Job 04

- Endo Teijo, como está aí descrito no meu cartão virtual. Você está em uma das minhas estações de trabalho, que eu espero nunca mais lhe ver a não ser que deseje contratar meus serviços pessoalmente. - Respondeu o replicante enquanto limpava alguns utensílios, sem nem sequer se virar para olhar Sayuri.

- Não trabalho com promessas, só com transferência imediata. - Sayuri observou o horário. Haviam entrado na madrugada. Aquele não era Aberrant e seu encontro com ele estava marcado para o dia seguinte às 14h45. Será que poderia sair dali como estava? Seria muito perigoso estar a ponto de desfalecer novamente por conta dos ferimentos? Endo virou-se para ela e perguntou, no mesmo tom indiferente e distante: - E aí, qual vai ser?.

dream inscription: Você pode usar seus Créditos da Rua para conseguir um empréstimo
Status: 3 ferimentos - Complicação Um Braço Só - 0/3 benes

Pessoas não agradáveis... Naquele dia tinha sido Azure. Um golpista humano 2.0 que caiu do Shinabe até os Komin. O que significava um empobrecimento enorme. Porém, ele era bom no que fazia e já havia deixado de ser pobre. Como? Enriquecimento ilícito e tirando dinheiro de gente mais pobre do que ele. E eventualmente de alguns mais ricos, só que desesperados.

- Vai ser rápido. - Ele disse enquanto verificava o saldo de sua conta enriquecendo em 3 mil créditos. Ele pegou uma seringa e encheu com um líquido que estava num vidro, depois virou-se para Sayuri e avisou: - Você vai dormir mais um pouco para que eu ajeite esse braço.- E ela dormiu.

Acordou depois um pouco desorientada. Aquilo tinha acontecido muitas vezes nas últimas horas. Verificou o relógio. Forçou a memória. Fazia talvez duas horas desde que havia acordado da última vez. Ela mexeu o braço que deveria estar inutilizado e ele respondeu bem. Estava com muitos curativos, mas nada mais lhe doía ou incomodava. Notou que estava num lugar diferente, havia uma cortina clássica de hospital em volta da cama que estava deitada. Pelo visto estava numa ala de recuperação. Iria amanhecer logo mais. Ela tinha cerca de oito horas até o encontro.

...

O local que Aberrant Silver marcou, ela verificou antes de ir, ficava num dos centros de Tóquio. Bem movimentado, gente rica e segurança. O que era bom. O estranho era que o prédio que ele havia marcado estava em obras. Não havia sido finalizado. Talvez ele não quisesse ser visto? Talvez fosse uma armadilha? Não tinha certeza.

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- Não me chama de docinho se não for deixar eu provar o seu... - Respondeu Sakura piscando o olho para Sayuri. - Cê tá acabadinha mesmo. Acho que devia ter me chamado antes. - Talvez ela não houvesse percebido que seu semblante estava cansado e sujo.

Seu TAP estava limpo, por isso mandou o endereço para Sakura que não se fez de rogada. Horas depois e ainda alguns minutos antes de Sayuri chegar ao local, Sakura estava ligando de volta. - Ué, você disse que ia ter animação, mas já observei o prédio por um bom tempo e ele é apenas uma obra embargada. Nada de interessante aqui, viu? - Verificou a hora. Faltava apenas quinze minutos para o horário marcado. O TAP indicava que ela chegaria em 3 minutos ao local. Sakura resmungou e já ia desligar quando aspirou o ar de maneira rápida, indicando uma surpresa. - Ah, imunda! Tem um Maestro¹ chegando no teto. Eu achei que você tava envolvida com gangue pé-rapada e não com bandido grã-fino.

dream inscription: 1. Maestro é uma limusine blindada em versão VTOL (veículo com aterrissagem e decolagem vertical).
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- Hum... Saíram três caras do VTOL, eles estão na cobertura. Dois armados. Um com roupas bem estilosas, mas aparentemente inofensivo. - A essa altura Sayuri havia pulado um tapume que cercava a obra e estava subindo as escadas. O prédio estava em construção e não havia nenhum elevador instalado ainda. - O cara estiloso está descendo as escadas. Os outros dois ficaram de guarda no VTOL... Que bagulho estranho é esse? Eu tô no prédio à esquerda de sniper. - Sayuri olhou para sua esquerda e viu que havia um outro prédio. Observou por uma janela e viu que ele estava mais alto. Sakura sabia se posicionar quando precisava derrubar uns caras.

A zeek recebeu uma mensagem no seu TAP:Mensagem de 5iLv4r: "15º andar" - Ela estava no 6º. Sorte que aquele prédio ainda estava em construção, possivelmente ele não tinha nem um quarto da altura total. Foi o mais rápido que pôde. Quando chegou ao andar demarcado, começou a entrar com cuidado, buscando não ser vista. Ela notou que não havia dado certo quando escutou uma voz atrás dela. - Você precisa aprender a se esconder melhor. - Virou-se de súbito para encontrar um cara alto, com roupas muito chamativas com peles sintéticas de três ou quatro animais. Uma de suas pupilas era amarela enquanto a outra era de um castanho muito escuro e seus cabelos, muito brancos, estavam penteados para cima, possivelmente com uma quantidade fixador que Sayuri nunca chegou a usar. - Como você me achou, garota?

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- Sayuri? Onde você está? Não consigo lhe ver mais. Você parou entre o 15º e 17º andar? - Era Sakura. Enquanto ia dando leves passos se afastando de Aberrant e procurando uma cobertura se algo acontecesse, Sayuri notou que aquele andar não era aberto como os demais. Havia panos grossos o suficiente para impedir qualquer visão mais afastada, deixando de fato um ponto cego no meio do edifício.

Ela notou que o homem a sua frente erguia uma das sobrancelhas como se olhasse para ela com certa estranheza. - Não foi complicado? Devo dizer que está de parabéns, pois a forma que sumiram comigo está além de qualquer outra coisa que eu tenha visto. Por que está se afastando? Achei que quisesse falar comigo. - A forma que ele falava era bastante informal. - Estão me procurando? Quem? Todos que quiseram me procurar fizeram isso até desistirem e eu só pude observar sem por fazer contato algum. Você foi a primeira que conseguiu me contatar. Por sorte eu já havia mexido meus pauzinhos para conseguir possibilitar esse encontro. - Ele sorriu com um certo triunfo de quem havia planejado algo há muito tempo e que quando pôs em prática, tudo funcionou perfeitamente. - Quem está me procurando?

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- Faz bem. Eu faria o mesmo. - Respondeu de imediato à Sayuri quando dizia o porquê de se afastar. Aberrant botou as mãos na cintura, parecendo relaxado enquanto escutava quem o havia procurado. Botou então a mão no queixo e pareceu pensar um pouco antes de responder: - Num aplicativo de jobs? Então você é apenas uma pau-mandada atrás do justo pagamento... Não deve entender o meu espanto com ter me encontrado. Eu não sumi por esporte. A família imperial, e com isso eu quero dizer o Nihon, me contratou, e com isso quero dizer sequestrou, para ser seu médico particular. Desde então ninguém nunca conseguiu entrar em contato comigo. - Aberrant falava aquilo com naturalidade. Uma naturalidade pouco comum à pessoas sequestradas. - Óbvio que não quero continuar como estou e por isso, na medida que pude, influenciei e comprei os melhores guardas e auxiliares, para que num momento como esse eu pudesse achar minha saída. - Voltou a por as mãos na cintura e agora seu pé batia ritmadamente no chão, indicando que pela primeira vez estava ansioso. - Eu não faço idéia de quem seja Yamamoto ou qual seja sua causa, Sayuri-san. Mas acho que devemos pensar que uma mão lava a outra.

Uma notificação do Dream Inscription saltou na visão de Sayuri.

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- Um código? - Perguntou incrédulo. Porém, quando viu Sayuri se afastando, ele se mexeu rápido, para ficar diante dela. - Calma lá... Você não vai sair daqui sem me levar junto. - Agora, efetivamente, Aberrant estava entre Sayuri e a escada por onde ela havia chegado. - Eu não faço idéia qual seja sua causa, garota, mas eu sou o melhor médico vivo no Japão. E provavelmente na porra da Ásia inteira. Eu não sei se você entendeu que a Família Imperial me sequestrou por eu ser quem eu sou. - Ele parecia deveras ofendido com o desprestígio que recebeu da zeek. - Você teve o trabalho de vir até aqui e deve ter passado maus bocados, porque você está com uma cara de acabada, vai me entregar esse código e ir embora? Não seja idiota. Vamos chegar a um acordo.

O Dream Inscription mandou uma nova notificação confirmando o término do job.

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Aberrant tinha uma sincera cara de despeito ao ouvir Sayuri falar daquela maneira. - Tenha modos! Não ache que está falando com um idiota qualquer. Minha fuga está arquitetada há anos. A Família Imperial só vai dar conta da minha ausência amanhã pela tarde. Até lá tenho certeza que você consegue me levar num lugar seguro. Sem perseguições. - Ele bufou levemente e repuxou seu blazer, como que organizando-o. - Eu sou perito em Dubbing. Isso é uma vantagem incontestável para qualquer coisa. E para além disso, com os investimentos estatais estava pesquisando tecnologias ainda mais... Avançadas. - Ele sorriu um sorriso de triunfo. - Será que um médico que provê imortalidade não é valioso para sua causa? Aliás, qual é sua causa? Se eu souber posso pensar em ainda mais vantagens.

dream inscription: dúvidas sobre o dubbing, procure a Omnipedia.
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Um sorriso largo apareceu no rosto do médico sequestrado. Ele bateu palmas duas vezes em comemoração e começou então a descer as escadas.- O plano? Podemos até sair pela porta da frente, só vai precisar me por num porta-mala, algo assim. Não posso ser visto nas ruas pelas câmeras. - Enquanto desciam ele explicou para a zeek como em alguns minutos os homens lá em cima entrariam no VTOL e sairiam para a rotina normal dele, mesmo sem ele dentro. De noite, levariam o veículo para a residência onde ele era mantido em cativeiro e depois cada um iria desertar para um país diferente. De forma que só iriam sentir falta dele no dia seguinte, quando ele teria que ir visitar a família imperial, mas não iria.

Eles saíram sob a tutela de Sayuri e de Sakura. Aquele trabalho tinha chegado ao fim.

dream inscription: Job finalizado com sucesso @Shmul poste no tópico da sua ficha um pequeno 'diário pessoal' da Sayuri com as impressões dela e pensamentos. Você ganha 1 progresso.