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    Livro um: Guerra - Capítulo três

    Guilix
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    Mensagem por Guilix Ter Dez 11, 2018 9:58 am






    Livro um: Guerra - Capítulo três 2788

    LIVRO UM:
    GUERRA

    CAPITULO TRÊS
    Hiruzem - Shizuka




    Dia 02 do nono mês.

    Em uma superfície gélida e inóspita, um deserto de neve branca e um céu azul colorem aquela imagem bicromática. Quase nada vivo se move naquele lugar, apenas o som do vento e o barulhos das ondas quebram aquela monotonia. A alguns dias antes, uma grande tempestade tinha acontecido, e desde então nenhuma nuvem mais tinha aparecido no céu.

    Olhando mais de perto, percebemos uma pequena toca que se confunde com a paisagem. De lá, um ser todo vestido com casacos de pele sai em direção ao mar. Parece segurar uma espécie de vara de pescar. Seus passos são lentos e pesados e deixam um rastro de neve para trás.

    Ao se aproximar da praia, algo diferente aparece. Uma cor que não costuma aparecer em um lugar daqueles destoou e fez com que Shizuka se surpreendesse e quebrasse aquela sua rotina.

    Um homem careca desmaiado, vestido de laranja estava a alguns metros da superfície da praia. Não é possível saber ao certo quanto tempo a quanto tempo ele estava ali. Ele se parecia muito com os Nômades do Ar, talvez tenha se perdido na tempestade.

    Shizuka aumenta a velocidade de seus passos e se aproxima do corpo no chão. Ao tocá-lo percebe que ele está frio e praticamente sem vida. A garota consegue sentir uma fraca respiração mostrando que aquele monge ainda está vivo. Pelo menos por enquanto.
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    Livro um: Guerra - Capítulo três Empty Re: Livro um: Guerra - Capítulo três

    Mensagem por Shizuka Qua Dez 12, 2018 9:15 am

    Tecelã de Água
    Vai pescar? Deveria seduzir-lo. Tenho fome. coma ele. É arriscado.

    - Será um prazer senhor, há alguma meta em particular?

    Órfã, o luxo de permanecer parada não me convém, assim, mesmo que o serviço seja algo como ir as cordilheiras próximas as praias para pescar, não tenho muito como recusar. Entre a fome e a sanidade, atrás de peixes marinhos, como cliente um dos homens com um pouco mais de influência e recursos da terra da água ao sul. Fracassada! Poderia comê-los, porém, apenas peixes não é do todo um sustento suficiente. Por sua dificuldade, consigo trocá-los por quantias mais expressivas de grãos que crescem mesmo ali, me mantendo por mais tempo. Você é uma piada! Talvez eu seja.

    - Não, traga quantas conseguir e a recompensa será de acordo.

    - Certo senhor.

    Quantos conseguir, implicitamente, é o mesmo que dizer que poucos não bastarão, passarei dias em meio a neve. Mate-o! Talvez eu deva, mas agora, só chamaria atenção de mais. Não ganharia nada com isso. Concordo, de alguma forma ambas decisões me irritam. Então se mate! Quem sabe?

    Assim, começaram os dias monótomos no lugar remoto, um iglu, que, de fato, começava a até parecer confortável. Comia alguns dos peixes que pegava, outros guardava em meio ao gelo, seguindo uma certa rotina no estranho lugar. Não me sentia sozinha, afinal, você é louca, sempre tinha com quem conversar. Entediante. As vezes.

    Algum tempo passara-se ali, bem perto de conseguir retornar até o homem atrás de minha recompensa. Um evento atípico, entretanto, mudaria um pouco o rumo das coisas, laranja, sobre o branco extenso da neve. É um peixe? É claro que não é um peixe imbecil. Mas o que seria? De modo rápido, caminhando até o local, próxima, podia por fim notar a silhueta de um homem. Não era dali, estava vivo. É gostoso? Não sei. Deveria matá-lo antes que ele acorde e te mate. Deveria? Não sei. Salve-o, é o que você quer certo? Matar um homem morto não parece divertido.

    - Hey! Está me ouvindo?

    Minhas palavras acompanhavam meu ato de abaixar-me, colocar sua cabeça sobre meu colo, tocar seu rosto, tocar de novo, mais intensa, um tapa fraco. Sem sinal ao que parecia. Deveria deixá-lo. Salvá-lo pode ser útil. Espera gratidão de um desconhecido? Talvez. O arrastaria para dentro do Iglu, acendendo a porta a fogueira que uso para assar os peixes. Deitado ali, abrindo parte da minha blusa, me juntaria a ele o envolvendo pelo tecido e encostando seu corpo ao meu para tentar aquecê-lo. Ficar nua ajudaria mais. Não estou afim de confundir as coisas quando ele acordar.

    Passado tempo, esperando-o acordar, sem comer de forma prévia. Tenho fome. Meus dentes tocando seus ombros, gradativa força e perca de consciência. Não faça isso. Certamente melhor não, não enquanto eles estiver vivo. Morda mais forte, talvez ele acorde, ou morra. Não sei até que ponto posso controlar.

    - Se mais tempo passar...

    Me desvencilharia da blusa, deixando-a no homem, colhendo um dos peixes, colocando-o na brasa para que pudesse me alimentar. Não pretende dar para ele não é? Comer pode ajudá-lo a voltar. Não seja ridícula, já deu sua blusa. Não estou com tanto frio aqui dentro. Continuaria o preparo, sem temperos, apenas peixe e calor. Gosto de nada. Eu gosto! Nada a declarar. Eu também não. Ele gostará? Espero que ainda esteja vivo, faça meu esforço valer.


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    Mensagem por Guilix Ter Dez 18, 2018 2:47 pm






    Livro um: Guerra - Capítulo três 2788




    Ainda era manhã. A garota alimentara a fogueira com alguns gravetos. Suas mãos gélidas eram aquecidas pela chama fraca mas preciosa que resistia ao clima adverso. Sua rotina tinha sido quebrada por aquele estranho. As roupas dele, já estavam mais secas, o casaco de Shizuca estava mantendo aquele homem aquecido. Talvez ele não resistiria mais nem uma hora se a garota não o encontrasse. "Heroína", ela não se sentia assim. A tempestade acontecera a três dias. Será que aquele homem estava resistindo desde então? Talvez seja mais forte do que o normal.

    Em sua cintura, era possível ver um par de espadas. Suas roupas eram de um monge comum, mas Shizuca nunca tinha ouvido falar sobre monges espadachins. Talvez não fosse tão comum assim. Aparentemente ele não era muito velho, talvez uns vinte e poucos, e seu olho direito tinha um cicatriz.
    A respiração daquele homem estava um pouco mais vigorosa que antes. Mas ainda não tinha dado nenhum sinal de que estava vivo. Shizuca ficava pensando em diversas histórias que poderiam ter trazido aquele monge até aquela praia gélida. O cheiro de peixe frito preencheu o ar. Talvez o aroma de comida faça com que o homem acorde, afinal, deve estar com fome.

    A uns quatro quilômetros dali, havia uma pequena vila de pescadores da Tribo da Água do Sul. Era lá que a Tecelã da Água levava seus peixes para trocar por algumas moedas semanalmente. Não era um trabalho muito lucrativo mas pelo menos tinha paz. Os moradores não faziam muitas perguntas, nem mesmo sabiam seu nome. Talvez alguém na vila poderia ajudar esse homem. “Ele não precisa ser sua responsabilidade”, uma voz em sua cabeça dizia. Mas talvez a curiosidade em saber quem era ele mantinha a garota entretida em observá-lo. Talvez devesse deixa-lo ali e continuar seu trabalho, “mas e se ele acordar?”.

    Mesmo assim, porque esse homem ainda estava vivo? Se realmente ele está ali a tanto tempo, como ele sobreviveu? Assim como aquela chama que teimava em queimar, assim como Shizuca que apesar de tudo continuava com um mínimo de sanidade, aquele homem também era um sobrevivente. A maioria das pessoas com certeza teria morrido, e a vontade de viver que emanava dele fez com que ela o respeitasse. Talvez ele tenha algum propósito. Talvez ele tenha alguma missão. As perguntas eram mais recorrentes do que respostas, e somente ele, poderia respondê-las.





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    Mensagem por Shizuka Qui Dez 20, 2018 3:22 pm

    Tecelã de Água
    Guarde as armas. Ou as pegue para você. Ele vai ficar nervoso se as vir contigo. Não se matá-lo. Ou escondê-las.

    Não estariam erradas as vozes, de fato, aquelas lâminas em sua cintura me incomodaram. Perigoso. Sim, de fato ele é. Ele é um soldado? Não sei, talvez algo pior ou mais alto, não importa. Sim. O relevante era o fato que, se ele porta armas sabe usá-las e acordando, pode usá-las contra mim. Observo inquieta, matá-lo agora parece um desperdício, um esforço sem retorno, mas, como mantê-lo e ainda me sentir segura. Acha mesmo que pode fazê-lo de forma que ele não se importe? Talvez. Preciso ser cuidadosa.

    - Vou apenas retirar um pouco isso aqui...

    Sutilmente, levando a mão a suas cinturas, de maneira calma, buscando retirá-las dali e de sua posse. Caso conseguisse, pretendia deixá-las fincadas próximas a entrada, ali, eu ainda poderia vê-la, não seria soterrada pelo gelo como ao lado de fora, e, em todo caso, acordando este, eu poderia dar alguma desculpa. Parecia perigoso dormir com elas. Não deixa de ser verdade. O metal estava atrapalhando você a se aquecer. A verdade é que você adorava estes jogos não é pai? Sinto a falta de vocês. Não a minha, você não me ouve, prefere se expor. Não é verdade mãe, não mesmo.

    - Apenas deixar isso ali...

    Outra coisa me chamava a atenção, em sua face, um de seus olhos estaria coberto por uma cicatriz. Uma marca de batalha, talhada muito provável por uma lâmina. Toque-a, quero sentir. Você sente? O que ela sentir eu acho. De fato estava curiosa, ergo minha mão sutilmente, tocando sua pálpebra, deslizando por aquela marca com certa curiosidade. Ele pode ser cego. Em sua sobrancelha, apertaria um pouco meus dedos, por instinto, talvez, como se tentasse enfiar meu dedo na fresta. Isto não daria certo, é claro, seria somente uma cicatriz. Quem sabe a dor acorde-o? Não sei, pode não ser a melhor hora. Pode achar que estou tentando ferí-lo. E está. Bem, sim, mas não de todo. Acho.

    Não sei a razão, estar com alguém que não acorda me faz sentir mais solitária que quando não mesmo ninguém.

    Talvez esteja sofrendo, matá-lo pode dar-lhe paz. Talvez. Minha mão ia a seus cabelos, acariciando de forma mansa e com a outra, debruçando-me a sua frente, deitando perpendicular, de frente a este, com a outra mão da mesma forma acariciando seu pescoço. Não faça isso. Sabe, me regrar de mais me tenta a fazer o contrário. Você sabe que quem não quer é você. Mas concordo com a mãe, é mais fácil. Talvez, ele esteja sofrendo. Ao menos espere mais um pouco, ele parece estar melhorando. Nossa, eu estou apenas fazendo um carinho, por hora, penso o que faço caso ele continue assim, quando isso acontecer.

    Um dia de trabalho não custaria tanto se tivesse um ajudante saudável me devendo no que seguia, bem, se não acordasse, poderia comê-lo e poupar peixes do meu mantimento. Uma aposta onde o maior risco é que ele acorde. Ainda assim, uma aposta, e, se temos uma aposta, pode ser divertido o resultado.


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