Nadhull segura firme as suas anotações e demora até achar os mestres. Já dentro do templo, enquanto espera, participa ativamente da vida do templo, e é até reconhecido por alguns e se sente bem em servir, agora ele é útil e serve de forma generosa e desinteressada e isto é novo para ele.
Seu humor está ótimo e ele observa que suas emanações são vigorosas por isso e quando menos espera, o mestre Fah, se desocupa e o interpela educada e efusivamente perguntando em que pode ajudar o íncubo.
O jovem demônio se alegra em vê-lo e como uma criança empolgada, vai mostrando as suas anotações e atropelando as explicações, devido a sua empolgação.
Após o diálogo inicial onde ouve as observações do mestre, acrescenta: - Mestre, bens sabes que quero aprender as artes mágicas, após ser libertado das cadeias mentais que me prendiam a minha antiga mestra, tenho mudando visivelmente, tanto em sentimentos, quanto em comportamento e proposito. E tudo isto começou, quando fui atingido pela tempestade de raios que me atingiram, e foram raios alvos e brancos e outros raios eram negros como uma noite sem estrelas. E essa fome está me consumindo mestre, me ajude a satisfazê-la, ajude-me a achar um mestre que me aceite e ensine o que preciso.
O mestre Nah, concede um sorriso benevolente para Nadhull e diz: - Muito bem, vejo que fez a experiência que propus, mas vamos por partes, relate-me detalhadamente as suas observações e conclusões e depois procuraremos um mestre para você, estou do seu lado, lembra-se? Mas controle a sua ansiedade.
Nadhull reconhece o mal jeito e se desculpa com o mestre e respirando fundo e diz: - Realmente estou ansioso e atropelei um pouco as coisas, mas vamos começar com meu relato oral. Esta noite eu não bebi, não fumei e não usei nenhuma droga, fui para uma estalagem próxima daqui e procurei me relacionar com as pessoas.
- E sentiu a mente mais limpa, conseguindo pensar melhor na tarefa?
- De fato mestre, não sei se consegui pensar melhor, mas pelo menos consegui me concentrar melhor na tarefa, isto posso dizer com certeza.
- Isto é bom. O álcool e as drogas nublam a mente e prejudicam nossos julgamentos. (pausa) - Não precisa se tornar um abstêmio, mas sempre que precisar "pensar com clareza" eu aconselho a exercitar a moderação. Até os sacerdotes do templo tem o seu vinho de cada dia, e algumas drogas podem até potencializar a força mágica. Mas "tudo, absolutamente tudo, tem um preço".
- Fiquei atraído por três belas mulheres e me lembrei das escravas que eu controlava e torturava para minha mestra e decidi seduzi-las, mas como mulheres livres e gozando do seu livre-arbítrio. Fiz algumas magias, que pelo ambiente favorável correram bem e só precisei usa-las, mas fortemente no início do contato para me introduzir no grupo. Eu senti um fluxo positivo de energia, eu as notei fracas e desnutridas e na livre circulação de energias, permiti que elas recebessem mais energia do que as que tomei, fazendo com que a troca fosse prazerosa e o sexo fantástico.
- Se teve que usar magias, então elas não gozaram de total livre-arbítrio assim. - O mestre ainda falava num tom amigável e aparentemente sem condenação, ainda assim Nadhull se sente um pouco mal com a observação:
- Então eu ainda agi mal, mesmo não querendo prejudicá-las?
- Bem... Mal... Estes são conceitos muito relativos. Como saber se uma ação é realmente boa ou ruim? - Nadhull se pergunta se esta é uma pergunta retórica, depois de uma breve pausa para reflexão o mestre continua - Um lobo é mal quando como um coelho?
- Não sei. Sendo um animal irracional, acho que não... - Arrisca Nadhull.
- Isto é uma meditação dos livros sagrados da deusa Jara. No seu capítulo mais conhecido dO Equilíbrio ela problematiza sobre lobos, coelhos e ervas. Se os lobos comerem todos os coelhos, quando eles acabarem, não surgirão outros, e então os lobos morreram de fome pois não podem comer erva. Porém, se os lobos não comerem nenhum coelho, estes se produzirão demais, e acabarão com todo erva e morrerão de fome, e depois os lobos também morrerão de fome, pois também não terão nada para comer.
Como é hábito dos mestres espiritualistas, Mestre Fah não conclui o raciocínio, deixando Nadhull pensar por si mesmo.
- Então devemos estudar a doutrina da deusa Jara também? E se a doutrina do deus Piro e da deusa Jara se contradizerem?
- Uma verdade é uma verdade, não importa quem diga. Mas vou te contar um "segredo", Piro mesmo já fez elogios rasgados à Divina Tia, mais de uma vez.
Nadhull continua: - Comparei com as relações semelhantes do passado, nelas a intenção era egoísta, eu queria prazer, eu queria imprimir dor, terror e sofrimento e muitas vezes eu machucava até mais do que queria. Não era raro acontecer mutilações e hemorragias e eu sorvia as energias e esvaziava as almas, e parecia uma droga que eu queria consumir cada vez mais e não me satisfazia. A energia não fluía, as minhas, digamos, parceira resistiam com o medo e isso potencializava minha maldade que se alimentava dele, o medo. Eu consumia aqueles corpos e espíritos, mas não saia alimentando e ficava exausto.
- Sim, típico de quem transforma a energia em mana negra. Mas se você já conseguiu doar mais energia do que tirou delas, então não é tão mal, não é verdade?
O incubo para e olha para o mestre procurando a sua aceitação e vê um sorriso e um balançar de mãos com se pedisse para continuar, o discípulo prossegue:
- Outra observação foi com a mestra Latifa, como o senhor sabe ela não é nem um pouco simpática e me irritou muito no início da nossa relação, eu só continuei porque queria muito aprender.
- Os Atemenses não costumam ser simpáticos. - Mestre Fah diz rindo.
- Mas a energia entre nós não fluía, notei que enquanto o clima entre nos era esse, minha magia ao curar uma humana não rendeu todo potencial em buscar os pulsos de energia vil, mas a drenava, pois eu não conseguia isola-la e apenas trabalha-la. Ao aceitar o modo de trabalhar da mestra, eu consegui harmonizar minhas energias e consegui controlar os seus pulsos e emanações e meu trabalho com a cura dos demônios ficou mais eficiente e apenas uma variável ficou prejudicada, a primeira parte da observação com a mestra Latifa foi curando uma humana e a segunda metade foi curando demônios e talvez precisamos discutir e observar mais para ver como seria sem esta variação de clientela.
- Os corpos dos humanos conseguem canalizar melhor a mana branca. Se Latifa usasse nos demônios o mesmo processo que ela usa com humanos, ela não os curaria, mas prejudicaria mais, pois a mana branca dela iria reagir com a mana negra dos demônios. Mesmo se tivesse boa intenção, ela não poderia usar magia de cura branca com os demônios.
O incubo dá uma pausa para respirar e conclui: - Sei que ainda é cedo para uma conclusão definitiva, mas já percebo como as minhas emoções e as emoções de quem está se relacionando comigo, influenciam o fluxo energético da magia, tanto na forma como flui e sai de mim, quanto nas trocas e resistências exercidas. Mestre o que você percebeu de correto no meu relato? Percebi tudo que tinha para ser observado e apreendido?
- Sim... sim... Vocês demônios não costumam gostar muitos de exercícios de meditação, mas foi muito bom para um primeiro relato. Certamente fez um progresso grande no sentido de se libertar das cadeias mentais de sua antiga mestra, como você mesmo diz. Tenho certeza que, se continuar com este propósito, poderá aprender muito com os demais mestres.
Mestre Fah lhe entrega uma insignia de bronze, de longe parecia uma moeda.
- Procurei por Tinafe, mas ela ainda não está disponível, bem como alguns que ainda estão nos ajudando a proteger a Nave Sacratíssima desde que fomos atacados. Mas apresente esta insignia a quem é responsável pela segurança da Torre do Alquimista, eles permitirão que entre, e há mestres magos que aceitarão de bom grado neófitos que tenham uma insignia como esta. Vi também o instrutor Marcel na Nave Sagrada, ele é um dos responsáveis por testar capacidades mágicas de quem despertou o dom a pouco tempo, é um humano um pouco mais simpático que Latifa, embora não muito. Boa parte dos estudantes de sucesso passam pelas avaliações de Marcel, ele pode ser reconhecido pelo manto marrom escuro que usa. Há também algumas atividades em campo da Corte dos Milagres, já deve ter ouvido falar delas, caso queira algo bem prático, se encontrar os mestres magos na cidade poderá se apresentar em meu nome também. E claro, sempre que quiser falar com os mestres espiritualistas, pode nos procurar por aqui.