[!Prólogo!] Owain Gochdragon | Idmiston - Início da Primavera

A pesada mão de Lady Martha Meriadoc contra a porta do quarto de Owain o fez despertar de seu sono. Já havia amanhecido a algum tempo e o herdeiro dos Gochdragon podia ouvir o movimento na casa. A voz da mãe denotava urgência, pedindo para que ele abrisse a porta logo.

Off escreveu:@Makaveli Killuminati
Finalmente, vamos começar o jogo! Para essa introdução vamos tentar criar o clima da família Gochdragon e apresentar alguns elementos básicos do universo a qual estaremos mergulhando durante esse jogo. Essa primeira etapa do prólogo será feita individualmente. Para iniciar a interpretação, comece com uma postagem descritiva sobre o que Owain fez desde o momento em que acordou até o abrir da porta para a mãe. Qualquer dúvida pode perguntar do tópico off do jogo ou pelo discord. Espero que possamos nos divertir juntos durante essa jornada! =)

Finalmente, a primavera havia chegado, e acompanhando o clima, a vontade de levantar da cama que tanto se escondia nas manhãs geladas do inverno. Para Owain, aquela primavera seria lembrada para sempre, pois sabia que logo se sagraria Cavaleiro, mantendo a posição que se tornava tradicional em sua dinastia.

Contudo, não esperava ser acordado no susto durante aquela manhã. Não era possível que sua mãe estivesse tão revoltada por ele ainda não ter decidido quais as pessoas que acompanhariam ele ao Banquete da Primavera. Claro, já tinha os nomes na cabeça, mas ainda não tinha oficializado sua decisão.

- Calma mulher! O quê de tão urgente há de acontecer que é preciso me acordar com pancadas na porta? - Exclamou Owain enquanto se embrulhava nos próprios lençóis. Dada a urgência, parecia não ter tempo de se vestir para atender sua mãe.

O jovem herdeiro caminhou até a porta de seu aposento e a abriu para sua mãe entrar. Tampado apenas da cintura para baixo com os lençóis brancos que se tampou durante a noite.

- Jesus... O quê foi?! - Perguntou, agora procurando algumas roupas para se vestir.

Assim que a porta foi aberta por Owain, Lady Martha irrompeu quarto a dentro, segurando as barras do vestido. Seu rosto estava vermelho, o que denotava uma fúria velada, como Owain já aprendera a identificar na matriarca. Ela apontou para que ele trancasse a porta e se jogou num lado da cama do garoto, levando as mãos ao rosto.

- Aquele demônio do Cyrus levou Keira embora! Me informaram que ele partiu no início do inverno. Está em algum lugar além mar, provavelmente na França... ou além, quem saberia? O recado deixado é que iriam sair numa longa viagem juntos. Mas... QUE DIABOS!

Era um rugido de fúria, incorporado por Martha em seus anos ao lado do cavaleiro dragão Dewi Gochdragon, que lembrava um verdadeiro dragão a rugir.

- Aquilo é metade de um homem. Sei que vocês tem algo velado, sabe disso. Arranjei esse casamento apressadamente para que você não fosse prejudicado. Mas um homem acuado por alguém superior é capaz das piores bobagens. Sinceramente, não sei o que fazer. Principalmente com a carta que chegou.

Ela se virou para entregar a carta ao filho, que a essa altura já tinha vestido a parte de baixo da roupa. A carta era um convite formal do Conde Roderick, pedindo que a família Gochdragon se juntasse na corte de Sarum para o tradicional Banquete da Primavera, a se realizar no fim desse mês.

A mãe não falou mais nada, apenas se virou para o filho, ainda com a expressão de ódio. Queria, obviamente, saber a opinião dele sobre o assunto.

Tal como sua mãe pedira, Owain trancou a porta e continuou se arrumando enquanto ela se encontrava no quarto, acomodando-se como podia para contar a notícia que acabaria com o dia do herdeiro Gochdragon. A primeira reação de Owain foi uma risada incrédula, como se aquilo fosse só uma brincadeira de mal gosto de Cyrus. Mas, sua mãe estava desesperada demais para levar aquilo com menos seriedade do que deveria. E se fosse verdade, aquilo significava muitas coisas, e nenhuma delas era agradável para a família e para Owain.

- Longa viagem?!! - Owain exclama com a testa franzida. - Keira nunca faria uma longa viajem sem despedir-se! Você sabe... - O jovem fitou sua mãe, medindo algumas palavras. - A família é tudo pra ela!

Nessa altura, Owain já terminara de se vestir, andava de um lado para o outro enquanto pensava o que ele poderia fazer para remediar aquela situação. Estava incrédulo, Cyrus era descendente dos continentais que migraram para Idmiston na aliança que seu pai fizera, e até então, Owain estava encarando aquilo como um sequestro. Isso elevaria a tensão da população de Idmiston, e poderia escalar para uma guerra entre os galeses e os bretões de Idmiston.

- Eu nunca fui com a cara desse desgraçado. Sabia que em algum momento ia aprontar. - Owain comenta inconsolado.

Owain pega a carta que sua mãe entregava e a coloca em cima da escrivaninha ao lado da cama. Apoia as duas mão sobre ela e começava a leitura, que fora rápida, já que seu conteúdo era breve. Aquilo não era uma surpresa, sabia do banquete que acontecia toda primavera, e este em especial era o que mais esperou. Owain virasse e senta-se sobre a escrivaninha, levou uma de suas mãos a cabeça como quem estivesse impedindo dela cair no chão. Aquela, definitivamente, não era uma boa forma de começar o seu dia.

- Cyrus pode ter sequestrado Keira... Só Deus sabe o porque! - Owain suspirou por um breve momento, e logo continuou. - A família dele vive na região. Precisamos enviar soldados para escoltá-los até aqui. Manteremos eles sob custódia até que o desgraçado volte com Keira...

O jovem voltou a levantar-se e caminhou até em frente a sua mãe. Não poderia julgar o tamanho do vazio que aquilo representava para ela, pois respeitava a máxima que apenas um pai e uma mãe sabia o tamanho que a perda de uma de suas crianças representava. Então, empático a sua mãe, levou a cabeça dela até seu peito e a afagou.

- Tio Loghain e a vó Mika precisam saber disso também. Eles saberão nos aconselhar. Sinceramente, minha vontade é deixar o banquete de lado e partir atrás do desgraçado do Cyrus. Mas não me parece a coisa mais inteligente a se fazer. Vamos nos reunir com os dois... - Owain deu as mãos para sua mãe, ajudando ela se levantar.

A tensão naquele quarto era quase palpável. Apesar do nervosismo, Lady Martha não parecia desesperada. Era como se ela soubesse que o que quer que acontecesse, no final a família prevaleceria. A certeza de que os Gochdragon superavam qualquer obstáculo.

As palavras de Owain mostravam a confusão em seu interior. Ele tinha a preocupação principal com a irmã, mas também com o que os outros poderiam pensar dele sobre a tomada ou não de alguma atitude a respeito. E também a decisão de ignorar o Banquete da Primavera poderia ser um grande erro, visto o convite de seu suserano direto, o Conde de Salisbury, visto que não haviam baronatos na região.

- Não se pode dizer que um marido sequestrou a mulher por simplesmente ter viajado sem aviso. Isso pode causar um alvoroço desnecessário, principalmente se ameaçar a família dele. E você não pode perder esse Banquete se for realmente sagrado cavaleiro.

Ela estava pensativa. Aceitou a ajuda do filho para se levantar e ajeitou o vestido antes de sair do quarto.


- Espero que eles vejam alguma boa saída disso, mas sem que juntos encontraremos uma solução. Mas... antes sua irmã viúva do que longe de nós.

Palavras duras de alguém que tinha arranjado aquele casamento para evitar um grande problema na família. Tudo por amor, tudo por cuidado. Mas todo ato tem uma consequência. E se em parte aquilo poderia ser culpa dela, também havia culpa em Owain. Ela olhou para o filho tentando vislumbrar se ele entendia isso.

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Mais tarde, depois do café da manhã, Sir Loghain, Lady Mika, Lady Martha e Owain estavam juntos na varanda da casa principal. Sir Loghain fora o último a chegar, visto que tinha afazeres importantes na propriedade logo cedo.

- Bom dia a todos. O que há de tão urgente para tratar? - perguntou o cavaleiro.

Owain entendia o que sua mãe queria lhe passar, pelo menos achava que sim. Mas os sentimentos humanos muitas vezes deixavam turvas as opções para uma tomada de decisão, e nem sempre isso significava algo ruim. As vezes deixar o instinto guiar era a decisão correta. Mas Owain conseguia equilibrar bem seu lado passional e racional. A persona passional dos dois irmãos em questão era justamente Keira.

Depois de combinado com sua mãe, Owain preparou-se para a reunião não protocolar com os outros membros de sua família. Daria tempo para tomar um bom café da manhã e lavar-se. Mas era difícil dar um passo sem pensar na questão que envolvia sua irmã. Evitava encontrar com outros membros da família para não ficar visível sua preocupação, aproveitando a solidão para pensar melhor sobre o assunto.

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Quase uma hora depois, os quatro estavam reunidos na varanda da casa principal. Owain cuidara para isolar os quatro do restante, arrumando uma pequena mesa central, redonda, e quatro cadeiras confortáveis para cada um. Dali poderiam avistar boa parte feudo dentro da muralha.

- Bom dia. - Respondeu Owain, fazendo uma reverência respeitosa para seu tio cavaleiro. Puxou uma cadeira para ele se sentar junto com Lady Mikailla e Lady Martha, que já estavam ali. Owain esperou todos se acomodar. Tinha muito a ouvir, era o mais jovem dali, de longe. Mas, como fora ele quem reuniu todos, era ela quem deveria dar a notícia.

- Tio Loghain, vó Mika... Minha mãe recebeu nessa manhã um recado de que Cyrus e Keira partiram para uma viajem para além mar, para o continente. - A princípio, talvez os dois não vissem nada de errado com aquilo, portanto, Owain não demorou a complementar a informação. - Vocês sabem que Keira é muito ligada a família, principalmente você, vó. - O herdeiro da casa fitou sua vó para que ela entendesse que aquilo não se tratava de uma viajem qualquer. - Não é como se Cyrus morasse no outro lado da ilha. Os dois moram nos arredores de Idmiston. Keira nunca partiria para uma viajem longa sem se despedir... E digo mais, ela nunca concordaria em partir antes do tradicional Banquete da Primavera, que ela tanto adora. Muito menos nesse, cujo irmão se sagrará cavaleiro. - Owain falava com voz determinada enquanto apontava para si mesmo, tocando diversas vezes com o dedo indicador no próprio peito. - Portanto, lhes digo com convicção. Cyrus levou Keira forçadamente. Pode ser um sequestro ou não. Mas, somos família. Não podemos permitir que isso aconteça, um membro da família tendo sua vontade atropelada... - No fim de seu resumo, fitou por último para sua mãe, que era uma bretã da dinastia que originou a ramificação o qual Cyrus pertencia. - Todos sabem o quanto eu considero os bretões. Não quero que esse ato do Cyrus irrompa em uma tensão desnecessária entre os galeses e os bretões de Idmiston. Pela aliança entre nós, Gochdragon, e os Meriadoc, gostaria que ambos os povos se auxiliassem para trazer Keira de volta, antes do banquete se possível... Pode ser que ainda não chegaram a desembarcar, mas temos que agir rápido. - Owain terminou, estava tenso, e esperava para ouvir o que cada um tinha a falar.

A família se cumprimentava à mesa preparada para a reunião. Apesar da preocupação, Owain não demonstrava um desespero nítido. Mesmo assim, a família entendeu o tom empregado no pedido do herdeiro da casa. Após o breve discurso do rapaz, naturalmente as cabeças se viraram para Sir Loghain. Seu rosto estava afetadamente rígido. Algumas das palavras do sobrinho eram duras e delicadas ao mesmo tempo.

- É uma situação complicada. Entendo seu ponto de vista, filho. Mas, cá entre nós, se resolvo simplesmente sair em viagem sem avisar ninguém levando minha esposa, ninguém tem nada a ver com isso. Por outro lado, se te preocupa a segurança de nossa Keira, devemos sim procurar saber o que está acontecendo.

Lady Mikailla fez um sinal leve com a mão, como se pedisse para falar antes de Sir Loghain continuasse. Ele deu a ela a palavra.

- Não deve negligenciar os sentimentos de Owain, ele e Keira têm uma ligação muito forte. Mas, da mesma forma, não existe a possibilidade de não ir a Sarum para a sagração. Tudo pode ser resolvido depois disso. - a voz fraca da matriarca carregava um tom de sabedoria.

- De fato. Antes de qualquer coisa, precisamos de informação. Entendo, ou pelo menos em parte, o que se passa com você sobrinho. Mas independente do que aconteça, você deve ir para o Banquete. O que temos ao nosso alcance agora é despachar alguém para seguir os rastros feitos por Cyrus. Um homem com essa especialidade e um bom cavalo certamente será mais efetivo do que um grande grupo. Paguemos alguém para essa demanda, é o que digo. - concluiu o cavaleiro.

Lady Martha e Lady Mikailla ficaram pensativas, como se avaliando aquela opção, sem demonstrar de imediato nenhum desagrado. Era a hora da avaliação de Owain sobre o assunto.

Owain escutou a todos atentamente, e logo concluiu que fizera certo em reunir seus parentes para discutir sobre os passos a seguir. Concordou com o tio, primeiramente por respeito, e depois por saber que poderia contar com ele, como o esperado.

O herdeiro coçava o queixo liso enquanto sua avó tomava a palavra. Ela confirmava a ligação forte entre os irmãos, Owain e Keira, o que deixava mais claro para Owain que de fato, Keira presenciaria sua sagração, e esperava que todos concordassem com isso, pois era a maior evidência que tinha até então para confirmar que aquilo fora um ato de Cyrus para provocar Owain, aquele a quem ele deveria lealdade.

Outra vez seu tio tomou a palavra, e desta vez sendo mais objetivo, dando sugestões do que deveria ser feito a seguir, e as sugestões eram apreciadas por Owain, que concordava com a cabeça ainda enquanto Sir Loghain terminava de falar.

- Pois faremos dessa forma, tio Loghain. - Afirmou com convicção de que era o melhor a ser feito. - Acionarei Stan, o caçador. E pedirei para Rust preparar um cavalo para ele. - Tudo havia sido planejado rapidamente, Stan era o melhor rastreador que conhecia em Idmiston, então concluiu que era o melhor para concluir esta tarefa.

- Gostaria que você estivesse comigo na sagração. - Comentou Owain para seu tio, mas complementou. - Porém, se os rastros de Cyrus e Keira estiverem quentes o suficiente, alguém precisará segui-los. E como você tem boa reputação com os bretões do continente, talvez seja a melhor pessoa para partir de imediato. Confio a você os homens que precisar para essa busca. Quando eu voltar do banquete, eu mesmo partirei se ainda for necessário. - Concluiu Owain, encerrando o conselho informal se ninguém tivesse mais nada a adicionar.