Até os 16 anos a vida de Ed se resumia a exatamente o descrito no paragrafo acima, trigo, festa da colheita e sua família. Porém naquele final de verão tudo iria mudar. Durante a comemoração era costume a dança em determinado momento e nesse instante uma jovem apareceu e o chamou para dançar. Não sendo burro, obviamente aceitou o convite e essa foi a sua ultima lembrança.
Acordou deitado numa floresta fria e distante, não sabia como tinha parado ali e nem como iria voltar para o seu lar. Perto dele estava a parceira da sua ultima dança e lembrança, ela estava completamente nua e olhava sorrindo.
- Finalmente você acordou, fiquei observando o seu sono esperando você abrir os olhos. Estava empolgada, esperei esse momento por tanto tempo. Olhava você crescer e queria saber se um dia iria ter por mim o mesmo amor que tenho por você.
Assustado, mas sem palavras ele rastejou de costas até encostar numa arvore. Como dizia sua vô nos perdidos anos da sua infância “as vezes nós conseguimos mais do que desejamos” e esse era o seu caso ali. Ele só queria uma dança com uma garota bonita e conseguira isso.
A jovem sorriu e veio andando até ele com gracejar que nunca tinha visto antes.
- Não precisa ter medo, amor nunca doi, ainda mais aquele dado pela rainha do inverno.
Já perto dele ela se abaixou beijou a sua fronte e sumiu no ar com um vento gelado. Foi assim que o seus primeiro poderes surgiram.
Teve que se virar como pode para sobreviver naquele lugar perdido. Perdeu peso, sua barba cresceu assim como seu cabelo, suas roupas se desgastaram e ficou quase que parecendo um animal. Uma criatura do inverno, a ironia dizia. Cadê ela, Cadê ela, pensava toda vez. Estava em nenhum lugar que podia ser visto.
Passou fome, frio e teve medo, muito medo, mas sobreviveu. Caçava animais aqui e acolá com os seus poderes. Invadia casas na calada da noite para roubar comida, roupas e dinheiro. Fez isso tantas vezes que lenda começaram a circular nesses povos distantes, sobre uma figura magra e agourenta que trazia fome e doença se fosse avistado próximo algum vilarejo.
Felizmente para Ed essa fase passou na sua vida. Um dia desse numa dessas andanças sem rumo, em busca do que comer na próxima refeição. Ele esbarrou com uma ruína, era um lugar perto das montanhas e havia muros tomados pro trepadeiras, sinais de telhas espalhadas pelo chão, torrões a serem vistos depois do muros que estava parcialmente preservados. Parecia uma especie de palácio antigo abandonado ou fortaleza deixada.
Mesmo sem muita força devido a má alimentação e num estado de espirito niilista originado de tudo o que acontecera com ele, a sua curiosidade falou mais alto e ele adentrou nas ruinas. De inicio o lugar não tinha nada demais, era só mais um lugar abandonado, com limo nas paredes, pequenas poças de água no chão e muitas aranhas. Felizmente na vida como dizia a sua vó “muitas coisas na vida não são decididas com planejamento, mas sim com um jogar de um dado ou de uma carta”. É ironico pensar nisso pois foi assim que encontrara a auto denominada “rainha do inverno”, pro inferno ela e seu amor. Voltando a história, tropeçou num livro enquanto andava e caiu dentro de um quarto. Ele estava milagrosamente preservado, tinha roupas, algumas joias e tinha o tomo que instantes havia batido com o pé.
Expulsou as aranhas do lugar, porquê elas sempre estão presentes, lugar preservado ou não. Sentou na cama forrada com lençóis vermelhos abriu o livro iniciando assim a sua leitura. O texto tinha muitos conhecimentos que nem sequer começava a entender, mas conseguiu distinguir uma passagem que mencionava uma entidade que muitos chamava de rainha do inverno, seu nome era Mab e ela propriamente a soberana do ar e da escuridão.
Então fora ela, essa criatura que ele se envolvera. Mab, aquela que arruinou a sua vida, a vadia que lhe tirou da sua família e vida feliz lá no sul. Fechou o livro e o deixou sobre a cama, pegou as roupas de nobre retirando-as do armário e também as colocou sobre os lençóis. Vasculhou as redondezas e encontrou um riacho. Pegou água e levou para o “seu” castelo, banhou-se com ela, aparou a barba e por fim vestiu-se com as roupas e também com as joias.
Botou o livro de baixo do braço e partiu para o povoado mais próximo. Nele apresentou-se como um nobre andante e ofereceu os seus serviços ao senhor local em troca de um modesto pagamento. E como todo mundo tem problemas, logo ele foi direcionado a fazer alguma coisa. Conseguiu completar a tarefa passada, recebeu o seu pagamento e seguiu pro próximo vilarejo para realizar o seu processo novamente. Iniciou uma nova fase na sua vida, deixando de ser o Ed Wagen trazedor de fome e doenças, para Ed Wagen o homem de muitos truques e o resolvedor de problemas.
Seu objetivo com isso era acumular dinheiro e poder para poder finalmente ir atrás de Mab, e confronta-la do porquê ela tinha feito tudo aquilo,enquanto isso nesse meio tempo realizou de volta a viagem para a sua cidade natal, afim de encontrar a sua família. Infelizmente descobriu o seu povoado destruído e a sua família morta, já a muitos anos. Foi um pouco depois do seu desaparecimento. A fome e a revolta tinha levado o seu vilarejo ter sido atacado e destruído pela forças imperais.
Um grau novo de miséria fora acrescentado na sua vida, a dor da perda da sua família, isso não tinha nada a ver com Mab, mas sim com o exercito imperial e quem o comandava. Obviamente não poderia destruir um exercito inteiro, mas podia acabar com quem estava no topo. Já tinha ouvido falar da tal busca por essa ilha TapToy e essa reunião nessa cidade perdida lá no norte. Não era burro, se não planejasse direito nunca nem chegaria perto do homem que comandava o exercito, mas se participasse dessa busca teria a sua oportunidade e poderia atacar.