Quebec, Quebec, Canadá
5th Police Station - 6 de Janeiro de 1920, 3:40pm
O horário dizia que ainda era dia, mas o céu e o clima pareciam contrariar isso. O lado de fora da delegacia era um mar branco, com a neve caindo incontrolavelmente sob um céu escuro e carregado. Por sorte os estrangeiros haviam chegado antes de a tempestade começar. Foram trazidos de trem por um oficial da polícia de Montreal, onde haviam desembarcado de diferentes aviões, cada um vindo de um lugar diferente do mundo. Na estação de trem foram apanhados pelo policial Erl que lhes trouxeram havia quase meia hora até a delegacia.
A delegacia era uma construção relativamente nova, fundada depois da virada do século. Sua alvenaria era de boa qualidade e formava paredes grossas e bem acabadas que mantinham o frio do lado de fora. O aquecimento, entretanto, era um pouco arcaico. Duas caldeiras divididas nas extremidades da delegacia tinham a difícil tarefa de espalhar o vapor quente por todos os ambientes. Não eram suficientes e todos ali estavam minimamente agasalhados.
- Por Deus, essa nevasca não vai parar tão cedo. - disse o soldado Erl ao observar pela janela ao lado da porta de entrada.
Erl tinha recebido os recém chegados à delegacia. Era um homem corpulento, um pouco acima do peso, de pele branca e fina, com mãos grandes e roliças. Tinha, sob um largo mustache, um sorriso fácil, que fazia transparecer a idade nas marcas enrugadas ao redor dos olhos. Devia passar dos cinquenta. O uniforme de polícia que usava era preto e os botões mostravam uma resistência notável ao resistirem a força que a barriga fazia contra eles. O uniforme estava limpo, mas a barra da calça apresentava uma umidade característica de quem havia andado na neve, tal como os três estrangeiros ali também estava. O sapato estava um gotas de água. Por cima do uniforme, usava um casaco de lona leve de cor azul escura com um capuz puxado para trás.
Os convidados, como ele os denominara, estavam sentados dispostos em dois longos bancos na recepção da delegacia. Era notável o pouco movimento na delegacia, pelo menos naquele horário e com aquele tempo, afinal eram os quatro homens os únicos presentes no local. Logo à frente do pequeno corredor que servia de hall de entrada estavam duas baias simples de madeira, com uma pilha de papel em cada uma; ao lado da baia esquerda, havia um criado mudo alto, com algumas edições de jornal empilhados sobre o mesmo. Logo atrás, num vão mais aberto, três escrivaninhas, também de madeira, eram dispostas numa organização duvidosa que lembrava um triângulo. Sobre uma delas havia uma máquina de escrever. As outras tinha apenas pilhas de papeis, pastas pardas e utensílios de escritório. Ao lado de uma delas, a que continha a máquina de escrever, havia um armário de arquivos com algumas etiquetas desgastadas fronteando as grandes gavetas. E logo atrás das mesas, uma porta de ferro gradeada, com uma grande tranca. O corredor além dessa porta estava escuro, de forma que não se podia enxergar muito além da porta. Haviam ainda à vista duas outras portas na sala, ambas pelo lado direito; as duas eram de madeira com trancas simples.
Um chiado no rádio, contido numa pequena estação que ficava no extremo das baias, quebrou o som da nevasca.
- Detetive McCam para a Quinta, Câmbio.
Detetive MaCam era o responsável por auxiliar os investigadores naquele caso. Oficialmente ele era o responsável pelo caso e era o contato dos estrangeiros para ir e vir dos locais onde achariam necessário para conduzir a investigação. As perguntas pertinentes ainda deveriam ser feitas a ele. Erl se apressou para atender o chamado do detetive ao rádio. Apanhou o microfone desconcertadamente e apertou um botão do surrado painel emadeirado antes de responder.
- Erl na escuta. Prossiga.
- Não conseguiremos ir a lugar algum hoje. Acredito que seja perigoso sair da delegacia com esse tempo. Arrume acomodações para os convidados. Amanhã pela manhã veremos como está o tempo e aí decido se vou até a delegacia. Câmbio desligo.
O policial se virou para os três com um ar desanimado. Coçou a cabeça antes de falar, um pouco desconcertado.
- Bem. Não temos exatamente acomodações. Os senhores podem escolher entre esses bancos de espera ou as camas simples das três selas que temos. Todas estão vazias e eu deixarei as portas abertas, é claro. Realmente não tem para onde ir com essas condições do tempo. Irei fazer um café agora e temos biscoitos de polvilho em estoque aqui. Fiquem à vontade.
Ele andou a passos largos até uma das portas de madeira e abrindo-a, revelando uma copa. Ali ele ligou alguns disjuntores, acendendo a luz da copa e do corredor além da porta de ferro. As lâmpadas elétricas forneciam uma iluminação baixa e lúgubre, deixando os cantos dos ambientes um pouco escuros. Ele colocou a cabeça para fora da porta.
- A porta de ferro está aberta. Se quiserem usar as mesas, podem ficar à vontade. Vou utilizar apenas a cadeira da estação de rádio. - E sumiu copa a dentro, deixando os convidados a sós pela primeira vez.
- Orientações:
- Peço que decidam onde cada um vai "repousar" e deem seguimento à narrativa. Quero dizer que as escolhas em jogo sempre farão diferença nos resultados. Um exemplo disso é o lugar onde decidirão repousar. Quero deixar isso claro por que algumas cenas já tem um resultado pré-determinado e afetarão os personagens diretamente. Então se algo inesperado ocorrer com um ou outro personagem mais de uma vez, não é perseguição, mas uma série de escolhas infortunas.
Dúvidas, questionamentos ou sugestões, podem postar lá no tópico off pra gente ir sanando ponto a ponto. Não façam postagens sem tirar todas as dúvidas que tiver, pois uma interpretação errada pode causar uma consequência grave dentro do jogo e não vou permitir "voltar atrás" em nenhuma cena. Caso eu cometa alguma falha, por favor me avisem ANTES de postarem.
Bom jogo, e boa diversão! ^^