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    Ventos do Inverno

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    Mensagem por Tellurian Ter Ago 28, 2018 2:32 pm

    O sol morria no horizonte, tingindo o céu em diversas matizes de laranja e rosa. A Parte Alta do Parque Nacional do Itatiaia sempre proporcionou a seus vistantes vistas de tirar o fôlego. Os córregos efêmeros criados pela água da chuva escorrem pelos fartos campos de rochas cravadas no leito montanhoso, forrado por grama verde no verão, marrom no inverno. Árvores esparsas pontuam a paisagem o tempo inteiro, e conforme a altitude baixa, elas se unem em bosques. E então, em floresta. A mata atlântica é exuberante, e a reserva garante a plenitude dessa beleza. O dia tinha sido quente, como todo dia de outono no Brasil. Porém, a chegada da noite na parte alta do Parque trazia o sopro gelado do inverno que se anunciava.

    Gwen levou a mão ao floco de neve que repousava entre seus seios quando sentiu vento frio lhe arrepiar. Já sentira muito mais frio. Muito mais frio. O inverno brasileiro era quase aconchegante, mesmo no alto das montanhas. Ela sorriu e retornou a enfeitar a casa com pequenas lanternas de papel decoradas. As velas aromáticas dentro delas deveriam agradar aos espíritos que viriam cear no banquete do Samhain. O cheiro da mata fresca trazida pelo vento se misturava ao perfume da carne de porco e sementes de abóbora torradas que o pessoal da cozinha estava preparando. A torta de maçã, então. Receita especial, feita pelas suas próprias mãos. Estava esfriando agora, e o vento carregava o cheiro de canela pelo grande Hall da casa. A Mestre de Cerimônias estava feliz com o desenrolar dos preparativos. Olhou em volta. Música suave, casa iluminada, comida quase pronta. Seria uma supresa boa para banrigh, que chegaria em pouco mais de uma hora, cansada do dia exaustivo de aulas.

    Antonio farejou o cheiro de carne e sentiu a boca salivar. Não compartilhava as crenças celtas de sua irmã de matilha, mas compartilhava do gosto da moça por vinhos e comidas exóticas. A brisa de inverno afastou um pouco o cheiro do incenso. Tinha as juntas endurecidas, e sentiu que precisava relaxar um pouco. Saiu por um instante da posição de lótus e se deixou confortar, sentindo a rocha e a relva roçarem a pele nua de seus pés. O frio começava a aumentar, talvez devesse se proteger um pouco do vento. Mas era sempre ótimo meditar a céu aberto no parque. Daqui a pouco o sol terminaria de se pôr e as estrelas surgiriam. Uma sucessão de paisagens de tirar o fôlego, que sempre ajudavam Antonio em suas reflexões. Deveria permanecer um pouco mais?
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    Mensagem por antonio xavier Ter Ago 28, 2018 4:27 pm

    Antonio Xavier respira profundamente os ares da natureza, olha para o céu repleto de cores magníficas, uma verdadeira obra de arte em frente a seus olhos. Ele decide caminhar em direção à casa onde morava junto a suas companheiras de matilha. Havia pouco tempo que eles tinham ficados juntos e trabalhado como um grupo pelo bem de Gaia.

    Ao entrar, ouve uma belíssima música e vê uma casa repleta de cores e cheiros: um verdadeiro esplendor sensorial. Isso devia ser obra de Gwen, sempre tão sensível e detalhista em suas composições. A Galliard era amiga de Antonio desde que começaram a dividir algumas matérias na pós-graduação, eles compartilhavam uma série de pensamentos e interesses mútuos, fora que o gosto pelas longas falas de Gwen complementava o gosto por ouvir de Antonio: eles formavam uma boa dupla.

    O theurge continuou seus passos observando a casa onde vivia e percebeu próximo a si a bela Fianna:

    "- Está tudo muito bonito, Gwen. Parece uma verdadeira obra de arte repleta de sensações: cheiros, sons, cores. Acho que pensou em tudo, não é verdade?
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    Mensagem por Mellorienna Ter Ago 28, 2018 7:42 pm

    Ventos do Inverno BkAM0FU

    Gwenhwyfar trajava um vestido inteiramente preto, decotado, sem adornos, sem detalhes. Normalmente, vestia-se com a casualidade das universitárias que pouco de importavam, mas não naquela noite. Samhain estava sobre eles. Descalça, com os cabelos vermelhos presos em uma única trança larga e intrincada, a Galliard acendeu as últimas luzes e sorriu satisfeita quando Antonio Xavier se aproximou. O Theurge, mais que todos os outros, devia compreender sua atenção e seus cuidados naquela noite especial. A Película, já tão rarefeita e translúcida nas terras de Bela Noite, estaria ainda mais transponível durante a noite que se anunciava nas cores vívidas do pôr-do-sol. Aurora Serena caminhou até o Portador, arrastando o longo vestido aos seus pés como se deslizasse pelo chão e recebeu o irmão-de-matilha tomando as mãos dele entre as suas.

    - Sempre posso ter esquecido um detalhe importante, Antonio. E seu olhar atento de Druida pode me ajudar a ter certeza de que tudo está o mais próximo possível do que deveria ser. - existia uma certa ansiedade sob o tom alegre da Fianna, e uma inquietude dominava o movimento rápido dos olhos azuis da moça - Há comida e bebida suficientes para um banquete, graças aos Parentes de Garras-de-Luna. E as luzes e incensos estão todos queimando, pela Glória dos nossos antepassados. Porém...

    A garota sentiu um arrepio crescer dentro de si e olhou fixamente para o Theurge, que com sua grande empatia poderia notar facilmente que Gwen estava inquieta. Preocupada, talvez fosse a palavra certa.

    - ... sinto-me como se houvesse um cheiro de perigo no ar, mas fosse impossível distinguir sua natureza, de onde vem e quando estará sobre nós... Como o cheiro do sangue fresco no vento. Você sente, Druida? - a ruiva manteve a mão direita unida às mãos de Antonio Xavier e levou a mão esquerda ao pingente de floco-de-neve que trazia pendurado ao pescoço - Talvez devessemos mandar os Parentes de nossa bhanrigh para casa, Antonio. Para longe. O Sonhar está por trás das Névoas do Mundo e o Véu entre as dimensões oscila em uma dança ancestral de beleza e de morte na Noite de Samhain.

    Os olhos azuis da Galliard viraram-se para os Parentes que terminavam de preparar a ceia na cozinha da casa confortável e então percorreram novamente todo o espaço da grande sala, como se procurasse por trolls escondidos nas sombras.
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    Mensagem por antonio xavier Ter Ago 28, 2018 9:48 pm

    Antonio Xavier dá um leve sorriso para Gwen acolhendo as ansiedades da Galliard. Ele compreendia os anseios de sua amiga em relação àquela noite tão especial para os garous, principalmente, para a mestre de cerimônias e para os theurges, como ele. A cidade era particularmente um lugar propício ao sobrenatural, não foi sem motivo que o Portador da luz escolheu a cidade para dar continuidade aos seus estudos e para ser a sua residência.

    Ele podia sentir a energia especial daquele início de noite, era uma sensação simultaneamente prazerosa e assustadora por ter tão próximo o espiritual sobre o qual Antonio se sentia tão atraído.

    A voz doce de Gwen o trazia para a realidade, mas pra uma realidade idealizada onde o sorriso da menina tornava todas as preocupações pequenas.

    "- Gwen, eu entendo a sua preocupação. O dia de hoje é particularmente propício ao mal, mas também à força de Gaia. Hoje estamos mais próximos da verdadeira influência gaiana. Acho justa a sua preocupação, entretanto não devemos nos privar de todo positivo que essa energia que você moldou emana. Fiquemos alertas, mas vivamos o agora."
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    Mensagem por Mellorienna Ter Ago 28, 2018 10:27 pm

    A Galliard voltou seus olhos para o Portador da Luz e encarou o amigo em silêncio por longos segundos. Os últimos raios de sol filtravam-se ainda mais acobreados através dos cabelos dela, coroada em fogo na Noite de Todos os Santos. Soltando o floco-de-neve, que aninhou-se com suavidade no decote de seu vestido, a garota sorriu e acenou positivamente com a cabeça.

    - Você tem absoluta razão, meu Druida, meu amigo. Samhain é um festival de renovação. É uma festa de morte e vida, de recomeço de um ciclo sem fim. Veja, Antonio, é dito que na Noite de Samhain o Velho Rei morre e a Deusa Anciã lamenta sua ausência nas próximas seis semanas. São nomes tradicionais. Celtas. O Sol está em seu ponto mais baixo no horizonte, de acordo com as medições feitas através das antigas pedras da Britânia e da Irlanda, razão pela qual o Ano-Novo começa no Samhain. Você entende? Esse dia sagrado divide o ano em duas estações: Inverno e Verão. Por isso, essa noite, a mais mágica noite do ano, é o tempo ideal para términos. E começos.

    Aurora Serena apertou as mãos de Antonio antes de larga-las, virando-se para ajeitar o fogo que queimava na lareira. O Theurge poderia perceber que, entre os cuidados que a Mestre de Cerimônias teve, estava o de ter lanternas acesas no beiral de cada uma das janelas - para guiar os espíritos de volta para o Outro Mundo - e também sete pedras redondas sob a lenha que crepitava na lareira, as quais a Fianna ajeitava de forma que ficassem completamente cobertas.

    - Uma para cada membro da nossa matilha. As lendas dizem que se uma das pedras amanhecer o dia descoberta, indica a morte da pessoa que representa dentro do ciclo do ano que se inicia. Os Portões das Sídhe estão abertos e nem humanos nem fadas precisam de senhas para entrar e sair na Noite de Samhain. Então, previsões para o futuro são comuns. Em Samhain, Dor Serena, o Deus finalmente morre, mas sua alma vive na criança não-nascida, a centelha de vida no ventre da Deusa. Isto simboliza a morte das plantas e a hibernação dos animais durante o Inverno. O Deus torna-se então o Senhor da Morte e das Sombras. Cernunnos, o Gamo-Rei. O totem da Tribo Fianna.

    Após cobrir com desvelo cada uma das pedras, Aurora Serena se ergue novamente e pega do lintel da lareira um cinto de cor prateada - provavelmente trabalhado em aço - composto por luas entrelaçadas, cada uma do tamanho de uma ameixa. Prendendo o cinto ao redor da cintura delicada, a jovem sorriu para o Theurge uma última vez e corou com suavidade.

    - Mas o que estou eu aqui fazendo, ensinando sobre as Tradições dos Grandes Sabbaths a um Druida! Acho que me deixei levar pelo perfume da madeira no fogo e das maçãs maduras. É quase como estar em casa. Ainda que... a sensação de urgência de não me abandone, não sei bem porque... Talvez exatamente saudades das Highlands, uh? Gaherys deve conduzir os ritos de Samhain no caern onde eu nasci. E, por mais que Bedwyr seja exuberante, Gaia é minha testemunha de que Gaherys é a imagem viva do Gamo-Rei, que a Glória do Cervo se derrame sobre nós!

    Antonio já tinha escutado Gwenhwyfar mencionar os irmãos algumas vezes, sempre no mesmo tom amoroso e admirado. A Galliard parecia especialmente ligada à família, ainda mais em dias que remetiam às Sagradas Tradições dos Fianna. A garota finalizou, com uma expressão de dúvida no rostinho bonito:

    - Ao amanhecer, você conduzirá a cerimônia de concepção da criança não-nascida, Antonio? - ela piscava os longos cílios de modo inocente para o Theurge, sem formular a questão fundamental sobre com quem ele desempenharia o papel de Cernunnos e Dannu.
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    Mensagem por antonio xavier Qua Ago 29, 2018 12:17 am

    Antonio ouve fascinado as palavras de Gwen, ele possuía um grande prazer em aprender e conhecer, através dos lábios da galliard, toda a história de sua cultura diante daquele dia especial. Era incrível como cada local reagia a sua maneira frente a determinadas datas, como cada cultura criava novas formas de celebrar.

    "- Gwen, é um prazer ouvi-la falar, aprendo muito com você. Obrigado por dividir tudo isso comigo.

    O Portador da luz para um pouco e pensa antes de falar:

    "- Não acho que serei a pessoa ideal para executar tal ritual. Obrigado por me convidar, mas prestarei bastante atenção para aprender em cada celebração com você."
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    Mensagem por Tellurian Qua Ago 29, 2018 2:50 pm

    "Maldita estrada, maldita", pensava Valerie, enquanto dirigia seu Toyota Hilux 4x4 pelas sinuosas estradas de cascalho. Morar na parte alta do Parque Nacional do Itatiaia era um privilégio que pouquíssimos podem reivindicar. Tem uma paisagem exuberante e proporciona um contato ímpar com a natureza, além de uma privacidade que quase ninguém em Bela Noite pode usurfruir. Porém, as estradas são péssimas. Só 4x4 conseguem passar, e são cheias de cascalho e rochas cobertas com limo. Andar a 20Km/h também é uma necessidade para não correr o risco de perder o controle e despencar em um dos muitos barrancos e precipícios que pontuam o caminho.

    O dia havia sido cansativo. Projeto de Revitalização do Observatório. Uma barbaridade que não pode ser levada à frente, de jeito nenhum. O Reitor era um trunfo na manga dos Garou da Morada do Avô, mas no próximo ano haveria eleições, e a popularidade de seu aliado anda baixa. A oposição ganha terreno com promessas doces aos alunos, como ampliação do bandejão e das moradias universitárias. Ampliação. Com o Orçamento sendo cortado em 20%. Malditos demagogos. Como se não bastassem as aulas e as infinitas provas para corrigir. Além disso, algum príncipe Presa de Prata com pedigree raro chegaria em breve da Rússia e caberia a ela recebê-lo em sua matilha, como se ela já não tivesse problema suficiente com seus primos de sangue puríssimo. Os dois perdiam tempo demais vadiando com farras, putas e bebida. Esse comportamento já está gerando comentários, agredindo o bom nome da família.

    Valerie respira fundo. Encontre a oportunidade na adversidade, diria-lhe Garras-Mortais. As piores crises são a morada das melhores oportunidades. Sabedoria dos Senhores das Sombras. E Valerie era Senhora até os ossos. Refletiria sobre isso quando chegasse em casa, de preferência na Jacuzzi, com um bom vinho em mãos e jazz ao fundo.

    A perspectiva já a relaxava quando Valerie viu de relance uma moça parada entre as árvores. Nua. Longos cabelos negros. Durou um milésimo de segundo, mas Valerie poderia jurar que ela estava ali.

    Quando voltou a si, o carro rumava para fora da estrada, rumo ao barranco a frente. Valerie pisou no freio e o carro deslizou nos cascalhos, levantando poeira e parando perto demais da beirada.
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    Mensagem por DayenneValerie Qua Ago 29, 2018 3:49 pm

    - Pelo Rei Trovão! - exclamou Valerie surpresa.

    Aos poucos, a luz do dia vai se esvaindo e os tons de azul seguem povoando o céu com as primeiras estrelas. Após o susto, Valerie respirou fundo, e buscou uma conexão com sua natureza Garou. Para se conectar, mentalizava seu Rito de Passagem, sua primeira mudança, coisas que a levavam de volta a seu elo com Gaia e seu propósito na luta contra a Wyrm. Aos poucos, sentiu seu sangue esquentar e sua estatura mudar, afastou o banco para ter um pouco mais de espaço. Estava em Glabro.

    Checou os retrovisores, não viu nada anormal ao redor do carro. - Ok, não estou tão longe de casa, deve faltar um quilômetro ou menos. - Era uma boa motorista e, mesmo em Glabro, ligou o carro e seguiu novamente para a estrada. Aquela noite especificamente não era para se brincar e estar junto à matilha é uma ideia melhor do que procurar ao redor sozinha. Quando chegasse, checaria se todos estão bem ou se algo estranho havia sido percebido na casa também.

    Os cascalhos se arrebentavam no chão, abrindo caminho para a Pajero, que desbravava novamente o espaço. Valerie redobrou sua atenção na estrada e ao redor.

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    Mensagem por Tellurian Qua Ago 29, 2018 4:09 pm

    Não demorou muito tempo até o carro alcançar o casarão. Valerie estacionou o carro na ampla garagem. Ainda estava preocupada com o que tinha visto na estrada. Teria se enganado? Mas o rosto da mulher.... lhe era familiar. Precisava ver se os outros estavam bem. E precisava tomar um banho. Mãe, precisava de um banho. Iria providenciar isso assim que terminasse de subir as escad..

    Aquilo na janela era uma lanterna de papel?

    Subitamente, Valerie sentiu o cheiro de comida e lembrou que estava cansada, gelada do frio noturno e com fome.
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    Mensagem por Mellorienna Qua Ago 29, 2018 6:58 pm

    Aurora Serena ouviu a aproximação do carro da alpha bem antes de vê-la e indicou com os olhos para Antonio que Dayenne estava chegando. A resposta do Theurge ao seu questionamento era tão óbvia que a Fianna quase se envergonhou da própria ignorância. Era claro que um Cliath não conduziria os Ritos de Shamhain, o Grande Sabbath do ano. Às vezes, diante da postura tão sábia e controlada do amigo, Gwenhwyfar esquecia que o Portador da Luz ainda não havia alçado voos maiores na hierarquia Garou.

    Foi até a janela e viu Dayenne no carro estacionado. A Philodox parecia cansada. Aurora Serena acenou amigavelmente para ela. Não teria aceitado o papel de ceannard em nenhuma outra matilha, mas Garras-de-Luna parecia precisar do apoio dela. Com os primos confusos, os alunos demandantes e as pressões de ser bhanrigh, a Garou realmente não poderia se dar ao luxo de ter um beta qualquer. Entre os Senhores das Sombras quantos não tramariam para depô-la? Por isso aceitou a posição. Para ajudar uma amiga.

    - Nossa bhanrigh chegou, mas não vejo sinal dos primos-problema. E nem do Predador. - Gwen falou para Antonio sem se virar, ainda olhando Dayenne da janela da casa.
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    Mensagem por DayenneValerie Qua Ago 29, 2018 10:24 pm

    Ao ver a lanterna de papel na janela, Valerie percebeu ainda que Gwen acenava amigavelmente para ela. Por um momento as preocupações se desvaneceram, pelo menos aparentemente tudo estava bem.

    Cruzou o primeiro degrau da escada da garagem quando percebeu o agradável cheiro de carne e, claro, torta de maçã. Sua favorita. Eram muitos cheiros agradáveis e começou a sentir o aconchego de sua casa lhe abraçando, juntamente com a brisa fria que vinha de fora.

    Ela deu uma última olhada ao redor e subiu apressadamente os dez degraus que a separavam da entrada do hall da casa, um amplo espaço com piso e paredes de madeira envernizada, com uma lareira ao fundo. No chão, uma rica tapeçaria com motivos que remontavam à lua e à natureza. Grandes almofadas convidavam para sentar e relaxar. Estava em casa.

    - Gwen, Antônio? Estou de volta. - disse ela enquanto colocava suas coisas em cima de uma grande mesa de madeira rústica no ambiente de jantar, de maneira que não tirasse da ordem que Aurora Serena tinha meticulosamente organizado.

    Ainda estava em Glabro, a tensão ainda não tinha deixado Valerie à vontade para voltar a hominídeo. No entanto, agia com naturalidade diante dos dois.

    - Preciso comer algo e tomar um banho - falou ela enquanto buscava uma dose do licor de ervas das terras celtas nas bebidas ao lado da mesa. Era uma bebida requintada, sui generis.

    - Me contem, vocês estão bem? Preciso saber se houve alguma movimentação estranha na casa durante minha ausência. Os kin já foram, não é? Aliás, que decoração delicada. Isso é coisa sua, não é, Gwen? - Valerie se portava com autoridade, ocupando seu espaço enquanto dialogava.
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    Mensagem por Mellorienna Qua Ago 29, 2018 11:30 pm

    A Galliard sorriu de forma doce para a amiga, ajeitando as mangas longas de seu longo vestido, como se precisasse se certificar de que tudo estava em ordem. O fato de que Dayenne tinha dirigido até ali em Glabro não passou despercebido para a Fianna, que olhou ao redor quando a alpha mencionou a decoração, muito mais para conferir novamente cada sombra do que para apreciar a delicadeza de que se revestia.

    - Aye, eu mesma preparei a casa para a vigília dessa noite, bhanrigh. E me certifiquei de que houvesse licor de ervas, whisky e vodca suficientes para afogar uma Assembleia inteira. E fiz torta de maçã. - Gwenhwyfar piscou para Dayenne de um jeito charmoso e acercou-se da referida torta, cortando uma generosa fatia.

    Entregou à Philodox o pedaço de torta e então serviu mais uma fatia generosa, tomando o cuidado de se certificar de que havia a quantidade ideal de canela. Este novo pedaço entregou a Antonio, com um sorriso meigo e um leve rubor nas faces.

    - Sei que não pediu, mas... espero que goste, irmão. - a Galliard então olhou ao redor mais uma vez, uma sombra de preocupação atravessando seus olhos azuis.

    Diante da lareira, tomou seu violão e começou a dedilhar uma melodia suave, parando de tempo em tempo para afinar o instrumento. Habilidosamente, a ruiva mantinha o som das cordas baixo o suficiente para não interferir na conversação, ao mesmo tempo em que se fazia presente, para animar um pouco o espírito de Dayenne.

    - Distrai-me na conversa com Dor Serena, mas acredito que seus Parentes ainda estejam por aqui, bhanrigh, talvez em alguma parte dos fundos da casa. Nada de muito emocionante aconteceu até agora, se quer saber a verdade. Mas... o pôr-do-sol me trouxe certa inquietação. Nada que a companhia da matilha não possa resolver.

    Aurora Serena inclinou levemente a cabeça para a direita, fitando Garras-de-Luna diretamente.

    - Onde estão os primos-problema? Também não tivemos notícias do Predador. E é Samhain, por Dannu! A Arcádia nos alcança através do Véu. Precisamos guiar os espíritos de volta à Umbra. Defender o caern. E garantir que os Ritos sejam realizados.

    Gwenhwyfar era uma Galliard que levava muito a sério o papel de Amante das Tradições. A ruiva era o que se poderia chamar de nacionalista, bairrista e tradicionalista até os ossos. O fato de que os dois Ragabashes e o Ahroun da matilha não pareciam compartilhar de sua visão quanto à importância de permaneceram juntos naquela noite incomodava a Fianna. Samhaim era o maior Sabbath do ano, uma das cerimônias mais importantes, ao lado dos Ritos de Beltane. E, naquelas terras de Bela Noite, em nenhuma noite a união da matilha poderia ser mais crucial.

    Acima do fato de que Aurora Serena temia que a casa pudesse ser atacada de algum modo enquanto havia apenas três deles ali, a garota temia muito mais que os irmãos desgarrados de matilha sofressem um ataque, sozinhos, longe do caern, longe de quem os poderia proteger. Que, na visão dela, era ela mesma, é claro. Afinal, sacrificaria muito pelo bem-estar e segurança dos demais. E numa noite em que os Sídhe estavam à solta no mundo, nada como a Herdeira de Diarmuid para barganhar pela vida de um ou outro Garou.

    - Não se preocupe, Daye. Sua ceannard aqui cuidará dos preparativos. Coma sua torta e relaxe. Deixei ervas aromáticas e sais preparados para os banhos coletivos, mas duvido que a banheira será tão confortável enquanto estiver em Glabro, irmã. - a ruivinha riu, um risinho curto e melodioso como o trinado dos rouxinóis - Pode ir na frente, se quiser. Antonio e eu logo nos juntaremos a você.

    A Galliard dedilhou sua melodia celta no violão, sentada em uma almofada diante da lareira acesa.
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    Ventos do Inverno Empty Re: Ventos do Inverno

    Mensagem por antonio xavier Qui Ago 30, 2018 12:08 am

    Antonio Xavier olhou para fora da casa, no momento em que Gwen indicava a chegada de Dayenne. A Alpha chegou e era possível sentir sua aura de liderança emanando por cada canto da casa:

    "- Seja bem-vinda, Dayenne!"

    O Portador da luz ouviu com atenção a conversa entre as duas mulheres e não deixou de notar a forma em que a philodox havia chegado na casa. Gwen deu um pedaço de torta para Antonio que sorriu para ela.

    "-Muito obrigado, Gwen!"

    Antonio virou para Dayenne e disse:

    "- Aconteceu alguma coisa no caminho? Aqui, está tudo bem, apesar da sensação ambígua que o dia especial nos traz. A sensibilidade espiritual parece estar presente em tudo."
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    Mensagem por DayenneValerie Qui Ago 30, 2018 2:05 pm

    Era noite de Samhain e os kin ainda estavam na casa. Dayenne circulou pelo hall checando se pelas janelas era possível ver algo suspeito do lado de fora enquanto ouvia Gwen falar. Não pôde deixar de notar as velas aromáticas laranjas e pretas que circundavam o ambiente, perfumando e ornamentando o hall a meia luz. A lareira crepitava e oferecia calor ao espaço.

    - Gwen, por favor, peça aos kin para irem embora, está tarde para eles ficarem aqui. Agradeça por sua ajuda, mas diga-lhes que não será possível ficar para o jantar ou para dormir. Não nessa noite. Diga a eles para subirem o vidro do carro e não pararem por nada na estrada. NADA. - disse Valerie preocupada.

    Virando-se para Antônio, respondeu: - Aconteceu uma coisa estranha no caminho sim, vi uma mulher nua, de cabelos negros, em uma encosta da estrada. E o mais inusitado dessa situação era que o rosto dela era estranhamente familiar, como se já a conhecesse... - por um momento seu olhar ficou perdido, como se estivesse vendo através do Garou em sua frente. - Mas bem, foi só por um relance, depois desapareceu.

    - Os primos estão por aí metidos em putaria e bebedeira, Hannibal na Porão e Jack... não sei, deve ter ido para a Argentina. - ela parecia um tanto irritada com o comportamento dos dois - e o Predador, provavelmente junto com o Hannibal. Acho que eles não irão se juntar a nós nessa noite. - Acho que seguirei para o banho mesmo - completou enquanto comia o último pedaço de torta. - Preciso de pelo menos vinte minutos de descanso antes de me unir a vocês na vigília.

    Dizendo isso, saiu em direção à área da sauna e spa da casa. Abriu a delicada porta de bambu que seguia para o espaço e escolheu uma música para escutar. Tinha aquele CD daquela artista nova, uma tal de Alicia Keys, parecia promissor. Colocou o som em volume ambiente para poder começar a relaxar e retomar sua forma hominídea.

    I keep on fallin'
    In and out of love
    With you
    Sometimes I love ya
    Sometimes you make me blue
    Sometimes I feel good
    At times I feel used
    Lovin' you darlin'
    Makes me so confused


    Aos poucos as roupas foram deixando seu corpo enquanto se dirigia para a Spa Jacuzzi Meridian, um pequeno luxo que a casa oferecia, um espaço para um relaxante banho coletivo de até oito pessoas. A única coisa que Valerie tomou cuidado em manter perto de si fora a pistola Glock G25, que nunca perdia de vista, ao alcance da mão.

    I keep on fallin'
    In and out of love with you
    I never loved someone
    The way that I love you


    Soltou os cabelos castanhos ondulados e deixou que escorressem pelos ombros enquanto entrava na banheira. Os sais estavam ali, já cuidadosamente separados para aquele momento de relaxamento que teria. Soltou um leve gemido de satisfação com a água de temperatura agradável canalizada através de uma fonte termal localizada não muito longe dali. Era tudo o que precisava naquela noite de Samhain.

    Oh, oh, I never felt this way
    How do you give me so much pleasure
    And cause me so much pain
    Just when I think
    I've taken more than would a fool
    I start fallin' back in love with you
    I keep on fallin'
    In and out of love with you


    -------------------

    Para quem quiser ouvir a música:

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    Mensagem por Tellurian Qui Ago 30, 2018 2:52 pm

    Antonio farejou e mesa e sentiu a boca salivar. A comida fora preparada com esmero. A torta de maçã servida por Gwenhwyfar estava saborosíssima. Os Portadores da Luz são ensinados a conter os ímpetos de seus desejos, mas Antoniu sorriu achando que a gula seria um pecado difícil de conter hoje. Tudo estava maravilhoso. A música de Gwen era linda de se ouvir, os cheiros eram maravilhosos, a temperatura estava deveras agradável, embora achasse que em breve seria necessário colocar lenha na fogueira. E a comida estava ótima. Ele viu quando a Galliard parou de tocar para cumprir o pedido de sua Bhanrigh, e perguntou se ela queria ajuda.

    Gwen agradeceu a generosidade do Theurge, mas não havia dificuldade na tarefa. Não justificava que ele abandonasse sua amada torta de maçãs. E a ruiva seguiu até a parte dos fundos da casa, onde os três funcionários Parentes cuidavam das últimas tarefas de cozinha, como louça e outros. Gwen os dispensou com sorrisos e palavras doces, ofereceu-lhes comida e desejou-lhes cuidado no caminho para casa. E foi com eles até a garagem, onde os três entraram no mesmo carro e foram embora.

    Gwen observou o carro partir pela trilha, balançando de um lado para outro no terreno acidentado. Preocupou-se, mas encontrou conforto na certeza de que eles já fizeram esse caminho inúmeras vezes todos os dias. Sentiu o vento frio do inverno tocar-lhe os braços, e se virou para entrar em casa. E então ouviu sussurros vindos da floresta.

    Se virou, afoita. E aguçou os ouvidos. Os sussurros eram baixinhos, mas eram audíveis. Aquela voz... não era possível.

    -"Não esqueça de mim, Koshechka."


    ***

    Dayenne sentiu os músculos doloridos relaxarem quando a água quente os abraçou. A hidromassagem era maravilhosa. Podia sentir os nódulos de tensão se desfazendo. Se acomodou na banheira e soltou um suave gemido de alívio conforme o relaxamento tomava conta do seu corpo. Sentiu a pele delicada se arrepiar. Lembrou-se tarde demais da mini adega próxima à Jacuzzi. Tinha um Cabernet espetacular que seria ótimo para a ocasião. Bah, logo Gwenhwyfar se juntaria a ela. Com certeza traria o vinho. Podia relaxar em paz. A voz deliciosa de Alicia Keys a embalou enquanto ela fechava os olhos e ficava cantando baixinho junto com a artista. Ela sentiu que poderia dormir na banheira, o que era perigoso. Abriu os olhos e sentiu a vista adormecida, natural quando se está tão relaxada. Ela observou o reflexo das luzes das lanternas de Gwen na água. Eram tão bonitas...

    Porém, um vento frio apagou as luzes num instante. A respiração da Senhora das Sombras se condensou em névoa conforme sua pele nua se arrepiava de frio, e água gelou de forma intensa, e fez Dayenne gritar de forma aguda pela surpresa.

    Havia movimento no banheiro. Algo estava ali. Algo próximo demais.
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    Mensagem por antonio xavier Qui Ago 30, 2018 3:24 pm

    Antonio Xavier estava sentindo o prazer do paladar, aproveitando cada pedaço da torta de Gwen. Ele pensava sobre a conversava com Gwen e ficou intrigado com o relado de Dayenne. O que seria exatamente aquela mulher nua na estrada?!

    Parecia uma cena retirada das lendas brasileiras que o Portador já havia lido e estudado tanto, mas em alguns momentos era similar àqueles filmes de terror que Antonio não tinha prazer nenhum em assistir.

    De repente, enquanto ele está perdido em seus pensamentos, é possível ouvir um grito vindo da parte da casa onde Dayenne estava.

    Antonio se apressa em direção à Jacuzzi, corre o mais rápido que consegue mantendo firme o seu equilíbrio. Ele abre a porta, vê uma forte névoa e um ar frio é sentido por cada um dos poros de seu corpo, fisicamente e emocionalmente. O Theurge entra em contato com o seu lobo interior com toda a ansiedade que toma conta de seu corpo e assim é possível ver o homem crescendo e mudando suas feições. Ele não era mais o humano anterior, agora havia uma mistura de fera e homem que grita:

    "- Dayenne!?!
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    Ventos do Inverno Empty Re: Ventos do Inverno

    Mensagem por Mellorienna Qui Ago 30, 2018 3:28 pm

    Aurora Serena perscrutou a escuridão da mata atlântica diante das longas sombras que se estendiam entre as árvores. O sol seguia em sua trilha inexorável para morrer no horizonte, trazendo com ainda maior intensidade a magia de Samhaim sobre a terra. Um calafrio balançou o corpo da Galliard e ela se virou para retornar ao interior da casa...

    ... quando ouviu a voz dele.

    Gwenhwyfar se voltou imediatamente para a floresta escura, os olhos azuis faiscando à luz poente. Aquilo não era possível. Deu um passo curto na direção do som – a voz parecia se mover, mas mantinha-se sempre afastada da trilha por onde seguiu o veículo dos Parentes. Como um som que viesse do coração da mata, perdido no seio da montanha. E era incessante. Como um chamado.

    Aurora Serena não respondeu. E nem mesmo se virou para a casa. Não buscou um último olhar para a construção que abrigava sua atual matilha. A ruiva apenas correu. O vestido longo esvoaçava ao redor de suas pernas, os pés descalços ganhando velocidade crescente, os olhos atentos à linha das árvores. Provavelmente era loucura. Samhaim estava sobre eles e aquele poderia ser um truque das Sídhe para atraí-la para a floresta. Longe de Bedwyr e Gaherys. Longe de Nynaeve. Mas perto dele.

    E Aurora Serena correu em direção ao som, desejando que os Portões da Arcádia pudessem transportá-la para ele. Mesmo que por apenas uma noite.
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    Mensagem por Tellurian Qui Ago 30, 2018 3:45 pm

    Antonio largou a torta e correu imediatamente para o banheiro. O pensamento estava fixo nas palavras de Valerie sobre a aparição nua na estrada. Talvez não fossem apenas histórias de terror de mau gosto, afinal.

    O forma Glabro veio com dificuldade. Entregar-se ao lobo interior ainda era algo complicado para Antonio, conforme ele não se ligava muito à sua natureza animal. Porém, a Fúria arde em todos os Garou. E com concentração, ele alcança sua forma de meio-fera.

    Com o ombro, ele abre a porta do banheiro, e tudo o que vê são as roupas de Valerie no chão. As velas acesas na janela, a música tocando e água quente da banheira fumegando, com anéis de vapor levantando a cada momento.

    ***

    Gwenhwyfar correu enlouquecida para a floresta. Rezava para a Mãe para que o chamado fosse real e ele a esperasse. O mato alto que cresce entre as árvores feria sua pele delicada conforme a chicoteava a cada passada apressada. O solo pedregoso também cobrava o preço de seus pés, e a sua respiração afobada condensava em uma névoa espessa conforme ela avançava em sua carreira desesperada por entre as árvores escuras.

    Os sussurros a levaram até uma clareira. E dentro da clareira, a Onça-pintada a observava com seus olhos felinos, intrigada pelo afobamento de sua filha. Gwen parou de correr e tentou recuperar o fôlego. Olhou em volta. Notou que as cores eram mais sombrias e o frio mais vívido. O Inverno era mais presente ali. Havia deslizado para a Umbra, sem perceber.
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    Mensagem por Mellorienna Qui Ago 30, 2018 4:01 pm

    O olhar do Totem da Matilha penetrou profundamente em Aurora Serena e ela soube, no mesmo instante, que tinha agido com imprudência ímpar. Baixou os olhos em reverência ao Espírito da Onça Pintada, ofegando e sentindo a pele arder em vários pontos, graças aos arranhões provocados pela corrida na mata. Seu vestido estava rasgado em vários pontos, como uma cigana meio maltrapilha, e a trança havia se soltado, derramando os cabelos vermelhos em uma casta de ondas macias ao redor da Fianna.

    Não tinha o dom de se comunicar com os espíritos, mas mesmo assim sussurrou:

    - Quem me protegerá desse coração doce, de fato... ah Mãe, eu me perdi no País dos Sonhos na Noite de Todos os Santos. Permita que eu retorne a salvo.

    O frio era mais intenso ali e a ruiva tremeu, erguendo os olhos para a Onça Pintada novamente.
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    Mensagem por Tellurian Qui Ago 30, 2018 4:10 pm

    A Onça se aproximou, farejando a mão de Gwen e a lambendo de forma gentil. Ela virou as costas, e caminhou para dentro da mata. Olhou para a Galliard nos olhos, e ela soube que deveria segui-la.

    Andaram juntas por alguns minutos, até que a Fianna começou a ouvir o correr da água. Entraram em outra clareira, e ali corria um rio. As águas cortavam as rochas em um passo tranquilo, mas constante. A onça sentou-se no leito do rio e observou Gwenhwyfar.
    A ruiva se aproximou das águas, lançando-lhes um olhar. Viu que o seu pingente de floco de neve havia saído de seu refúgio entre seus seios durante a corrida e agora brilhava em seu peito, exposto ao vento de inverno. E sua mente se enevoou ao olhar, perdendo a consciência.

    Gwen abriu os olhos, e estava nevando. A Lua cheia brilhava pálida, ofuscada pelos ventos fortes da nevasca. Olhou em volta, e viu que estava em frente a uma cabana em meio a tempestade. Aquela cabana. A mesma onde, anos atrás, observou as luzes da Aurora em meio à neve, aquecida pelo seu coração e pelo seu amor. Mas hoje, a única luz no céu além da pálida lua era o agourento brilho vermelho da Estrela Rubra. O olho maligno que a todos observava.

    Um grito agudo e terrível fez Gwen tapar os ouvidos e cair de joelhos. O medo e a ansiedade gritaram em seu peito, e no topo da montanha a Fianna viu um imenso Dragão gritar aos céus e tentar devorar a própria Luna. Um relâmpago cortou o céu, e a Fênix cravou suas garras no Dragão, que urrou de dor e de ódio. Gwen misturou seu próprio grito ao do Dragão conforme a batalha em meio à nevasca prosseguia.

    Subitamente, não estava mais lá. Estava em uma colina. Vários homens e mulheres ao seu lado, com os corpos nus desprotegidos do vento frio. Eram altos e orgulhosos, belos e poderosos. Sabia que eram Garou, cada um deles. Mas eram tão jovens, e tão poucos! Onde estavam os líderes?

    E então o coração de Aurora Serena parou. Ela reconheceu o homem à beira do precipício, que observava a tundra congelada abaixo. Trazia um escudo de bronze no braço esquerdo e com o direito segurava uma grande lança adornada. Tinha tatuagens que não conhecia cobrindo o braço direito, onde seu primeiro torc lhe adornava o pulso. Mas o que desesperou Gwen foi o seu olhar. Ela sabia que o Ahroun já havia visto a morte várias vezes, e Gwen soube naquele momento que ele a olhava nos olhos mais uma vez.

    A Galliard olhou para a planície abaixo. As sombras se deitaram sobre ela e se contorciam. E horrores nasciam do coração das trevas, profanando o solo e blasfemando ao céu. Formas monstruosas e amorfas que traziam no vento o cheiro de morte e putrefação. Suas vozes gritavam agonia e ódio. Gwen voltou seus olhos para os Garou atrás dela. Eram jovens e poucos, mas eram resignados e valorosos. Não havia medo em suas faces, nem hesitação. Tinham seu coração cheio de Honra. Traziam consigo o orgulho de sua terra, sua raça, sua Tribo, seu povo. Lutariam, Gwenhwyfar sabia. Lutariam uma luta perdida. Por Gaia. Pela Wyld. Pelos Garou. E por seus amores.

    Gwen correu e tentou abraçá-lo. Impedi-lo. Implorar para que saísse dali. Para que ficasse vivo pra ela. Mas quanto mais ela corria, mais incapaz se sentia de alcançá-lo. Sua voz estava fraca, e seu peito pesado. Ela viu quando ele fechou os olhos, e seu rosto transpareceu paz. Ele levou o pulso direito ao peito, tocando o torc em seu coração. Gwen leus seus lábios sussurrarem "Koshechka". E ela soube que seus últimos pensamentos eram pra ela.

    A Fúria explodiu no peito do Ahroun e o poderoso Crinos cor de neve uivou para a Lua Cheia, junto com seus companheiros. Batiam as lanças nos escudos e os pés no chão. Uivavam e rosnavam e gritavam. E quando os horrores abaixo silenciaram, eles ergueram suas lanças e correram para a batalha, que Gwen só conseguia observar ao longe, não importa o quanto se debatesse e gritasse.

    O caos era imenso. O vento uivava tão fortemente que quase abafava os gritos. O som de metal contra metal. O cheiro de sangue. Os Garou lutavam com valor, mas o inimigo era numeroso demais. Poderoso demais. Aurora Serena procurava desesperadamente por ele no meio da batalha, mas tudo era muito confuso. Finalmente o encontrou e viu que lutava desesperado, mas com o valor dos Ahroun. Sua lança pingava com o sangue negro dos inimigos, e seu escudo estava rachado. Tentou correr para ajudá-lo, como fizera anos antes, em outra nevasca, contra outro inimigo. Mas foi em vão.

    Pássaros de fogo cortaram o céu e puseram seus ovos de morte. E quando as chamas se ergueram aos céus no formato de cogumelos enfeitiçados, Gaia gritou de dor. O fogo devorou a planície congelada, consumindo a batalha abaixo. Aurora Serena tentou erguer suas mãos pra alcançá-lo uma última vez, até que a luz a ofuscou e tudo ficou branco.

    Gwen acordou na clareira. A Onça-pintada a observava, se aproximando e lambendo seus tornozelos, em consolo à filha amedrontada.
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