Aos três anos de idade, você já utilizada os tabletes e o mouse do computador como se fosse uma extensão do seu ser, e não se afastou deles desde então. Seus pais fizeram tudo para lhe incentivar, talvez houvesse algum propósito nisso, além da alegria de ver seu filho como um profissional bem-sucedido.
Na adolescência você comprava e revendia peças pela net, desmontava e as montava em seu computador, apenas para analisar se houve algum ganho de performance, mesmo que não fosse perceptível, você ainda continuava a melhorar seu computador, de uma forma simples, isso era algo como colocar os ditos cujos na mesa, quem tivesse o melhor, tinha o maior pinto, apenas algo para se gabar.
Logo os computadores se tornaram tediosos, ao menos quando usados da maneira usual, você passou a gastar algum tempo nas faculdades como hacker, o firewall primitivo deles era uma presa fácil para você, foi assim que os adeptos da virtualidade te acharam.
Eles o observaram por um longo tempo, esperando para ver se você iria despertar, eles então jogaram a isca, o atiçaram nos fóruns e programas na deep web. Eles esperavam que seus programas especiais desencadeassem o despertar em você.
O que eles não previram era que você passou apenas a jogar o jogo deles por um tempo, enquanto era benéfico pela troca de informações, você na verdade nunca gostou. as vezes você tinha pesadelo com sua imagem sendo destruída em bites, você não sabia o porquê, mas algo sempre esteve errado. Você tinha em mente algo mais como Neo do Matrix, uma ideia de ser um herói, algo mais do que rodar by-passes eletrônicos na rede e comunicar certas verdades. Ao mesmo tempo que você despertava você queria se libertar e aprender mais sobre você mesmo e seus pensamentos de herói.
Por um tempo você tentou caminhar sozinho e logo você se juntou com um bando de carinhas sinistros na rede, então alguém online o desafiou a invadir um website chamado: “A evolução da espécie e adaptação do meio”, ou algo assim, novamente seu ego falou mais alto, determinado a botar na mesa e mostrar que o seu p*nto era o maior, você tentou invadir, falhou uma e outra vez, você então começou a ler o site, grande erro, a mensagem era algo que bizarramente mexia com seu subconsciente, “apatia como solução, defendendo a espécie humana dela mesmo”
Então, como um clique de despertar, sua tela abruptamente começou a piscar, A palavra “ Calouro” apareceu, seguida por uma enorme explosão que o atirou ao teto.
Talvez se não fosse por sua enorme vontade de viver, você talvez não teria sobrevivido, pelo menos era isso que você e os médicos acharam na época...você sobreviveu deitado na cama do hospital, semiacordado, perdido em pensamentos e nas altas doses de morfina e coquetéis de remédio. Os médicos se mostravam preocupados sobre suas chances de andar novamente, os danos físicos pelo menos deveriam ser enormes numa concepção comum.
Em pouco tempo, um terapeuta físico veio lhe falar, e embora ele dissesse que queria ajudar, você sempre o achou estranho, uma aura assassina, ou mais precisamente de um animal, de um predador. Nos poucos momentos em que você esteve lúcido ele lhe contou que você fora o único sobrevivente, que o transformador perto da sua casa teve um curto e disjuntor da sua casa explodiu e que boa parte da casa foi destruída no processo (junto com seus pais). Nos outros momentos, palavras desconexas como Wyrm, mãe-terra e lobos, foram as poucas coisas que você conseguiu entender. O tempo passou, a imagem de um lobo, disse-lhe que ia embora, tinha assuntos, mas que voltaria em breve para lhe ajudar e lhe tirar dali...
Ódio, culpa, desejo por vingança, atormentado por sonhos estranhos, mais tarde você iria descobrir ou pelo menos inferir que você tinha se tornado um canal para a umbra, um farol para os espíritos te atormentarem, tantos os bons quanto os ruins.
Uma noite, chorando na cama, você teve sua epifania, um despertar verdadeiro, de fato, a consciência do potencial que você tinha, todo o potencial que você desperdiçou, o inundou e você compreendeu o que poderia fazer se tivesse uma segunda chance.
Suas visões intrínsecas de lobos, seres metamorfose, espíritos e tecnologia, o fez perceber a visão limitada dos seus amigos anteriores (adeptos da virtualidade), todos estavam errados, se não o fosse, como você explicaria seus sonhos bizarros e aqueles animais, a realidade é um jogo, cheia de etapas, fases, quests e fazes bônus, você contra seu despertar, você contra a realidade, você contra o enigma da descoberta, a realidade pode ser moldada, ela é mais que um código em algum lugar, onde alterações temporárias podem ser introduzidas, a vida é um jogo, ao qual também podemos apreciar. O objetivo do jogo é ver quem pode causar mais problemas, conseguir ser o mais divertido, aquele que conseguir “zerar” o jogo primeiro.
E nesse momento final de conclusão, um flash seguido por um estrondo espalhou-se pelo seu quarto, você estava em pé, desperto, atônico e então sua mente e atraída pela voz semi-robótica do google:
“- É hora de sairmos daqui criança, antes que perguntas desnecessárias sejam feitas....”