Sienna não entendeu o que Aeron quis dizer sobre se divertir. O que havia de divertido naquela situação? Ou ainda, onde Dimitri entraria nisso? Enquanto o irmão forçava um sorriso, ela tombava um pouco a cabeça, realmente sem entender o contexto daquilo. Chegava a ser engraçado o modo inocente que ela o encarou - às vezes sua expressão era tão séria e de boneca que dava para esquecer que ela tinha apenas 16 anos.
Depois de se despedir do irmão, ela seguiu até o escritório do pai. Sem perceber, ela deu duas batidas na porta, pedindo permissão para entrar. Arregalou um pouco os olhos quando lembrou-se que estavam sozinhos ali. Uma certa melancolia tomou conta do ambiente, mas ela respirou fundo e seguiu até a mesa com a cabeça erguida. O contrato estava ali e, em respeito, ela sentou-se em frente à cadeira do pai, como se ele estivesse ali mesmo. O documento não era muito extenso, mas tinha uma escrita rebruscada, o que a tornava cansativa. Felizmente, Sienna gostava de ler e não se cansou, mesmo que algumas palavras ela tivesse que procurar o significado para entender completamente.
Não havia nada em seu conteúdo que servisse de apontamento para Sienna, por isso ela precisou fazer algumas pesquisas básicas acerca de contratos. Só podia ligar para aquele número e agir com convicção se encontrasse alguma brecha. Se não tivesse nada em mãos, ela iria apenas ao covil dos leões para ser humilhada. Esse era o sentimento.
Porém, não demorou muito para que ela encontrasse algo que fez ascender seu espirito. Talvez, apenas talvez, ela tenha conseguido encontrar alguma coisa. Ligou para o número e teve aquela surpresa: o assunto era urgente e ela não podia deixar passar a oportunidade. Apenas três horas a separavam do encontro com a Srª Smirnov, por isso ela correu primeiro até o irmão.
- AERON! - Perdeu completamente os modos, mas ao encontrá-lo com os outros membros da matilha, ela pigarreou e disse o mais rápido que pôde. - Consegui.
- Spoiler:
De forma bastante resumida, ela explicaria que o contrato deixava claro que quem desistia do casamento era o Visconde, mas não deixava os motivos expostos ali. Era simples, por assim dizer, mas piorava a imagem de Aimee. Porém, Sienna fez uma pergunta óbvia ao irmão.
- Quantos anos eu tenho Aeron?
E quando ele respondesse, ela faria a expressão de "então..." e explicaria que eram menores de idade. Aimee era incapaz e não era nem emancipada para justificar aquilo. O contrato, em regra, era inválido. E ela disse que encontrou essas coisas pesquisando sobre o básico do contrato. O que era estranho, porque uma advogada experiente saberia disso. Talvez ela só quisesse expor a situação.
Portanto, ela disse que argumentaria para questões tribais. Com que direito ela tinha se envolvido nisso? Ninguem sabia disso antes, mas Sienna estava prestes a sair contando pra todo mundo, principalmente porque o casamento seria naquela manhã. Sienna falaria com o lider da Seita ou até mesmo o Soberano da Casa deles. Disse ao irmão que seguiria por essa linha, mas tinha apenas 2h e meia para chegar em Bray. Não haveria outra data, mas podiam manter contato. Se ela demorasse demais, ele deveria ficar atento.
Três horas depois, o elevador se abria para Sienna. Lembrava-se desse prédio, era onde o Parente Fianna que a ajudou trabalhava ou estagiava, não tinha certeza. Só não imaginava que estaria ali em tão pouco tempo. Como não teve tempo de preparo, Sienna tinha optado por um visual mais simples - só teve que retocar a maquiagem do brunch daquela manhã e fez isso no carro, assim como o rabo de cavalo que usava. Escolheu um vestido preto tubinho e um blazer cinza (algo assim). Nos pés, scarpin preto com um salto alto.
Aproximou-se da secretária e informou seu nome, dizendo que tinha um horário marcado com a Srª Smirnov. Após ser anunciada, ela entrou no escritório, mas com a guarda baixa. Bom, ela tinha um olhar fixo e uma postura impecável, mas não chegou ali tensa ou pronta para atacar, pelo menos não de cara. Sua expressão era agradavelmente neutra e confiante, como se estivesse ali apenas para conversar sobre negócios. Antes de sentar-se, ela estendeu a mão para cumprimentar a elegante mulher.
- Boa tarde, Srª Smirnov, obrigada por me receber tão em cima da hora. - Sentou-se e se ajeitou.
- Oh, eu vim conversar sobre o contrato que minha irmã, Aimee, e o Visconde assinaram ontem...Aliás, é um prazer conhecê-la, eu me chamo Sienna - Pegou o papel pardo da bolsa e colocou sobre a mesa. Uma cópia, o verdadeiro estava em casa.
- Eu gostaria de entendê-lo, se a senhora puder esclarecer algumas coisas...