrar, especialmente se elas lhe mostrassem o temor que sentia a respeito de Brandon.
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    Mensagem por Shady Dope Dom Mar 19, 2017 6:29 pm

    Alicia ouvia ao relato de Isabelle com olhar de surpresa, embora não demonstrasse empatia pelo que acontecia, reconhecia a estranheza do quê Isabelle tinha escutado através do seu telefone celular. Alicia não falou nada sobre aquilo, e de certa maneira parecia duvidar um pouco de que Isabelle tivesse ouvido tais coisas pela aleatoriedade daquilo. - Talvez seus ouvidos tenham pregado uma peça em você.

    Nada mais sobre o quê estava além da cerca era conhecido por Alicia, e Isabelle arrisca visualizar o quê a esperava dali em diante. A sensação daquilo sempre era estranha, mas sem ter o conhecimento apropriado, Isabelle estava arriscando demais para um dia só, e isto poderia acarretar em consequências que não poderia imaginar ou prever. Mais uma vez, Isabelle se desconecta do mundo exterior, entrando em transe.

    O primeiro sentido aflorado fora sua audição perturbada, com a sensação de estar entupida, tal como se estivesse debaixo da água. Debaixo dos seus pés não havia nada, mas Isabelle sentia o chão liso a suportando. Na sua frente se forma um espiral túrbido formado por uma nuvem acinzentada. Isabelle sentia-se atraída por aquilo, caminhando espiral adentro.

    A cada passo dado ali dentro, seus pés tinham mais dificuldade de avançar. Isto era uma surpresa para Isabelle, pois suas visões não costumavam a passar de visões, e nesse caso sentia a atmosfera pesada sobre si, de forma que sua visão do futuro estimulasse os outros sentidos de seu corpo e sentisse diretamente as sensações físicas daquela visão. Uma força apoiava-se sobre seu corpo, descarregando sobre Isabelle uma carga que a afligia. A sensação era como se a força da gravidade estivesse superior, dificultando sua locomoção de todas as formas. Ao olhar para trás, a visão que tinha era a mesma, então constatava que havia se perdido. Caminhar para qualquer direção fazia mais sentido do quê ficar parada.

    Aquela visão e sensações se prolongaram por minutos, e aquilo era desesperador, pois Isabelle não sabia o quê fazer para parar aquilo, voltar para o mundo real. Porém, sua caminhada dentro daquele turbilhão acinzentado havia feito ela se deparar com uma porta de aço, toda enferrujada. Isabelle gira a maçaneta e empurra a porta, que teimosamente só se abre após Isabelle dar um encontrão com o ombro.

    A sala por trás da porta era acabada toda em azulejos quadrados e brancos, mas impregnados por sujeira que escondia boa parte do branco do azulejo. Uma escrivaninha de madeira estava encostada na parede oposta, e sentado em frente a escrivaninha estava a figura de um homem debruçado sobre a escrivaninha, de costas para Isabelle. Uma pasta de arquivos estava aberta ao lado do homem, e inúmeras folhas espalhadas sobre a mesa, algumas delas debaixo da cabeça do homem. Apesar do homem estar de costas, Isabelle reconhecia que aquele era Brandon, se aproximando cuidadosamente e extremamente preocupada com seu namorado.

    Ao se aproximar, Isabelle percebe que ao pé da escrivaninha jazia várias bolas de papéis amaçados amontoados uns sobre os outros. Um fio vermelho descia pela escrivaninha e escorria em cima dos papéis amaçados, a consistência e a cor daquele fluido só poderia indicar que fosse sangue. Uma das mãos de Brandon estava apoiadas sobre a escrivaninha e do lado de sua cabeça, as pontas dos dedos estavam machucadas. O corpo adormecido de Brandon sofre um espasmo, que assusta Isabelle enquanto visualizava tudo aquilo. Vagarosamente Brandon levanta sua cabeça, inclinando-a um pouco para o lado. Isabelle o via à poucos metros a sua frente, e Brandon começava a virar seu rosto com lentidão.

    A visão que tivera a partir desse instante fora ainda mais perturbadora para Isabelle. Sangue escorria pelo rosto de Brandon, e a medida que virava o rosto, olhos, inúmeros olhos compunha sua face da boca para cima. Onde antes Brandon tinha um nariz, testa, e suas maçãs do rosto, haviam apenas, olhos. E fora ainda mais perturbador quando todos os olhos de Brandon, tanto os dois originais quanto os outros que pareciam terem sidos implantados através de uma cirurgia bizarra, se focaram na presença de Isabelle, como quem estivesse percebendo a presença e vendo Isabelle naquela visão.
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    Mensagem por Shady Dope Dom Mar 26, 2017 5:20 pm

    Isabelle não conseguiu suportar os olhares intrépidos daquela criatura deformada se transvestindo de Brandon. Ela fechou os olhos e colocou as mãos sobre o rosto para ter certeza que não teria mais aquela visão desagradável. Sua cabeça balançava em negação e dava alguns passos para trás. Isabelle escutou a cadeira arrastando no chão e continuou recuando sem abrir os olhos. A criatura rangiu os dentes, sofria, era perceptível apenas por ouvir. Isabelle sentiu seu braço ser tocado pelos dedos lambuzados daquele ser e levou um susto, gritando simultaneamente ao toque gelado que sentira no braço. Ela recuou mais alguns passos para trás de maneira atrapalhada, até que não sentira mais o chão debaixo dos seus pés, caindo de costas em um abismo que não conseguiu medir sua proporção, pois nesse momento voltava a consciência.

    O ar pesava nos pulmões. Isabelle acorda do transe assustada, como quem vivenciasse um pesadelo. Estava suada, mesmo com o frio, o ar seco e a neve caindo. Estava dentro do carro, no banco do motorista que estava recolhido, de forma que Isabelle conseguia ficar praticamente deitada. Alicia não estava dentro do carro. A neve caía mais forte, quase não conseguia enxergar o lado de fora do carro.

    Já sentada sobre o banco do carro, Isabelle conseguia ter uma noção mais concreta dos arredores. Não estava mais no lugar onde tivera a visão, estava no lado de dentro do cercado da estação de tratamento, não conseguia identificar exatamente onde, nem como Alicia havia adentrado o local. Mas conseguia ver a construção na sua frente. Alguns tanques enferrujados rangiam com o vento, bem próximos do carro. O lugar claramente estava abandonado há um bom tempo, mas alguns geradores de energia funcionavam, permitindo que algumas lâmpadas estivessem acesas.

    Isabelle procurou por mais algum tempo, mas não encontrou nenhum sinal de Alicia. Passou os olhos sobre seu celular e percebeu que haviam passado mais de meia hora desde que tivera sua última visão, algo que nunca tinha acontecido antes. Além disso, não havia mais sinal por ali, deixando o aparelho praticamente inútil.

    A construção a sua frente era muito grande, e onde estava não deveria ser a fachada da frente. Uma porta balançava conforme a força do vento, e algumas janelas estavam quebradas. Talvez Alicia tivesse cansado de esperar por Isabelle e se adiantado.
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    Mensagem por Brujah Girl Dom Abr 02, 2017 3:19 pm


    Se apenas por um instante Isabelle pudesse ter imaginado o que iria ver, jamais teria feito o que fez. Agora que recobrava a consciência e as lembranças do que vira ainda se faziam muito vívidas, sentia-se de certo modo aliviada por ter retornado à realidade mas assustada demais para fazer qualquer coisa de imediato. Seus pensamentos eram confusos, ela sentia vontade de gritar e fugir dali, mas estava apavorada e não ousava sair de dentro da “segurança” daquele carro.

    Ela olha para o lado procurando por Alicia, mas nem sinal da mulher que provavelmente colocara-a dentro do carro e depois deve ter ficado com a demora de Isabelle em voltar para a realidade. Devia ter saído para explorar o terreno... ou...


    “Ai, meu Deus, e se aquela coisa pegar ela? Não, não, não... Você não pode estar pensando que aquilo realmente possa existir, Isabelle! Você só está confusa... Onde estava com a cabeça quando saiu do seu apartamento acompanhando esta louca?! Brandon está bem, ele deve estar dormindo e amanhã quando acordar vai ver minhas ligações e me ligar, nada além disso! Foco, Isabelle, foco!”

    Seu coração estava acelerado, assim como sua respiração. Aquela maldita visão tinha sido a coisa mais assustadora que já vira em toda sua vida, e tudo o que queria agora era voltar para sua cama e esquecer que conhecera Alicia e que toda a parte da noite envolvendo aquela louca não tinha passado de um “pré-pesadelo”.

    Ela olha no celular e observa as horas, ficara “presa em sua visão” por muito tempo. Talvez tivesse mexido demais em coisas que ainda não conhecia bem, mas o que poderia fazer se seus dons não vinham com manual de instruções? Descobrira da pior maneira possível. A porcaria do celular não tinha mais sinal, o que fazia com que no momento sua única utilidade fosse mostrar as horas.

    A neve estava com mais intensidade e o exterior, agora que notava estar dentro da propriedade, não era nada convidativo após aquela maldita visão. Ela balança a cabeça negativamente e ergue o banco que estava deitado, afinal, não pretendia mais ficar fora da realidade, mas também não pretendia sair de dentro daquele carro e se certifica de trancar as portas. Olha em seu interior, procurando por algum bilhete de Alicia. Esperava que ela não demorasse, para Isabelle a noite de bancar a detetive tinha terminado. Ela queria ir embora e esquecer que tudo aquilo tinha acontecido... para sempre.

    OFF::

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    Mensagem por Shady Dope Dom Abr 02, 2017 3:55 pm

    A segurança do interior do carro era o refúgio mais seguro para Isabelle, que confusa, aconchegou-se de forma tensa onde estava. E enquanto nada acontecia além do tempo passar lentamente, pensamentos sobre os perigos mais primitivos invadiam o pensamento de Isabelle. Aquele lugar era isolado o bastante da civilização, cercado por uma floresta de árvores retorcidas que rangiam com o vento, como tudo por ali pareciam ranger também. O uivo solitário de um lobo ecoava junto ao vento que carregava a neve, o quê arrepiava os pelos da espinha de Isabelle, não acostumada com o ambiente hostil for dos centros urbanos. Pelo tempo que aquilo deveria estar abandonado, quem garante que uma matilha não havia tornado o local como seu reduto?

    Não passou mais que cinco minutos até Isabelle ouvir algo que quebrava o canto da noite em Wanaque. O som de dois disparos de uma arma de fogo fora escutado por Isabelle, e mais um outro disparo atrasado dos dois primeiros. Alicia poderia estar em perigo onde quer que estivesse no interior daquele lugar. Após o disparo, um silêncio. Mas naquela hora o silêncio não representava calmaria, e sim incerteza.
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    Mensagem por Brujah Girl Qua Abr 05, 2017 1:33 pm


    A espera por Alicia seguia arrastando-se e isso, aliada ao fato de estar extremamente impressionada com a visão, fazia sua mente produzir mais maneiras de assustá-la. Era como se tivesse sido jogada em um filme de terror onde monstros aguardavam pelo momento exato de dar o bote naquele ambiente que parecia ter sido projetado exatamente para isso: assustar.

    O uivo de um lobo faz com que ela não apenas se arrepie, mas que arregale bem os olhos e olhe para todos os lados, imaginando que ela era uma chapéuzinho vermelha muito infeliz que tinha ido parar no meio de um covil de feras que estavam prontas para devorá-la.

    Estava tão arrependida de estar ali. Quando estivesse novamente com dona Teresa ia solicitar uma boa limpeza espiritual, pois aquelas visões talvez fossem algum tipo de alerta para espíritos desequilibrados que podiam ter se aproximado dela. Ah, e claro, queria falar com seu Zé Pelintra antes que sua mãe fosse embora. Ele com certeza poderia explicar alguma coisa que fizesse sentido para ela.

    Mentalmente começava a cantar um ponto para o seu Zé, porque quem canta seus males espanta, e tudo que ela queria era espantar aquela onda de medo que estava presente, mas então o som de tiros faz o seu coração acelerar descompassadamente. Um, dois, três tiros...


    “Oh my God! Alicia! Brandon!”


    Pensava na segurança da mulher e por tabela, na sua própria segurança. Por que o tiroteio? Será que havia alguém lá? Será que ela encontrara Brandon?! E se um dos dois tivesse se ferido? Mas... e se fosse a coisa que ela vira na visão?

    Isabelle sente o medo aumentando cada vez mais, e ato reflexo, sua primeira reação é ligar o carro. Estava assustada demais para querer bancar a heroína e se aventurar lá fora. Poderia soar egoísta e covarde, mas tudo o que ela queria era dar o fora dali o quanto antes. Não queria ser testemunha de uma desgraça e principalmente, não queria ver o que sua mente viu...
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    Capítulo 1 - Fim da Trilha Empty Re: Capítulo 1 - Fim da Trilha

    Mensagem por Shady Dope Qua Abr 12, 2017 12:00 am

    Isabelle não esperou o vento soprar mais alto ou as criaturas noturnas notarem mais de perto. Não fazia o tipo heroína, e nem deveria. Não poderia lutar contra tiros ou contra algo que só poderia ser parado com tiros. A razão do medo era implacável, impedindo qualquer ato altruísta a favor de seu namorado, Brandon.

    Passou a perna por cima da marcha e se assentou no banco do motorista, de forma um tanto desajeitada com as mãos tremendo e o joelho batendo no painel do carro. Definitivamente aquela não era a noite que pensara ter. Os olhos de Isabelle focaram-se na porta que dançava no ritmo do vento, mas nada saiu dali. O silêncio após os três disparos continuou. Estava nervosa, ansiosa e mais temerosa do quê nunca. A certeza de que algo grave havia acontecido não poderia ser renegada.

    Não custava preparar-se para o caso de algum dos dois saírem dali necessitando de ajuda. Isabelle deu partida no carro e os faróis do carro se acendem, iluminando a parede suja que uma vez fora branca. A claridade criada, por sua vez, permitia que Isabelle notasse uma câmera de segurança pendurada próxima ao telhado, improvável que estivesse funcionando. Ajeitou o banco do seu jeito, e arrumou o espelho retrovisor central. O reflexo no espelho mostrava a pele de Isabelle pálida da friagem, e ao levar o espelho para a direita, notou uma silhueta humanoide, retorcida, vários metros atrás do carro. Dessa vez, mesmo piscando e forçando a vista, a silhueta continuou ali. Não conseguia enxergar muitos detalhes, mas o pouco que conseguia era o suficiente para identificar os longos membros superiores, maiores que a de um humano normal. Além disso, a silhueta estava curvada e olhando para algum lugar que não era o carro de Isabelle, sendo assim, Isabelle não estava sendo observada, aparentemente, era como se aquilo não tivesse percebido sua presença, ou não se importasse, apesar do carro ligado. Apesar de curvada, a silhueta dava a entender que se tratava de uma criatura grande.

    Isabelle tenta puxar na memória se vira alguma placa indicando se havia alguma espécie de animais silvestres perigosos na região, mas tinha certeza que não tinha visto nada do tipo. Nem mesmo avisando sobre lobos, que naquela altura da noite já sabia que estavam presentes pela redondeza. Até então, nada de Alicia ou Brandon. Apenas a silhueta da criatura esquisita, que parecia focada, a procura de algo.
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    Mensagem por Brujah Girl Qua Abr 19, 2017 4:17 pm


    Isabelle estava pronta para sair dali se fosse preciso quando nota pelo espelho algo que literalmente, faz seu queixo cair. A princípio pensou tratar-se de algo mal visto, e a visão que tinha do espelho também não ajudava a ter plena certeza do que aquilo poderia ser, mas pelo que via, tinha absoluta certeza de que “aquilo” não era humano e isso não tornava as coisas mais fáceis.

    Ela pisca os olhos várias vezes, mas a coisa permanecia lá, graças aos deuses, relativamente distante e aparentemente despercebido da presença de Isabelle, embora o carro tenha sido ligado. Isabelle sente todo seu corpo se arrepiar e leva sua mão a própria boca, como para conter um grito silencioso que já existia em seu peito, mas que o instinto de auto-preservação faria com que morresse antes que alcançasse a superfície.

    Aquele era um daqueles momentos em que não se sabia o que fazer, como agir, e nem mesmo no que pensar. Era um momento em que talvez sua vida estivesse por um triz. O que poderia fazer?

    A criatura parecia olhar para outra direção, sua mente racional procurava pensar que talvez fosse um grande urso e não um monstro como aquele que vira em sua horrenda visão. Talvez se ela caísse fora com o carro o mais rápido que pudesse, conseguisse fugir para bem longe dali, mas e se algo desse errado em sua fuga? Não conhecia a região, não sabia como Alicia tinha entrado com aquele carro ali, e se a sua ação apenas despertasse a atenção da criatura e em consequência o seu desejo por caça e sangue? Valeria a pena arriscar-se?

    E se não fizesse nada? Permanecesse quieta? Talvez aquilo acabasse por sair dali e seguir para outra direção, o que lhe permitiria sair dali com calma e mais segurança? Mas e do lado de fora? Haviam lobos, disso tinha certeza. E lobos podiam ser muito perigosos, especialmente uma matilha.

    Mas e se a criatura estivesse a procura dela e fosse apenas uma questão de instantes para que fosse encontrada, farejada, esquartejada e aniquilida?

    Isabelle sente seus olhos enchendo de lágrimas. Estava absolutamente aterrorizada, vivendo uma situação que jamais imaginara que poderia ser possível. Levou a mão direita até sua arma sentindo o toque frio do aço na palma de sua mão. Aquilo trouxe-lhe algum conforto em meio ao desespero. Sabia como usar aquilo e usaria se fosse preciso, mesmo que fosse para meter uma bala em sua cabeça. Não permitiria que uma criatura horrenda como aquela tocasse nela... não mesmo.

    Em silêncio ela permanece, de olhos bem abertos, olhando o retrovisor, atenta aos movimentos da criatura, pronta para tentar fugir dali caso a criatura viesse em sua direção, enquanto mentalmente começava a rezar, pedindo a Deus que a protegesse, que fizesse Alicia ou Brandon aparecerem e que pudesse ir embora dali, em segurança, para nunca mais colocar os pés naquele maldito lugar... Já havia estado bem perto da morte uma vez, e sinceramente não queria passar por este tipo de encontro novamente... ao menos, não agora. Não agora que tinha começado a ser feliz...
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    Mensagem por Shady Dope Dom Abr 23, 2017 6:16 pm

    As lágrimas nos olhos de Isabelle não ajudava para o que pretendia, no retrovisor, a criatura esguia perdia a nitidez, fazendo com que Isabelle limpasse seus olhos com os dedos. Os lobos estavam por perto, Isabelle podia ouvir seus rangidos vindo de algum lugar ao lado da construção a sua frente. A porta continuava balançando com o vento, e nenhum sinal de Alicia ou Brandon.

    Quando Isabelle voltou seus olhos para o retrovisor, a criatura se agacha, juntando colocando suas mãos em frente as pernas, e repentinamente salta em direção a vegetação, saindo da vista de Isabelle. A certeza de haver uma criatura daquelas pela redondeza perturbava sua mente, e agora não tinha mais a criatura sob sua vista, o quê poderia ser algo bom e ruim ao mesmo tempo.

    Os lobos voltavam a se tornar o foco da atenção de Isabelle, que ainda não conseguia vê-los, mas os ouvia cada vez mais próximos. Segurou a arma em sua mão com mais firmeza, como quem se preparasse para usá-la instintivamente. Mas relaxou seus dedos com o susto que os lobos lhe proporcionaram a seguir. Não por conta de uma investida da matilha sobre o carro que Isabelle estava, mas por conta dos grunhidos, choros e gritos que se calaram rapidamente. Os lobos haviam sido atacados, e silenciados com suas prováveis mortes. Aquilo tinha sido muito rápido. Um sonoro e rouco grito feminino rompe o silêncio a partir do local onde os lobos haviam sido atacados.

    A porta que balançava com o vento se abre de forma abrupta, e Alicia sai de dentro da construção correndo, desesperada, carregando uma pequena mochila nas costas. Isabelle finalmente teve sua espera recompensada. O vento e a neve incomodava Alicia, mas ela conseguiu fazer o trajeto até o carro com certa destreza e rapidez. Abriu a porta do carro e praticamente se lançou para dentro do veículo, caindo de qualquer maneira no banco do carona. - Corre! Corre! - Exclamou de forma abafada, como quem estivesse acabado de ver um fantasma.
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    Mensagem por Brujah Girl Qui Abr 27, 2017 7:54 am

    Nunca vivenciara momentos de tamanho pavor quanto aqueles. Era um péssimo momento para ser emotiva, mas não conseguia ter o sangue-frio que tanto precisava. A certeza de que os lobos se aproximavam e a criatura que com um pulo se afastava e desaparecia em meio ao negrume da vegetação só aumentavam a apreensão e lhe traziam a certeza de que não se tratava de um urso, pois ursos não davam saltos como aquele. Mal tivera tempo para processar se aquilo seria bom ou ruim pois a matilha de lobos surgia e da mesma forma que surgiam trazendo outro tipo de perigo, eram abençoadamente abatidos por Alicia, que surgia correndo e entrava no carro. Tinha uma mochila que não se recordava de ter visto antes, provavelmente algo que ela conseguiu dentro do prédio.

    Sem pensar duas vezes, Isabelle coloca o carro em movimento, esperando não ver do que Alicia estava fugindo e deixando as perguntas para depois. Tudo o que queria era afastar-se daquele local de horrores, desaparecer dali, mas quando tivesse alcançado uma distância razoável da maldita construção, perguntaria de forma nervosa:


    – O que aconteceu?!? O que você viu lá dentro?!


    Queira saber o que tinha acontecido, dos tiros, do que ela vira que fora capaz de colocar ela para correr daquela forma desesperada. Talvez tivesse visto uma criatura como a que Isabelle vira? Isabelle tentava fazer o caminho que se lembrava, mas tão logo estivessem em segurança, considerava passar o volante para Alícia.
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    Mensagem por Shady Dope Dom Abr 30, 2017 5:07 pm

    Após Alicia adentrar o carro desesperada, Isabelle não se atentou a mais nada que não fosse tirar o carro daquele lugar. Deu a ré de forma abrupta enquanto girava o volante para a esquerda, freando quando fora o suficiente para colocar a frente do carro para o rumo onde ela entendia que deveria ser a saída do local. Em seguida acelerou, fazendo o pneu cavar o gramado alto, perdendo a tração, mas não o controle do carro. Apenas ali, Isabelle notou que aquele carro era de difícil condução. O motor era muito potente e a tração era traseira, o quê dificultava bastante se quisesse manter uma aceleração alta.

    No banco do motorista, Alicia sequer prestava atenção para onde Isabelle estava levando o carro. Seu foco era na mochila que tirou la de dentro. A mochila estava bastante danificada pelo tempo, mas cumpriu o papel de guardar o que quer que estivesse la dentro. Alicia abriu a mochila com pressa, e retirou dali um diário bastante antigo. A capa do diário era de marrom com uma textura de couro. As extremidades das páginas estavam definhando, retorcidas e secas, dando o aspecto que fazia jus a idade do diário.

    Isabelle não teve dificuldades em encontrar a saída depois de encontrar um caminho que se distanciava do edifício principal. Os faróis iluminaram a saída, e Isabelle percebeu que o portão havia sido arrombado. Uma parte estava envergada, aberta para um dos lados, a outra parte havia sido arrancada e lançada a dois metros dali. Tudo indicava que Alicia havia utilizado o carro para arrombar o portão. Se esticando um pouco dentro do carro, Isabelle pôde comprovar sua teoria após perceber o capô do carro com a pintura bastante danificada, mas sem grandes danos na lataria.

    Todos os terrores do local foram rapidamente deixados para trás. Isabelle se acalma no volante, diminuindo a velocidade do carro. O pavimento já estava escorregadio por conta da neve, então todo cuidado era pouco. Era hora de questionar Alicia sobre o quê havia acontecido no interior do edifício.

    - Eu encontrei uma passagem para o subterrâneo. E o local obviamente era utilizado para outros fins além de abastecer a cidade. Mas alguém chegou antes. - Alicia levou uma das mãos a frente de Isabelle, como quem fosse entregar algo. Isabelle abre as mãos e Alicia entrega o celular de Brandon. O celular estava danificado, a tela fissurada, a bateria rompida, e pedaços transformados em cacos. Era como se uma marreta tivesse caído em cima do celular. - O local foi esvaziado, não sobrou quase nada. Havia algumas celas... Quatro delas parecia ter sido arrombadas pelo lado de dentro. E em duas delas as paredes estavam toda arranhadas. - Alicia parou de mexer na mochila por alguns instantes, e passou a falar enquanto olhava para Isabelle, que sentia o olhar de Alicia enquanto mantinha o foco na estrada. - Eu continuei vasculhando o local. Encontrei uma sala onde estava tocando um projetor antigo. O filme era preto e branco. Peguei a filmagem na metade, mas esperei terminar para assistir desde o começo. - Alicia suspirou e começou a contar sobre o conteúdo do filme.

    - Duas enfermeiras adentram um quarto carregando um homem moribundo e o colocam sentado sobre uma cadeira em frente a uma escrivaninha. Havia uma pilha de papéis e canetas. Em seguida elas o acorrenta pelos pulsos e tornozelos. Em seguida saem do quarto, deixando o homem desmaiado com a cabeça sobre a escrivaninha. O filme parece acelerar até o próximo evento importante. - Alicia fez outra pausa e continuou. - O homem acorda, levanta a cabeça e tenta levar uma das mãos até a cabeça, mas não consegue devido as correntes. Ele se desespera, tenta se soltar, mas o esforço de nada adiantava. Ele se acalma enquanto parecia receber alguma instrução por um sistema de som. E o filme volta a acelerar. - Alicia deixou Isabelle absorver o quê contou até ali, e continuou. - Mesmo com o filme acelerado, dava para perceber que o homem começou a ter um comportamento estranho. Balançava a cabeça de um lado para o outro em uma frequência constante, e de repente ele se acalma e deita a cabeça sobre a escrivaninha. Com uma das mãos ele começa a arranhar a escrivaninha e com a outra começava a amassar papel por papel, formando bolinhas e jogando para o lado. Só parando quando a pilha de papel terminou e as pontas dos dedos que arranhavam a escrivaninha começavam a sangrar. E depois, as coisas ficam bastante esquisitas. - Alicia fez outra pausa. - Ele fecha os punhos e rompe a corrente de um dos punhos usando apenas sua força, depois, com a mão livre, ele rompe o restante das correntes com facilidade. Ele escorrega a cadeira para trás e levanta-se, mas fica numa postura curvada, com os braços sensivelmente abertos. Ele se aproxima da escrivaninha e sobe sobre ela. Mas não para por ai... Ele se agarra na parede lisa e começa a subir pela parede... Sem dificuldade alguma... Então... - Alicia suspira outra vez antes de continuar. - Uma das enfermeiras entra no quarto e se assusta com quê vê. O homem, pendurado no parede feito uma aranha, volta seu rosto para a enfermeira e a encara com uma feição bestial, estava fora de si... E do nada, ele salta para cima da enfermeira... Não da para ver o quê aconteceu, os dois ficaram fora do foco da câmera, mas pouco tempo depois o filme termina... - Alicia respira com calma, ficando um tempo em silêncio.

    - Eu sai dali e encontrei um escritório antigo onde ainda tinha ficado alguns móveis. Achei essa mochila. Então escutei o som de algo metálico batendo... Foi quando eu me dei conta do quê estava acontecendo. As celas, rompidas pelo lado de dentro. O conteúdo do filme... Aqueles homens, algo aconteceu com eles para ficarem daquela maneira. E o barulho... Talvez eles estivessem ali. Fiquei com medo. Coloquei a mochila sobre o ombro e me esgueirei pelo local. Então, quando eu estava saindo, escutei outro barulho num quarto próximo. E acho que comecei a alucinar. Quanto mais eu me aproximava da saída, mais eu via vultos, como se algo estivesse me observando. Eu segurei minha arma com firmeza, apenas por precaução... E quando eu adentrei o corredor em direção a saída do subterrâneo, ouvi mais um barulho vindo de trás de mim... Virei-me e disparei três tiros por puro reflexo, foi no susto... E após os tiros, escutei um grito rouco partindo do interior de alguma daquelas salas, era um grito esquisito, não humano... Então virei-me e corri, fazendo todo o percurso da volta sem olhar para trás... Por sorte você já estava com o carro ligado. - Alicia parecia ter terminado sua história, voltando sua atenção para o diário velho.

    Alicia abriu o diário e foleou as páginas, cada vez mais rápido. Ela ergueu as sobrancelhas, curiosa. - Nada escrito... - E continuou foleando, até a última página, onde estava escrito apenas uma frase. - Fim da trilha... - Alicia falou em voz alta. - Estranho... - Intrigada, Alicia rejeitou dirigir o carro, estava curiosa com o diário, estudando suas folhas, mesmo sem ter nada escrito ali. E algum momento depois, perguntou a Isabelle. - Então, o quê você vai fazer agora?.. Você sabe, seu namorado... Ele continua por ai. - Faltava pouco tempo até amanhecer, dentro de um hora o Sol iria nascer.
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    Mensagem por Brujah Girl Ter maio 09, 2017 8:10 pm



    Guiar aquele carro não era fácil, mas obviamente o que não faltava era motivação para sair daquele inferno e por isso Isabelle vai guiando aquele cavalo bronco da melhor maneira que pode.

    Apesar do seu foco ser o caminho para sair dali, ela repara que Alicia retira um livro... ou melhor, um diário da mochila, mas a preocupação de Isabelle era sair dali , teriam tempo para avaliar os espólios obtidos... se conseguissem sobreviver. E, ao passar pelo portão pelo que, agora podia observar, Alicia havia arrombado com o carro, um suspiro de alívio é dado.

    Agora, aliviando a velocidade, devido ao piso escorregadio e pelo cavalo bronco que tinha nas mãos, ela começa ouvir o relato de Alicia e a primeira notícia faz com que ela se arrepie. Brandon estivera ali, seu celular destruído era prova disso. Nervosa, ela devolve rapidamente o celular para Alicia. Sabia que deveria tentar obter alguma informação do objeto, mas se sentia incapaz de ousar usar seus dons agora. A última experiência fora terrível e ela não estava preparada para uma nova dose daquilo. Ela tinha coisas a perguntar sobre o local em que Alicia encontrara o aparelho, mas sentia-se tão impotente, que fica quieta ouvindo o Alicia ia revelando.

    A descrição do vídeo que Alicia vira deixa Isabelle chocada. Era muito similar com o que ela vira em sua macabra visão e também tinha pontos em comum com o que ouvira quando ligara para Brandon. O homem adormecido na escrivaninha, os papéis amassados, o arranhar da madeira com os dedos, o sangue... O restante do que Alicia revela Isabelle não chegou a ver em sua visão, mas era algo que uma pessoa normal realmente não acreditaria. Era insano pensar que tudo aquilo podia ser verdade e Isabelle, naquela altura do campeonato, não duvidava de nada do que estava sendo dito.

    Se aquele local era uma fábrica dos horrores onde seres humanos foram submetidos a experiências capazes de transformá-los em monstros, as autoridades deveriam ser informadas, certo? Alguém precisava ali e desvendar o que se passou ou talvez, o que ainda se passava entre aquelas paredes e dar um basta naquela insanidade!


    Quando Alicia volta a sua atenção para o diário, Isabelle comenta:


    – Eu acho que vi uma dessas coisas que podem ter perseguido você lá dentro. Foi muito rápido, mas era grande e curvado e saltou com imensa facilidade para bem longe...


    Isabelle então se cala. Tentava manter a frieza, mas tinha o coração acelerado. Tinham pegado o Brandon e por Deus, talvez ele fosse a próxima vítima dos experimentos bizarros que estavam fazendo. Como ela poderia evitar que o pior acontecesse com ele... isto é, se ele ainda estivesse vivo... Seus questionamentos são interrompidos quando Alicia fala sobre o que estava escrito no diário, aliás, sobre a ausência de conteúdo e o questionamento sobre o que faria em relação a Brandon.


    – Tem certeza que é tudo? Não faz sentido... Talvez esteja escrito com tinta transparente, não existem essas coisas? É melhor verificar com mais atenção depois. Eu até poderia tocar nisso e tentar sentir algo, mas acredite, depois dos horrores que eu vi, eu simplesmente não posso... ao menos, não hoje, não agora...


    E por último um longo e doloroso suspiro e a resposta que destruía seu coração:


    – Eu não sei Alicia... está além das minhas capacidades... precisamos alertar a polícia sobre seu desaparecimento! Se eu... se ele tivesse ido lá pra casa... se eu... shit! Nada disso teria acontecido se... my God... a culpa é minha! A culpa deste inferno todo é minha!!!


    Isabelle estava emocionalmente abalada e por mais que quisesse manter um pingo de frieza, sentia que já estava no limite, ou talvez já tivesse passado dele e ainda se mantinha em pé.


    – Me leva pra casa Alicia... eu... eu não consigo... não sei o que fazer...


    Começava a diminuir o ritmo, indicando para Alicia que não estava mais em condições de dirigir.
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