A Costa Tenebrosa

- Sim, minha Senhora, aceito sim! - murmura em resposta ao oferecimento do vinho élfico.

Willibald ficara em silêncio, apenas tendo concordado com um aceno a Jaina sobre o fato de que interrogaria aqueles que capturassem. Sabia que em batalhas, não haveria como se conter e ou poupar inimigos, mas se estes viessem a se render, teriam que procurar uma maneira sim de mantê-los vivos, ao menos era o que sua fé lhe dizia.

- Concordo com o Sr. Anão. Melhor começarmos o quanto antes!

Balak fica completamente encantado ao ver o Barril de Cerveja.

- Pelas barbas do grande forjador... Minha senhora... - O Anão se serve fartamente de cerveja com os olhos brilhando. - Dessa maneira você me faz querer passar mais uma noite aqui, como desejado pela senhorita de orelhas pontudas. - Ele levanta sua caneca imitando o movimento de Jareath Blackoak e depois toma grandes goladas de cerveja. - Hm... Mas eu prefiro concordar com o Sacerdote. - Balak aponta para Willibald Cuthbert. - Melhor começarmos o quanto antes, mas respeitarei a decisão do grupo.

O guerreiro seca a boca com as costas da mão e aguarda os outros se pronunciarem.

Após cear com seus companheiros de missão, Willibald aguarda as palavras de Jaina Proudmoore, que os libera a seguirem pelo portal.

- Senhora, conte conosco, cumpriremos a missão! - murmura ele e segue até o portal, atravessando-o para a caverna.

Então o momento tinha chegado, o clima parecia pesado e o mundo sem cor, aquela era a primeira vez que Balak se sentia mal por estar rumando em missão. O Guerreiro segue seus novos companheiros e se aproxima do portal fazendo barulho com sua mochila. Olhando para trás, ele fala tristonho.

- Não se preocupe meu amor... Irei voltar logo!! - O Anão fala olhando para o Barril de cerveja. - Pela Forjaaaa!! - Balak dá um passo cambaleante atravessando o portal.

Um pouco mais de cerveja e as coisas poderiam ficar complicadas.

     

Quando o último dos cinco aventureiros atravessou o portal, apenas a rocha sólida se encontra á suas costas. A caverna aconchegante e iluminada, por pequenos cristais azulados e eles aquecem e iluminam, mesmo sem fogo ou luz e essa magia desconhecida enche os olhos e a curiosidade dos conjuradores e deixa os não iniciados nas magias intrigados e de certa forma desconfiados e todos olham para a entrada da caverna que está na mais completa escuridão, mostrando apenas pequenos pontos de fogueiras nas ilhas distantes e uma lua que é apenas um risco curvado no céu, mostrando a proximidade da lua nova.

Um barulho de algo arrastando nas areias é sinal que algo vivo ronda lá fora e barulho de mergulhos na água, indicam vida ativa no mar, algum medo entra nos corações de cada um, porém a forma de digerir este medo varia de coração para coração...

Aos poucos as necessidades de sono chamam a atenção para as acomodações e a curiosidade leva alguns a investigar o lugar procurando as facilidades que existem ali.

Balak pisa firme na rocha fazendo barulho, como se tivesse descido um degrau que não tinha visto. O Anão ainda pisca algumas vezes deixando seus olhos se acostumarem com a diferença de iluminação e, por isso, ele fica um tanto quanto intrigado com os cristais azulados. Em todos os seus anos como um bom Anão entendedor de minérios e pedras, ele nunca tinha visto alguma coisa parecida como aquela antes. De novo estava envolto de magia.

- Mas será possível? Em todo lugar é a mesma coisa... - Ele resmunga se afastando de um dos objetos luminosos. - Essas coisas não vão explodir né?? A última vez que vi um troço desses minha barba ficou toda chamuscada. - Ele pergunta para qualquer um do grupo que quisesse ouvir.

Para um pouco entendedor de magia como o Guerreiro, todos os objetos mágicos eram perigosos.

Balak deposita sua mochila em um canto mal iluminado, já que não confiava nos cristais mágicos, e senta encostado na parede. Ele solta seu escudo e machado para os lados e estica suas pernas curtas a fim de descansar um pouco. Ele respira fundo sentindo o cheiro da terra, dos minerais e rochas, enfim estava em um lugar amigável.

- Aaah sim... Esse cheiro é gostoso, da terra. Não aquele cheiro da cidade ou dos palácios perfumados artificialmente, não... Estar em contato com as rochas e minerais, vocês conseguem sentir isso? É como se o subsolo pudesse falar comigo. Sabiam que eu tinha um tio que podia falar com as pedras? O nome dele era Knul... Ou Gahul... Mas ele podia falar com as pedras. Um dia ele estava minerando e...

Balak começava a falar a esmo com quem estivesse o dando atenção. Mas, no momento em que ele dá uma pausa, é que o som da natureza se faz presente. A ficha finalmente estava caindo para Balak, agora era pra valer!

Ele toma uma postura séria, ainda sentado, e fala baixinho.

- É curioso pensar... - Sua voz grave estava ainda mais firme. - Que amanhã talvez não consigamos terminar nosso dia escutando o simples som da natureza. - Ele se referenciava à possível batalha que travariam.

O Guerreiro agora permanecia em silêncio, com o coração apertado. Se lembrava de seu povo, sua família, seus votos como Soldado, seus amigos que pereceram em batalha e no motivo de estar buscando a paz. Aqueles pensamentos faziam Balak ter forças para lutar com garra, sem nunca deixar sua equipe para trás. E aqueles eram seus novos companheiros, iria dedicar sua vida para protegê-los.

O sono faz o Anão bocejar e coçar o olho, mas, antes de dormir, ele pergunta para os demais.

- Então... Que tal nos revesarmos? Fazendo turnos para que tenha sempre alguém acordado vigiando a redondeza e o grupo?

E espera pela resposta dos demais.

Diz Jareath, para seu companheiro! 

Após passar pelo portal, Willibald fechou momentaneamente os olhos, piscando-os algumas vezes em seguida até se acostumar a nova iluminação do local em que chegara.

Era uma caverna iluminada por cristais azuis. Ele agacha-se próximo a um dos cristais e passa lentamente sua mão por ele, sentindo o poder que emana do mesmo. O som que vem do lado de fora da caverna o desperta de seu ligeiro torpor, o que lhe dá um motivo para se levantar.

O anão é o primeiro a falar, movimentando-se pela caverna.

- Não precisa se preocupar, Sr. Não irão explodir, são apenas para iluminação!

Mantém-se em silêncio durante um tempo. No fim, entretanto, diz.

- Também concordo com os turnos. Posso fazer o segundo, se for o caso!

- Então tudo bem... - Balak fala já deitando e se preparando para dormir. - Me acorde para fazer o terceiro turno. E Senhor é meu velho e rabugento pai, me chamo Balak Pés-de-Ferro, não se preocupe em manter formalidades comigo Sacerdote.

Balak estava sentado nas proximidades da entrada da caverna, fazendo trancinhas em sua barba para passar o tempo, quando, ao olhar para o mar, ele avista dois barcos saindo das ilhas, vindo em direção à praia. No mesmo instante o Anão levanta, meio que tropeçando, e corre para dentro da caverna.

- Ei, psss... Ôh magrela... Psss... - Ele chama por Morgana Sakaala, que fazia a ronda com ele. - Venha ver isso aqui fora!!

Nitidamente o Guerreiro se esforçava para não acordar os outros, da mesma forma que ele não gostaria de ter seu sono interrompido, ele buscava não fazer o mesmo com seus companheiros. Esperando ser seguido pela Feiticeira, Balak volta para a entrada da caverna e já aponta para os barcos que tinha acabado de avistar.

- Vê? Temos companhia. O que acha? Batedores?

O Anão ajuda a Feiticeira acordando os outros e juntando as coisas. Enquanto colocava seus pertences dentro da mochila, ele fala.

- Mas, Magrela... Tem certeza que não seria melhor irmos de encontro à eles? Pegá-los de surpresa!

O Anão olhava para Morgana confiante, mas ainda ajudando seus companheiros.