A Flor de Nek'Mani - A busca

HAIL ODIN, HAIL VÖKTUN VETRAR

O som... O som era geralmente a primeira coisa que chegava a ela. Achava que se um dia ficasse completamente cega poderia guiar-se única e exclusivamente pelo som. Portanto quando o som do martelo estraçalhando carne e ossos chegou ao seu ouvido ela soube que o tinha acertado. E foi o som da sua própria carne sendo rasgada que chegou primeiro. A dor veio logo depois, mas a dor era uma velha conhecida e junto da dor vinha Odin.

As runas de seu rosto e braços iluminaram-se novamente, mas dessa vez elas não tinham um aspecto de estática como da primeira vez. Elas estavam ficando vermelhas, como se o sangue que escorria de seu corpo estivesse sendo sugado pelas runas - o que talvez não fosse surpresa para qualquer um que tivesse um pouco de conhecimento sobre Odin, ele era, no fim das contas, o Deus da magia também -, os olhos por outro lados foram preenchidos pela mesma luz de antes.

Odin estava ali, ela podia senti-lo em cada pequena fração de seu corpo, Odin a ouvira assim como ela o ouvia. Ele corria em cada pedaço do seu corpo como seu próprio sangue corria porque ela era... - Eu sou Sunna Björndottir, filha herdeira de Vöktun Vetrar. - Gritou quando se moveu de novo, o Martelo apertado entre os dedos com tanta força que achava que a carne iria se unir ao cabo da arma. O segundo golpe foi dado de cima para baixo já que Sunna não era uma mulher baixa, não tinha a intenção de fazer daquilo um combate até a morte, mas o Orc não era digno de qualquer piedade. Ela o acertou com toda a força que conseguiu reunir, suas Runas vibravam e brilhavam num vermelho sangue vivo e constante. -E eu não vou ser subjugada por você!

Odin guiava suas mãos, ela sabia. Porque era na Batalha que ele se regojizava, pelas Runas que seu Deus sofreu pela dominar ele fazia-se presente, pelo sangue que possuía e por todo o poder que O Senhor da Guerra proporcionava. E guiada por ele, desceu o martelo de guerra contra seu inimigo, esperando que fosse pela última vez. - Não serei. - Acrescentou, em sua voz de trovão.

HAIL ODIN, HAIL VÖKTUN VETRAR

Sunna respirou fundo e notou que até mesmo o simples ato de respirar doía. Ela observava a carcaça do Orc com algum desagrado enquanto outros sons chegavam aos seus ouvidos: Talindra bradando alguma coisa, Liadrys fazendo alguma pergunta que inicialmente ela não entendeu, uma cacofonia que lhe puxava de volta para a realidade, para longe dos Portões de Valhalla.

Voltou seu olhar para o druida, as sobrancelhas arqueadas e só então compreendeu sobre o que falava; estava realmente ferida, ela baixou a cabeça para observar o corte e pôs os dedos no sangue que de lá brotava tingindo-os de vermelho, as runas em seu corpo ainda possuíam uma cor avermelhada, mas seu brilho diminuíam aos poucos. - É mortal? - Não tinha certeza, não podia ver com tanta clareza, mas achava que não. - Ficarei honrada em receber as bençãos da tua Deusa, mas só o necessário para continuar, o restante Odin proverá. - Era algo comum de sua cultura no fim das contas: lidar com as consequências dos próprios atos, mas Sunna não queria atrasar a missão e preocupar os demais, aceitaria então a cura até estar apta a continuar, não mais que isso.

HAIL ODIN, HAIL VÖKTUN VETRAR

Sunna tinha ficado em silêncio enquanto recebia as curas do alquimista e o druida. Quando fora necessário afastar os tecidos que cobriam seu corpo, ambos puderam notar que a pele da jovem clériga era repleta de símbolos e runas a maioria auto infligida em forma de cicatrizes, provavelmente feitas a fogo e ferro diferentemente das que portava nos braços e testa que eram feitas a tinta.

Ela apoiou o martelo de guerra no chão e suprimiu a dor da queimadora das misturas alquimicas apertando o cabo da arma, o cenho franzido. A dor era sua amante. Quando finalmente todo o processo tinha terminado a cleriga se recompôs e caminhou pelo ex campo de batalha, moveu-se até o corpo do orc e abaixou-se ali, junto ao sangue e destroços, chafurdou com os dedos no sangue até encontrar uma das presas do orc e segurá-la entre os dedos. Era um troféu para Odin e seria bem utilizado em breve.

Não se envolveu na discussão sobre os corpos. Seu povo tinha o costume de queimá-los, mas tudo envolvia um grande ritual que não era feito aos inimigos.

Era contra seguirem o Goblin, mas Liadrys parecia resoluto a respeito daquela decisão então apenas acompanhou o grupo, seu olhar às vezes vagava para as árvores em busca dos Corvos da Tempestade, mas até então não os tinha visto não sabia, porém, se isso poderia ser considerado um bom sinal. Seguiu os demais até a tal entrada e lá dentro sentiu o poder emanando das rochas, aproximou-se das paredes do lugar, buscando por inscrições ou runas talhadas curiosa a respeito daquele poder. Então ouviu o druida falar e olhou para aqueles que foram designados ao seu comando. Não achava uma boa ideia separar o grupo... Mas talvez fosse necessário. Moveu a cabeça em positivo para o druida e voltou o olhar na direção dos demais.- Tenham cuidado onde pisam. Este lugar parece apenas uma grande ratoeira.