A situação no cômodo era horrenda e, por mais que o jovem Arthur relutasse para não olhar o cadáver multilado da forma mais bizarra que se pudesse imaginar, seus olhos não obedeciam e lá estavam eles novamente impressionados com aquela cena. Tudo lhe fizera paralisar por alguns momentos em estado de choque. O cheiro lhe dava fortes náuseas provocando absurdas ânsias de vômito, mas com sorte o detive se conteve em não expulsar do seu estomago o que lhe havia sobrado do café da manhã.
– Por deus, quem pode ter feito algo assim? – Perguntou Arthur cobrindo o nariz e a boca com seu blazer para fugir do cheiro que cobria o local e abafando sua voz por tabela.
Não demorou muito para que Alfred, ou “Al-free-doW” como Arthur gostava de chama-lo em deboches utilizando um sotaque carregado, adentrasse o recinto e se encarregasse do cadáver livrando o Senhor Armstrong do trabalho sujo. Arthur agradecera eternamente por isso, embora nunca tenha dito nada. Ele preferira mil vezes ter que lidar com os pertences do que sobrou do cadáver, se é que aquilo poderia ser chamado de cadáver.
– Claro que eu trouxe as minhas! – Retrucou Arthur Jr. Fazendo uma careta feia como alguém que não admitia ser questionado. É claro que ele era profissional e ele não esqueceria algo tão importante para o trabalho dele, as luvas era essenciais para que suas digitais não aparecessem em objetos e também para higiene própria, afinal, nunca se sabe o que houve naquele lugar. A quantidade de bactérias, vírus ou sabe-se-deus o que mais poderia existir num lugar como aquele. O jovem Armstrong estremecia só de pensar em adquirir uma virose “brr...”. – Ah, sim, claro a janela! – Respondeu ele de imeditado, concordando com o companheiro quando ele, num gesto nada comum, pedira por favor, a ele para que abrisse a janela, e assim fora feito.
A visão da rua, mesmo que por alguns segundos, o fazia se sentir melhor. O ar entrando melhorava o ambiente. Arthur buscou suas luvas, pedindo a deus que realmente tivesse lembrado de trazê-las, ele queria evitar quaisquer desavenças com seu nada agradável parceiro. Encontrou suas luvas socadas em um bolso interno de seu sobretudo e as colocou. Pronto para o serviço ele avançou para o armário em busca de seus pertences, abrindo-o com curiosidade sobre o que encontraria lá.
Arthur Jr. utilizará a habilidade "Coletar evidências" para tentar descobrir algumas pistas sobre o assassinato.
British Museum - Segunda-feira - 19 de dezembro de 1938 - 11h45min Am
A chegada repentina do velho curador do museu acabou assustando a Sra. Miller, que por consequência derrubava o pequeno diário vermelho ao chão. Anderson apenas olhava toda a cena com o mesmo olhar de sempre, um olhar de repreensão a tudo e a todos. E a resposta de sua funcionária não ajudava em nada em melhorar aquele relacionamento.
- Múmia velha é o que você irá se tornar ao mendigar um novo emprego, viúva negra. - Retrucava ríspido e grosso o antigo arqueólogo, enquanto a antiquária recuperava o diário ao chão. – Ou quem sabe a colocarei como nova faxineira do museu, já que a senhorita Hutger não continuará mais trabalhando aqui depois de não ter se quer avisado de sua ausência. – O olhar e tom severo de Anderson poderia as vezes ferir mais que uma adaga cravada em um coração.
Gostando ou não, ele era a autoridade máxima do maior e mais importante museu de todo o Reino Unido, e contraria-lo poderia levar a drásticas consequências.
- Se você tivesse me visto, não teria ignorado os minutos que fiquei lhe chamando e batendo em sua porta. Espero, de verdade, que sua intenção não seja de me ignorar e sim, você precisa mesmo. Não se esqueça que estamos em horário de inverno, não haverá pagamentos por hora extra. – O Sr. Anderson se referia aos efeitos do inverno inglês, onde o dia escurecia muito antes do normal, deixando assim o museu em horário especial. Os funcionários almoçavam perto do meio dia e iam embora pouco depois das duas da tarde. Para aqueles que não quisessem encarar o frio até algum restaurante, as refeições poderiam ser feitas no refeitório do museu.
Então ele abria a porta para que Margareth pudesse sair em direção a Anna no setor de restauração e a seguia.
- Eu irei acompanha-la até lá, não posso mais aceitar seus atrasos sem fazer nada. – Depois de alguns sermões desagradáveis passados de Anderson para Margareth, enfim dos dois chegavam ao setor de restauração.
A sala onde Margareth e outros funcionários tratavam de trazer as raríssimas e importantes antiquarias de volta a seu tempo de glória e esplendor ficava em um nível abaixo do solo. Seu acesso se dava por uma porta espessa de pressão feita inteiramente de ferro, esta, que levava a uma escada que descia até o local.
A sala estava toda escura e silenciosa, o que talvez significasse que Anna e os outros estivessem almoçando naquele momento. O curador passava na frente de Margareth e acionava um interruptor em uma parede ao lado da escada.
Vários holofotes eram ligados, gerando uma claridade quase cegante por alguns breves instantes. A forte iluminação revelava toda a grandiosidade daquele âmbito. Inúmeras prateleiras forradas de itens – alguns encaixotados, outros à mostra – etiquetados cuidadosamente tomavam conta das paredes em volta da sala. Ao centro, compridas mesas guardavam mais alguns itens a serem restaurados e avaliados, juntamente com todas as ferramentas possíveis a disposição de seus funcionários.
Setor de restauração:
- Muito bem, vamos ver o que temos aqui... – Dizia Anderson, se dirigindo até uma das várias e compridas mesas postas no local, onde algumas caixas de madeira – que Margareth conhecia muito bem - estavam abertas ao lado da mesma.
Acima da mesa, estavam algumas espécies de ídolos antigos, pequenas estátuas feitas de algum tipo de metal ou pedra esverdeada, bem como um tipo de máscara de faraó dourada reluzente. Anderson ficara deslumbrado com aqueles artefatos, e começava a mexer nas caixas, em uma curiosa tentativa de descobrir se lá encontraria ainda mais maravilhas antigas e até então, esquecidas pela humanidade.
Estátuas:
Do outro lado da mesa, um enorme sarcófago jazia imponente com seus vários detalhes e símbolos esculpidos de forma primorosa. Finalmente a mais esperada atração do museu chegava até sua nova casa. Pronta para tomar a atenção dos empolgados curiosos de plantão.
Sarcófago :
Mima, mais um teste com dificuldade 4. Resultado lhe direi em off.
Arthur Armstrong Jr.
***
Edifício 04 – Distrito de East End - Segunda-feira - 19 de dezembro de 1938 – 8h25min Am
- Não sei, mas não me parece um ser considerado humano, tamanha essa brutalidade e selvageria. – Respondia Alfred, ainda um pouco perplexo com toda aquela horrenda cena.
Então ficara decidido que Alfred cuidaria da análise do cadáver e Arthur em coletar as evidências na tentativa de desvendar aquele brutal assassinato.
Ao abrir a janela que dava de frente para a rua, um vento calmo, mas gélido adentrava o malcheiroso cômodo. Um alivio após um sufocante mal-estar que aquele misto de odores desagradáveis causava.
(...)
Vestindo suas luvas, na tentativa de proteção para o que fosse que pudesse infestar seu organismo, Arthur prosseguia sua investigação para o armário de roupas duas portas cor de pinho.
Armário (Guarda-roupas):
O guarda-roupa estava – assim como o resto do quarto – todo manchado de um sangue já seco e grudento. Abrindo Arthur poderia ver que as roupas estavam todas muito bem dobradas e arrumadas. Estas, eram bem simples, comprovando que a vítima era uma pessoa muito humilde e de pouco poder financeiro. Olhando mais atentamente, conseguiu diferenciar um traje especifico que destoava dos outros.
Era um uniforme cinza de servente, mais precisamente de alguém que trabalhava com serviços gerais – subentende-se faxineira – e possuía, bordado na parte detrás da gola, uma escrita de identificação:
“Propriedade do Museu Britânico”
Uniforme:
Neste momento, Alfred chamava a atenção de seu parceiro com uma recente e perturbadora descoberta:
- Cara, não ache que estou ficando louco, mas essa abertura rasgada na região da barriga parece ter sido feita de dentro para fora... – Seu olhar era de alguém muito surpreso e amedrontado. Um Alfred que Arthur nunca tinha visto antes, mesmo não fazendo muito tempo em que os dois estavam trabalhando juntos. – Mas eu não sou um médico legista, posso estar errado, não é? – Ele parecia estar se esquivando do próprio assunto. – E você, descobriu alguma coisa nesse armário? Não esqueça da penteadeira, precisamos ser rápidos, não sei quanto tempo temos antes que os outros descubram...
Hylian, continue utilizando suas habilidades de investigação. As vezes, certas recompensas podem aparecer.
Juliette Frazier
***
British Museum - Segunda-feira - 19 de dezembro de 1938 - 11h40min Am
Juliette acabava se assustando um pouco pela repentina atitude do Dr. Parkin. De pé ao lado da cadeira, ela perguntava a ele – na tentativa de tentar entender o que estava acontecendo e ganhar algum tempo – se estaria fazendo alguma pesquisa diferenciada sobre o assunto do tal livro, mas o homem parecia não ouvir e continuava a caminhar em direção a azarada arqueóloga.
Enquanto um catatônico Parkin se aproximava, Juliette tentava descobrir o que tinha em seu escritório, se esforçando para enxergar levantando sua visão o máximo que conseguia por cima de Parkin.
O ângulo de vista não lhe ajudava muito, mas poderia concluir algumas coisas. A primeira era de que não havia mais ninguém naquele escritório, ao menos que estivesse escondido. Segundo, parecia ter algum objeto em cima da mesa, mas a escuridão do local atrapalhava sua distinção.
Ao chegar em frente a sua funcionária, estendeu suas mãos de forma a receber o livro, derrubando o livreto que carregava ao chão. Juliette pudera observar que talvez se tratava de um pequeno e surrado diário, com um cadeado o trancafiando e com uma capa feita de couro negro.
Diário:
Juliette atendia prontamente a solicitação de Parkin, o entregando o livro de astronomia. Neste instante acontecia mais uma coisa inusitada. No momento em que o livro tocava os dedos de Parkin, ele convulsava, tremia como se estivesse levado um grande susto. Seus olhos voltavam ao normal e ele gritava assustado:
- Aaaaaah! O que... Frazier?! Hã... – Ele olhava confuso para o que podia enxergar diante da sala, e terminava em seu relógio de bolso. – Nossa, devo ter perdido a noção do tempo, já estamos na hora do almoço e – Então ele dava alguns passos para trás, pisando em seu diário. – Mas o que isso está fazendo aqui? Não... isso não deveria estar aqui... – Então juntava os dois livros em suas mãos e voltava rapidamente a seu escritório, dando as costas para a confusa e assustada Srta. Frazier.
Era verdade, todo o trabalho de Juliette a fizera levar todo aquele tempo sem mesmo nem perceber ele passando tão rapidamente. O museu estava em horário de inverno, e os funcionários almoçavam perto do meio dia e iam embora pouco depois das duas da tarde. Para aqueles que não quisessem encarar o frio até algum restaurante, as refeições poderiam ser feitas no refeitório do museu.
Alguns instantes e barulhos metálicos depois, Parkin novamente saía de sue escritório, vestindo um sobretudo e um chapéu apressadamente.
- Frazier, não me espere por hoje, preciso resolver alguns problemas depois do almoço. Deixo este setor sob seus cuidados, não me decepcione, entendeu?! – E então ele saía porta a fora.
Pelo menos Juliette estava livre daquele encosto de ser humano por pelo menos o resto do dia. Tinha liberdade para fazer o que quisesse naquele instante.
Ursa, mais um teste com dificuldade 4. O resultado lhe direi em off.
Ronnie Green
Bethlem Royal - Domingo - 18 de dezembro de 1938 - 22h25min Pm
Tudo aquilo era demais para o modesto jornalista. Estava acostumado a lidar com as atividades ordinárias e rotineiras, mas presenciar todo aquele horror psicológico o afetava profundamente. Não tinha mias noção de suas ações, tamanha sua perplexidade com aterrorizante e inexplicável situação em que se encontrava.
Ao fechar os olhos, uma visão tomava conta de sua consciência. Era como se ele tivesse sido transportado dali para outro lugar, para dentro de sua traumática mente. Estava de pé em frente a sua antiga casa onde crescera com seus pais.
Antiga casa da família Green:
De repente era jogado com extrema velocidade e violência para trás em uma espécie de túnel alucinógeno e cósmico, para mais um outro local, um lugar estranho mas ao mesmo tempo familiar, uma espécie de catedral gótica, toda iluminada com luzes bruxuleantes, originárias de inúmeras velas. Algumas pessoas encapuzadas cercavam Ronnie em um círculo, e em sua frente um outro ser, travestido de uma túnica escarlate jazia detrás de uma espécie de altar feito de ouro.
Túnel cósmico:
- Ucvaul! Ucvaul R’lyeh!! – Gritava o sacerdote escarlate. Então os encapuzados ao redor de Ronnie sacavam algumas adagas estranhas e partiam para cima do jornalista. Antes que pudessem alcança-lo, Ronnie é novamente engolido e transportado pelo inacreditável e arrepiante túnel cósmico.
Catedral e o sacerdote escarlate:
Dessa vez, está diante de uma espécie de pirâmide rodeada por uma densa e imensurável floresta tropical. Mas não uma pirâmide comum, como as famosas pirâmides do antigo Egito. Esta aparentava ter enormes degraus, como se tivesse sido construída base sob base, como se fosse uma escada gigante de pedras.
Pirâmide:
Agora seu corpo flutuava por cima da estranha pirâmide e podia observar que longe, na imensidão avermelhada do horizonte, jazia uma espécie de sol negro, este que vinha em sua direção, como se tentasse engolir todo o local com sua negritude assustadora.
Sol negro:
Então Ronnie era jogado contra o chão e tudo se tornava mais negro que o preto, se é que isso fosse possível. Seus ouvidos doíam e latejavam uma espécie de ruído indecifrável e irritante, e uma tontura de perder as pernas tomava conta de seu corpo, como se não conseguisse decifrar se estava de pé, sentado, ou um senso de direção qualquer.
Quando o ruído sessou, pode ouvir uma voz, uma voz feminina.
- Sr. Green?! Sr. Green!? O senhor está bem?! – Então tudo ficava claro quando Ronnie abrira novamente seus olhos, na tentativa se seguir a voz.
Estava caído ao chão no mesmo lugar de antes, na cela onde seu pai era mantido. Ainda era de noite e Rose e mais um homem de meia-idade tentavam o reanimar. Seu pai, o Sr. Morris estava deitado em sua cama sem nem mexer um músculo. Então o homem detrás de Rose falava:
- Sinto muito Sr. Green, sinto muito.
Aumar, Ronnie perde mais três pontos de sanidade, um para cada uma de suas visões. Faça mais um teste com dificuldade 4. Caso falhe, na melhor das hipóteses Ronnie irá desmaiar, tamanho o estresse psicológico que o envolveu diante de todas as inexplicáveis visões.
Estado Atual:
Ronnie Green: - 5 de estabilidade / - 2 de condução. / - 5 de sanidade.
Margareth Miller: - 1 de estabilidade. / - 1 de sanidade.
Não era de se espantar que Juliette ficasse agitada, para não dizer nervosa, com a atitude bastante estranha e até suspeita do Dr. Parkin. Nunca tinha visto ninguém agir daquela forma. O mais desconsertante, sem dúvida, eram os olhos revidados. Certamente um doutor deveria ser chamado. Ao menos havia alguém na sala dele? As vozes que Juliette tinha ouvido...
A jovem se esticou um pouco para enxergar além do Dr. Parkin, além de seu ombro na direção de sua sala, mas, apesar de não ter uma boa visão, tinha certeza de quem não havia ninguém lá, ao menos que gostasse de se esconder no escuro...
Estaria o homem simulando outras vozes, como se estivesse imaginando conversar com alguém? Talvez fosse o caso de chamar um alienista mesmo.
O homem parado à sua frente ignorava suas perguntas e parecia apenas interessado em reaver o livro de astronomia. Tinha até mesmo derrubado o outro livro que carregava.
No chão, Juliette conseguiu enxergar a capa do livro de seu supervisor.
Um cadeado? O que quer que houvesse ali dentro deveria ser importante, ou pessoal demais para trazer um cadeado. Juliette achou o acessório muito peculiar, ainda mais nas mãos do homem à sua frente.
Sem mais delongas, sem receber nenhuma resposta de Parkin e ainda desconcertada com a situação, Juliette entregou logo o livro de astronomia. Ao ver o homem tremer de um jeito estranho e berrar, a srta. Frazier rapidamente largou o livro nas mãos dele, deu um largo passo para trás e juntou as mãos cerradas sobre o peito, encolhendo-se instintivamente.
Depois disso a jovem ouviu o homem falar, olhar para o relógio e falar de novo, mas não fez muita questão de responder nada. Apenas o observava juntar o livreto com um cadeado, cada vez mais certa de que o sujeito só poderia estar fora de si. Isso, sem dúvidas, era um comportamento que alguém da diretoria deveria ficar sabendo.
Juliette Frazier respirou aliviada quando seu superior finalmente lhe deu as costas e voltou à sua sala. Ela demorou alguns minutos para processar que a palavra almoço fora dita pelo Sr. Parkin. A arqueóloga olhou para o pequeno relógio em seu pulso e confirmou tal informação. A fome veio junto com a realização.
Quando a srta. Frazier tirou os olhos do relógio, o Dr. Parkin já estava saindo de seu escritório novamente e voltava a falar com ela, desta vez de um jeito menos... Peculiar.
- Sim, senhor. - a jovem respondeu sem muita força na voz, preparada para presenciar outra atitude esquisita do homem à qualquer instante. Nada mais aconteceu e seu superior finalmente deixou o museu. E pelo jeito não voltaria naquele dia. Menos mal. Mesmo assim... Juliette achava que era realmente necessário avisar à alguém sobre o comportamento do Dr. Parkin. Talvez a diretoria devia sugeri-lo de visitar um médico ou, quem sabe, um alienista mesmo.
Isso poderia ser feito depois. Juliette também precisava comer algo. Já tinham se passado várias horas desde sua última refeição. A jovem preferia comer em outro lugar que não fosse o museu, sair daquele ambiente fechado para um lugar mais aberto, onde poderia respirar um pouco de "ar puro", lhe faria bem, mais mais depois de ver o Sr. Parkin agir como um lunático. O ideal seria se Juliette pudesse voltar para casa e saboerar da comida apetitosa que Madame Heloise, a governanta de seu tio - parte dos poucos empregados de confiança que o Sr. James mantinha - sempre fazia, infelizmente a casa era afastada de onde ficava o museu, o que complicava tudo, mas a jovem arqueóloga precisava se acostumar, logo estaria à muitos quilômetros de distância de casa e comida de primeira poderia se tornar um luxo do qual talvez não pudesse desfrutar, assim como foi com seu tio enquanto ele esteve participando da guerra.
Só restava à Juliette usar seu dinheiro em algum lugar próximo. A arqueóloga guardou o que havia de importante em sua mesa, inclusive a pasta sobre a expedição, que colocou em uma maleta de couro, vestiu o casaco e estava pronta para sair, mas um pensamento lhe impediu de passar pela porta. A luz que tinha visto mais cedo... O que era aquilo, afinal?
Movida pela curiosidade e precisando descobrir o que poderia ter criado tal efeito colorido, Juliette refez seus passos de volta para a sala e se dirigiu até o escritório do Dr. Parkin, querendo, em um primeiro momento, tentar ver algo pelas vidraças das janelas do escritório dele que poderia explicar o criou o clarão, mas o vidro não era muito liso ou transparente, o que impedia que ela visse algo. O único jeito era entrar lá, mas duvidava que a porta estivesse destrancada. Não chegou a notar se o Dr. Parkin tinha chaveado, mas achava que tinha sim sido o caso. Mesmo assim não custava nada tentar. Por via das dúvidas, Juliette foi até a mesa e pegou alguns papéis a fim de fingir que não estava simplesmente invadindo uma sala alheia e voltou à maçaneta, girando-a.
Uma vez que estivesse fechada, não restaria muito mais à jovem arqueóloga do que voltar ao plano inicial de ir almoçar, uma vez que não tinha conhecimento de existir alguma chave extra - só se a diretoria do lugar possuísse algo assim - e também não sabia arrombar portas... Não era algo que exigia medidas tão extremas, afinal.
Margareth sempre se divertia com suas provocações ao curador do museu, não entendendo como ele ainda parecia levá-la a sério. Caminhou devagar para que ele a acompanhasse, seguindo rumo ao setor de restauração.
- Eu jamais o ignoro, Sr. Anderson. Estava apenas lendo o diário de bordo que me foi entregue junto com as mercadorias mais cedo - disse, achando melhor esclarecer logo os fatos - E não é como se o atraso na entrega fosse de minha responsabilidade.
Aquilo para ela era mais do que certo, embora o velho curador teimasse em culpá-la pelo atraso da exposição, e nada, nem ninguém mudaria sua opinião a respeito do assunto.
Manteve-se calada no restante do percurso, ouvindo as reclamações pacientemente, até chegarem ao lugar onde costumava passar horas com sua equipe trazendo as antiquarias aos seus tempos de glória. Atravessou a pesada porta de ferro e desceu a escada que levava à sala com cuidado, ligeiramente incomodada com o silêncio e a escuridão que reinavam no local.
- Pelo visto todos já foram almoçar... Viu? Temos funcionários exemplares - comentou, novamente divertindo-se com o homem.
Aguardou que o curador passasse à sua frente para acionar o interruptor, levando o braço rapidamente aos olhos quando as luzes dos holofotes que iluminavam a sala a cegaram momentaneamente. Quando o abaixou finalmente, abrindo os olhos para observar o que tinha à sua frente, sentiu cada músculo do seu corpo paralisar... As caixas de madeira, que antes estavam no estacionamento, agora estavam ali, ao lado de uma das mesas... E haviam sido abertas!
Notou que algumas das peças estavam sobre a mesa para onde o curador se dirigia, e correu para alcançá-lo o mais rápido que pode:
- Sr. Anderson... Talvez fosse melhor o senhor dar uma olhada no diário que recebi antes de mexermos nessas peças - falou, estendendo o pequeno caderno que tinha em mãos para ele enquanto observava os itens sobre a mesa.
Apesar de ser uma pessoa bastante cética, a lembrança do pavor que vira no rosto dos entregadores e na escrita do capitão em seu diário a inquietavam. Algo ali estava errado, e ela precisava saber exatamente o que antes de colocar sua equipe em risco, mesmo que sua equipe naquele momento se resumisse ao detestável curador do museu.
A situação era macabra o suficiente para deixar qualquer de mal humor e não seria diferente com Arthur, principalmente quando se tratava de trabalhar com aquele insuportável do “Alfredow”. A verdade era que, o jovem detetive não sabia quando seu parceiro realmente falava sério, salvo em raras ocasiões.
– Ah, claro, alienígenas? – Debochou Arthur Jr. Revirando os olhos impaciente, muito embora, ele também acreditasse que aquilo não parecia ser humano, mas não concordaria por orgulho.
Dentro do armário, Arthur encontrou um uniforme de um museu sujo e manchado com sangue seco e grudento. – Propriedade do museu britânico... – Leu ele aproximando o uniforme dos olhos como se buscasse mais evidências no tecido, quando escutou do colega a coisa mais absurda que era possível ouvir, muito embora depois de ter visto o cadáver que tanto lhe incomodava ali, nada mais lhe impressionaria.
– De dentro, pra...fora? – Perguntou Arthur arqueando a sobrancelha direita como alguém que custava acreditar na insana hipótese levantada. Armstrong encarou o buraco na barriga do cadáver e, por mais que pouco soubesse sobre a medicina, realmente seu parceiro tinha um argumento bom. A situação ali era feia. – Você só pode estar ficando é maluco de tanto trabalho... – Disse Arthur finalmente, tentando amenizar a situação caótica.
Sem esperar por qualquer reação que Alfredo tivesse, Arthur buscara qualquer coisa embaixo do armário de madeira e também no alto, buscando qualquer coisa que pudesse servir de apoio para que ele enxergasse o alto do armário, caso este fosse mais alto que ele e depois ele seguiria para a penteadeira.
Arthur Jr. utilizará a habilidade "Coletar evidências" para tentar descobrir algumas pistas sobre o assassinato.
Ronnie Green, sem entender nada, começa a ter uma série de visões atormentadoras. Num primeiro momento ele é transportado para a antiga residência em que morou em sua infância e várias lembranças passam pela sua mente; a maioria delas são boas lembranças, pois quando se é criança há poucos problemas no mundo. Contudo doía lembrar-se de como o seu pai era forte e determinado naquele tempo, um verdadeiro soldado inglês, para no futuro se tornar um louco preso num sanatório.
As próximas visões não faziam o menor sentido na cabeça do jornalista, e ele mal tinha tempo de raciocinar, pois era arremessado de uma visão a outra com extrema rapidez e brutalidade. Ele viu uma catedral gótica, pessoas encapuzadas a sua volta e um sacerdote escarlate, que dizia palavras esquisitas de algum outro idioma. O jornalista, num lapso de sanidade, tentou gravar aquelas palavras para tentar reproduzir mais tarde e pesquisar o seu significado, pois aquilo muito lhe intrigou. Quando os encapuzados partiram para cima de Ronnie com adagas afiadas, ele se encolheu, gritando:
- NÃO, NÃO, POR FAVOR NÃO...
Ele foi salvo ao ser levado para outra visão: dessa vez ele estava diante de uma pirâmide ao redor de uma floresta, e então começou a flutuar, se é que isso era possível, até uma espécie de sol negro no horizonte que lhe aterrorizou mais do que tudo até então. Ele não sabe quando tempo esses tormentos duraram, mas no fim de tudo, Ronnie sentiu como se tivesse sido jogado ao chão, e todo o seu corpo parecia tremer numa mistura de dor e medo. Quando o ruído cessou, ouviu uma voz.
Quando se sentiu calmo o suficiente para voltar a abrir os olhos, viu Rose e mais um homem parados diante dele, na mesma cela de antes. O seu pai, Ronnie percebeu, estava deitado imóvel em sua cama. Ele olhou a sua volta e piscou várias vezes até ter certeza de aquilo era real e não mais uma das perturbadoras visões.
- Eu... - ele não sabia o que dizer, nem tinha muitas forças para tal. Ver Rose e o homem tão calmos fez ele se sentir um bobo e covarde, como se tudo não tivesse passado de um pesadelo. Num ato impensado, ele segurou a gola do traje de enfermeira de Rose. - O que está acontecendo aqui? Vocês me drogaram? Que diabos foi isso?
Ele olhava ao seu redor, com suspeita em seu semblante, procurando qualquer indício de droga ou medicamento que eles pudessem ter aplicado nele ou em seu pai.
Habilidades:
Ronnie está usando a habilidade Farmácia, para tentar entender melhor a que tipo de tratamento estão dando ao seu pai e por que ele precisa permanecer preso nessa cela.
British Museum - Segunda-feira - 19 de dezembro de 1938 - 11h45min Am
Margareth acompanhava seu superior, o Sr. Anderson em direção ao setor de restauração. Ele era um homem sério e carrancudo, do tipo difícil de se lidar. Mas a Sra. Miller era uma mulher de personalidade forte, e não se deixava se intimidar e até se divertia com as atitudes do velho curador do museu.
- O atraso de fato não, mas o custo desta maldita múmia está me deixando muito aborrecido, senhora Miller, infelizmente ainda não encontrei melhor antiquaria do que a senhora, mas a recomendaria se apressar com esta exposição.
Nem o melhor funcionário poderia se dar ao luxo de não cumprir com as metas e os prazos de seu serviço. Mas vindo de alguém como o Sr. Anderson, aquelas palavras poderiam até soar como elogios em comparação com o que normalmente ele dizia.
Após adentrarem a sala, Margareth soltava mais uma de suas provocativas brincadeiras a Anderson, que a respondia em tom sarcástico:
- Realmente, acho que irei parabeniza-los um por um em meu escritório, e a primeira será a senhora.
(...)
12h00min Am
Olhar o que? – Perguntava o senhor Anderson, ao sair de seu transe hipnótico gerado pelo vislumbre das relíquias a muito tempo esquecidas em suas mãos.
- O diário de bordo? Hum, talvez seja apropriado que eu o analise melhor em minha sala. – Dizia enquanto recolhia o pequeno caderno carmesim das mãos de Margareth.
- Bom, já está na hora do nosso almoço, depois de terminar sua refeição quero que se apresse em arrumar estas peças históricas, entendeu? – O curador do museu parecia não ligar muito para as preocupações de sua funcionária, praticamente ignorando o fato de que possuía uma possível explicação sobre o gritante atraso na entrega de sua tão preciosa encomenda. Para ele, o mais importante era ver aquelas preciosidades expostas ao seu público o quanto antes por entre os vidros no salão principal de seu museu.
Então guardou o diário no bolso de seu casaco dando as costas a Margareth e subindo as escadas de volta ao armazém de carga. Antes que a viúva Miller pudesse fazer algo, todas as luzes se apagavam em uma sintonia perfeita e uma escuridão horripilante tomava conta do lugar. Alguns sons estranhos que semelhavam como batidas em pedras poderiam ser ouvidos em volta de toda a sala e uma espécie de névoa de coloração purpura parecia ser expelida de dentro das caixas recém-chegadas do enigmático e sedutor território do Egito.
Como se isso já não bastasse para congelar a espinha de alguém, duas esferas purpuras flutuavam, paradas em frente a Margareth. Uma quantidade incalculável de vozes sussurravam em sua mente em um atormentador uníssono:
- Fuja se não for digna. Mas se considerar ser, os custos e as recompensas podem ser altos.
@mimacarfer - 2 de sanidade por toda a amedrontadora cena. Faça mais um teste de estabilidade com dificuldade 5.
Arthur Armstrong Jr.
***
Edifício 04 – Distrito de East End - Segunda-feira - 19 de dezembro de 1938 – 8h45min Am
Sem perder uma só chance de retrucar seu indesejável parceiro de investigação, Arthur debochava da opinião de Alfred sobre o “monstro” que tivesse cometido aquela atrocidade não ser humano.
- Alie o que? Estava me referindo ao sentimento de ser humano cara. – Respondia fazendo sinal de negativo com sua cabeça, demonstrando sua indignação com a resposta de seu parceiro.
Continuando com suas investigações, enquanto Alfred tentava ligar algum sentido ou nexo com o apavorante cadáver, Arthur aparentemente obtivera sucesso em encontrar uma pista sobre a vítima. Era um uniforme de faxineira do museu britânico, e como o resto das outras roupas ali, estava limpo e arrumado, praticamente pronto para ser usado a qualquer momento.
Seu parceiro chamava sua tenção para uma opinião um tanto estranha sobre o cadáver, e Arthur tentava amenizar a situação, mesmo achando que os argumentos de Alfred não eram completamente descartáveis, mesmo continuando sendo insanos.
- Talvez seja isso mesmo... – O respondia e continuava a analisar o corpo terrivelmente mutilado da pobre vítima.
Prosseguindo com a análise do móvel guarda-roupas, Arthur não encontrava nada embaixo além de mais sangue grudento e um mofo negro e fedorento. Para poder olhar com mais exatidão em cima, utilizou da cadeira da penteadeira para ficar nivelado com a altura do guarda-roupas.
Havia um ditado que dizia o seguinte “Quem procura acha, e quem pede é atendido então saiba onde procurar, e selecione os seus pedidos” que funcionava bem naquela ocasião, pois acima do armário estavam alguns dedos, provavelmente os que faltavam no cadáver. Todos envoltos por muito sangue e mofo, ajeitados em uma forma espiral bizarra, a mesma que Arthur poderia ter visto em uma das paredes ao adentrar o macabro cômodo de número 4.
A sinistra cena era interrompida por mais uma aterradora e horripilante observação de Alfred, que segurava um objeto pequeno com seus dedos da “pinça”.
- Cara, achei isso cravado em uma das mãos da vítima... Pelo tamanho... É de um bebê recém-nascido... – A expressão facial de Alfred era de total espanto e amedrontamento, e sua pele ficava branca e pálida. Arthur poderia ver claramente que o tal objeto, completamente sujo com sangue, aparentava ser na verdade, um dente humano.
Prosseguindo a investigação para o outro móvel do quarto, na penteadeira, Arthur poderia observar que o vidro parecia ter sofrido inúmeros golpes com força, e analisando melhor conseguiria realizar que teriam sido feitos por mãos humanas, dado a alguns pequenos restos de peles ensanguentadas grudadas nas pontas dos cacos trincados do espelho. Para saber se eram de fato da própria vítima, apenas um exame minucioso por um médico legista para se ter certeza.
Penteadeira:
Ainda haviam três pequenas gavetas na horizontal logo abaixo do espelho, e revirando-as Arthur achava uma espécie de cartão de identificação de trabalho.
Na Inglaterra e também no resto do Reino Unido, não era obrigatório para os cidadãos terem um documento de identidade. Sendo assim, quando precisavam, utilizavam os fornecidos por suas instituições.
No caso daquele em especifico, era fornecido e certificado pelo Museu Britânico em nome de Annalisa Hutger, mulher, 42 anos, Inglesa e empregada pelo museu no setor de serviços gerais. Possuía também uma pequena foto colada em uma área demarcada ao lado. Fora aquele documento, mais nada de importante poderia ser encontrado na penteadeira, apenas algumas escovas de cabelos e maquiagens baratas. Isso claro, dependendo de o que o jovem Armstrong julgasse ser importante.
Foto:
Um som de passos apressados poderiam ser ouvidos subindo a escada naquele momento seguidos de um grito de aviso:
- O comissário está vindo! Se apressem e saiam logo daqui! – Era o oficial Downey, que se esforçava apara avisar seus colegas que Sir. William Stuart Hudson, comissário da polícia da grande Londres estava a caminho. E ele não gostaria nada de ver dois de sues homens investigando um caso sem sua autorização. Downey chegava na porta do quarto ofegante com um pano tampando sua boca e nariz dizia, enquanto estendia o braço segurando um pequeno caderno de anotações:
- Vão! Peguem este caderno, não pude fazer muitas perguntas aos vizinhos, mas o que consegui está aqui. – Alfred se apressava em arrumar as coisas para não deixar vestígios de que os dois estiveram ali, e pedia a seu parceiro para fazer o mesmo:
- Garoto! Pegue esse caderno e depois leve o carro para a rua atrás do prédio, te encontrarei depois de terminar aqui, entendeu?!
@Hylian, acho que ouve uma confusão, o armário é que esta “sujo e grudento” e não as roupas dentro dele como você descreveu. As roupas estão limpas e arrumadas.
Arthur perde 1 ponto de sanidade por encontrar um padrão em forma de espiral na cena do crime. Faça mais um teste de estabilidade com dificuldade 4. A estabilidade do Arthur está em zero. O livro diz o seguinte sobre isso:
“Se sua Estabilidade variar entre zero e -5, você está abalado. Você ainda consegue realizar suas tarefas, mas estará distraído. Você não pode gastar pontos das reservas de suas Habilidades Investigativas. E as dificuldades para todas as Habilidades Gerais aumentam em 1 ponto.”
Lembrando que você pode recuperar alguns pontos passando um tempo com suas fontes de estabilidade.
Juliette Frazier
***
British Museum - Segunda-feira - 19 de dezembro de 1938 - 12h00min Am
Se perguntassem a dez pessoas se elas achassem que a vida um dia havia lhes “pregado uma peça”, provavelmente todas as dez responderiam positivamente, concordando sem pestanejar. Mas será que elas mesmas não teriam procurado por aquilo mesmo sem uma direta intenção? Afinal a vida é feita de escolhas e sucessivamente estas escolhas geram suas consequências, como uma verdadeira bola de neve girando sem parar por entre um gélido pico das temíveis e misteriosas “montanhas da loucura” no continente glacial da Antártica.
E a jovem e “azarada” Srta. Frazier fazia mais uma das suas escolhas ao se deixar levar por sua curiosidade ao girar a maçaneta da porta do escritório de Parkin. Uma escolha que talvez mudasse seu destino para sempre.
Ao encostar na maçaneta, Juliette poderia sentir que o ar ficara mais frio, como se uma corrente de ar enregelado atravessasse “magicamente” a porta e se chocasse contra seu corpo. E para piorar ainda mais, as vozes estranhas que tinha ouvido anteriormente de dentro do escritório agora ressoavam, baixas como um sussurro dentro de sua própria mente.
- Venha... eu sei que você quer saber... Eu sei... venha, venha minha jovem... – As vozes, ao contrário de antes, vinham no próprio idioma de Juliette e soavam uníssonas, sendo impossível de distinguir ou apontar sua origem.
Ao terminar de girar a maçaneta, nada acontecia. Logicamente o Dr. Parkin teria trancado a porta de seu escritório. Ainda mais quando demonstrava um comportamento um tanto que psicótico nos últimos dias.
Porém, mesmo Juliette tendo certeza e presenciando aquilo, a porta se abria diante dela, revelando um fraco e tímido feixe de luz purpura que aparentemente se originava por uma fresta de um suposto “móvel” nos fundos da sala.
O cômodo estava repleto de uma completa escuridão, com somente aquela estranha luz realizando um contraste em destaque. Mais uma vez as vozes voltavam:
- Vamos minha jovem... Não tenha medo, tudo será explicado, todas as suas dúvidas e anseios podem ser resolvidos... A chave do tudo a espera, o portal do passado, presente e futuro...
@Natalie Ursa - 2 de sanidade pela cena com as vozes. Faça mais um teste de estabilidade com dificuldade 5.
Ronnie Green
Bethlem Royal - Domingo - 18 de dezembro de 1938 - 22h30min Pm
Após as terríveis visões que presenciava, as palavras ditas por aquele ser horripilante de vermelho ficariam gravadas em sua alma para sempre, mesmo que fosse de seu desejo esquece-las no mar profundo de sua já perturbada mente, bem como as próprias imagens.
Ao agarrar a gola da camisa da jovem enfermeira, a mesma se espantava e tentava se desvencilhar da ação do perturbado jornalista.
- Não senhor Green! Me solte por favor! Entenda, nós não fizemos nada! – Gritava em voz alta na tentativa de convence-lo a se acalmar. Na tentativa de identificar alguma droga que poderiam ter causado tais abomináveis alucinações, Ronnie não achava nada para comprovar sua negação em acreditar que aquilo pudesse ter realmente acontecido.
Seu pai estava imóvel sobre a cama virado de barriga para cima, alguns sinais de amassado no metal da cama e nas correntes que prendiam seus pálidos braços poderiam ser vistos. Mas se estavam aplicando medicações em seu pai, apenas um exame mais detalhado poderia revelar. Aparentemente o Sr. Morris estava apenas contido naquela cela.
O homem de meia idade apenas observava tudo sem se quer mover um músculo e falava com uma voz tão calma com um sotaque estrangeiro carregado que chegava a irritar:
- Peço que o senhor se acalme, como pode ver, lhe achamos em posição fetal murmurando coisas sem sentidos. Eu sou o Dr. Joseph e Rose fora me chamar enquanto o senhor ficou aqui com seu falecido pai. – Aquela última fala poderia gelar ainda mais espinha de Ronnie. Como assim falecido? A pouco tempo seu pai estava gritando eufórico e com força suficiente para poder erguer uma pesada cama de ferro! Toda aquela situação parecia muito suspeita...
Dr. Joseph:
- Doutor, quer que eu chame os seguranças? - Rose perguntava com uma expressão de medo em seu rosto se escondendo por detrás de Joseph.
- Acredito que não será necessário, não é mesmo senhor Green? – Indagava novamente com uma calma inacreditável. – Podemos tratar dos preparativos do enterro em minha sala se preferir, mas recomendo que o senhor vá para casa descansar, observo que essa não foi uma noite fácil para o senhor...
@Elminster Aumar - 4 de estabilidade por sua fonte de estabilidade ter falecido, ficando assim com zero de estabilidade. O livro diz o seguinte sobre isso:
“Se sua Estabilidade variar entre zero e -5, você está abalado. Você ainda consegue realizar suas tarefas, mas estará distraído. Você não pode gastar pontos das reservas de suas Habilidades Investigativas. E as dificuldades para todas as Habilidades Gerais aumentam em 1 ponto.”
Lembrando que você pode recuperar alguns pontos passando um tempo com suas outras fontes de estabilidade.
Estado Atual:
Ronnie Green: - 9 de estabilidade / - 2 de condução. / - 5 de sanidade. / +1 de dificuldade em habilidades gerais.
Margareth Miller: - 1 de estabilidade. / - 3 de sanidade.
Arthur Jr: - 3 de estabilidade. / -1 de sanidade.
Juliette Frazier: - 1 de estabilidade. / - 2 de sanidade.
Não demorou muito para que Ronnie caísse na realidade e largasse a gola do uniforme da enfermeira. Ela não tinha nenhuma culpa do que aconteceu.
- Me desculpe, eu...
Ele não sabia bem o que dizer. O jornalista ainda estava em choque com tudo aquilo, e ele não precisou esperar pelas palavras do Dr. Joseph para notar que o seu pai tinha falecido. Ele aproximou-se do Sr. Morris, sem entender direito como havia ocorrido isso. Ele era o seu pai, o seu grande herói, o espelho para as suas ações, e vê-lo sem vida mostrava como todos eram feitos de carne e osso, e suscetíveis a enfermidades fatais. O seu choque era tanto que Ronnie nem mesmo conseguia chorar mais.
- Como... como?! - perguntava, agora debruçado sobre o corpo do seu pai. Ele só queria que o Dr. Joseph lhe respondesse em que momento seu pai perdera a vida, se foi enquanto Ronnie estava lá ou se desde o início ele estava morto, e tudo não passara de alucinações em sua mente. Contudo o jornalista se segurava para não falar em voz alta os seus temores, pois não queria que se passasse por um louco maior ainda do que já estava se passando. Aquilo poderia arruinar a sua carreira, isso se o Dr. e a enfermeira não decidissem que ele deveria ficar ali mesmo naquela cela e ser tratado no hospício igual seu pai. - Não será necessário chamar os seguranças, eu... eu não sei onde estava com a cabeça. Ver o meu pai assim me desnorteou.
Quando ouviu o doutor falar sobre os preparativos do enterro, Ronnie disse:
- Você poderia tratar dessas questões por mim? Eu... eu não me sinto em condições para ver isso nesse momento. Como o senhor disse, eu preciso descansar e avisar o resto da família.
Ele pensou em sua filha quando disse isso. Ela nunca chegou a conhecer o grande homem que fora o seu avô, e tudo o que Ronnie queria naquele momento era estar com ela, receber o seu abraço e poder compartilhar as histórias do Sr. Morris.
Curiosidade era da natureza de alguém como Juliette. Provavelmente a mulher estaria em um ramo bem diferente da arqueologia se não fosse essencialmente uma curiosa. Por isso mesmo, por mais que não fosse o certo a fazer, Juliette precisava entender o que estava acontecendo. As vozes e o clarão, o que eram? O que poderiam ser?
As respostas se escondiam atrás de vidro e concreto e a porta estava bem ali, diante dela. Duvidava que o Dr. Parkins deixasse seu escritório aberto, pelo jeito que o homem parecia neurótico em alguns momentos, simplesmente não combinava com ele, mas... Não custava nada tentar, ou pelo menos era o que a jovem arqueóloga pensava. Juliette não costumava levar em conta o quão frequente o azar se apresentava em sua vida, por isso mesmo não pensava muito nas possibilidades negativas de sua decisão. Não que ela pudesse imaginar as que estavam por vir.
Primeiro tocou a maçaneta fria e sentiu a temperatura baixar. O ar mal entrava em toda aquela sessão do museu, talvez uma tentativa de preservar melhor os documentos, mas... Parecia até que a corrente de ar que sentiu vinha direto da porta fechada diante de si. No estante seguinte começou a ouvir sussurros. As vozes de anteriormente, só poderia ser! Mas, não pareciam vir de nenhum lugar específico.
Juliette soltou a maçaneta imediatamente. O clarão e os sussurros que falavam com o Dr. Parkin deviam ter lhe impressionado à ponto de sua mente estar lhe pregando peças, não conseguindo reconhecer coisas simples como direção do vento e de o que quer que fosse a frase que ouviu? A frase parecia ter sido dirigida à ela, mas será que não poderia ser uma espécie de gravação em um rádio? Talvez fosse isso! O Dr. Parkin estava lhe pregando uma peça, esperando que sua assistente cometesse o erro de tentar entrar em sua sala para... Juliette não sabia direito o que ele ganharia com isso, talvez só quisesse lhe assustar para rir depois. Ou talvez não aguentasse mais a presença da garota e estava tentando dar um jeito de apavorá-la à ponto de fazer com que sua assistente nunca mais quisesse voltar ao museu. Isso seria muito maldoso da parte dele, ainda mais porque Juliette não estava ali por vontade prórpia, mas precisava pagar pelo dano que causara. Embora não parecesse, era uma questão importante para a jovem.
De repente a porta se abria, e Juliette tinha certeza que girar a maçaneta não foi o que a abriu. Sua mão nem estava mais sobre ela. E, antes que pudesse raciocinar como a porta tinha se destrancado sozinha, Juliette notou o feixe de luz púrpura. A mesma luz que, por um instante, tomara conta do lugar. Vinha de dentro de um móvel do lado oposto da sala, aparentemente. A arqueóloga não sabia o que fazer. Estava observando a luz colorida em meio à escurida, quando vozes voltaram a ecoar em todas as direções... Ou será que não vinham de direção nenhuma?
- Hum? Eu... - engoliu em seco e respirou fundo, abalada o suficiente para sentir o corpo estremecer por um instante, porém tentando manter-se firme. O que quer que fosse, deveria ter uma boa explicação lógica para tudo isso. Povos antigos acreditavam em uma variedade de acontecimentos místicos que, posteriormente podiam ser explicados após estudos mais elaborados - Não vou ser enganada assim! - repetiu em voz alta, claro que era para si mesmo e não para a voz, pois tentava manter-se convicta na ideia de que as vozes, a porta e a luz não passavam de uma brincadeira de mau gosto do Dr. Parkin. Tinha que ser isso - Por quem me tomas? - cerrou os pulsos, colocou-se nas pontas dos pés e falou alto, para as paredes do escritório, como se seu dono fosse capaz de ouvi-la.
Juliette não ia ser feita de tola e ser tomada como uma louca por algum plano maquiavélico de seu superior. Tampouco ficaria louca com essas brincadeiras bem boladas, mas cruéis que ele tinha arquitetado. Com certeza era uma voz gravada e ela estava chamando Juliette para que tomasse um grande susto quando achasse a fonte da luz. Não ia cair nessa!
A arqueóloga girou nos próprios pés, nervosa, mas também irritada, dando as costas à sala do Dr. Parkin. Tinha que admitir. O homem tinha se esforçado para fazer isso. Como ele tinha feito as vozes soarem desse jeito e a porta se abrir sozinha? Que mecanismo era esse? Era melhor Juliette não descobrir... Mesmo que isso significasse estar com medo do que encontrasse... No fundo não era isso mesmo? Era melhor se afastar e voltar ao plano de ir almoçar... E talvez nunca mais se aproximar do escritório do Dr. Parkin.
Juliette deu alguns passos para longe do escritório, sem nem lembrar de fechar a porta. Não tinha sido ela quem tinha aberto mesmo...
British Museum - Segunda-feira - 19 de dezembro de 1938 - 12h00min Am
Ah, o inocente estado de negação que a mente humana por as vezes tenta alcançar a fins de proteger sua própria integridade psicológica é de fato louvável, para não se dizer outra coisa.
E era exatamente nessa situação em que a jovem e azarada Srta. Frazier se encontrava. Em uma tola, porem válida tentativa de se livrar das amarras de seu perverso azar que vinha a arrastando para as mais improváveis e inacreditáveis ocasiões.
Se deparava com vozes em sua mente em uma sala completamente escura, com a nítida e gritante exceção de um feixe brilhante de luz purpura vindo de o que aparentava ser um móvel nos fundos da sala de seu chefe, o enigmático e atualmente ausente, Dr. Parkin.
Repetia em alto e bom som que não seria enganada por ninguém, acreditando que todo consequente evento em que se envolvia por entre as garras de sua curiosidade era de fato, uma brincadeira de muito mal gosto. Sem qualquer resposta além de um certo aumento no gélido ar do local, a jovem cerrava seus pulsos tentando se manter firme e dava alguns passos rumo porta a fora do sombrio e amedrontador escritório.
Porém, antes que pudesse de fato sair de lá, a porta subitamente se fechava em sua frente, impossibilitando sua saída. Se aquilo não fosse suficiente para deixa-la ainda mais atormentada com toda aquela situação, uma voz voltava a assombrar a pobre consciência de Juliette.
E dessa vez a voz era de alguém que a jovem não ouvia a muito, muito tempo. Era uma voz feminina, doce e manhosa, uma voz que não só congelava sua espinha, como todo o corpo da arqueóloga, pois fazia cair por terra todas as suas teorias de que Dr. Parkin, ou qualquer outro mortal estivesse por trás de tudo aquilo.
- Como você cresceu minha pombinha, eu e seu pai estamos muito felizes de te ver assim... – Um toque de uma mão poderia ser sentido em seu ombro quando terminava de ouvir aquela frase que aparentava vir da boca de ninguém mais, ninguém menos, de que sua própria e já falecida mãe.
- Vire-se minha querida, pois o senhor do passado, presente e futuro a aguarda... – Falava mais uma vez a doce e aveludada voz, passando uma sensação de que estava sussurrando no ouvido de Juliette, que poderia sentir um calor emanando por entre seu enrijecido e assustado rosto.
@Natalie Ursa Pode fazer mais um teste de estabilidade com dificuldade 5, além disso Juliette perde mais 1 ponto de sanidade. Pelo choque psicológico que ela se envolveu, você precisa fazer mais um teste com dificuldade 4 para poder se mover por livre e espontânea vontade. Boa sorte.
Ronnie Green
Bethlem Royal - Domingo - 18 de dezembro de 1938 - 23h00min Pm
Se Ronnie pudesse resumir toda aquela alucinógena noite em uma palavra, talvez esta seria "trágica", pois um de seus maiores medos se tornava real. A morte de seu maior herói vivo, seu próprio pai. Debruçado sobre o corpo recém falecido de seu pai, conclusão logica que chegou por ele ainda manter uma certa temperatura amena comparada com a fria e gélida noite de Londres, perguntava como de fato seu pai teria partido para a terra dos anjos - isso se Ronnie de fato acreditasse nestas coisas - e o doutor prontamente o respondia:
- Precisaria de uma analise mais aprofundada para saber ao certo Sr. Green, mas acredito que pelo estado de extremo frenesi que seu pai apresentava, seu envelhecido e fraco coração não suportou tamanho esforço. Pela temperatura do corpo deve ter acontecido entre o momento em que o senhor ficou sozinho com ele. - O tom de voz do doutor continuava irritantemente calmo e não aparentava estar acusando o jornalista de absolutamente nada. Talvez a vasta experiencia em situações semelhantes como aquela o tivessem deixado assim.
Sobre os procedimentos do funeral, Ronnie preferia deixar para o Dr. cuidar do que fosse possível e o mesmo o respondia:
- Sim, entendo, precisarei de no minimo mais um dia para realizar a autopsia, sugiro que vá para casa descansar e avisar os familiares e amigos, seu pai era um ex-militar não? Acredito que talvez as forças armadas gostariam de fazer uma ultima homenagem no dia do funeral... Quando estiver pronto, por favor ligue aqui para o hospital que despacharemos o corpo de seu pai diretamente para o funeral. - O médico se virava para Rose e o pedia para cuidar do corpo enquanto acompanhava Ronnie até a recepção do hospital.
- Enfermeira, por favor fique aqui enquanto eu o acompanho até a saída.
- Sim, é claro Dr. Joseph. - Rose o respondia como se estivesse com certo alivio de não precisar auxiliar Ronnie até a saída.
Apesar de estar em situação extremamente estressante e enlouquecedora, lembrar de sua unica e adorável filha davam forças quase que sobrenaturais para que Ronnie pudesse se recompor e deixar o hospital, se essa fosse sua real intenção.
Mas infelizmente para o Sr. Green, a temporada de insanidade estava apenas começando...
@Elminster Aumar Pode tentar interagir com o doutor até a saída do hospital se quiser, lembrando que o enterro acontece somente na terça-feira, você tem liberdade até lá. Ronnie recuperou um ponto de estabilidade por ter focado suas lembranças em sua filha, que é uma de suas fontes de estabilidade.
Arthur Armstrong Jr.
***
Edifício 04 – Distrito de East End - Segunda-feira - 19 de dezembro de 1938 – 9h00min Am
Arthur fazia o que era pedido por seu parceiro e descendo as escadas poderia sentir o ar ficando mais puro, mesmo ainda estando em uma das regiões mais sujas da grande Londres.
Deixava o decadente edifício para trás passando por algumas pessoas que agora se juntavam em frente ao mesmo, envoltas em cobertores sujos e esfarrapados na tentativa de se aquecerem diante de tão gélida temperatura. Seguiu em direção ao chamativo automóvel que os levara até lá e dava partida fazendo seu potente motor roncar alto.
Levando o veículo até a rua detrás do prédio, poderia ouvir o som de outros carros se aproximando. Se fossem de fato seus colegas policiais mais o próprio comissário, seria algo estranho, pois geralmente suas sirenes eram ligadas em situações como aquelas, o aparentava não ser o caso.
Alguns minutos de tensão depois, mais alguns sons de portas metálicas batendo poderiam ser ouvidas seguido de vozes masculinas. Alfred precisaria se apressar antes que fosse pego e agora a entrada parecia estar bloqueada por pessoas que Arthur não sabia quem eram.
Então Arthur vislumbrava um ser humano saindo por uma janela do alto dos fundos do prédio de número 4, e descendo com certa velocidade por um dos canos sujos e enferrujados prendidos nos avermelhados tijolos da parede. Era seu parceiro Alfred, que demonstrava uma habilidade peculiar para um policial naquela época. Dependo do ponto de vista, aquela cena poderia ser até considerada de certa forma, cômica.
Ao chegar ao chão, correu em direção ao carro e o adentrou com pressa, batendo com força a porta do carro.
- Vai! Vai! – Gritava e apontava o dedo para frente, sinalizando para que Arthur arrancasse em retirada com o possante automóvel o mais depressa possível dali.
- Achou alguma coisa nos moveis que você procurou? – Perguntara um tempo depois.
@Hylian, faça um teste de condução independentemente de onde você decidir ir. Lembrando que você tem +1 de dificuldade por estar com a estabilidade abaixo de zero.
Estado Atual:
Ronnie Green: - 8 de estabilidade / - 2 de condução. / - 5 de sanidade.
Arthur Jr: - 5 de estabilidade. / -1 de sanidade. / +1 de dificuldade em habilidades gerais.
Juliette Frazier: - 1 de estabilidade. / - 3 de sanidade.
Perdido em meio ao caos do que era aquela situação, o jovem Armstrong decidira seguir sem contestar o que seu parceiro mais experiente lhe dizia, mas antes, ele resolvera que iria vasculhar o topo do guarda-roupa, talvez encontrasse algo de útil lá, embora não estivesse tão certo. Para sua tristeza, e ainda que soasse estranho dizer isso, ele estava certo. Ao subir na cadeira que a vítima usava diante da penteadeira, ele pode ter uma visão ampla do que havia em cima do guarda-roupa e o que encontrara lá o assustou.
– Meu deus! – Exclamou ele ao ver aqueles dedos envolvidos por sangue e mofo. Para não vomitar ou qualquer coisa pior, ele descera da cadeira o quão rápido lhe fora possível e sua atenção fora chamada por Alfred que parecia tão nervoso e assustado quanto ele, porém, não por conta de dedos, mas por ter encontrado o que aparentava ser um dente humano em uma das mãos do cadáver. Mas que insano! – Um... Bebê? – Repetiu Arthur tentando assimilar toda aquela situação como se fosse uma piada de mal gosto. Tudo bem que ele acreditasse em extraterrestres, mas aquilo estava indo longe demais... – Eu acho melhor ver o que há na penteadeira...
Arthur Jr. examinou o cartão de trabalho da mulher com atenção que lhe era possível. “Annalisa Hutger” ele pensou consigo como se tentasse memorizar o nome, como se realmente conseguisse. Era uma senhora para aqueles tempos, já em sua idade de quarenta e dois anos e trabalhava como faxineira no museu britânico. O jovem dera uma boa olhada no rosto da moça e depois no cadáver que Alfred examinava não muito longe dele e novamente ele voltava a olhar a imagem da moça como se procurasse alguma semelhança e, pelo estado do cadáver, era impossível encontrar alguma semelhança física do que sobrara de seu rosto. Arthur estremecera só de imaginar o que diabos pode ter acontecido com ela, talvez ele estivesse certo, fossem realmente “aliens”, ele acreditava em seres extraterrestres, por que não?
O som de passos de Downey fizera com que Arthur se virasse imediatamente como se seu coração tivesse dado um salto quase lhe saindo pela boca, talvez fosse pela tensão em que estava. Sentia-se nervoso e pálido, um tanto estranho. Jamais imaginou que alguma cena de crime ou algum momento o seu trabalho lhe fosse deixar daquela forma, era a primeira vez que se sentia daquela forma. Arthur obedeceu Alfred mais uma vez, mas não porque se transformara num menino obediente, mas porquê faria qualquer coisa para sair dali e, abalado emocionalmente como estava, não iria começar uma briga ali. Agarrou a chave do carro e o caderno o mais rápido que pode e deixou o local tão rápido quanto entrara curioso. Por um momento ele pensou em visitar aquela que anos atrás tomou seu coração para si, mas seu orgulho o impedia de fazê-lo, claro, ela já deveria estar com outro como todas as mulheres são traiçoeiras... “Droga, Arthur, isso não é hora de pensar nela!”
Ele ainda estava num estado atônito quando o doutor começou a dar as suas explicações. Ronnie não sabia se culpava a si próprio pelo que aconteceu ou acreditava que foi apenas uma péssima coincidência. Talvez alguns meses mais tarde ele possa até mesmo achar que tivera sorte em poder estar ao lado do seu pai em seus últimos momentos de vida, porém no momento atual só vinha pensamento ruim em sua cabeça.
Quando ele ouviu o doutor perguntar retoricamente se o seu pai era um ex-militar, Ronnie estufou o peito ao dizer cheio de orgulho:
- Morris foi mais do que isso. Ele foi um herói da Grande Guerra, consegue compreender isso? - sua ira estava quase voltando à tona. - Se pessoas como ele não tivesse se sacrificado pelo nosso país, você provavelmente não estaria aqui. Nenhum de nós. E eu não tenho dúvida que foi a guerra que o matou.
O jornalista não queria mais saber de ficar naquele lugar. Ele seguiu o médico pelo caminho de volta até a saída do sanatório. Pegou a sua bicicleta e pedalou em direção à casa de sua ex-esposa, onde lá contaria o acontecido e pediria para ficar com a sua filha durante o resto do dia. Se a mãe assim permitisse, ele levaria Eva para sua casa, e num momento de dor como aquele era natural que ela permitisse.
Chegando em casa, Ronnie procurou juntar tudo o que ele tinha a respeito de seu pai. Fotografias, páginas arrancadas de jornais, equipamento militar e até mesmo a sua velha companheira de guerra, uma metralhadora Lewis. Decidiu que dedicaria um espaço em sua casa para criar uma espécie de memorial, enquanto um ou outro pertence ele doaria para o governo britânico. Mais tarde, Ronnie escreveu uma carta para Norman Hughes, explicando o motivo de sua saída repentina da redação e se justificando que não conseguiria terminar o artigo que ele lhe pedira por conta do falecimento de seu pai.
Ele compartilhou diversas histórias com a sua filha sobre Morris, e o dia passou mais rápido do que seria o normal. No dia seguinte, com tudo preparado, Ronnie iria para o funeral se despedir definitivamente de seu pai. Pediu que o uniformizassem-no com um traje militar à caráter, pois ele sempre lhe dizia do seu orgulho em defender a nação.
Sentindo-se aliviado por conseguir deixar o local o mais de pressa que era possível fazê-lo, Arthur Jr. agradecera ao senhor lá de cima por ter saído com vida daquela cena terrível que presenciara, muito embora sentia-se profundamente abalado com as lembranças que deturpavam seu senso de sanidade, porém ainda não estava louco, como acreditava, ou receava estar. Ou talvez só um pouquinho. Imaginar o que acontecera naquele local bagunçava ainda mais a lógica que ainda persistia em sua mente e latejava sua cabeça.
Carregando o caderno que antes estava com o oficial Downey a quem pouco tivera tempo de conversar. A outra mão ele tratava de esconder o nariz e a boca do cheiro insuportável que tinha aquele lugar horrível até a porta de saída no andar inferior quando finalmente em busca de ar puro ele pode puxar o ar até o fundo dos pulmões finalmente e, tivera a impressão que fazia anos que não o fazia; definitivamente seus pulmões almejavam por ar fresco, mesmo que gélido. Com os órgãos entupidos de ar ele estava pronto para voltar a ação:
Ignorou as pessoas que o olhavam sair do prédio curiosos, ele não tinha tempo de socializar, precisava sumir com o possante que denunciaria sua presença “criminosa” no local, afinal, eles não tinham permissão de estar ali. Alfred havia conseguido aquela façanha por “baixo dos panos” e era melhor que aquilo continuasse em segredo, ou a dupla se manteria em sérios problemas. Animado por finalmente poder por as mãos naquela maquina maravilhosa. Arthur adentrou o veículo como uma criança que ganha finalmente o brinquedo do ano.
– Uow – Exclamou para si mesmo – Se Sussan estivesse aqui ela piraria neste carro! – Ele comentou a si mesmo como um garanhão lembrando-se dos tempos do colegial, quando ganhara seu primeiro carro e seu maior objetivo na época era conquistar a garota dos sonhos que, em realidade, até o momento ainda não tinha completado. Sussan Tiffany não era daquelas garotas fáceis de se impressionar ou mesmo de se seduzir, muito embora Arthur acreditasse que aquele carro pudesse chamar sua atenção.
O barulho de outros carros fez com que o jovem deteve voltasse a si e a imagem da bela dama sumisse no canto mais íntimo de suas lembranças. Ele acordou de seus devaneios eróticos e finalmente ligou o possante fazendo seu motor roncar alto e o veículo esquentar em seu interior e o corpo de Arthur agradecer. Ele seguiu para rua que jazia atrás do edifício onde esperaria pelo detestável Alfredo, muito embora, sua vontade era deixa-lo lá e fazer uma visitinha a família Tiffany’s, naquele momento, a dama dos seus sonhos parecia mais interessante do que perder tempo com um assassinato. “Droga, Arthur, pare!” reclamou ele consigo mesmo ao sentir uma leve movimentação no meio das suas pernas deixando-o desconfortável e corado, ainda que estivesse sozinho e a calça escondesse bem.
A visão que vira não muito longe dele das janelas do edifício era de um Alfredo saindo de uma das janelas do número quatro, já que provavelmente não poderia deixar o local de outra maneira. O homem desceu da maneira mais bizarra que se poderia fazê-lo e disparou como pôde em direção ao veículo como sempre dando ordens a Arthur para que pisasse fundo onde quer que ele os levasse, mas para longe dali antes que vissem o possante.
Arthur pisou fundo no acelerador forçando o motor roncar mais forte e o veículo disparou para longe do edifício que há pouco estiveram xeretando as escondidas. – Achei... – Respondeu Arthur tentando esquecer do que há pouco aconteceu dentro do carro, algo que seu parceiro jamais saberia – A vítima trabalha no Museo Britânico, vamos para lá!
Seu corpo parecia mais pesado agora que estava dentro da sala, como se precisasse fazer um esforço um pouco maior do que o normal para move-lo. Aliás, Juliette só notava agora que estava do lado de dentro do escritório. Um instante atrás ela podia jurar que era uma observadora do outro lado... Não lembrava de ter dado os passos que a levaram até o interior obscuro da sala pessoal do Dr. Parkin.
Era apenas uma curiosidade inocente, uma dúvida, uma necessidade de entender o que antes ela tinha visto e ouvido que a moveu para bisbilhotar o escritório. Era também sua curiosidade que lhe ajudava a se meter em situações onde seu azar costumava ser o lado mais pesado na balança do destino.
Talvez fosse a hora da senhorita Frazier tomar sua merecida lição, ou talvez nunca aprendesse. Para ela, a luz e as vozes era só uma brincadeira de muito mal gosto de seu superior. Não parecia um homem inclinado à pregar peças nas pessoas, mas a jovem também não o conhecia muito bem para poder afirmar. No entanto, era a resposta mais plausível para sua mente cética. Luzes e vozes não brotam do ar. Embora... Embora Juliette tivesse a impressão que seu tio podia ouvir vozes desencarnadas. Vozes que só se apresentavam para ele... Ou só existiam em sua mente. Por um momento, um momento apenas, antes da porta se fechar em sua frente, Juliette cogitou a possibilidade, mas refutou-a imediatamente, afinal, seu tio não era das pessoas mais sãs que conhecia.
Quando virou-se para sair dali o mais breve possível e o baque da porta se fez presente, a situação começou a tomar uma nova dimensão. Uma que a jovem não conseguiria mais medir em sua mente lógica e sã. Ela sobressaltou e um arrepio percorreu toda a extensão de seu corpo quando o alto som da porta ecoou no ambiente em que apenas as estranhas vozes existiam e o ar, agora mais gélido, se deslocou na direção de seu rosto.
Estava nervosa. Tinha visto a porta se abrir antes, mas fechar bem na frente dela, prendendo-a no escritório, era pior ainda! Imediatamente Juliette se agarrou à maçaneta para reabrir sua única rota de fuga com crescente desespero, Não tentava mais analisar que truque fora implantado para que a porta abrisse e depois fechasse sozinha. Só queria sair o mais breve possível.
E ao girar mais uma vez a maçaneta, a voz que ouviu fez seu corpo estremecer mais uma vez, enrijecendo-se como se a sala fosse engolida por um frio glacial. Uma temperatura baixa o suficiente para travar a srta. Frazier no exato local onde estava. Um instante era o necessário para que as crenças de uma pessoa fossem totalmente esmigalhadas. Um instante e nada mais era como antes. A voz era doce, mas a doçura parecia apenas contribuir para o choque que Juliette sentira.
Com a mão congelada na maçaneta e o crescente pavor dentro de si, a jovem arqueóloga ouvia a voz se comunicando com ela... Uma voz há muito perdida, quase esquecida. Sua mãe.
Se já não bastasse toda a loucura, Juliette sentiu o toque de uma mão em seu ombro, o que a fez se encolher imediatamente contra a porta. Não podia ser. O que quer que fosse, não podia ser sua mãe! Ela estava morta há muito tempo e, como as próprias múmias poderiam comprovar, os mortos não podiam voltar a vida!!
Juliette cerrou os olhos e se agarrou com as duas mãos à maçaneta, precisava desesperadamente voltar ao outro lado, ao lado onde tudo ainda fazia sentido. Não era ela! Não podia ser! Ela não queria olhar. Não queria ganhar esse último estímulo de insanidade. Não queria comprovar o que ouvia com mais um de seus sentidos. Mesmo que um crescente sentimento de saudades começasse a disputar lugar com tudo o medo e afobação. Será que seu pai também estava ali? O pensamento cruzou a mente da jovem que lutava contra o que ouvia e sentia, como se tudo aquilo pudesse acabar mais rápido se fechasse os olhos com mais força.
Era a voz da sua mãe, parecia não haver dúvidas sobre isso, mas... A sensação... Não parecia estar certa. Se fosse sua mãe como Juliette podia se sentir tão apavorada?
A segunda frase foi ainda mais perturbadora. Era um desconcertante sussurro em seu ouvido e o hálito quente em sua pele gelada.
Senhor do passado, presente e futuro? Mas o que significava isso?? Por que isso estava acontecendo com ela? Não podia ser real! Estava ficando louca!! A esquisitice do tio finalmente tinha lhe alcançado.
Mas o que significava a frase? Era como se...
- Estou morta? - pensou no mesmo instante, quando mais nada em sua mente funcionava bem o suficiente. Deu voz ao pensamento, em um resmungo incompreensível.
Mas quando tudo parecia perdido, uma lembrança lhe atravessou a mente. Era muito jovem. Vivia há poucos anos com o tio e, na maior parte do tempo, era a Madame Heloise quem cuidava dela. Em uma noite foi acordada pelo tio que falava alto no corredor com Heloise. Ele dizia em um tom de voz agitado, desconsertado, que as vozes e rostos desencarnados lhe visitavam em seus sonhos. Eram aqueles que morreram na guerra. A conversa ouvida tinha posteriormente rendido vários pesadelos para a pequena.
Seria isso? Será que a jovem arqueóloga estava sonhando com os mortos como seu tio sonhava anos atrás? Estava dormindo? Já nem sabia mais... Tudo parecia tão real e tão surreal ao mesmo tempo.
Juliette mantinha em mente a ideia de que o que ouvia e até sentia não podia ser, de fato, sua mãe. Era, no máximo, um sonho perturbador. Um do qual a garota precisava acordar rápido. Tinha que sair dali mesmo que, no fundo, quisesse falar com sua mãe. Poder ouvir um pouco mais sua voz e vê-la uma última vez, só que não se sentia preparada. Era tudo súbito demais, mesmo que apenas um sonho. Juliette já não sonhava com sua mãe há muito tempo.
Juliette sabia que se olhasse para sua mãe, suas certezas se tornariam em dúvidas e iria fraquejar. Era real demais. Tinha que acordar, para seu próprio bem.
- Mãe, me perdoe... - balbuciou em um tom choroso - Eu não posso agora... Eu não consigo. Por favor. Me deixe...Sair! - Juliette retomou total controle dos movimentos de suas mãos e começou a girar a maçaneta furiosamente, desesperada para sair do escritório, do sonho que confundia sua mente.
Em um ato de puro instinto humano, a jovem – e única - herdeira dos Frazier se desvencilhava de seu amedrontador choque e forçava a porta desesperadamente em tentativa de uma esperançosa fuga daquele tenebroso pesadelo em que havia se metido.
Porém em vez da lógica de voltar a seu local de trabalho, se deparava com outro lugar completamente diferente e desconhecido. Nem mesmo a porta em que mantinha aberta era a mesma. Ela era de uma arquitetura muito mais antiga e feita inteiramente de madeira com um formato arredondado e uma abertura com grades de ferro um pouco acima de seu centro, no nível de visão de Juliette.
O lugar em questão era uma espécie de cela antiga, feita completamente de pedras que se encaixavam rusticamente por uma espécie de argamassa. O lugar continuava frio, apesar de aparentar não estar mais no inverno, conclusão que Juliette poderia alcançar sem muito esforço intelectual, pois a única janela brilhava uma forte luz cor de ouro que iluminava o ambiente, uma luz que a tempo não dava as caras na gélida e chuvosa Londres.
Cela antiga:
Perto da porta se encontrava um homem completamente consternado com os olhos lacrimejando em posição fetal. Do outro lado da cela havia mais um homem, desta vez bem mais velho e decadente, com cabelos desgrenhados, um porte físico debilitado - que aparentava não estar se alimentando muito bem já a um bom tempo - e vestia uma roupa surrada tipica de um paciente de hospital. Também havia atrás deste velho uma cama de ferro um tanto quanto retorcida.
Homem perto da porta:
Velho:
Ao contrario do outro homem que aparentava estar desligado daquele mundo, o velho reagia a presença de Juliette:
- Ah... Então chegou a minha hora... – Falava se virando á Juliette. – Eu fiz o melhor que pude, mas não consegui protege-lo... – Ele então abria seus braços e os estendia assim como Cristo havia sido crucificado. Uma forte luz púrpura – esta que Juliette já conhecia - brilhava em seu peito, bem onde ficava seu coração. – Estou pronto, venha menina, conceda-me a honra de servir para sempre o senhor do passado, presente e futuro... Yog-Sothoth é a chave e o portal, aquele que é um e é todos.
Então Juliette sentia sua mão direita ser preenchida por um frio objeto feito de uma espécie de metal prateado, uma adaga um tanto estranha com um olho esverdeado esculpido em seu pomo.
Adaga:
(...)
Cemitério de Highgate – Terça-feira - 20 de dezembro de 1938 - 09h25min Pm
O grosso do gélido inverno inglês caía sem misericórdia por entre as cabeças das várias pessoas que vinham se despedir de mais um dos heróis da grande guerra.
Uma dessas pessoas era a senhorita Juliette Frazier, que acompanhava seu tio James em um enterro, este de um dos seus antigos companheiros da grande guerra, um homem chamado Morris Green.
Juliette ainda sentia os terríveis efeitos daquelas alucinações que havia sofrido um dia atrás, mas talvez a inesperada presença de seu tio em Londres pudesse ajudá-la a se recompor.
Todo o corpo da polícia junto dos mais altos oficiais do exército britânico estavam presentes para prestarem suas últimas homenagens ao antigo tenente. Enquanto caminhavam, James tentava puxar uma conversa com sua amada sobrinha:
- Juliette, minha querida, está se sentindo melhor agora? Fiquei muito preocupado quando seu chefe me ligou me avisando que tinha lhe achado desmaiada dentro de seu escritório...
De conhecidos que Juliette conseguia identificar, apenas algum pessoal do museu que também comparecia até o funeral, como o esquisito Sr. Rather, o Sr. Anderson e as responsáveis pelo setor de antiquarias do museu, a viúva Miller – que parecia estar discutindo com um policial - e sua assistente, a senhorita Kesley.
James e Juliette se juntavam aos demais em volta de uma armação móvel que o protegia o caixão e os demais soldados que esticavam a bandeira inglesa por cima contra a violenta nevasca que se instaurava. Durante a cerimônia, um dos militares tocava a marcha fúnebre, caraterística dos enterros militares.
Após alguns sermões realizados pelo padre anglicano, o mesmo passava a palavra para o filho do falecido:
- Senhor Green, se quiser dizer alguma coisa...
@Natalie Ursa -1 de sanidade por não fazer ideia de onde está e nem de como foi parar ali. -1 de estabilidade por ter falhado no teste anterior.
Ronnie Green
***
Bethlem Royal - Domingo - 18 de dezembro de 1938 - 23h05min Pm
- Sim, é claro senhor Green, um verdadeiro herói do tipo que não se encontra mais hoje em dia, principalmente em tempos tão difíceis como os que vivemos hoje em dia. – Respondia o médico do sanatório, sempre calmamente sem parecer demonstrar emoção alguma.
- Até o funeral senhor Green. – Talvez Ronnie pudesse enfim questionar o doutor sobre a real causa da morte de seu pai no dia do enterro, isso se tivesse forças para tal.
(...)
Casa de Ronnie - Segunda - 19 de Dezembro de 1938
Procurando se recompor tanto fisicamente quanto mentalmente, Ronnie decidiu por batalhar contra a tristeza de sua recente perda ao lado da razão de sua vida, sua única filha Eva.
Passou o tempo restante contando histórias que enalteciam o vitorioso desempenho do senhor Morris durante a grande guerra. Buscando seus pertences a fins de realizar um verdadeiro altar para o antigo militar, acabou achando uma das raras fotos que mostravam seu pai e seus colegas de batalhão durante a guerra.
A imagem em si mostrava alguns homens muito bem fardados todos em posição e com suas espadas erguidos em uma espécie de cerimonia, muito provavelmente algum tipo de condecoração através das honradas e famosas medalhas da Grã-Bretanha. Logo abaixo, na borda já desgastada e um pouco amarelada pelo tempo, havia uma descrição citando o nome dos envolvidos.
Foto:
Da esquerda para a direita: Capitão Hudson, Tenente Green, Sargento Miller e Sargento Frazier.
O único que Ronnie reconhecia de fato – com a lógica exceção de seu pai – era o capitão Hudson, que agora era, além do respeitado Comissário da Scotland Yard, era também condecorado como um “Sir” pela própria vossa majestade da época, o Rei Jorge V.
Cemitério de Highgate – Terça-feira - 20 de dezembro de 1938 - 09h25min Pm
Mesmo o enterro começando um pouco mais tarde do que de costume, o grosso do gélido inverno inglês caía sem misericórdia por entre as cabeças das várias pessoas que vinham se despedir de mais um dos heróis da grande guerra.
Todo o corpo da polícia junto dos mais altos oficiais do exército britânico estavam presentes para prestarem suas últimas homenagens ao antigo tenente Morris Green. Ronnie sabia da fama de seu pai como herói, mas nem a sua mais otimista perspectiva imaginaria tantas pessoas presentes naquele lugar como agora.
Sua filha Eva o acompanhava sem largar nem por um minuto a mão de seu pai. Apesar de ser o enterro de seu avô, a garota não parecia estar muito triste. Talvez a falta de contato com ele, que tinha sido internado bem antes de ela sequer nascer tivesse alimentado a falta de sentimentos de sua parte.
- Papai, vai demorar muito? Queria que você levasse a uma confeitaria, a gente quase não fica junto e a mamãe nunca me leva lá, diz que meus dentes vão cair se eu comer muitos doces... - Dizia a jovem Eva de oito anos de idade. A ex-esposa de Ronnie ainda não tinha chegado, pelo menos ainda não tinha sido avistada por Ronnie ou por Eva.
O caixão atravessava os opulentos e melancólicos portões do grande cemitério de Highgate levado por alguns soldados e figurões, estes que seguiam caminho atrás de um padre anglicano até o local exato do adeus final. Doutor Joseph poderia ser visto um tanto distante dos demais acompanhado da enfermeira Rose.
Spoiler:
Dois homens muito bem fardados com várias medalhas fixadas em seus uniformes se aproximavam de Ronnie. Um deles era o próprio Sir William Hudson, já o outro Ronnie não conhecia.
- Meus pêsames, senhor Green, seu pai era um verdadeiro herói, tenho orgulho de telo em meu pelotão durante a guerra. – Falava o comissário, sem nem mesmo se apresentar já acreditando que todos o conheciam.
- Aceite minhas condolências também senhor Green, me chamo Sir. Louis Mountbatten e apesar de não ter conhecido seu pai, tenho certeza que fará muita falta nesse mundo. Já não se tem heróis da liberdade como antigamente...
Sir Louis:
Todos se reuniam em volta de uma armação móvel que o protegia o caixão e os demais soldados que esticavam a bandeira inglesa por cima contra a violenta nevasca que se instaurava. Durante a cerimônia, um dos militares tocava a marcha fúnebre, caraterística dos enterros militares.
Spoiler:
Após alguns sermões realizados pelo padre anglicano, o mesmo passava a palavra para o filho do falecido:
- Senhor Green, se quiser dizer alguma coisa... – Indicava e liberava seu lugar de destaque em frente a todos para Ronnie poder dar suas últimas palavras a seu amado pai.
@Elminster Aumar Ronnie recuperou três pontos de estabilidade por passar um tempo com sua fonte de estabilidade, sua filha Eva Green.
Arthur Armstrong Jr.
***
Distrito de East End - Segunda-feira - 19 de dezembro de 1938 – 9h15min Am
- No museu britânico? Só pode ser brincadeira... – Alfred fazia uma cara de descontentamento ao ouvir de seu parceiro onde a supostamente a vítima trabalhava. O motivo Arthur não fazia ideia.
- Ok... sigamos para lá então.
Arthur ainda sentia os efeitos da horrenda cena que tinha presenciado pouco tempo antes, e sua dirigibilidade já não estava tão bem como o normal, se perdendo algumas vezes nas marchas e quase derrapando na neve em outras. Mas nem tudo isso pareciam fazer Alfred abrir a boca para reclamar, algo que fazia com muita frequência. Estava calado desde então, preso em seus pensamentos.
British Museum - Segunda-feira - 19 de dezembro de 1938 - 12h00min Am
Mesmo demorando mais do que o normal – um tanto de culpa pela má condução de Arthur – enfim chegavam ao grande e famoso museu britânico. Porém, os enormes portos de ferro estavam fechados, forçando Arthur a parar o carro em frente a ele.
Um dos guardas do museu se aproximava ao lado direito do carro e batia na janela de Arthur sinalizando para que o jovem detetive a abaixasse. A chuva tomava conta da velha Londres novamente.
- O museu está fechado para almoço senhores, voltem depois das treze e meia! – Gritava o encharcado vigia.
Cemitério de Highgate – Terça-feira - 20 de dezembro de 1938 - 09h25min Pm
O grosso do gélido inverno inglês caía sem misericórdia por entre as cabeças das várias pessoas que vinham se despedir de mais um dos heróis da grande guerra. Todo o corpo da polícia junto dos mais altos oficiais do exército britânico estavam presentes para prestarem suas últimas homenagens ao antigo tenente, e Arthur Armstrong Jr também se incluía neste grupo.
Algumas das famílias mais poderosas e tradicionais de Londres também se faziam presentes, mas as que mais chamavam atenção de Arthur eram os Tiffany's, donos da maior e mais opulenta rede de joalherias de todo o reino unido. O que eles tinham a ver com um falecido antigo militar Arthur só poderia especular, mas o que realmente importava era a ilustre presença da herdeira da família, a senhorita Sussan Tiffany.
Sussan era uma conhecida desde a infância de Arthur, pois suas famílias sempre foram próximas. O que era amizade acabou evoluindo para um sentimento maior, pelo menos pela parte de Arthur, porém o mesmo nunca chegou a se declarar.
Ela vinha acompanhada de seus pais e se dirigia até o local onde os demais se reuniriam para se despedir do antigo militar. A outra família era a sua própria, os Armstrong, que logo se juntavam aos Tiffany. Talvez essa fosse a deixa para reaproximações.
O caixão atravessava os opulentos e melancólicos portões do grande cemitério de Highgate levado por alguns soldados e figurões, estes que seguiam caminho atrás de um padre anglicano até o local exato do adeus final. Seu parceiro Alfred poderia ser visto discutindo com uma mulher um tanto distante dali a neve que caia não ajudava a melhorar o campo de visão de Arthur, portanto identificar a tal mulher não era possível ao menos que se aproximasse dos dois.
Todos se reuniam em volta de uma armação móvel que o protegia o caixão e os demais soldados que esticavam a bandeira inglesa por cima contra a violenta nevasca que se instaurava. Durante a cerimônia, um dos militares tocava a marcha fúnebre, caraterística dos enterros militares.
Após alguns sermões realizados pelo padre anglicano, o mesmo passava a palavra para o filho do falecido:
- Senhor Green, se quiser dizer alguma coisa...
@Hylian As "barbeiragens" e a demora pra chegar no museu se deu por ter passado pelo mínimo no teste de condução, pois você tinha uma dificuldade de -1.
Pessoal, o jogo agora tem duas linhas de tempo, e uma vai afetar a outra conforme suas escolhas. Sei que pode ter ficado meio estranho pra vocês, mas conforme vamos avançando a história vai ficar mais fácil de entender. Os NPC's que não tinham imagens agora foram atualizados no tópico apropriado. Como sempre, quaisquer duvidas estou a disposição pelo discord, whatsapp ou MP.
Estado Atual:
Ronnie Green: - 5 de estabilidade / - 2 de condução. / - 5 de sanidade.
Arthur Jr: - 5 de estabilidade. / -1 de sanidade. / +1 de dificuldade em habilidades gerais.
Juliette Frazier: - 2 de estabilidade. / - 4 de sanidade.
Arthur Jr. não falou muito desde que partiu para o museu britânico acompanhado de seu parceiro. O jovem detetive estava aflito e ainda sofria com os efeitos psicológicos do que acabara de presenciar no apartamento da vítima, afinal, não era fácil lidar com uma situação tão “macabra” como aquela. O cheiro forte daquele lugar e a imagem do cadáver, juntamente com a foto da moça gritavam em sua mente perturbando-o de maneira que naquele dia sua direção estava caótica, não a ponto de causar um acidente, o que era um alívio, mas pela primeira vez ele desejou que Alfred assumisse a liderança e tomasse a direção de volta, pois ele acreditava que se envolveria em um acidente, embora não assumisse.
O guarda que assegurava a entrada do museu avisara a eles que o estabelecimento estava fechado para o almoço. Arthur estava tão perdido em seus devaneios, que se perdera também nos horários assim como seu parceiro mais velho. – Somos policiais – Ele respondeu sem muita animação, mostrando o distintivo para causar um impacto no reles guardinha que tentava impedi-los de adentrarem a construção.
...
Arthur Armstrong Jr. chegara cedo para o evento nada feliz, embora muito honrado que era a despedida de um famoso militar. A verdade era que lá ele encontraria muitas famílias aos quais conhecia bem e isso não o instigava a se sentir melhor, muito pelo contrário, o jovem detestava a alta sociedade ao qual nascera e isso explicava o porquê trocara o luxo de seus pais para viver em uma humilde “kitnet”. Porém, não demorou muito para encontrar lá, em meio a tantas famílias e pessoas, muitas conhecidas e muitas não, a garota a qual se lembrara no dia anterior, Susan Tiffany, a herdeira da maior rede de joalherias de todo o reino unido e aquilo não era tudo, sua beleza era incontestável. O jovem detetive logo enrubesceu ao vê-la aproximar-se dos seus pais, o Sr. e Sra. Armstrong. “Ah, não... Eles vieram...” bufou o detetive como quem ainda tinha esperanças de que por algum motivo milagroso seus pais faltariam aquele dia. Pensou em dar meia volta e fingir não ter visto nenhum deles, mas isso incluiria ignorar aquela a quem ele entregara os seus sentimentos mais profundos, ele não podia fazê-lo, não era forte o suficiente para isso, no final, como um cão covarde, entregou-se a sua eterna amante em segredo.
– Hey... – Murmurou ele aproximando-se de Sussan e os outros, fingindo ignorar quaisquer olhares reprovadores de seus pais. Não trocou muitas palavras com seus pais e nem com o Sr. e Sra. Tiffany, demonstrou total interesse em Sussan, olhando-a com um sentimento de nostalgia nos olhos, já que fazia muito tempo que não se viam e ele se perguntava se ela sentia o mesmo. – Como você está?
Não tivera muito tempo para contemplar a beleza natural de daquela bela dama, pois logo todos se reuniram em volta de uma armação móvel que protegia o caixão e os demais soldados e a marcha fúnebre se iniciara para então o padre anglicano começar seus tediosos sermões. Arthur olhava para Sussan vez ou outra pelo canto dos olhos e tentava não dormir com a monótona situação. Finalmente o padre calou-se passando a palavra para o Sr. Green, o filho do falecido.
Uso de Habilidade escreveu:Habilidade Interpessoal: Trato Policial
O dia com Eva havia sido melhor do que o esperado, e Ronnie guardou com orgulho a foto que encontrou do seu pai ao lado de outros comandantes militares. Quando chegou ao enterro, o jornalista percebeu o quão grandioso e importante havia sido o Sr. Morris ao ver todas aquelas pessoas ali reunidas para prestar homenagens a ele., incluindo grandes nomes do exército britânico. Eva, sua filha, permaneceu ao seu lado durante todo o tempo, porém todo o processo cerimonial demorado estava a cansando. Ronnie pegou em sua mão, e disse:
- Prometo te levar a uma confeitaria depois que isso acabar, e deixe que os dentes caiam, pois eles crescem novamente. - Ronnie não conseguia dizer "não" à sua filha. Este era um defeito que a sua ex-esposa sempre criticara, mas o coração do jornalista era mole demais quando via aquele rostinho inocente e doce. Ele aproveitou para olhar envolta, procurando pela mãe de Eva, mas não a encontrou. Ele tinha esperança que ela viesse. - Olhe, filha, acho que eles estão trazendo o caixão.
Ele viu uma movimentação lá na frente, e então Ronnie tirou o chapéu e segurou-o em frente ao peito enquanto observava a passagem do caixão. Dois homens vieram falar com ele, e um deles era ninguém menos que Sir William Hudson.
- Capitão - para Ronnie, Hudson seria sempre reconhecido dessa forma - agradeço as suas condolências e fico feliz que tenha vindo. Meu pai me contou muitas histórias a respeito de vocês dois e dos seus feitos. - Então, a segunda pessoa se apresentou como sendo Sir. Louis Mountbatten. Ronnie não reconhecia o nome, mas só pelo título sabia que era alguém de igual importância. - Obrigado, Sir.
Durante a marcha fúnebre, várias memórias voltavam a mente de Ronnie. Ele não pôde segurar as lágrimas. Quando encerrado, o padre permitiu que ele dissesse algumas palavras antes de enterrar o seu pai. Ronnie se adiantou até encostar no caixão, e olhou para o seu pai. Vê-lo sem vida era extremamente difícil. Mais do que dizer algumas palavras a ele, Ronnie achava que precisava passar alguma mensagem para os presentes ali reunidos.
- Senhores e senhoras que estão aqui presentes- começou, sentindo-se nervoso no início, mas pegando confiança conforme as palavras saíam de sua boca. - Primeiro quero agradecer a vinda de todos. Essa linda homenagem que vocês estão prestando faz jus ao grande homem que foi o meu pai e continuará sendo nos anais da história. Eu poderia enumerar aqui os seus feitos, sim, enumerar, pois foram muitos. Mas gostaria de dizer algo mais importante. Não é participar de uma guerra que faz alguém de um herói. São atitudes, pequenas ações no dia-a-dia, ajudar o próximo sempre que houver necessidade, ser gentil e solidário, entre tantas outras virtudes que podem tornar uma pessoa em um grande herói. E o meu pai também tinha isso de sobra. - E aqui ele voltou a fitá-lo. As próximas palavras foram dirigidas a ele. - Você me ensinou valores que fazem de mim o que sou hoje. Devo tudo a você. Te amo, pai.
Ele beijou a testa de seu pai, e voltou para a sua posição inicial, aguardando o enterro definitivo do Sr. Morris. Ninguém viu, mas uma última lágrima caiu de seu olho.