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    Matusael
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    Mensagem por Matusael Qui Jan 18, 2018 2:55 am



    Quebec, Quebec, Canadá


    5th Police Station - 6 de Janeiro de 1920, 3:40pm



    [!ON!] Investigação em Andamento Delega10

    O horário dizia que ainda era dia, mas o céu e o clima pareciam contrariar isso. O lado de fora da delegacia era um mar branco, com a neve caindo incontrolavelmente sob um céu escuro e carregado. Por sorte os estrangeiros haviam chegado antes de a tempestade começar. Foram trazidos de trem por um oficial da polícia de Montreal, onde haviam desembarcado de diferentes aviões, cada um vindo de um lugar diferente do mundo. Na estação de trem foram apanhados pelo policial Erl que lhes trouxeram havia quase meia hora até a delegacia.

    A delegacia era uma construção relativamente nova, fundada depois da virada do século. Sua alvenaria era de boa qualidade e formava paredes grossas e bem acabadas que mantinham o frio do lado de fora. O aquecimento, entretanto, era um pouco arcaico. Duas caldeiras divididas nas extremidades da delegacia tinham a difícil tarefa de espalhar o vapor quente por todos os ambientes. Não eram suficientes e todos ali estavam minimamente agasalhados.

    - Por Deus, essa nevasca não vai parar tão cedo. - disse o soldado Erl ao observar pela janela ao lado da porta de entrada.

    Erl tinha recebido os recém chegados à delegacia. Era um homem corpulento, um pouco acima do peso, de pele branca e fina, com mãos grandes e roliças. Tinha, sob um largo mustache, um sorriso fácil, que fazia transparecer a idade nas marcas enrugadas ao redor dos olhos. Devia passar dos cinquenta. O uniforme de polícia que usava era preto e os botões mostravam uma resistência notável ao resistirem a força que a barriga fazia contra eles. O uniforme estava limpo, mas a barra da calça apresentava uma umidade característica de quem havia andado na neve, tal como os três estrangeiros ali também estava. O sapato estava um gotas de água. Por cima do uniforme, usava um casaco de lona leve de cor azul escura com um capuz puxado para trás.

    Os convidados, como ele os denominara, estavam sentados dispostos em dois longos bancos na recepção da delegacia. Era notável o pouco movimento na delegacia, pelo menos naquele horário e com aquele tempo, afinal eram os quatro homens os únicos presentes no local. Logo à frente do pequeno corredor que servia de hall de entrada estavam duas baias simples de madeira, com uma pilha de papel em cada uma; ao lado da baia esquerda, havia um criado mudo alto, com algumas edições de jornal empilhados sobre o mesmo. Logo atrás, num vão mais aberto, três escrivaninhas, também de madeira, eram dispostas numa organização duvidosa que lembrava um triângulo. Sobre uma delas havia uma máquina de escrever. As outras tinha apenas pilhas de papeis, pastas pardas e utensílios de escritório. Ao lado de uma delas, a que continha a máquina de escrever, havia um armário de arquivos com algumas etiquetas desgastadas fronteando as grandes gavetas. E logo atrás das mesas, uma porta de ferro gradeada, com uma grande tranca. O corredor além dessa porta estava escuro, de forma que não se podia enxergar muito além da porta. Haviam ainda à vista duas outras portas na sala, ambas pelo lado direito; as duas eram de madeira com trancas simples.

    Um chiado no rádio, contido numa pequena estação que ficava no extremo das baias, quebrou o som da nevasca.

    - Detetive McCam para a Quinta, Câmbio.

    Detetive MaCam era o responsável por auxiliar os investigadores naquele caso. Oficialmente ele era o responsável pelo caso e era o contato dos estrangeiros para ir e vir dos locais onde achariam necessário para conduzir a investigação. As perguntas pertinentes ainda deveriam ser feitas a ele. Erl se apressou para atender o chamado do detetive ao rádio. Apanhou o microfone desconcertadamente e apertou um botão do surrado painel emadeirado antes de responder.

    - Erl na escuta. Prossiga.

    - Não conseguiremos ir a lugar algum hoje. Acredito que seja perigoso sair da delegacia com esse tempo. Arrume acomodações para os convidados. Amanhã pela manhã veremos como está o tempo e aí decido se vou até a delegacia. Câmbio desligo.

    O policial se virou para os três com um ar desanimado. Coçou a cabeça antes de falar, um pouco desconcertado.

    - Bem. Não temos exatamente acomodações. Os senhores podem escolher entre esses bancos de espera ou as camas simples das três selas que temos. Todas estão vazias e eu deixarei as portas abertas, é claro. Realmente não tem para onde ir com essas condições do tempo. Irei fazer um café agora e temos biscoitos de polvilho em estoque aqui. Fiquem à vontade.

    Ele andou a passos largos até uma das portas de madeira e abrindo-a, revelando uma copa. Ali ele ligou alguns disjuntores, acendendo a luz da copa e do corredor além da porta de ferro. As lâmpadas elétricas forneciam uma iluminação baixa e lúgubre, deixando os cantos dos ambientes um pouco escuros. Ele colocou a cabeça para fora da porta.

    - A porta de ferro está aberta. Se quiserem usar as mesas, podem ficar à vontade. Vou utilizar apenas a cadeira da estação de rádio. - E sumiu copa a dentro, deixando os convidados a sós pela primeira vez.




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    Mensagem por Bravos Sex Jan 19, 2018 12:16 am

    A viagem até o Quebec fora uma tremenda desgraça. O detetive francês esteve com a cara fechada durante todo o trajeto. Não se dava bem com o movimento dos transportes. O dia não estava nada bonito lá fora, mas mesmo assim ele agradeceu profundamente chegaram à delegacia. Dentro do Quinto Departamento de Polícia estavam três nobres estrangeiros e um gracioso senhor cujo nome era Erl. Em muitas coisas ele se parecia com Ludovic, ao menos fisicamente. Ele os havia buscado e trazido-os até ali. Enquanto o soldado comentava que aquela nevasca não passaria tão cedo, Ludovic acendia um cigarro, sentado no banco de espera da delegacia vazia.

    - Cigarettes? Espero que não se incomodem com a fumaça. Ela ajuda a esquentar e manter os ânimos mesmo nos dias frios. - Dirigiu-se a todos os presentes inclinando um cigarro meio tirado do maço. Era um Pall Mall, internacionalmente feito pela British American Tobacco, de sabor suave e queima lenta, o que lhe dava uma longa degustação. Era uma marca cara em comparação aos demais tipos de cigarros que se achavam por aí. Depois de oferecer fumou em silêncio, correndo os olhos pelo ambiente. Até que resolveu levantar-se. Levava um sobretudo pesado que, devido ao diâmetro do abdômen e a devida relação com as pernas, tinha um caimento reto, fazendo-o parecer uma torrinha no auge dos seus 1,59m de altura. Encaminhou-se até a pilha de jornais, da qual puxou um e folheou. Seus olhos corriam pelas manchetes e leads e seu rosto se contraía e se expressava de acordo com cada uma. Fazia isso quando o rádio do Detetive McCam soara pelo ar gélido. O soldado Erl estava decepcionado.

    - Não se preocupe, meu caro, nos daremos muito bem por aqui... - Afirmou sorridente enquanto Erl dizia que teriam que se acomodar ali. O sorriso foi diminuindo quando ele esclareceu que somente haviam as celas e, pior, apenas biscoitos de polvilho e café. - ... pelo menos por essa noite. - A perspectiva de não ter um café e menos ainda de ter um bom jantar lhe tiravam um pouco da simpatia. "Merde... Os departamentos são muito mal providos nesse país. Ni même un croissaint?" Caminhou com o jornal em mãos até chegar perto da porta de ferro, com o corredor do que provavelmente eram as celas. Lançou um olhar e voltou-se ao soldado, que quase entrava na copa. - Certamente usaremos as mesas, já que estamos aqui seria bom adiantar o trabalho. Você poderia, por gentileza, nos mostrar os arquivos referentes ao caso? Estou certo que meus companheiros compartilham da ideia. Oui? Non? Monsieur Weiss, Monsieur Madero?

    A verdade é que Ludovic já havia vasculhado os jornais à procura de notícias correlatas, de acordo também com as poucas informações que lhe foram dadas antes que partisse para esse trabalho. Se obtivesse do soldado os arquivos, sentaria à mesa com a máquina de escrever e analisaria-os sem pressa, já que seu cigarro não estava nem na metade ainda. Tomaria nota daquilo que lhe parecesse importante e consultaria os nobres companheiros convidados no que fosse de sua expertise.

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    Mensagem por Convidado Sex Jan 19, 2018 4:32 pm


    Allan Weiss

    Allan não estava nenhum pouco feliz com a viagem, e a cada passo a situação parecia vagarosamente piorar. Em especial a neve, era o que mais incomodava o alemão, aquela vastidão branca florescia nele uma inquietação desconhecida, supersticiosa. Puxava a gola do casaco, vez por outra, na tentativa falha de se defender do frio.


    Se sentirá melhor ao chegar na delegacia, ainda que o lugar não fosse exatamente aconchegante, poucos lugares seriam piores que o lado de fora. Os sapatos molhados o deixavam um pouco desconfortavel, mas não se expressou sobre, ao invés se reteve, estava evitando falar muito, mas observava avidamente cada detalhe da sala, estampando um sorriso amargo ao pensar que a delegacia não destoava do clima da cidade, tão taciturno.


    Por fim o silencia se quebra com o toque do radio e a desanimadora notícia de que ficaria por ali durante a noite, as acomodações não pareciam as melhoras para descansar, mas teria que se contentar com elas. Negara com a cabeça o cigarro oferecido pelo roliço estrangeiro, tinha certo desgosto por fumar, ou pela fumaça, mas o francês parecia feliz em satisfazer sua vontade, então Allan preferiu não reclamar.


    No fim apenas assistia o homem tomar a iniciativa de pedir para inspecionar os relatos do caso, um pequeno ar de aprovação passa pelo rosto do rapaz, mas não se demora para voltar a expressão neutra de antes.


    -Sim. Aparentemente o que temos é tempo. Responde o alemão ao questionamento de Ludovic, finalizando a frase com um suspiro impotente e em seguida se adiantou para se sentar em uma das mesas adjacentes a mesa com a maquina de escrever, passaria desinteressado o olhar pelos papéis em cima da mesa, mas não perderia tanto tempo os lendo. -Achou algo interessante? Questiona por fim, enquanto indicava com o olhar o jornal nas mãos do detetive.

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    Mensagem por Shura Dom Jan 21, 2018 2:15 am

    A viagem entre a Carolina do Norte e Quebec havia sido tranquila, apesar do nervosismo habitual de Arturo em relação a aviões. Era apenas a segunda vez que o mesmo havia embarcado e feito uma viagem aérea - a primeira sendo do México para Chicago - e ainda se sentia um estranho no ninho quando voava. Ele havia cochilado por quase toda a viagem devido ao consumo de álcool feito momentos antes de embarcar. Ao chegar em terras canadenses, lamentou-se por não ter feito todo o trajeto usando um meio de transporte terrestre - não por escolha própria, uma vez que a viagem era de caráter emergencial. O jovem chileno gostaria de ter visto as paisagens e aproveitado para conhecer um pouco mais do continente americano, coisa que não conseguia fazer dentro de uma gaiola no ar.

    Aproveitara, porém, toda a 'viagem' até a delegacia para observar melhor o quarto país que visitava, escrevendo algumas pequenas frases sobre o que observava num dos cadernos que levava a todos os lugares. Se surpreendeu com a educação do povo local, que não olhava de maneira torta para ele - apenas uns e outros -, mas muitas vezes de forma curiosa. Ele tinha um perfil sul-americano e sabia que isso era uma fonte de preconceito inesgotável para os americanos. Ao chegar na delegacia, sentiu-se satisfeito por estar num ambiente mais quente e se sentou no local mais quente possível no banco da recepção. Não demorou a retirar o sapato que calçava, visto que estava molhado, sem ter nenhum pudor quanto a isso. Deixou-os juntos, ao lado de seus pés, enquanto dividia suas atenções entre os seus companheiros de trabalho e a janela que dava vista ao lado externo a delegacia - sentia vontade de sair para a nevasca e senti-la em seu rosto. Era engraçado estar ali como um contratado a serviço da mesma, trabalhando para uma organização similar a que já fizera tantas críticas quando em solo mexicano e também estadunidense. Havia uma certa ironia em toda aquela situação, que fazia a mesma se tornar engraçada.

    Aceitou o cigarro oferecido por Ludovic de bom grado, visto que era melhor do que os utilizados pelo próprio Arturo, abrindo-lhe um sorriso amigável. Quando o barulho do rádio cortou o som da sala, Arturo concentrou sua atenção em Erl e no rádio, ouvindo a conversa dos mesmos. Suspirou ao ouvir o que havia sido acertado. Poderiam ter ficado trancados dentro de um bar, pelo menos. O ambiente da delegacia não agradava-o a ponto de querer permanecer uma noite ali, mas era melhor estar deste lado das grades, sem dúvidas. A alimentação não preocupava Arturo,
    que podia passar algumas horas em jejum sem grandes problemas e se alimentava de qualquer coisa que estivesse disponível.

    Arturo apenas meneou positivamente com a cabeça para a questão de Ludovic. Na realidade, ele não havia pensado em iniciar o trabalho em momento algum. Estava ali para conhecer melhor aquele local e porque, devido a uma sucessão de acontecimentos, havia sido enviado por por John para cobrir sua ausência na empreitada. Esperava que sua presença naquela equipe fosse apenas de caráter técnico, para ajudar em alguma questão relacionada as florestas, parques ou algo assim. Aquilo o deixava um pouco curioso, visto que não entendia o porquê de precisarem de um patrulheiro americano em terras canadenses. Na realidade, ele mal sabia o que de fato havia acontecido. Entendia que era um homicídio e que ocorrera próximo a uma represa, ignorando todo o resto.

    - Você não teria algo mais forte do que café, teria? - Arturo fala olhando na direção de Erl, enquanto se abaixava para verificar se o seu sapato já estava mais seco. Dava longas tragadas no Pall Mall dado por Ludovic, apreciando-o. Ele olha para o detetive francês e volta a falar, dessa vez com um grande sorriso no rosto, citando um de seus autores prediletos. - Esta, de fato, é uma maneira de cometer suicídio com classe. - O chileno permanece no banco, aguardando as respostas de Erl para as perguntas que haviam sido feitas.
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    Mensagem por Matusael Seg Jan 22, 2018 1:04 pm



    Quebec, Quebec, Canadá


    5th Police Station - 6 de Janeiro de 1920, 4:00pm


    [!ON!] Investigação em Andamento Desk-c10

    O detetive Ludovic se demonstrou o mais à vontade dos três recém chegados. Tomou a iniciativa de ir até a pilha de jornais, folheando o que estava no topo, edição do dia anterior. [Ludovic, fazer uma rolagem de "Assuntos Atuais (Manchetes)"]

    O auxiliar florestal, Arturo Madero, optara por tirar os sapatos, mas descobriu que o chão quase congelante da delegacia não era muito melhor do que os sapatos molhados. Talvez a troca dos calçados fosse uma melhor opção, até porque todos estavam de posses de suas bagagens ali mesmo.

    Ludovic deu uma espiada no corredor da porta de ferro gradeada. Foi capaz de enxergar as portas das três celas, duas do lado direito, e uma do lado esquerdo. Mais à frente da porta da esquerda, há um vão, indicando que existe mais algum cômodo ou corredor além da cela. Ele faz um pedido ao policial Erl, que se estende a um questionamento aos outros companheiros de trabalho.

    Erl acabara de entrar na copa, ouvindo o pedido. Porém continua o que havia começado a fazer, mas responde falando um pouco alto demais para conseguir ser ouvido.

    - Pois sim, meu caro. Pego logo em seguida. Acredito que um líquido quente é prioridade para todos aqui, sim? Haha. - falou de forma descontraída. Mas logo continuou, um pouco afetado. - Pelo menos eu acho. Desculpe se estiver errado.

    Ele se apressou em preparar o café para não deixar os cavalheiros esperando por muito tempo. Depois de colocar a água para ferver, saiu da copa e ouviu o novo questionamento, dessa vez feito pelo mais moço dos estrangeiros.

    - Mais forte do que café? Se o senhor está falando de algum tipo de bebida alcoólica, temo que não seja conveniente para o momento. Apesar de eu apreciar um bom conhaque. Posso convidá-los para o humilde bar que frequento, mas não poderia nem beber e nem oferecer bebida no trabalho. Quem sabe amanhã no fim do expediente se o clima permitir. - fez uma careta um pouco disfarçada, como se não entendesse por que alguém pediria para beber durante o trabalho.

    O policial andou até o armário de arquivos, abrindo a pesada gaveta com um pouco de esforço. O som produzido pelo ferro já muito usado foi bastante desagradável, um rangido fino e longo, fazendo doer os ouvidos, principalmente Ludovic. Ele vasculhou a gaveta por um momento e puxou uma pasta fina de cor parda. Fechou a gaveta produzindo o mesmo som novamente e levou a pasta até a mesa da escrivaninha onde Ludovic estava sentado. Depois voltou para a copa a fim de concluir o café.

    O detetive abre a pasta e começa a espalhar os papeis e a foto que haviam dentro. Dentre os documentos, havia o boletim de ocorrência, com o número do caso encabeçando as informações do mesmo - Caso 38-1920 - além da data da ocorrência - 03 de Janeiro de 1920 - nomes da vítima e a pessoa que encontrara o corpo - Morgan Happer e Dilan Brow, respectivamente - além da descrição básica das condições a qual o corpo foi encontrado. Outro documento continha o depoimento de Dilan Brow, colhido pelo detetive Silas McCam; outro era a ficha criminal de Morgan Happer; e por último a análise preliminar do corpo, feito ainda no local onde o corpo estava. Havia também uma nota, escrita à mão com grafite, numa caligrafia desleixada, indicando que o laudo da autópsia ficaria pronto no dia 6 de Janeiro, conduzida pelo Dr. Carlson. E por fim, uma fotografia da cena do crime, mostrando o corpo da vítima em péssimas condições, com múltiplas lacerações na altura do peito e abdômen, caído ao pé de uma árvore, em meio à neve fina.

    O Dr. Allan Weiss se aproximou um pouco depois, também dando uma olhada despretensiosa tanto no jornal que estava de posse do detetive Ludovic como nos documentos espalhados. Os cavalheiros podiam examinar cada um, conforme seu interesse.




    Documentos:

    Boletim de Ocorrência:

    Depoimento Dilan Brow - 38-1920:

    Ficha Criminal de Morgan Happer:

    Análise Médica Preliminar Vítima 1 - 38-1920:

    Fotografia Cena do Crime - 38-1920:

    Nota escrita à mão:
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    Mensagem por Bravos Seg Jan 22, 2018 5:11 pm

    - Oh, s'il' vous plaît, um café será ótimo. Obrigado. - Foi então que Arturo deu a sugestão de algo mais forte. Erl voltou a estar com eles e parecia francamente decepcionado com tal idéia. Ludovic riu-se com o comportamento conservador do soldado, mas falou-lhe risonho, a fim de manter o bom humor e convivência. - Creio que todos apreciamos uma bebida forte e certamente iremos aceitar o convite amanhã, s'il fait beau*. Mas hoje nós não podemos nem dizer que estamos trabalhando. As escolas devem ter cancelado as aulas e, se tivermos sorte, ninguém tentará infringir a lei nessa nevasca.

    Sorriu-lhe enquanto a fumaça saia devagar por suas narinas. Quando o soldado encaminhou-se para os arquivos, deu uma piscadela para o patrulheiro. Era uma piscadela cúmplice, mas que também solicitava mais prudência no agir. Talvez ele ainda era jovem e tinha menos da metade da idade do soldado Erl. Não entendia como aquele senhor levava seu trabalho. Pensava nessas coisas quando o silvo do ferro feriu-lhe os ouvidos. Não pode evitar fazer uma careta. Aquele tipo de som lhe dava uma gastura profunda, ainda mais com seus ouvidos sensíveis. Preparou-se psicologicamente para o som da gaveta fechando. Pegou em mãos a pasta parda. - Agradecido. Seria bom providenciar um lubrificante para essa gaveta. Mas depois, a água deve ferver em um ou dois minutos, vamos focar no café. - Poucas coisas eram pior que um café com gosto de queimado e isso seria demasiado agressivo para o paladar refinado do francês.

    Abriu a pasta e distribuiu os papéis que estavam lá dentro sobre a mesa. - Morgan Happer é nosso finado... e... Dilan Brow o senhor que encontrou o corpo. - Anunciou para todos. Inclusive para o Dr. Alain Weiss que se aproximava. Olhava a ficha criminal de Happer. - Parece que nossa vítima tinha alguns problemas com a polícia. Dois furtos, ameaça com estorção, assalto desarmado... Monsieur Weiss, tome aqui a análise médica. Creio que vá lhe ser mais útil que a mim. - Passou os olhos também nos outros papéis. Inclusive na nota que avisava que naquele dia a autópsia estaria finalizada. O horário ainda era de expediente, talvez conseguissem entrar em contato. Virou a cabeça em direção à copa e falou mais alto, a fim de que o soldado pudesse escutá-lo. - Soldado Erl, onde fica prisão da cidade? Qual a distância dela em relação ao rio e à represa?

    Apontou com o dedo tamborilando para a ficha criminal. Pelo que dizia, Morgan Happer deveria estar preso, condenado por assalto a mão armada há pouco mais de 2 meses. Ainda falando com o soldado, disse: - Quando fizer a gentileza de trazer o café, ligue para o Dr. Carlson, ele já deve ter feito o autópsia ou, quem sabe estará no meio dela e já poderá nos dar um laudo preliminar. - Botou o papel na máquina de escrever e começou a datilografar. "Notas de Ludovic Bardin sobre o caso 38-1920, Quebec, Canadá"

    *Se fizer bom tempo.
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    Mensagem por Convidado Ter Jan 23, 2018 7:23 pm


    Allan Weiss

    Uma bufada desdenhosa é encoberta pelo grosso bigode de Allan, na sua cabeça se perguntava "que tipo de pessoa pede uma bebida durante o trabalho?". Agradecia por Erl, ele parecia ter mais bom senso que os demais, ao contrário de Ludovic que sugestionou que aquilo não era um momento tão sério, que não era trabalho.


    -Oh, engraçado. Se não pode ser chamado de trabalho, me pergunto o que fazemos olhando o caso? Respondia ríspido ao final da frase do francês, o que era ainda mais agravado com seu sotaque alemão, na verdade, a própria fala ríspida era uma característica de sua terra.


    Por sorte o rapaz poderia ser descrito como estoico e ao invés de alongar qualquer discussão preferia ler os documentos da investigação. Primeiro a análise médica preliminar, passa os olhos rapidamente por ela, anotando mentalmente os detalhes das medidas dos cortes e então foca seu olhar na foto, deixando os pensamentos vagarem.


    Excluiu alguns pensamentos enquanto guardou outros, logo após se dirigiu a Erl -Senhor Erl, agora no inverno é a época de hibernação dos ursos correto? Tem chances de encontrar algum acordado pelas redondezas? Ou algum animal que poderia fazer isso? Faria a ultima pergunta trazendo a foto a altura da sua cabeça, virada para o policial. Agradeceria pela resposta com um aceno.


    Olharia por fim os demais papeis enquanto fazia outra pergunta. -Vocês já tem alguma suspeita? Ou acharam algo pertinente? Dessa vez se dirigindo a todos, passando seu olhar de forma ampla pelo recinto. Após as respostas manearia levemente a cabeça em concordância com as possibilidades antes de se recolher a algum canto e voltar a raciocinar.

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    Mensagem por Shura Qua Jan 24, 2018 3:11 pm

    Ao sentir o chão gélido da delegacia, Arturo levanta os pés, impedindo-os de tocar o chão. A posição era meio cômica e o jovem chileno parecia não notar isso. Num tipo de malabarismo em cima do banco, visto que não queria colocar os pés no chão, ele desliza para perto de sua bagagem e procura suas botas, com as quais costuma caminhar pela floresta, calçando-as conforme as encontra na desarrumação que era sua mala.

    Arturo observa a careta feita por Erl conforme o mesmo se nega em oferecer algo mais forte do que café, ouvindo as respostas de seus companheiros em seguida. Percebeu a piscadela de Ludovic, mas não entendeu-a completamente ou não quis fazê-lo. - Apesar de acreditar no trabalho como moldador de caráter e moral, é no trabalho desenfreado que esqueceremos nossas raízes e vontades... Seria maravilhoso fazer um tour pelos bares locais, mal posso esperar! - A voz de Arturo era calma e clara, apesar do leve sotaque latino. Sua fisionomia permanecia inalterada. O tom de voz era o mesmo usado anteriormente, quando perguntara por uma bebida mais forte. Aquele era um simples comentário a resposta de Erl, sem a intenção de confrontá-lo. Saíra quase automaticamente.

    O som da gaveta sendo aberta tomou a atenção de Arturo, que voltou seu rosto para a mesma. Aquele som não era desconhecido para o mesmo,
    porém lembrava-se dele em intensidade maior: quando as celas eram fechadas e ele se encontrava do outro lado das mesmas. Arturo levanta-se do banco, já calçado apropriadamente e pega uma das cadeiras dispostas na delegacia, levando-a para perto de seus companheiros e sentando-se a mesma. Conforme seus parceiros finalizavam as leituras dos respectivos documentos, o patrulheiro pegava-os um por um, lendo cada um de forma rápida, o que poderia demonstrar desinteresse para seus colegas. Não deixaria a análise médica de lado, visto que nunca tivera um documento desse tipo em mãos e essa era uma oportunidade de ler algo do tipo.

    Ao ouvir a indagação do alemão, Arturo dá de ombros. Após fazer uma rápida cara de pensativo, resolve falar, ignorando toda a situação que poderia ser advinda de seu ato. - Bom, se o falecido deveria estar preso no momento em que foi morto, acho que tudo recai sobre o exato local em que estamos e as pessoas do mesmo... - Após uma breve pausa, em que o mesmo aparentemente não percebera a gravidade de suas palavras, ele volta a continuar. - Ele pode não ter sido preso, mas isso também é estranho, visto que estava sob julgamento e foi considerado culpado...
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    Mensagem por Convidado Qua Jan 24, 2018 3:32 pm


    Allan Weiss

    Allan ouve a hipótese do rapaz latino-americano e não consegue deixar de franzir o cenho enquanto pensa na péssima escolha de palavras que Arturo fez. -Também existe a possibilidade dele ter fugido. Pausa, pensativo, enquanto sua atenção se movia para Erl -Talvez o senhor possa nos esclarecer exatamente como esse homem estava fora das grades, por gentileza?

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    Mensagem por Matusael Sex Jan 26, 2018 6:50 pm



    Quebec, Quebec, Canadá


    5th Police Station - 6 de Janeiro de 1920, 4:30pm


    [!ON!] Investigação em Andamento Cafe-b10

    Arturo não aturou o incômodo dos pés descalços naquele frio por muito tempo e logo tratou de buscar por suas botas dentro de uma de suas malas. Os pés dentro do couro seco era como um bálsamo milagroso em meio à doença.

    A sequência de ações de Erl levaram a diferentes reações por parte do grupo de estrangeiros. Dentre o incômodo claro na expressão de Ludovic com o ruído alto da gaveta, seguido por usa observação sobre lubrificar aquele equipamento; a contrariedade demonstrada pelo Dr. Weiss ao comentário apaziguador de Ludovic sobre o assunto do álcool no trabalho;
    o complemento de Arturo sobre aquelas questões, traçando um paralelo entre o excesso de trabalho e a liberdade individualista da vida, terminando por aceitar o convite de bebedeira sugerido pelo policial. Este, por sua vez, observava o discurso de cada um, vestindo uma expressão cômica de estranheza com a mistura de sotaques e divergências nas opiniões entre eles. Segurou o ímpeto de rir, mas não conseguiu deixar de transparecer o sorriso trancado abaixo dos bigodes.

    Ele pareceu pensar a respeito da primeira pergunta que fora atirada a ele, feita pelo detetive de barriga larga depois de sua análise inicial a cerca dos documentos do caso. Depois de uma leve careta na cara rechonchuda, que parecia invocar os conhecimentos ocultos em sua mente, respondeu sem muita propriedade.

    - Eu não sei ao certo, mas bastante longe. A prisão fica do lado oposto da cidade, mais ao sul. A represa fica ao norte daqui. Estamos agora mesmo mais próximos da represa do que da prisão.

    A essa altura, ele já havia terminado de preparar o café, feito enquanto os senhores estavam averiguando os documentos. O aroma da infusão encheu o ambiente. Saiu da copa com uma grande garrafa metálica. Ele trouxe também quatro xícaras, com pires. Colocou sobre a bancada, longe dos papéis e começou a servir o líquido fumegante em cada uma das xícaras. Foi nesse momento que veio o pedido de Ludovic acerca do contato com o Dr. Carlson. Erl se ergueu enquanto tampava a garrafa, corrigindo usa postura e ajeitando o uniforme.

    - Nós não temos um telefone aqui. Ainda não são muito comuns na cidade. Temos apenas um na prefeitura, um na prisão, um no prédio do departamento de justiça, um na brigada de incêndio e um no hospital central. Os outros telefones instalados na cidade são de residências particulares, de um pessoal mais afortunado. Em vez disso posso tentar passar um rádio para ver se a patrulha está próxima ou tem condições de chegar até o hospital. - Terminando o retorno ao francês, Erl emendou sua fala, aproveitando a atenção que tinha sobre si. - Aqui está o café. Podem se servir à vontade. Vou trazer os biscoitos também. - E caminhou em direção à copa mais uma vez.

    Quando Erl voltou com o pote de vidro cheio de biscoitos redondos de polvilho, foi a vez do alemão lhe direcionar uma pergunta. Para essa, ele deu de ombros.

    - Não saberia dizer, mas raramente existem ataques de urso longe do centro da floresta ao norte. Geralmente são caçadores. Ursos não chegam tão perto assim da cidade, e são poucos, até onde eu sei. E não existem outros animais selvagens nas redondezas capazes de fazer isso a um homem.

    O comentário do assistente florestal veio um pouco depois, quando Erl já se sentava em sua cadeira à estação de rádio, munido de sua xícara de café quente e um punhado de biscoitos nas mãos, isso depois de ter deixado o pote de biscoitos ao lado da garrafa de cafés. Erl pareceu não se incomodar com o que quer que tivesse sido insinuado pelo garoto. O complemento de Allan foi mais bem pontuado, fazendo o policial balançar a cabeça positivamente antes de responder.

    - Quem o prendeu dessa última vez foi o pessoal da primeira estação. Temos aqui cinco estações de polícia e nem sempre nos envolvemos em todos os assuntos. De qualquer forma, a maioria dos crimes cometidos na cidade são menos violentos. Ouvimos o que acontece na América e ficamos aturdidos com a violência praticada pelas gangues e a máfia. Não temos nada parecido aqui. Quando ocorrem assassinatos, e são raros, são passionais ou por motivos torpes, geralmente brigas de bar. Raramente existe morte em disputa de terras, mas é um caso específico de duas famílias que se odeiam na área rural a leste do condado. - notou que estava falando demais, se afastando do foco da pergunta do doutor alemão. - De qualquer forma, esse Happer estava recorrendo em liberdade. Não foi preso em flagrante, e jurou de pés juntos que dessa vez ele não era culpado. Compareceu a todas as audiências do processo, tinha endereço fixo e estava trabalhando como motorista de entregas de um mercado. Se querem saber, o detetive acreditou nele. Ele era o típico trapalhão, não sabia ser bandido, mas pareceia ter má índole. E talvez seja melhor guardar essas perguntas para o ser. McCam, ele que deveria guiá-los com o caso. Eu sei pouca coisa do ocorrido. Li o boletim e vi a foto, mas nada além disso. Não é da minha alçada, se é que me entendem.

    A fala do policial gordo deixava claro que ele era um homem simples e simpático. Era o tipo do policial que sabia, muito bem, seguir ordens. Tinha algum conhecimento da lei, provavelmente conquistado com a experiência da profissão, e não pelo estudo.

    Os cavalheiros ouviram as tentativas falhas de Erl tentar contato com a patrulha policial. Não houve respostas em nenhuma das tentativas. Decidiu então tomar seu café e comer seus biscoitos, esperando por novas abordagens por parte dos ilustres desconhecidos. O frio ainda era intenso, apesar de os senhores estarem se acostumando ao ambiente, mas certamente aquele café ajudaria a aquecer o corpo, ou pelo menos o espírito.
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    Mensagem por Bravos Dom Jan 28, 2018 12:44 am

    Ouviu calado a resposta ríspida do alemão. Gente tediosa que não sabia aproveitar dos momentos simples da vida... Considerou mentalmente. Não valia a pena abrir uma discussão por um gracejo. Não com aquele frio e sem nenhum álcool que pudesse acalorar os ânimos. Porém, Ludovic ficou intimamente feliz ao ver a cara de perplexidade e leve riso do soldado Erl. Preferia a ligeira simpatia entre conhecidos de vista. Quando o soldado lhe respondia que a prisão ficava longe da represa e mesmo de onde estavam, tomou as notas no papel que estava datilografando.

    Erl trazia o café, e Ludovic foi o primeiro a levantar e se aprochegar da garrafa e das xícaras. Naquele frio era um imperativo um café quente. Serviu-se enquanto o senhor explicava que não havia tantos telefones na cidade. Balançou a cabeça de um lado para o outro mentalizando o fato. - Pois bem, vamos passar esse rádio, se possível pedindo para que tragam o Dr. Carlson aqui. Precisamos saber com exatidão o que aconteceu, causa mortis, horário aproximado, tudo... - Bebericou o café e logo quando o soldado voltava com os biscoitos, colocou alguns em seu pires. Sentia falta de um croissant, uma geléia e quem sabe uma fruta. Talvez fosse pedir demais.

    O assunto passou então para a possibilidade de ataque de ursos. "Sincèrement..." Não teriam tirado um detetive da França, um médico da Alemanha e um patrulheiro dos Estados Unidos, mas natural Chile para investigarem um ataque de ursos. Mas não falou nada disso que lhe passou pela cabeça aos seus colegas. Toda hipóteses era válida até ser descartada. Quando o assunto voltou para Happer, a vítima e suspeito, voltou a prestar atenção. Seu Pall Mall agora estava apenas uma pequena bituca. Deu a última tragada antes de apagá-lo num cinzeiro ali em cima.

    - Por que o detetive daria tanto crédito a um senhor que já fora preso diversas vezes anteriormente? Evidente que ele poderia ser inocente desta vez, mas daí a deixá-lo recorrer em liberdade há um salto de confiança um pouco grande... - Parou e refletiu um pouco. - Se talvez o detetive o tivesse mantido preso ele não estaria morto agora. - Deixou aquela verdade incômoda ocupar o silêncio e sentar-se numa das cadeiras. - Isso nos leva a talvez cogitar quem era o verdadeiro culpado do assalto e se ele teria algum motivo para querê-lo morto.

    Tomou do café novamente e sentou-se novamente à máquina, onde fez mais anotações acerca daqueles novos fatos. - Soldado Erl, por acaso saberia dizer onde era o domicílio de Morgan Happer? Por que ele perambulava próximo à represa no dia 3 de janeiro? Seria talvez alguma rota de entrega do mercado? Conhece talvez o dono do mercado? Poderíamos lhe fazer algumas perguntas. - Levantava hipóteses e as jogava no ar. Catou um dos biscoitos de polvilho e o colocou na boca, mastigando-o longamente até que aquele sabor estivesse presente em toda sua boca. Notou que as tentativas de emissão de rádio não obtiveram respostas. - Não desanime, caro amigo. Tente passar o rádio de quinze em quinze minutos. Eventualmente, além de contactarmos o Dr. Carlson, poderemos mesmo ser 'resgatados' e termos uma noite mais agradável de sono.
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    Mensagem por Convidado Seg Jan 29, 2018 6:36 pm


    Allan Weiss

    O perfume do café preenche o ambiente silenciosamente. As respostas do policial não continham informações diretamente úteis, mas era o suficiente para levantar ou descartar algumas hipóteses, como o próprio francês não demorou a fazer. Mas para o médico parecia ser inútil fazer mais perguntas ao policial, o homem deveria estar quase tão perdido quanto os estrangeiros.


    E imerso, nesses pensamentos, Allan passa a observar o vapor quente da bebida subir e travar sua silenciosa batalha com o frio do ambiente, antes de desaparecer. Após algum tempo observando se levanta e pega uma das xícaras, tomando um longo gole do café, não deixa de dar um suspiro de alívio ao sentir o líquido, e seu calor, se espalhar pelo corpo. Não quis os biscoitos, não deixava de pensar que preferiria muito mais alguns pães para comer se fosse o caso, mas não estava com fome no momento.


    Após mais alguns goles Allan acaba a sua xícara de café. Trata de enche-la novamente e sem demora retornar a sua cadeira, bebendo pequenos goles apenas para prolongar a duração da xícara. -Obrigado pela café. Fala o legista agradecendo ao “anfitrião” com um sorriso, mas era difícil notar o sorriso sobre o pesado bigode.


    Sentou-se por fim na sua cadeira e deixaria o resto nas mãos do detetive francês, afinal, ele era o detetive. Mas ao ter esse pensamento outro o ocorre: Por que eles queriam ele, um médico legista, se já tinham um médico legista? Era para ser uma segunda opinião? E para isso trariam um médico da Alemanha?


    As coisas pareciam fazer cada vez menos sentido, Allan recorda-se também do caderno cheio de casos incógnitos do seu pai, não estaria ele encontrando seu próprio caso sem solução nesse momento, estaria? Esses pensamentos nublam sua mente, mas o rapaz trata de espantá-los com outro gole de café. Voltaria então a focar sua atenção sobre o desenrolar da investigação e as tentativas de se comunicar pela rádio.

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    Mensagem por Shura Ter Jan 30, 2018 11:19 pm

    Arturo automaticamente abriu um sorriso ao sentir o cheiro do café que tomava conta de todo ambiente. Não se demorou para avançar em uma das xícaras e preenchê-la totalmente, tomando um primeiro gole cedo demais e ferindo um pouco sua língua e paladar. Na volta de Erl, Arturo tomou uma mão cheia de biscoitos e voltou a sentar-se junto aos papéis, enquanto comia e bebia. Tinha um lema que costumava reinar na mente do chileno de forma inconsciente: sempre coma o máximo que puder em todas as refeições - principalmente as grátis - pois nunca se sabe quando terá uma nova oportunidade. Ao ouvir os comentários de Erl sobre a violência na América, Arturo complementa:

    - A violência na América não passa de um produto exportado pelo homem branco colonizador, como é feita em todas as colônias antigas e atuais.
    Não sei o que houve com o Canadá nessa equação, é como se ele fosse um ponto fora da curva... -
    Arturo se cala por alguns momentos, pensando enquanto comia e tomava café. - Talvez esse seja o ponto de partida para que isso ocorra nessas bandas. - Ele finalizava com um sorriso simples, sem maldade.

    Arturo se cala novamente, voltando a comer e beber o café. Seus pensamentos iam a mil, por outro lado, e quase nenhum fazia parte do caso. Queria pegar seu caderno de anotações e escrever sobre o que estava pensando daquelas terras e pessoas que conhecera, suas primeiras impressões locais.
    Ouvia sem atenção as argumentações de Ludovic e imaginava que ele era um detetive competente, pelo menos no aspecto intelectual. Ao finalizar o café e os biscoitos, Arturo deixa a xícara e pires junto a garrafa metálica e se dirige a seus pertences, pegando um pequeno caderno e lápis. Volta para se sentar onde estava e começa a escrever de forma desenfreada e desordenada. Se alguém conseguisse ler o que o mesmo estava escrevendo, veria que nada tinha a ver com o caso - mesmo se fosse relacionado, o estilo de escrita do chileno era tão desorganizado que talvez nem ele fosse entender o que estava ali. Eram as primeiras impressões que Arturo fazia de toda aquela empreitada.
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    Mensagem por Matusael Sex Fev 02, 2018 6:27 am



    Quebec, Quebec, Canadá


    5th Police Station - 6 de Janeiro de 1920, 5:00pm


    [!ON!] Investigação em Andamento Janela10

    O café e biscoitos pareceram apaziguar os ânimos, principalmente por que fazia com que todos ficassem de boca cheia, portanto, mais calados. Entretanto o alegre detetive francês parecia realmente gostar de falar, pois ao longo dos últimos minutos descarregou um punhado de perguntas para Erl que ouviu tudo com o máximo de atenção que podia, enquanto saboreava seus biscoitos. Por fim, quando pareceu que o fôlego do detetive havia terminado, o policial deu de ombros com um sorriso amarelo.

    - O senhor terá que perguntar para o detetive McCam. Eu não sei responder nenhuma dessas perguntas. Sinto muito. Mas posso continuar tentando contato via rádio.

    Erl também respondeu cordialmente aos agradecimentos que lhe foram feitos sobre o café. Mas os outros repararam que ele procurou ficar mais quieto depois daquilo, interagindo apenas com o aparelho de rádio.

    Arturo, por sua vez, parecia alheio ao foco do trabalho, fazendo um comentário abstrato sobre a questão da violência, como se falando com ninguém em particular, mesmo que tivesse relacionado com algo que Erl havia dito. Este se virou na cadeira para observar o rapaz enquanto ele falava. Por fim pareceu não entender completamente o que o garoto dissera, isso ficou fácil de se captar quando sua cabeça entortou para o lado antes de balança-la positivamente e voltar a seu afazer. O assistente de patrulheiro passou a fazer diversas anotações desconexas em seu caderno.

    O mais taciturno, porém, era o doutor Weiss. Não falara muito mais depois de agradecer pelo café. Parecia absorto em sues pensamentos e deixou Ludovic à vontade com suas perguntas e teorias.



    O tempo passou lentamente, mas lá se foram algumas horas com os homens conversando e falando sobre suas teorias e interesses. Se aproximavam das 8pm quando repararam numa mudança repentina do som no ambiente. A nevasca aparentemente diminuíra de intensidade, passando para uma chuva mais controlada. Erl caminhou até perto da porta da entrada, olhando pela janela enquanto esfregava as mãos, a fim de aquecê-las.

    - A nevasca está cedendo, mas a situação lá fora ainda não é nada boa. Temo que realmente terão de passar a noite aqui. Falando nisso, onde preferirão se acomodar?

    Ele auxiliou cada um a se instalar onde cada um escolheu, fosse nas celas, fosse no banco de espera. O lugar parecia mais frio do que antes, fazendo com que um vapor condensado escapasse do halito dos homens enquanto falavam. E, se é que era possível, o ambiente parecia mais escuro.

    Depois de ajudar cada um dos cavalheiros, o policial voltou para sua estação de rádio, tentou contato mais uma vez. Em vão. Desistiu então de continuar tentando. Pediu desculpas a Ludovic, dizendo que tentaria novamente no primeiro horário da manhã. Ele também avisou a todos que ficaria de vigília, e poderiam dormir sossegados. Caso algo mudasse, ele os acordaria. Restava saber se algum deles realmente conseguiria dormir aquela noite com as condições adversas que se apresentavam.




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    Mensagem por Bravos Sex Fev 02, 2018 3:12 pm

    Os nobres companheiros não pareciam estar muito abertos para conversas e isso de certa forma desestimulava um pouco Ludovic. Deixou de expressar as possíveis teorias que já podiam ser vislumbradas. As colocava não porque estivesse afoito ou profundamente interessado no caso, mas como um exercício de elucubração mental e oportunidade de conversar com os consultores que foram trazido de lugares tão diversos. Tomou as notas que precisava para si na máquina de escrever e tirou o papel, dobrando-o com cuidado e colocando no bolso interno de seu sobretudo. A incapacidade do soldado Erl de responder seus questionamentos não o abalaram. Já havia notado que aquele senhor tinha muito boa vontade, mas aparentemente só isso. Acendeu um outro cigarro e fumou-o bem lentamente, conversando nas poucas oportunidades que apareciam.

    O tempo não parecia melhorar, mesmo com o fim da nevasca. Já chegava o momento de se acomodarem nas 'luxuosas' celas daquele departamento de polícia. - Eu ficarei na cela mais próxima, à direita do corredor. Ocasionalmente eu me levanto para ir ao banheiro ou beber uma água e não gostaria de estar incomodando os senhores com idas e vindas. - Com o auxílio do soldado levou suas coisas e se instalou na cela. O frio começava a incomodar mesmo com a grossa barriga que lhe protegia do frio tanto ou mais que suas roupas. Ainda tornou a voltar próximo a garrafa de café, tomando uma nova xícara. - Espero que não me dê insônia, mas esse frio está pedindo que tome mais. - Sorriu simpático com o comentário. Ouviu o Soldado Erl lhe avisar que tentaria com o rádio no primeiro horário da manhã. Assentiu com a cabeça. - Esta nevasca acabou com os planos de todos, certamente. - E virando-se para os companheiros saudou-os. - Bonne Nuit, chers amis. Acordem-me de manhã cedo se eu demorar a acordar. Iremos tomar café num lugar decente. Não posso passar outro dia sem uma refeição digna.

    Recolheu-se a sua cela e deixou como pode a cama confortável. Ou algo parecido com isso. Deixou o sobretudo e antes de deitar-se releu as anotações que ele mesmo fizera. Acenou sozinho com a cabeça e sentou-se na cama. Suspirou profundamente e deitou-se. Ludovic ainda levaria um tempo para conseguir adormecer. Era um homem acostumado com certo luxo e a cama dura da cadeia dificilmente permitiria que ele dormisse logo.
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    Mensagem por Convidado Dom Fev 04, 2018 8:27 pm


    Allan Weiss

    A noite avançava, tão silenciosa quanto o sala da delegacia tinha se tornado. E como uma boa companheiro, a noite sempre trazia o sono consigo. Allan movia por costume a mão para coçar seus olhos, mas para no meio do gesto, pois notava agora o barulho da chuva do lado de fora. O médico não deixa de se alegrar com a perspectiva do fim da neve, mas isso era assunto para amanhã, como Erl mesmo lembrava ao perguntar, era hora de se acomodar e ter algumas horas de sono.


    Allan abafa um bocejo e se levanta, indo pegar sua mala que tinha ficado em um canto da recepção. Depois de pega-la iria se virando para ir em direção as celas. -Vou dormir um pouco em uma das celas senhor Erl, então boa noite para os senhores. Encobriria outro bocejo antes de continuar -Qualquer coisa não hesitem em me chamar. Indagava já entrando no corredor que dava para as celas e seguindo para a cela da esquerda. Ao entrar iria deixar sua mala com todos seus pertences no canto da sua cama, tiraria os sapatos, e as meias, que colocaria dentro do sapato, deixando-os também do lado da cama, trocaria por outras meias da mala logo em seguida, afinal estava frio de mais para ficar sem um par de meias.


    Por fim se deitaria virado para a parede, fecharia os olhos, mas não dormiria ainda. Repassava em sua cabeça tudo que acontecera hoje, tinha muitas dúvidas sobre essa situação, não só sobre o caso, mas sobre ele e os outros convidados a esse lugar, talvez fosse só paranoia, mas sua intuição dizia para ele tomar cuidado, e nesses poucos anos, ele tinha aprendido a confiar nela. E assim ficaria, até o sono vencer o desconforto e as dúvidas, para então adormecer.

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    Mensagem por Shura Ter Fev 06, 2018 1:11 am

    Após boas horas divididas entre conversas e escritas, Arturo resolveu se recolher junto a seus colegas. Acenou positivamente para a fala dos dois, buscando mais alguns biscoitos antes de se retirar. Gostaria que amanhã não caísse uma tempestade como aquela, pois dessa forma poderia dar uma olhada melhor em Quebec, além de existir a possibilidade de ir a algum bar ou dar uma bela caminhada durante a noite.

    Diferente de seus companheiros, o chileno optou por permanecer no banco de visitas da delegacia, dando um jeito para deixá-lo mais confortável.
    Arturo era acostumado a dormir em lugares não muito agradáveis e aquilo não seria um problema. Apesar disso, o chileno sofria de uma insônia crônica que o atingia dia-sim-dia-não, e aquele poderia ser uma das noites em que passaria vidrado. Considerando isso, procurou uma posição que houvesse uma fonte de luz mínima e de sua bolsa retirou um exemplar recém-traduzido para o inglês do livro Ética, de Spinoza, que leria noite adentro, se fosse o caso.

    O patrulheiro dormiria de botas, além de retirar suas vestimentas de patrulha da bolsa de viagem para se agasalhar melhor, como as luvas, a jaqueta e o boné. Se fosse o caso, apelaria também para o cobertor. Diferente de seus companheiros, em momento algum o caso passara pela mente do patrulheiro enquanto o mesmo tentava descansar. Sua mente divagava pelo território do Canadá que havia sido recém explorado, e Arturo se perguntava se deveria passar um tempo por aquelas bandas, medindo os prós e contras num tipo de balança mental. Em seu âmago, sabia que aquilo não ajudaria-o realmente a decidir algo, visto que era preciso apenas um singelo acontecimento para fazê-lo resolver partir ou ficar.
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    Mensagem por Matusael Qua Fev 07, 2018 5:50 pm



    Quebec, Quebec, Canadá


    5th Police Station - 7 de Janeiro de 1920, 3:15am


    [!ON!] Investigação em Andamento Manins10

    Cada um dos cavalheiros decidiu o lugar onde descansar àquela noite. Descobriram que as camas das celas eram bastante aceitáveis, mesmo com os colchões relativamente finos, era suficiente para passar a noite.

    Ludovic e Allan escolheram para si uma cela cada um, enquanto Arturo se acolheu num dos longos bancos de espera do hall de entrada da delegacia, próximo à porta.

    Antes de deitar, o detetive francês ainda tomou um pouco mais de café. Por um lado ajudou a aliviar um pouco o frio, por outro fez com que ele demorasse um pouco mais para pegar no sono.

    O Dr. Weiss não teve problemas para dormir, se aconchegando em sua cela, o sono logo veio. O espaço menor parecia um pouco menos frio do que o comodo principal da delegacia.

    O assistente de patrulheiro, por sua vez, se recostou no banco de qualquer jeito, acostumado com aquele tipo de situação. Se colocou a ler um livro que trouxera na bagagem e demorou bastante tempo para dormir. Viu quando Erl apagou as luzes do corredor das celas e do hall de entrada. Aparentemente não tinha notado que Arturo ainda não tinha pego no sono, achando que estava fazendo uma gentileza ao apagar a luz para não atrapalhar o rapaz a dormir. A única iluminação agora ficava no centro da grande sala.

    O policial ficou sentado em sua cadeira à frente da estação, lendo jornal e eventualmente comendo mais biscoitos. E foi assim ao longo de boa parte da noite.




    Ludovic Bardin

    Ludovic abriu os olhos no escuro. De alguma forma, sabia exatamente que horas eram. Não sabia ao certo por que havia despertado, mas sentia um aperto no coração, como se algo o tivesse assustado, talvez um pesadelo, mas não se lembrava de ter sonhado. Notou que não havia reflexo de luz vindo de fora da cela, estava um breu completo ali. Começou a se virar na cama, quando teve a impressão de ouvir um ruído. Parecia um grocho, mas vinha como um eco distante, de algum lugar fora da delegacia. Não dava para reconhecer sua origem ou de onde partia, mas certamente era algo alto o suficiente para ser ouvido à boa distância. Tinha sido ininterrupto por cerca de cinco segundos, depois parou. E com isso, voltou o silêncio. Aquele som agourento fizera o coração bater mais rápido. Agora se encontrava desperto em sua cela, num escuro cerrado, o frio levemente mais ameno do que no momento em que fora dormir, mas uma estranha sensação de solidão pela ausência da luz e de sons de outras pessoas.

    Instantes depois, foi capaz de ouvir o som de uma porta se abrindo e logo se fechando. O som vinha da sala principal da delegacia, junto com um som de movimento que se seguiu ao abrir e fechar da porta.




    Allan Weiss

    Allan despertou preguiçosamente em meio ao breu da cela. Seria uma simples mexida de meio da noite quando teve a real impressão de ouvir um ruído à distância. Parecia um tipo de rugido, mas devia estar a quilômetros de distância, trazido ao longe pelo fenômeno do eco. Esse rugido deixou o alemão um tanto aflito. Ouviu um som vindo da cela imediatamente à frente da sua logo que o provável rugido terminou, coisa de segundos. O local estava completamente escuro, o que era incomodo, pois não dava para saber se a porta da cela continuava aberta.

    Depois de alguns instantes, ouviu o som de uma porta se abrir e fechar ao longe, e alguma movimentação vinda da sala principal da delegacia.




    Arturo Madero

    Arturo estava cansado por ter demorado a dormir, e continuou dormindo. Em meio à escuridão do sono, ouviu um rugido vindo de algum lugar longe, do escuro. Parecia um animal grande e selvagem, talvez um leão ou uma pantera, não tinha como saber. Aquele rugido fez seu corpo estremecer, um frio percorreu a espinha, fazendo-o se agitar levemente. Teve vontade de se afastar dali, mas não sabia ao certo que direção seguir em todo aquele breu. Sentiu então um toque em seu ombro, tão real...

    O susto foi tão grande que saltou da cadeira de súbito, despertando de uma vez. Ao seu lado, conseguiu divisar uma silhueta em meio à penumbra, proporcionada por uma luz fraquíssima que entrava pela janela da grande porta ao lado.




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    Mensagem por Bravos Qui Fev 08, 2018 11:31 pm

    "Trois et Quinze! Putain... C'est quoi ça?" Sentiu o coração oprimido dentro do peito. Como se fosse fosse ele vivendo O Pesadelo que vira outrora nos museus e nas gravuras. Tudo estava escuro. Teriam apagado todas as luzes da delegacia? Nenhum fulgor de iluminação chegava aos olhos. Aquilo lhe incomodava de certa maneira. Já se mexia na cama pensando em levantar-se quando ouviu. Ouviu. Um ruído que vinha de longe. De fora. Porém alto. O miocárdio acelerou-se com aquela lamuria terrível que escutava. Que diabos era aquilo? O breu e o silêncio pareciam deixá-lo órfão.

    Então parou. Cinco segundos. Foi o tempo de durou o ruído. Ele sabia. Na sua mente vasculhou qualquer conhecimento que tivesse que pudesse explicá-lo [Teste de Ocultismo]. Sentou-se na cama no escuro. "Dieu..." Pensou consigo e passou as mãos roliças no rosto. Foi então que ouviu uma porta se abrindo na sala principal da delegacia. Seria alguém entrando? Saindo? Ouviu o rumor leve de movimento. Ainda no escuro se colocou de pé. Com rapidez tateou suas coisas até chegar aos equipamentos que trazia sempre consigo. Pegou a lanterna. Mas não ligou a luz ainda. Tateando, pegou também sua pistola. "Espero não ter que usar isso... Bordel... Aproximou-se com passos leves da porta. Pôs a mão na maçaneta e respirou fundo. Abriu devagar. Esperou. Deixou o ar frio entrar pela fresta. Procurou uma luz enquanto tentava prestar mais atenção aos seus ouvidos. Sabia que poderia escutar melhor que ver.

    Na falta de uma resposta melhor, terminaria de abrir a porta, ligaria a luz da lanterna e com ela verificaria os dois lados do corredor, já com a pistola em punho, preparado para atirar. Ludovic era um senhor agradável, decerto. Porém não lhe faltava em coragem coisa nenhuma. Estando o corredor para direita livre, viraria para a esquerda, onde estava a sala principal da delegacia. Verificaria se estava tudo no devido lugar, inclusive se estava lá Erl e o senhor Madero [Teste Observar]. Antes de adentrar na sala, verificaria a porta do Dr. Weiss. Se estava trancada e, se não, se ele estava dormindo. O acordaria, se fosse o caso. Para então seguir para a sala principal e verificar cada palmo daquele lugar.
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    Mensagem por Convidado Sex Fev 09, 2018 9:18 pm


    Allan Weiss

    Allan acorda grogue, ainda afetado pelo sono. Tranquilamente se vira, trocando de posição, para ficar mais confortável e então voltar a dormir. Mas antes de retornar ao seus sonhos, o médico tem a forte impressão de ouvir, ao longe, um rugido. Ele não se importou tanto com isso, deveria ser o sono causando essa confusão, mas então outro barulho se sucede na cela logo em frente a do rapaz, e isso o desperta de vez.


    O legista tratou de levar seus ouvidos ao máximo, atento a qualquer barulho. Se conseguisse confirmar que a cela em que estava se encontrava vazia, sem barulhos ou indicação de qualquer presença, sem hesitar, mas de forma suave, Allan moveria sua mão em direção a bolsa que deixara do lado da cama. Pegaria lá o seu revólver, que sempre carrega para proteção pessoal, junto a três balas, que sem demora, carregaria no revólver e o engatilharia para então sair da sua cama.


    Tatearia, no vazio, até onde lembrava ser a porta, se a encontrasse fechada, abriria, ou apenas a atravessaria se tivesse aberta. Olharia pelo salão na procura dos que ali ficaram, e da causa do barulho que tinha surgido dali, e então iria em direção ao quarto de Ludovic, para verificar a fonte do barulho que o despertou de verdade.

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