Ato III - O Último Confronto

O goliath ouviu tudo no detalhe. Pensou consigo mesmo: Besouro Gigante? Anão cinzento com asas? Estariam esses gnomos dizendo a verdade?

-Hum.

-Mas como chegaram aqui? E porque vieram até aqui? Sabem combater? Precisamos de todas as informações que tiverem e o mais detalhadas possível.

O anão observava cada palavra e gestual dos gnomos buscando saber se estavam mentindo não falando a verdade.

Asas e escamas. Johan sabia o que aquilo significava, que o Norte estava infestado de raças que comungavam sua carne e seu espírito com demônios. Havia muito trabalho a ser feito. O cavaleiro se aproxima dos dois gnomos o suficiente para eles sentirem seu hálito, os olhos azul-esverdeados com um leve brilho vermelho.

- Acredito que este duergar tem sangue abissal correndo nas suas veias e não gostaria de ser enganado para cair numa armadilha. Quando isso aconteceu? E como saberemos que vocês não estão aqui porque ele mandou?

Nevasca se aproximou junto de Frafur e ficou onde seria as costas dos dois, dando passagem aos demais que poderiam se aproximar. Então começa a cheirar com suspeita cada um deles, como se pudesse descobrir a índole deles com o olfato.

Sophia, por sua vez, se aproximou lentamente, ficando detrás do grupo junto com o kobolt. Após ouvir a ele e a todos, ela resolve se manter quieta, imersa em seus pensamentos, apenas.

"Um besouro... Essas criaturas ousam usar animais para suas práticas...", é apenas um de seus pensamentos rancorosos e irritadiços que começou a desmembrar com a história que foi contada.

Não tinha nada para acrescentar, esperaria apenas a resposta das perguntas que foram feitas.

BARAZ

Baraz permanece afastado dos gnomos, havia companheiros mais qualificados para interrogá-los. Não se surpreende com a descrição do cinzento de asas, mas isso o faz recordar do fantasma que ele e Drizzt enfrentaram meses antes. As forças inimigas guardavam surpresas diabólicas.

Num rompante, deixa escapar um pensamento em voz alta:

- E a serpente devoradora?

- Duergar com asas? E com pele de escamas? Alguem pensou no mesmo que eu? Lembram daqueles dragões negros que nos perseguiram nas carroça voadoras? Isso seria mais uma confirmação da aliança de Obould com os cinzentos. Talvez fosse melhor apresarmos o passo - Diz Belediel.

Tomdrill absorvia tudo aquilo um pouco letárgico. Havia um tempo ele estava com a cabeça noutro lugar e pensava em Arthémis e em sua face, seus cabelos, tudo. Sentia saudades. Mas estava ali. Fazia sentido haverem duergars meio abissais. Estavam tão fundo na terra que podiam até mesmo terem encontado o abismo.
Tomdrill se permite um sorriso de canto de boca ao pensar numa piada tão tosca. Aguarda a posição dos líderes.

Nevasca saiu detrás dos dois, sentindo-se um pouco mais tranquila, mas ainda estava receosa. Sentou ao lado de Nerok quando ele começou a falar. Parecia que a leoparda os compreendia, visto que sempre movia sua cabeça olhando para quem estava falando.

Sophia não tinha interesse nenhum em saber o que havia acontecido com o duergar para ele ter asas ou o que quer que fosse. Apenas alimentava a sua ira saber que usavam animais para suas artimanhas malignas.

Foi quando um dos pequeninos falou que ela se manifestou:

- Vocês disseram que vieram até aqui caminhando... Por quais tuneis seguiram?

A pergunta de Sophia não era assim tão inteligente ou importante, mas para ela somente os anões dominavam os caminhos daquele labirinto de pedra e, certamente, achava aqueles dois suspeitos. Afinal, se o forte estivesse mesmo sob domínio dos duegars, porque os dois passaram por ele ilesos? Conheceriam alguma rota diferente daquele caminho? Se sim, Sophia tinha a intenção de saber...

Sua lógica não era das melhores, não conhecia o salão de mithral e nem tinha conhecimento de quais povos sabiam sobre os caminhos dali.

O goliath parecia uma estatua, apoiado com as duas maos em seu malho enquanto prestava atenção ao seu redor. Ele ouvia tudo o que os gnomos diziam, embora não tivesse vontade de interromper o dialogo de seus companheiros.

Belediel fica um pouco decepcionada porque ela tinha falado um detalhe importante e ninguem tinha dado a minima pro o que ela tinha dito. Não pelo menos pra dizer que ela tinha dito besteira. Tentou vasculhar na sua memoria nos conhecimentos dos livros já lidos, algo sobre um anão cinzento daquele jeito. Caso se lembrasse não compartilharia com ninguem, afinal não tinham dado atenção mesmo. Só diria quando fosse realmente necessario.

Tudo o que Johan acreditava ter descoberto com Frafur era um engano, o que os faria andar às cegas pelos túneis novamente, procurando o lugar para onde os duergar rastejavam quando precisavam se esconder da luz da justiça. Filho do Ruína ainda não estava convencido da sinceridade dos dois gnomos, mas eles não tinham outra alternativa agora.

- Se o forte adiante não pertence aos duergars, vocês sabem nos dizer onde os cinzentos se escondem? Não temos tempo para perder vasculhando estes túneis e precisamos encontrá-los.

A voz do cavaleiro soava dura e não passava nenhum sinal de simpatia. Johan não confiava nos dois gnomos e não fazia muita questão de esconder isto.

Nevasca tranquilizou um pouco, olhando duvidosa para Sophia... Mas a druida não cedia e, mantendo a cara fechada, olhou severa para a leoparda que logo voltou a atenção hostil:

Acenando com a cabeça, ela e calou-se.
Para ela somente provariam que eram leais de fato se os ajudasse com quaisquer coisa, afinal entrariam em um Forte e quanto mais aliados, melhor seria.

Porém ficou calada aguardando que Johan e Frafur, os que pareciam ''bom de conversa'' decidissem.

Quando Eunsech falou ela o olhou e apenas acenou a cabeça concordando com a ideia de seguirem, mas permaneceu muda.
Nevasca se mantinha alerta e olhando séria para os gnomos.

Drago acena a cabeça e diz:

- Vamos, nao temos tempo a perder!

O Goliath gostava de montanhas, mas do lado de fora. E não estava gostando de ficar parado, pois era um alvo facil para seus inimigos. Mas um anão com asas...isso sim era diabolicamente preocupante.

- Se os duergars tomaram este forte para si, é para lá que seguiremos. - Johan, num tom mais amigável dessa vez, continuar falando com os gnomos - Toda a ajuda que vocês puderem nos dar será aceita com gratidão. Não vou pedir para dois mineiros nos acompanharem até o forte, mas vocês conhecem bem estas montanhas. Existe algum caminho que não seja este que vá até o forte?

Independente da resposta dos dois gnomos, Filho da Ruína e os outros teriam que seguir até o forte. Ao fim da conversa com os gnomos, Johan saca Redentora e prepara seu escudo.

- Vamos seguir. Todos com atenção redobrada a partir de agora.