A coisa toda começou de maneira leve, aos poucos beijos e toques e afins. Ele chegou a pegá-la nos braços para subir as escadas até o andar de cima, o quarto que a levou era diferente do qual ela tinha tido acesso antes; era um quarto maior, mais amplo e mais decorado. Tinha uma janela panorâmica que dava uma vista privilegiada do bosque atrás da casa.
Ali as luzes eram amenas. Pareciam ser controladas para ficarem mais leves, dando um clima meio medieval, como se fossem luzes de vela...
Yuri era... Diferente, talvez. Ele tinha notado certos aspectos da jovem Parente, coisas que o fizera imaginar que ela não estava exatamente confortável, então ele deixou que Aimee fosse a guia, que ela fizesse as coisas ao seu tempo, não mostrou-se esbaforido ou rude como antes, parecia muito mais... Carinhoso e atencioso. Ele deixou que ela quem lhe tirasse a blusa, ela quem lhe abrisse a calça, e quando essa caiu, Aimee pode ver em uma das coxas do ShL uma gigantesca cicatriz que lhe deformava o músculo: era como se alguma coisa tivesse arrancado parte do músculo ali e ele tivesse crescido deformado depois. (Não tenho uma imagem pra ilustrar, mas imagina aquelas cicatrizes de acidente de moto que tem que colocar ferro e o caramba).
E a cada pequeno toque, cada movimento, beijo, caricia que Yuri fazia, Aimee se afastava daqueles outros pensamentos – do seu trauma – era como se estivesse sendo levada por outro caminho, conhecendo outros momentos: aquele momento era dela e de mais ninguém, Aimee era a estrela principal, era o foco e tudo ali era direcionado a ela. Yuri era um amante voraz, mas atento e ele deixou que a Parente conduzisse aquela dança. Ele demorou, nos primeiros toques, nas preliminares, demorou ali porque eram detalhes importantes, eram momentos que ditavam todos os outros; não se importava por exemplo em sentir as unhas dela em sua carne, quando lhe dava uma mordida mais demorada, ou quando suas mãos tocavam partes de seu corpo pequeno.
Os lábios do ShL percorreram boa parte do corpo da jovem Parente, atento as reações, as sensações que causava, e apenas quando – e realmente assim – Aimee lhe parecesse pronta, quando ela lhe desse o aval final, ele a possuiria. Não havia urgência, tão pouco violência. Yuri parecia muito mais atraente, muito mais desejável do que antes.
Era difícil para Aimee saber quanto tempo eles estavam ali, quando finalmente ambos estavam deitados lado a lado. Yuri respirava fundo, tinha o corpo levemente suado – estava menos 'acabado' que ela – e olhava para o teto. Yuri virou-se para ela, observando-a por um instante. Ela estava belíssima, ele achava, com o cabelo meio bagunçado, com o rosto suado, com a respiração descompassada, mas belíssima, ao seu modo. Ele a beijou, um beijo rápido e 'roubado'. - Tente dormir. – Ele disse, naquela voz rouca. - Nenhum monstro vai pegar você hoje, princesa. – E por um instante, um breve momento, ela até conseguiu acreditar nisso.
[…]
Quando ela acordou na manhã seguinte, com a luz invadindo as janelas, a primeira coisa que notou foi que Yuri não estava ao seu lado, e que provavelmente sequer tinha dormido ali a segunda coisa foi uma bandeja sobre um dos criados mudos, com um pequeno café da manhã, uma rosa e um bilhete.
Para: Aimee
Fique bem.
De: O monstro na Sombra
Apesar dos pesadelos que vieram àquela noite, Aimee sentia-se agradavelmente bem, eles não a incomodavam tanto agora, nem sequer tinham sido capazes de acordá-la durante a noite. Era até estranho se sentir daquele modo, mas seu estado de espírito estava melhor, seu humor melhor e seu dia parecia que seria muito melhor.
Quando descesse, descobriria que mais uma vez estava 'sozinha', exceto pelo motorista que a aguardava do lado de fora da casa, com instruções para deixá-la no hostel onde estivera antes. Dentro do carro ela encontrou o bouquet de onde a rosa do seu café da manhã tinha sido tirada. Tinha um cartão, apenas com seu nome nele. O carro partiu, levando-a de volta para Bray.
[…]
Toda aquela história era muito estranha, o nome dele não aparecia em mais lugar algum além daquela noticia perdida em um site Russo, também não havia fotos dele naquela época e Sienna não encontrou mais nada além daquilo. As fotos deixavam claro que não se travava apenas de um acidente de automóvel, ao menos para alguém como Sienna, era possível notar determinados padrões de garras aqui e ali, entre outras coisas.
Aquilo levantava um monte de outras questões a respeito do tal Yuri...
Por que tinha saído da Irlanda?
Por que tinha ficado tanto tempo fora?
O que tinha ido fazer na Rússia?
E com essas perguntas, Sienna adormeceu.
Por incrível que pareça, a moça tivera uma boa noite de sono e acordou relativamente disposta, apesar de todos os problemas que passavam por sua cabeça, podia sentir o cheiro do café no andar de baixo e o leve burburinho de um inicio de manhã na cidade. Talvez fosse uma boa descer, tomar um café e procurar ligar para os números que lhe foram dados, enquanto ela estava ignorante sobre um carro que estacionava à porta do lugar, trazendo ninguém menos que sua irmã.
Eram 8hs da manhã, e o dia estava começando.