CAMPANHA 1

- Bêbado de tristeza, é? - o homem diz olhando para Ricardo - Eu não compro essa, vocês nem são daqui não é? Vieram daquela vila mais ao sul que não conseguia nem se defender sozinha de alguns rufiões. Desde que vocês vieram pra cá, as ruas estão cheias de vagabundos e prostitutas. Aposto que o sequestrador é um de vocês e... - o homem é interrompido quando o miliciano mais velho toca em seu ombro.
- Acalme-se Biff, não vê que um deles é um sacerdote de Denalla? - o ancião abaixa a lança de Biff enquanto fala - A Vida possui um templo nessa vila. Você não iria querer irritar a deusa da paz ao usar de violência contra um de seus acólitos, iria?
Nesse momento vocês notam a ausência do miliciano mais jovem de antes, mas poucos segundos depois a porta se abre e ele volta junto com o burgomestre Stephen Woods.
- Fui informado de que vocês estão disposto a tentar trazer minha menina de volta? - o burgomestre é um homem gordo e de cabelos claros, ele possui olheiras e uma expressão triste - Entrem por favor, está tarde. Poderemos negociar os termos na mesa de jantar - ele faz sinal para que o sigam.
Enquanto isso, o miliciano de antes só os olha fulminantemente.

Eric Von Dantès

“O Lobo Soturno”
“O Espadachim Negro”
“O Mago de Espada”

[justify]Finjo que meus colegas não tiveram problemas com os guardas e ignoro o que houve seguindo em frente, após às ordens de Stephen Woods, entro no casarão.


Depois de todos nós nos ajeitarmos, eu apresento-me cordialmente como alguém na posição dele exige ser feito – Caríssimo senhor Woods, sou Eric Von Dantès, pelos arredores do Reino de Tebryn possuo muitos nomes condizentes com minhas habilidades, talvez você já tenha ouvido falar de mim, a minha reputação permite ser apto para resolver o seu problema. Apenas preciso saber mais sobre o ocorrido: Que tipo de pessoa estamos procurando? Desde quando o desaparecimento de mulheres começou? Antes disso notara alguma coisa estranha? Por acaso existe pelas redondezas algum lugar proibido e/ou de difícil acesso que nenhum civil vá como, por exemplo, uma caverna? Eu entendo que são muitas perguntas de uma vez, mas, talvez, não tenhamos tanto tempo para prolongarmos muito! –, mantive minha postura e firmeza em minha voz.

- Ora - Diz com uma entonação risonha - Estou lisonjeado que o senhor guarda tenha me reconhecido - Sente-se grato e passa pelo rapaz enfurecido com um ar de superioridade enquanto segue o burgomestre e permite que Eric tome a frente na investigação. Apenas observa e escuta a conversa atentamente enquanto seguem andando pela residência.

Quando Nilus começou a ficar irritado com o guarda, Thumam e Ricardo interviram para que a situação não piorasse. Mas de certa forma piorou do mesmo jeito. Aquele guarda que havia tomado a frente parecia ter um ego bastante inflado, e Nilus era um homem capaz de aturar insultos bem mais pesados do que aquele... em outras ocasiões. Sua vila ter sido tomada e seus conhecidos estarem na lama ainda eram tragédias recentes, então quando o guarda respondeu daquela maneira para Ricardo, o ladino se doeu.

- Deveria tomar cuidado com essas insinuações, cão.- Nilus deu um passo a frente, tirando uma das adagas do cinturão e fazendo questão de deixa-la a mostra.- Se disser mais uma palavra sobre o que houve naquela vila, vou cortar sua maldita língua fora!- E realmente teria tentado se não fosse pela chegada do ancião. A situação parecia ter se tranquilizado naquele momento.

Depois, quando o próprio burgomestre apareceu, Nilus guardou a adaga e desviou o olhar. Deixou que seus companheiros lidassem com a situação a partir dali, pois estava de cabeça quente. Seguiu com seus companheiros em silêncio, apenas torcendo para que conseguissem fechar o negócio.

O burgomestre os guia até a sala de jantar. A mesa é redonda e o próprio burgomestre vai colocando o jantar na mesa enquanto ouve suas perguntas. Quando Eric menciona sua reputação o burgomestre olha de canto de olho tentando ver se reconhece o rosto do espadachim, mas fica calado e volta a servi-los. Uma garota adolescente de cabelos curtos e ruivos desce as escadas e ao ver o pai servindo-os se aproxima.
- Pai, porque não avisou que tínhamos convidados? - a garota começa a abrir um armário para pegar pratos - Me deixe servi-los, o senhor não pre...
- O que eu te disse Joana? - o homem dá um olhar duro para a garota - Vocês não podem descer aqui até encontrarmos sua irmã. Volte para o seu quarto.
Os dois ficam se olhando por alguns segundos, mas a garota finalmente obedece e volta a subir as escadas. Vocês só ouvem um som de porta batendo depois que ela some de sua linha de visão.
- Desculpem-me pela minha filha... - ele senta na mesa - Bem, respondendo sua pergunta. Eu não sei quem estão procurando. Não temos nenhuma pista de quem ou o que está por trás dos sequestros. Os desaparecimentos já vinham acontecendo a uma semana... Mas eu não fiz nada, achei que era algo comum e que só afetasse as classes mais baixas. "Pelo menos assim, nos livraremos de alguns desses refugiados da vila ao sul" eu dizia... Mas então minha menina foi passear no bairro das madeireiras e nunca mais voltou... Mandei a guarda procurar por toda a cidade e pela floresta, mas não acharam nada! Não sei o que fazer... - homem olha para mesa completamente devastado.
Vocês percebem uma garota observando-os sentada na escada, deve ter por volta de 12 anos e possui cabelos lisos e claros como os do burgomestre.
- Então, como pretendem proceder a investigação? - Stephen diz após se recompor - Serão muito bem pagos, lhes asseguro.

O sacerdote ouve tentando não julgar a ação egoísta do burgomestre ao perceber que este só liga para o próprio rabo, sem problemas, a maioria das pessoas é assim mesmo. Enfim, enquanto se alimenta começa a pensar em alguma maneira de proceder. - Bom, acredito que deveríamos interrogar as famílias das pessoas desaparecidas. Ou qualquer pessoa que possa ter um contato direto com estes. Suas outras filhas sabem de algo, senhor? - lança um olhar repentino tentando identificar alguma anormalidade.

Em caso negativo, Thuman se volta para os demais companheiros - vocês têm alguma ideia de por onde começar? Acho que devemos nos apressar se quisermos encontrar alguém vivo. - diz a verdade friamente.

Junto dos outros, Nilus ouviu a história que o burgomestre tinha para contar. Não se surpreendeu quando soube que ele só passou a dar atenção ao problema quando uma de suas filhas desapareceu. O próprio Nilus não estaria nessa não fosse pelo dinheiro, mas ainda assim o modo de pensar do burgomestre ainda lhe parecia realmente desprezível. De qualquer forma, encontrariam a filha daquele infeliz ou ao menos o que restar dela.

Ao notar a garotinha que os observava da escada, o ladino sorriu e acenou rapidamente para ela, mas logo voltou sua atenção para o problema diante deles. "Como pretendem proceder a investigação?" era o que perguntava o burgomestre. "Seguindo o cheiro dos cadáveres" foi a resposta que Nilus imaginou. Ainda haviam boas perguntas para fazer ao burgomestre, mas provavelmente seria melhor deixar os outros se dirigirem ao contratante.

- É melhor concordarmos em nos dividir desde já. Precisamos ser rápidos e com certeza existem várias pistas a considerar, várias pessoas com quem poderíamos falar... juntos não seremos discretos e nem eficientes o bastante.- Mesmo não sabendo se os outros concordariam, Nilus deixou a ideia na mesa.- Dois poderiam ir para o bairro das madeireiras e os outros dois para investigar outros desaparecimentos, como o da prostituta daquele anão cara de pau. Então nos reuniríamos na taverna da Pedra Pontuda amanhã a tarde para ver o que conseguimos. Que tal?

Ao ouvir a pergunta do sacerdote, o homem se sobressalta.
- As meninas já estão passando por muita coisa. Elas ficarão fora disso. Sinto não ter sido de grande ajuda, mas acho que sei quem pode ser. Glonter é um anão lenhador que mora nessa vila a anos. Ele sabe de tudo que acontece ou que já aconteceu em Blackbridge. Ele mora no bairro das madeireiras e sua casa é a única construída inteiramente por pedras. Se quiser saber algo sobre as cavernas da região Eric, ele é o homem que procura.
O aceno de Nilus para a menina parece ter a pegado desprevenida, ela se apressa para subir as escadas agora que sua presença foi notada.

- Sem mais delongas então, continuaremos investigando. Obrigado senhor - Diz sem enrolação e parte para o destino junto de Ricardo.

Com a decisão do burgomestre de deixar outras filhas fora do jogo, não restava mais ninguém para ser interrogado na casa. Ao menos a indicação do anão de madeireiras seria útil para os que seguissem para aquele bairro. Com as cartas na mesa, agora era hora de começar as buscas e descobrir de tipo de criatura doentia sai sequestrando mulheres indiscriminadamente.

- Certo.- Respondeu aos seus companheiros ao vê-los tomarem suas decisões. Ricardo e Thumam já começavam a seguir para o bairro do anão Glonter.- Acho que então vou voltar até aquele taverneiro miserável e perguntar sobre a prostituta dele, ou se conseguir seguir outra pista com as mulheres da vida por ai. Veremos.

Nilus se levanta e toma seu rumo.

Vocês andam juntos até a ponte que conecta o bairro residencial até os outros dois bairros. A taverna de Pedra Pontuda fica assim que cruzam a ponte e separa os dois bairros. Nilus vê que o anão taverneiro já está fechando as portas da taverna e se preparando para ir para casa, enquanto isso os outros seguem para o bairro das madeireiras.

Vocês se separam do ladino e seguem para o bairro das madeireiras. O bairro está silencioso e não se vê muitos trabalhadores pelas ruas, apenas alguns poucos que voltam cansados para casa após fazer hora extra. No centro do bairro se destaca um grande estabelecimento feito de pedra e com uma placa de madeira negra e grossa - semelhante à madeira usada na ponte - escrita "Madeireira de Glonter, o anão". As portas estão abertas e vocês ouvem sons de trabalho vindo de dentro do estabelecimento.

Depois de algum tempo de caminhada, chegou o momento em que o ladino seguiu numa direção diferente de seus companheiros. Nilus acenou sem muita cerimônia e seguiu de volta para a taverna da Pedra Pontuda. Não sabia muito bem o que esperava conseguir seguindo as histórias de um anão, mas se não conseguisse nada pelo menos os outros deveriam conseguir. Qualquer informação seria lucro. Por sorte, lá estava o taverneiro fechando o estabelecimento para ir embora, não precisaria espera-lo terminar de atender ninguém.

- O fim de mais um dia de glória, ein? - Disse enquanto se aproximava com as mãos nos bolsos. Sorria como um bom pilantra, afinal não sentia necessidade de tentar fingir nada para o anão. Ele já sabia que Nilus não era o herói educado que tentou fingir ser na primeira conversa.- Parece que o povo e suas prostitutas estão com sorte. Ouvi dizer que o burgomestre contratou os quatro maiores heróis da região para encontrar as donzelas perdidas.

"Vocês não são os heróis que merecemos, mas são os que a gente tem, então espero ter ajudado" fora o que o anão havia dito. E por isso Nilus sabia que ele também queria ver os desaparecimentos solucionados. Se o anão ainda não tivesse terminado de fechar o estabelecimento, Nilus o ajudaria a terminar se fosse permitido. Se o anão começasse a andar para casa, o ladino seguiria acompanhando-o.

- Aquela sua prostituta favorita, ela tem nome? Talvez possa me contar mais sobre o desaparecimento dela... Aliás, acho que ajudaria se pudesse me dizer o que você pensa de tudo isso. Suas especulações podem me dar um norte. Posso rouba-las de volta do safado que fez isso em um piscar de olhos, sabe? - Riu contando vantagem, mas sabia que não era bem assim. Roubos e resgates eram coisas diferentes.

Sem hesitar, Thuman segue Ricardo para investigar o local de onde vinha os barulhos de trabalho. Procura então pela sua fonte e nota que seus companheiros são mais diplomáticos, deixa-os falar e investiga ao redor pra ver se acha algo útil.