O Assassino

~ Conversa de Orc ~

Durante a noite em que descansavam depois que atravessaram a densa floresta da região oeste do fragmento de continente, o grupo de Espectro e seus companheiros de crime foi surpreendido por uma patrulha orc. Os criminosos lutaram o melhor que puderam, mas Espectro pôde ver diante de seus olhos a furiosa guerreira que liderava o grupo, Mewghoah, cair após receber um golpe em sua nuca de um dos Orcs montados em Worgs.

O ladino combateu o máximo que pôde, mas suas habilidades de combate corpo-a-corpo não eram devidamente lapidadas, fazendo com que desmaiasse após ser atropelado por um Orc montado... Sua cabeça se chocou com o chão duro do local e suas memórias se fecharam ali.

Depois de um tempo indeterminado, Espectro começou a sentir como se estivesse sendo arrastado pelo chão... Seus braços estavam jogados para trás e seus pulsos estavam amarrados. Quando abriu seus olhos foi cegado instantaneamente pelo brilho do Sol forte ao se deparar que estava com a face voltada para o céu.

O homem estava deitado e sendo puxado pelos pés amarrados por um Worg que tinha um orc montado guiando-o. Começava a sentir agora um ardor em suas costas, como se estivesse sendo arrastado a algumas horas... Olhando para os lados percebia que cerca de outros dois orcs montados acompanhavam o grupo, incluindo também três goblins a pé.

Percebia também que estava sem sua armadura, armas e mochila, mas a mesma podia ser avistada pendurada ao lado do Worg que o carregava, com o que pareciam ser seus outros equipamentos enrolados em um pano presos as costas do animal.

Espectro era um homem das sombras, e observou tudo da maneira mais discreta possível, de forma que ninguém se atentou para que havia despertado, podendo até ouvir a conversa entre o orc que guiava o grande lobo o qual lhe puxava pelo chão áspero e um segundo que se aproximara a sua direita.

Para sua sorte conseguia compreender bem a lingua dos Orcs, se mantendo em silêncio enquanto o seu captor iniciava a conversa:

Orc: -- Grum'Gash, acho que esse daqui é mais forte que o normal, talvez ganhemos o suficiente para comprar uma ou duas humanas para nós! -- Dizia o orc captor enquanto a excitação podia se perceber crescente do início ao fim da sentença

Grum'Gash: -- Sim Kherg, mas eu é que derrubei esse ai! Você está levando mas a maior parte do valor dele é meu! -- Respondia o segundo orc mostrando-se um pouco aborrecido

Kherg: -- Não se preocupe irmão, você foderá uma humana ainda essa noite, só tente mantê-la viva... -- O orc ia diminuindo sua voz e adquirindo um tom mais sério até se calar...

E após alguns poucos segundos de silêncio a expressão dos dois orcs mudava completamente em uma eufórica risada gutural em conjunto, que demonstrava que o apreço dos mesmos pela vida humana parecia não existir...

~ Hora de caminhar ~

Espectro tentava se livrar de suas amarras, porém o nó dado na corda parecia ser demais para ele. O homem percebia que o nó estava feito de uma forma que quanto mais ele se mexia as cordas apertavam mais. Mas não demorou muito até que o Worg que o puxava parasse.

Discretamente, Espectro olhava em volta e percebia que estavam próximos a uma espécie de curral, onde alguns outros Worgs estavam deitados sob a sombra de uma árvore. O orc que guiava o Worg em que o rapaz estava amarrado desce num salto do grande animal e vai até sua direção.

Kherg: -- Você, humano! Vamos acorde! -- Diz o orc gritando com Espectro ao dar um chute em suas costelas

O orc então se abaixa com uma faca em punho para cortar a corda das pernas do homem que não conseguia mais disfarçar após tomar um chute nas costelas que o fez se contorcer. Após cortada a corda as pernas de Espectro estavam livres. O robusto orc então o pega pelo braço e o ergue apenas com um braço, fazendo com que o homem fique de pé de forma desajeitada.

Kherg: -- Daqui vamos andando, vamos! -- Falava o orc ao dar um tapão nas costas de Espectro o fazendo desandar para frente

A visão do ambiente deste ângulo era muito melhor agora para o jovem ladino que podia perceber mais sobre o local por onde caminhava. Estavam em uma paisagem plana com grama seca na maioria do terreno e algumas árvores esparsas, seguindo cerca de 1km a frente ele podia ver o que parecia ser um assentamento com grandes tendas brancas e vermelhas e o que pareciam ser vários orcs e goblinóides caminhando na região.

Aparentemente estava sendo levado como prisioneiro para aquele assentamento, porém estavam agora no local de descanso das feras que carregam os corpulentos orcs... Então teriam que caminhar um pouco debaixo do Sol forte... Ao olhar par ao horizonte após o acampamento, podia ver que um ou dois dias de caminhada seguindo para depois do assentamento uma longa e alta cordilheira de montanhas marrons podiam ser avistadas cortando todo o horizonte.

Estava agora caminhando junto com mais três Orcs, incluindo os que conversavam sobre a recompença que arrumariam com ele, com os braços para trás e os pulsos amarrados... Caminhando lentamente de baixo do Sol quente do que parecia ser pouco mais que meio dia.

Espectro finalmente desistia de se libertar de suas amarras, mas sua língua não estava amarrada. O jovem responde sobre a conversa dos orcs surpreendendo-os, ainda mais por afirmar que deveria valer bem mais do que os mesmos imaginavam. Então o segundo orc começava a falar em Orc enquanto ria.

Grum'Gash: -- Ha! O humano sabe falar nossa língua Kherg! E ainda acha que vale muitas mulheres! Apenas uma mosca eu digo! -- Dizia o orc de forma zombeteira.

Kherg: -- He he he, espero que tenha todo esse preço mesmo, se não vou ter que arrancar-lhe alguns dentes antes de te vender! -- Acrescentava o segundo orc pegando no rosto de Espectro dando um apertão e depois empurrando-o para o lado

O grupo continuava a caminhar com os dois orcs dando empurrões esporádicos para que Espectro continuasse a andar no passo dos dois, ou apenas para irrita-lo e fazê-lo tropeçar. Após bons minutos de caminhada, o trio estava se aproximando do acampamento. As grandes tendas brancas e vermelhas podiam ser vistas bem mais claramente, cobertas por peles de animais e envoltas de estacas de madeira pontiagudas.

Após caminharem um pouco pelas estradas de terra batida, Espectro percebe que o fluxo de orcs e outros goblinóides do assentamento parecia pouco se comparado com o tamanho do mesmo e também percebia uma certa frustração vinda dos dois orcs que o escoltavam:

Kherg: -- Não é possível que nos atrasamos para o leilão! Maldição! -- Amaldiçoava o orc.

Grum'Gash: -- Argg!! Perdemos a hora! Você tinha que deixar os Worgs do lado de fora não é!? Seu animal! -- O orc brigava com o outro sem companheiro.

Os orcs pareciam sem saber o que fazer, toda esta discussão ocorreu quando os orcs se aproximaram de um alto palanque de madeira. Os orcs coçavam a cabeça e se entreolhavam até que viram um goblin torto e maltrapilho passar próximo do local onde estavam, se dirigindo a uma outra estrada de barro do assentamento.

Kherg: -- Ei! Fedido! Onde está Zigzags!? -- Perguntava o orc furiosamente ao goblin.

Goblin: -- Err.. Ele está na arena, as lutas vão começar. -- Respondia o goblin se encolhendo em defensiva.

Os orcs urravam e Grum'Gash dava um murro no ombro de Kherg que levava a mão ao local do golpe. Eles trocavam alguns insultos enquanto o goblin aproveitava para continuar seu caminho, até que Kherg pareceu ter uma ideia e um sorriso brotou em seu rosto mostrando suas presas afiadas.

Kherg: -- Então você disse que você valia muito mais que um verme qualquer pois tinha uma recompensa por sua cabeça não é, humano? -- Dizia o orc sorridente ao pegar com força no braço de Espectro. -- Conte-nos mais o que fez para merecer tal recompensa. --

O orc falava aquilo e começava a caminhar puxando Espectro em direção a uma rua que levava a uma grande construção circular de altos muros de tijolos amarronzados. O segundo orc parecia compreender a ideia de seu companheiro e apenas seguia rindo pelo outro lado do ladino.

Enquanto caminhavam em direção a construção, que cada vez mais lembrava o formato de uma arena, Espectro se autopromovia tentando convencer seus captores de que talvez pudesse oferecer-lhes seus serviços de assassino. Os orcs apenas riam com as falas do homem.

Kherg: -- Bom, bom! Então você sabe lutar não é? Vai se dar muito bem aqui! -- Dizia o orc enquanto ria e continuava empurrando o humano até a construção.

Quando chegaram até o local podiam ouvir claramente o som das criaturas que povoavam as arquibancadas do local enlouquecerem em euforia, o show já havia começado. Os orcs levaram Espectro por uma entrada menor, aparentemente secundária. Ao caminhar por um corredor de rochas, chegaram a uma sala onde dois orcs armadurados guardavam uma porta reforçada de madeira.

Kherg: -- Trouxemos um forte competidor, capturado recentemente, ainda está forte e não foi tocado. -- Falava seu captor para um dos orcs próximos a porta, que se aproximava.

Um dos orcs que guardavam a porta se aproximava e olhava Espectro dos pés a cabeça, como se analizasse um pedaço de carne num açougue. Pegava no braço do homem que não era muito desenvolvido e grunhia.

Orc Guarda: -- Não parece forte. Não será um grande show, isso é tudo que você merece. -- Respondia o orc pegando algumas moedas de ouro e colocando em uma sacola, jogando em direção ao captor.

Kherg ficava visivelmente irritado, serrava os dentes e empurrava Espectro na direção do orc guarda, que o segurava e começava a leva-lo para dentro da sala que era aberta pelo outro orc. A sala para que era levado era um lugar escuro e fétido, composto por várias jaulas espaçadas que continham prisioneiros individuais em cada uma, com um corredor no meio e uma porta do outro lado da sala que parecia levar a arena por conta das frestas de luz que saiam de lá.

Ao ser colocado de frente para uma jaula vazia o orc guarda em um movimento rápido cortava as amarras dos pulsos de Espectro e o chutava para dentro da jaula, fechando-a em seguida enquanto o humano ainda estava no chão. Livre de suas amarras, agora se encontrava preso em uma jaula. Seus pertences eram jogados no canto da sala, proximos a porta de saída para arena e longe de todas as jaulas, juntamente com outros itens e armas que povoavam o local.

Espectro podia ver vários rostos preocupados e tensos ali, anões, humanos, elfos, totalizando quase dez pessoas... Os jogos estavam para começar e o barulho de aço se chocando já podia ser ouvido do lado de fora. Pelo jeito que os outros prisioneiros estavam, provavelmente mais lutas ocorreriam ainda naquele dia...

O barulho lá fora só aumentava, eram vários urros seguido de momentos de calmaria na platéia, quase como uma narração velada de como a luta estava sendo. Mas Espectro parecia não ligar, prestava atenção se algum guarda estava no local e de fato estavam. Os guardas que o jogaram ali ainda estava no lugar, na verdade, estavam a conversar em sua língua próximos a porta como se não pudessem ser entendidos:

Orc 1: -- Zigzags disse que deveriamos subir com algum dos novatos... -- Dizia o primeiro orc ao segundo.

Orc 2: -- Bem, acabamos de arrumar um ali, mas não sei se ele vai durar alguma coisa lá em cima... -- Respondia o orc enquanto coçava seu queixo.

Orc 1: -- Talvez se escolhessemos um outro magrinho pra lutar... -- Replicava em um tom ainda indeciso.

Orc 2: -- Não! Colocar dois fracos para lutar não cria boa luta! Mas... Podemos colocar um ferido... Da arquibancada os orcs não conseguem ver o ferimento. --

Neste momento os orcs pareciam entrar em um acordo, e um deles consentia com a cabeça como se já soubessem quem seria seu adversário sem se quer falar um para o outro. O orc que sobrara caminhou até a outra porta, e abriu a mesma gritando:

Orc 1: -- Temos um para se preparar! --

Poucos segundos depois um grupo de quatro goblins chegaram correndo na sala, e acompanharam o orc armadurado até a porta da jaula de Espectro. O orc então falava na língua comum:

Orc 1: -- Vamos ver do que você é capaz, novato. -- Falva o orc enquanto destrancava a jaula. -- Sem gracinhas. --

Um dos goblins pegava os equipamentos que antes de ser capturado pertenciam ao homem e partia para a outra sala. E então um dos goblins que estava próximo a jaula falou olhando para cima, para que pudesse ver o rosto do mais novo gladiador:

Goblin: -- Acompanhe-nos, verme! --

Espectro se vê sendo escolhido para um embate na arena, porém não teme. O rapaz confiava em suas habilidades, aponto de pedir suas armas e dizer que apostassem nele. O orc parece não reagir a fala do homem, a não ser pela surpresa de que fala sua língua. O ladino logo segue o grupo de goblins até a outra sala, não vendo mais o goblin armadurado. Nesta sala existia um banco de madeira e uma mesa onde estavam dispostos os itens do próprio que foram despejados desorganizadamente pelo goblin que foi preparar a sala na frente dos outros, além da porta de ferro que parecia dar direto nas areias da arena.

Goblin: -- Prepare-se, sua luta começará logo. -- Dizia o goblin enquanto apontava uma lança para o rapaz, e completava: -- E sem gracinhas, estamos de olho em você... --

Espectro tinha o tempo para se equipar, colocando suas armaduras e pegando todos seus itens de volta. Apenas sua mochila com seus equipamentos básicos não eram entregues a ele, mas sua armadura e suas armas estavam todas ali, juntamente com suas flechas. Estaria pronto para o trabalho. Finalmente, assim que terminou de afivelar sua armadura, um dos goblins falou enquanto dois outros giravam uma espécie de mecânismo de metal.

Goblin: -- Está na hora... Acho que você não vai durar 10 segundos contra Gondarg, he he he! -- Ria o goblin maliciosamente enquanto apontava a lança para Espectro, tangendo-o para a porta de ferro que agora subia, revelando o inteiror da arena.

O som da platéia clamando por sangue podia ser ouvido e sentido, o barulho vibrava até sua caixa toráxica. Finalmente, uma voz era ouvida:

Voz: -- Bem, parece que ambos foram julgados! Agora iremos começar as lutas de nossos convidados especiais! --

Espectro finalmente estava pronto para enfrentar seu adversário, se colocava em posição e esperava seu momento de adentrar a arena. Os portões se abriram e o goblin ao seu lado falou:

Goblin: -- Hora de lutar, campeão, hi hi hi! -- Dizia rindo como se derrota do homem ao seu lado já fosse certa.

O portão se abriu por completo e Espectro pôde ver o sol no céu. Deu alguns passos subindo na rampa que levava ao nível da arena, finalmente surgindo em público. A platéia o recebia com urros e zombos, podia ver todos aqueles orcs, goblins, orgros entre outros goblinóides pulando e falando palavras para estressa-lo. Mas Espectro se mantinha frio, e começava a observar o lugar em que se encontrava.

Via que num canto da area, sinais da batalha anterior ainda estavam ali. Dois cadáveres, um orc cuja cabeça havia sido esmagada contra a parede e um outro que parece ter morrido devido a seus ferimentos, inclusive estava sem um dos antebraços. Já preparava a flecha em seu arco, não era comum gladiadores lutarem de arco, mas supostamente deram a ele a oportunidade por estar em "desvantagem"... Mas contra quem lutaria?

Tambores rufaram, e a voz de um goblin pôde ser ouvida de um lugar importante na arquibancada.

Goblin: -- E então, aqui temos um dos humanos recém capturados! Diz ser um especialista no que faz! Veremos o que ele pode fazer contraaaaaa... GONDARG! O esmaga ossos! -- Gritava o goblin em excitação.

Neste momento a platéia ia a loucura, com vários gritos e animação vindo das arquibancadas, tudo aquilo fazia o chão tremer. Finalmente, do outro lado da arena, uma porta de metal subia e revelava um meio-orc alto, segurando uma Clava pesada com uma das mãos. Ao aparecer por completo para a platéia o meio-orc urrava erguendo sua clava, era um gladiador e um prisioneiro como Espectro, porém parecia apreciar a vida que levava.


O meio-orc não tomou muito tempo, após ser saudado pela platéia, caminhou mais um pouco até próximo do centro da arena de areia, ficando a cerca de 10 metros de Espectro e finalmente olhou na direção do mesmo, preparando-se para a investida.

Rolagem de iniciativa! Caso você vença você posta normalmente sua ação, caso perca eu posto novamente.

Espectro caminhava de maneira circular, se apróximando apenas o suficiente para conseguir acertar num ponto vital. Quando Gondarg deu sinais de que partiria para cima do ladino, o mesmo disparou sua flecha já preparada, acertando o bárbaro que ficou sem reação ao ataque.

A felcha acertou no peito do guerreiro, que urrou de dor, levando a mão até o local do impacto e quebrando o talo da flecha. Aquele ataque pudera ser fatal caso Espectro tivesse acertado a flecha alguns centimetros para o lado, no coração de seu inimigo. Gondarg serrava seus dentes e partia em fúria até seu adversário. Os olhos se Gomdarg estavam arregalados e sua boca espumava, aquele monstro estava em fúria.

Gondarg então investia contra Espectro, tentando acerta-lo com sua clava pesada, segurando-a em duas mãos. Gondarg atacava-o de uma forma desajeitada, porém que parecia acumular muita força cinética no golpe. Espectro tentava se esquivar porém o golpe vindo do furioso guerreiro era muit rápido.

Quando a clava acertou seu rosto, sua mandíbula foi deslocada no ato, lançando o ladino dois metros para trás. De lá Espectro não e moveu, sangue descia por sua boca e nariz, estava completamente desacordado e em péssimo estado de saúde, para o rapaz a luta acabou ali.

A platéia urrou em comemoração, como se apreciassem ainda mais que o verme tivesse sido derrotado com apenas um ataque. Gondarg erguia sua clava aos céus e urrava de volta, como se agradecesse a platéia. Finalmente o goblin proprietário do lugar tomava a palavra:

Goblin: -- Hunf, tirem este verme daqui.. Não deu nem pro gasto. -- Falava com uma voz de desprezo.

Uma par de goblins entravam na arena segundos depois e retiravam o corpo desacordado de Espectro, arrastando-o de volta para sua jaula... Após um tempo desconhecido para o ladino ele sentia um calor próximo a seu rosto e despertava vagarosamente...

Ao abrir seus olhos e ir aos poucos recobrando sua consciência via que um homem na jaula ao lado estava esticando seu braço para fora de sua jaula, chegando próximo a Espectro. Uma luz clara parecia cair de sua mão sobre o rosto de Espectro, e enfim parava.

O homem tinha longas barbas e mostrava cicatrizes de batalha em seu corpo desnutrido e semi-nu... Estavam de volta na sala de onde saira antes de entrar na arena.

Espectro acordava já em sua jaula, sendo ajudado por um senhor da jaula ao lado que se esforçava para sequer alcança-lo. O homem acordava furioso com tudo aquilo, era humilhante e degradante. Quando seus sentidos estavam recobrados mandava que o homem deixasse a cicatriz de seu ferimento... Queria uma lembraça daquele dia, pois a partir dele não seria mais o mesmo.

O homem afasta sua mão, voltando para dentro de sua jaula e fala em uma voz trêmula:

Homem: -- Co-como queira... Só quis ajudar, você não estava bem... -- Dizia o homem trêmulo, voltando para o canto de sua jaula.

Espectro analisava seu próprio queixo com as mãos e percebia uma marcar que ia do canto direito de sua mândibula até próximo ao lado inferior direito de seu lábio. Aquilo não o faria esquecer daquele dia pelo resto de sua vida... Não sabia quanto tempo tinha se passado desde que desmaiou, mas aparentemente a arena estava esvaziando. Podia ouvir os passos de vários seres e o resmungar de alguns deles, misturado com a comemoração de outros...