O dia de audição tinha chegado. Por mais que ensaiassem, o tempo finalmente se esgotara. Agora poucas horas separava os candidatos do KPOP SHINE da realidade. Quantos ficariam pelo caminho? Apenas participar já valeria o trabalho? Não havia muito mais para especular. O momento de provação estava bem próximo.
Go Min Nam
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Após pedir auxílio da empresa para hospedagem, o novo garoto estava em um quarto compartilhado com mais três rapazes em beliches coladas uma na outra. Não poderia dizer que era muito agradável ou luxuoso, mas pelo menos o banheiro do quarto tinha trancas e o hotel ficava há 10 minutos a pé das audições.
Um dos colegas de Go Min Nam era um garoto de óculos baixinho, com o rosto inchado e estava acima do peso. O nome dele era algo parecido com “Bae”, mas ele simplesmente não falava com ninguém. Ficava enfiado em seus fones de ouvido o dia inteiro e fazia aquecimento vocal sozinho no banheiro. Era difícil de imaginar como alguém assim queria lidar com o público.
Amihan, o filipino que dormia acima dele, já era mais amistoso. Tinha a pele mais escura que os demais, braços fortes, e fazia questão de andar em regatas pelo quarto. Sumia de dia, só voltava a noite e dividia a comida que ele comprava na rua. Ele era bailarino desde os 5 anos e pensava em fazer parte de um grupo grande, focando apenas em suas habilidades de dança. Conversava com todos e era bem tranquilo de se relacionar, nem parecia tenso com a competição.
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Por último, havia um garoto loiro chamado Min-ki. Definitivamente ele era divertido e muito ativo. Ele já tinha tentado abrir a porta do banheiro sem querer enquanto Eu Se tomava banho e tinha a mania de acordar todo mundo quando estava se sentindo sozinho. Sempre disposto a conversar, já tinha pregado uma peça em Bae, escondendo seus fones para que ele pelo menos se apresentasse para a turma - pelo menos deu certo para que ele revelasse seu nome.- Spoiler:
Na manhã da audição, foi exatamente esse o rosto que viu bem acima dela ao abrir os olhos. O garoto loiro estava pendurado em sua cama, quase encostando o rosto no dela.
- MIN NAAAAM. GO MIN NAM-SHI!! - o rapaz saiu de perto, sorrindo. - É hoje, cara! Bom dia. Se dormir mais vai perder a hora. O Bae já até foi embora.
Ainda eram 8 da manhã. Amihan e Bae não estavam mais em suas camas e o chuveiro estava ligado.
Tae
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A manhã de Tae era como a de um rei em seu dia de posse. Acostumado a treinos, acordaria cedo sozinho sem a necessidade de terceiros fazerem isso. Fora do quarto, havia um vasto café da manhã servido só para ele, já que não havia mais ninguém em casa, exceto dois cartões em cima da mesa.
Um deles era uma folha sulfite cortada ao meio com um bonequinho rabiscado todo de preto, com um risco mais grosso parecendo um microfone na mão, de onde saíam notas musicais. Era um desenho de seu irmão mais novo desejando um bom dia. “Lembrada” pelo filho mais novo ou não, havia um cartão de sua mãe, bem menor e em papel de melhor qualidade, com um simples “
행운을 빌어 요” (haeng-un-eul bil-eo yo/ boa sorte) escrito à mão com caneta tinteiro. Não era muito caloroso, mas já era alguma coisa. Do pai nem havia sinal. O que já era alguma coisa.
O café da manhã na casa dos Jin era ocidentalizado, então tinha suco, torrada e o que mais que eles inventassem. O irmãozinho, por exemplo, gostava de comer biscoitos recheados. Naquele dia, porém, sabia que estava proibido de tomar leite e qualquer derivado, excluindo também trigo e biscoitos, pois esse tipo de alimento sujava a voz - e ainda que esse não fosse seu foco, seria muito ruim pigarrear em frente às câmeras por causa de um chocolate.
Eram quase 8 da manhã quando o telefone tocou e um J. J. ansioso do outro lado já falava.
- Tae-shi! Estamos chegando! Espero que tenha terminado o seu café da manhã. Você comeu maçã? Coma maçãs. Pelo amor da minha vida, não tomou leite, não é? Ai. Eu sei, eu sei. May quer saber se dormiu bem. Como estão as olheiras? Uma compressa de gelo e vamos começar. Já chegaremos, ok?
E desligou. Se não houvesse respostas simultâneas, nem daria tempo de responder. Assim era J. J. em um dia normal de aparição em público. Ele teria tempo para engolir o café da manhã antes que a portaria avisasse que um trio tinha chegado e depois tocasse a campainha.
Eun-Ji
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O dia na casa dos Wong começou bem mais cedo do que para a maioria dos candidatos. Ainda era 5 da manhã daquele dia tão especial e, embora a menina estivesse dormindo, a porta do quarto da garota foi esmurrada sem piedade, acabando com qualquer chance de sonho.
- Anda logo. Vamos nos atrasar - era a voz de Jeong. Alta e grosseira.
- Por que essa menina ainda não acordou? Misericórdia, o diabo está segurando a alma dela - a avó comentou do lado de fora, onde eram ouvidos sons de pratos. O kimchi da noite anterior ainda cheirava em casa.
- Deixa ela aí. Essa preguiçosa não faz nada mesmo - resmungou o avô, arrastando os pés.
Nem parecia que há dois dias tinha sido seu aniversário. Ninguém ali estava muito preocupado com isso. Até porque na tradição coreana, só se envelhecia na virada do ano. Então não havia motivos para comemorarem... Especialmente o aniversário de uma criança que lembrava tanta coisa ruim, pelo menos para aquela família.
A senhora Bora tinha dado um pequeno mimo a ela: uma delicada presilha de cabelo com uma flor, para que pudesse treinar dança - e se apresentar assim se quisesse - de forma mais confortável, sem desagradar as câmeras.- Spoiler:
- EUN-JI. - a mãe socou o quarto da garota. Estava muito irritada com os comentários dos pais. Era humilhante não ter uma filha devota, sendo que ela mesma tentava ser o máximo possível de dedicada em nome deles. - VOU FALAR SÓ MAIS UMA VEZ
Agora ela tinha um bom motivo para levantar.
Yuki
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O dia de Yuki também tinha começado mais cedo, mas ninguém a perturbava. Era porque a família precisava estar bem cedo no cais e, como a casa dela era bem humilde e pequena, qualquer barulho feito era ouvido por todos os cômodos. Mesmo assim, naquele dia, ela tinha sido poupada. Só o irmão precisou se aproximar e falar baixo perto dela, mas tentava não acordá-la de repente.
- Baixinha, vou deixar a sua comida na mesa. Quando estiver pronta, apareça na banca (de peixes) e eu te levo, tudo bem? Pode dormir mais um pouco. Não perde o horário. Tá certo?
Tae-gyu estava cumprindo sua promessa e estava indo mais cedo dessa vez para fazer o trabalho dos dois. Ele disse que ela não podia se cansar ou cheirar a peixe no primeiro dia da sua apresentação. Os dois sabiam muito bem que tipo de impressão isso deixava nas pessoas.
Assim, a garota ficou sozinha, mas quando acordasse, teria bastante kimbap fresquinho e suco, feito especialmente para que ela aguentasse o dia. Uma garrafinha de água aguardava em cima da mesa.
Todos estavam se esforçando a sua maneira para que ela tivesse sucesso.