SteamBrasil World - Ayanfe

AYANFE

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Ayanfe esta caindo...

Ele sente o ar passando rápido pelos cabelos ruivos, e a imagem da ponta do penhasco ir diminuindo. Sua mão estava machucada, tinha marcas de uma... pisada? Seus dedos estavam doloridos.

Com um certo esforço Ayanfe vira o pescoço, o solo com as copas verdes das arvores se aproximava rápido... Haveria chances de sobreviver? Ou seria melhor que morresse rápido, ao invés de agonizar com os ferimentos mortais da queda?

Então era assim que acabaria sua vida? Teria feito tudo que teria que fazer?

Ayanfe então fecha os olhos, aguardando o abraço de seus orixás.

Foi uma boa vida.

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Ayanfe, ao recobrar a consciencia, abre seus olhos.

O dia estava claro, e ele se encontrava deitado.

Porem, haviam algumas coisas muito estranhas...

Primeiro, que não sentia dores de nenhum osso quebrado, nem havia espécie alguma de sangramento.

Alem disso, onde estava a montanha da qual tinha caído?

Teria sonhado?

Ele se levanta e verifica seu corpo... Nenhum ferimento... A não ser a dor em seus dedos da mão direita. E então resolve dar uma olhada ao seu redor.



Ele estava no topo de uma formação rochosa, que tinha uma vegetação esparsa, e a principio nenhuma possibilidade de se descer dela de uma maneira facil. Como teria chegado ali?

Então Ayanfe percebe a silhueta de alguém sentado numa das rochas mais abaixo. Parecia uma criança, de mais ou menos 10 anos, observando a paisagem.

AYANFE

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Mesmo ainda atordoado com os recentes acontecimentos, o fato de encontrar uma criança em perigo já faz Ayanfe entrar em ação. Ele dá o seu aviso a criança e procura por um caminho nas pedras para descer, sem sucesso.

A criança se volta para cima e olha para Ayanfe, com o lábio torcido para o lado.

“Você é que vai cair, se tentar descer dessa pedra por este lado! Va para o outro lado, la tem uma escada!”

Ayanfe segue o conselho da menina e caminha até o lado oposto. Ainda assim teve que contar com a ajuda da criança para encontrar o caminho, que estava esculpido na rocha. Dada a agilidade e corpo atlético, Ayanfe conseguiu descer a grande pedra com certa facilidade.

A menina se chamava Marilia, e disse que estava esperando por Ayanfe ali.

“A mãe Jupia falou com o Preto Velho, e ele disse que Yansa ia mandar ajuda pra nós. Em dia de ventania, ia cair do céu um homem na pedra alta. Não disse qual pedra alta, então mae Jupia me mandou para cá!”

AYANFE

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-Salve Srta. Marilia! Obrigado por me salvar também! E tem como descer daqui?

A menina acena com a cabeça e faz um sinal para que Ayanfe a siga. O capoeirista olha a região, e não ve sinal de mar, parecia que tinha caído num lugar interiorano da terrinha... Tinha um bom verde da mata, mas não era tao denso como nas paragens do sudeste. Onde sera que tinha vindo parar?
Conforme vão descendo pelo caminho pedregoso, Marilia explica a situação do vilarejo.

“Olha seu Ayanfe, mas voce não imagina como estão as coisas la na vila! Uns mascarados invadiram na semana passada, e levaram quase todas as crianças... Eu fui uma das poucas que sobraram, porque minha mãezinha me escondeu. Ta todo mundo chorando, e por isto que mãe Jupia pediu por ajuda...”

Ao se aproximar da vila, Ayanfe nota outra coisa... Parecia que naquela parte a terra era mais seca e o pó estava mais presente no ar, incomodando seus olhos. A vegetação parecia estar morrendo. As pessoas estavam em um estado miserável e ao chegar na vila e notar a presença do capoeirista elas se amontoam ao seu redor.

“Por favor, senhor, ajude a salvar as crianças e a nossa vila!”, dizem.

AYANFE

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Se acalmem que Yansã não dá ponto sem nó. A Sra. Do amanhecer me mandou e vou fazer de tudo para trazer as crianças de volta. Mas preciso de detalhes. Quantas crianças levada? Quantos homens atacaram.? Alguém tem ideia de quem sejam esse encapuzados?

Os moradores, vendo em Ayanfe uma luz de esperança, apressam-se a responder suas perguntas.

“14 crianças” “Meu filho!” “Por favor, salve eles!”
“Muitos mascarados vieram! Uns 10, 12!” “Tivemos medo!” “O Alonso, coitado, tentou defender, mas foi morto, sem dó! Que Yansã nos proteja!”

Subitamente a comoção diminui, e os aldeões vão dando caminho para alguém passar. Era mãe Jupia.



Fumando seu cachimbo, ela circula Ayanfe e o mede de cima a baixo com o seu olhar. Da dois tapinhas em suas costas, e diz,

“Então vassunce foi que Yansã mandou pra gente, foi? Mizifio é forte e bunitu! Cabelo de fogo... Tem a bençaõ de Xango?”

Ainda não sei como, mas juro por minha mãe Yansã e meu Pai Ogum que elas voltaram pra casa nem que eu tenha que pedir ajuda ou arriscar a mim mesmo para libera traze-las de volta.

“Mas nus faz esse favor, viu? A gente não sabe de onde eles vem, mas tem alguém que pode ajudar! Ela é uma cabocla, mas não mora aqui com a gente não... Muito boa de seguir pegada!”

Um dos moradores expressa sua preocupação.

“Mãe Jupia, a senhora tem certeza do que esta fazendo? A cabocla Jupira já atacou com flechada quem invadiu suas terras!”

Mae Jupia da uma baforada de fumaça.

“É escolha de Ayanfe! O vento sopra na fazenda e no sertão, não importa se o lugar é bonito ou não.”

AYANFE CABOCLA JUPIRA

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Ayanfe pergunta onde poderia encontrar a Cabocla Jupira, e os moradores explicam o caminho. Porem, ninguem queria acompanha-lo, pois todos sabiam que ela era muito perigosa e inconstante.

O rapaz então se despede e segue pela trilha que levava para o interior. Ao atravessar um campo florido ele recolhe algumas flores silvestres e penas, para fazer uma tiara. Era de tarde e estava quente, o suor escorria pelo seu corpo e cabeça.

Finalmente ele avista uma pedra em formato de cabeça, tal qual os moradores tinham dito, e sabia que próximo dali teria um riacho. Ayanfe presta atenção no som e consegue ouvir o barulho da agua corrente... Mas também o de uma bela voz cantarolando uma melodia.

“Quando a luz do sol invade o céu
Ilumina a pele de mulher
E o topo da montanha de cristal
Acendendo a terra até o luar

Água nasce e corre
Vai serpenteando
Por entre a mata verde
Saciando a sede”

Ayanfe aproxima-se devagar e escondido atrás de uma pedra, observa uma bela jovem de pele morena banhando-se no riacho. Ela estava de costas, meio-corpo dentro da agua e lavava seu cabelo enquanto cantava. Seu corpo era esbelto e ágil, com músculos bem-definidos.

AYANFE

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Ayanfe decide se aproximar, descendo do ponto alto onde estava, e cantando para indicar sua presença. O herói lança um olhar em direção ao lago, e nota que Cabocla Jupira o observa. Ela se ergue, sem se incomodar em mostrar sua bela nudez, e caminha em direção da margem.

Ayanfe pode ver como a mistura entre raças produzia belas mulheres... Seu corpo tinha as curvas da mulher europeia, e a graça e agilidade da índia. Sua pele era acobreada e os cabelos negros e longos cobriam parte de sua intimidade, mas nem toda...

Sem dizer palavras, os dois andam um de encontro ao outro, e param na distancia de um palmo, os olhos fixos nos olhos.

Em um instante Jupira empurra Ayanfe contra uma rocha, e com uma faca o ameaça.

“Não pense que uma canção ira conquistar meu coração, aldeão! Nunca ouviu falar que homem algum viu as intimidades de Cabocla Jupira e voltou vivo para contar? Me de uma boa razão para isto não continuar uma verdade...”

AYANFE

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Apesar do grande perigo que corria, Ayanfe não podia deixar de sentir o perfume de ervas que emanava da cabocla. Sera que ela se banhava com as pétalas das flores, ou ela tinha aquele cheiro naturalmente?

Por sua vez Jupira observava atentamente Ayanfe. Ele não era daquelas paragens, seu cabelo tinha uma cor diferente, e seu corpo era esguio e bem modelado. A mulher da mata baixa seu olhar para o peito forte do estranho, acompanhando com a ponta de sua faca bem próximo o contorno dos músculos.

Jupira sente um calor forte no seu próprio peito...

A cabocla se afasta e vai em direção de suas próprias roupas.

“Sua vida então é minha, e vou cobra-la em um momento apropriado. Sorte a sua eu me preocupar com as crianças da aldeia, pois são inocentes e puras. Ao contrario dos homens...”, diz enquanto se veste.

Depois de apanhar seu arco longo e sua aljava, ela se dirige a Ayanfe.

“Pois bem, encontremos as crianças. Me diga seu nome e explique o que esta acontecendo,” diz, aguardando com as mãos na cintura e expressão autoritária.