CAMPANHA 1

Lia alguns de seus papiros onde havia feito anotações referente à sua viagem e algumas estratégias de combate à criaturas nefastas enquanto seus companheiros de jornada se embebiam ao redor. Segurava calmamente seus pertences, quando uma quebra repentina chama sua atenção.

- Está nervoso, companheiro? - dizia num tom brincalhão olhando Eric sob o papiro que lia. - Talvez você precise descansar um pouco. Se bem que... aprovo sua ideia. Precisamos de dinheiro. A glória de Denalla não se levará sozinha aos confins do inferno. - aprovava a ideia enquanto se levantava e examinava o cartaz. Pensara em primeiro lugar na possibilidade das pessoas que sumiram ainda estarem vivas, embora fosse improvável, deveriam tentar resgata-las.

- Se todos estiverem de acordo, partiremos nesta. - Removia o cartaz da parede e levava até seus colegas de equipe.

Amargurado e de cara fechada, Nilus bebia de uma caneca grande na esperança de que algo melhorasse. Sentia-se um desgraçado, pois a miséria parecia persegui-lo como uma maldita praga. Quando finalmente havia começado a construir alguma coisa depois de ter nascido sem nada, um bando de vagabundos saqueia a vila e tudo é perdido. Mais uma vez, a vida havia trapaceado o trapaceiro. Nilus ergueu o olhar em um susto quando ouviu o barulho de algo quebrando, então lembrando-se de que não era o único infeliz naquela situação. Eric, Thumam e Ricardo eram os outros azarados.

- Não tem problema, mas é melhor esconder isso... não sei se podemos pagar por um caneca quebrada.- Mal terminou de falar e já estava rindo da própria desgraça como um bêbado.

Então viu Amadeus se levantar e ir até um cartaz na parede. Nilus estava tão distraído anteriormente que não sabia nem quando aquele cartaz fora colocado ali, mas já tinha uma ideia do que era. Achava triste toda aquela história das mulheres desaparecendo, porém não tinha vontade alguma de fazer algo a respeito, afinal já bastavam problemas. Mas depois, quando o sacerdote voltou a mesa com o cartaz em mãos, aquelas 600 moedas despertaram o herói em Nilus.

- Interessante... - Disse quase sem perceber quando pôs os olhos no valor descrito.- Excelente! - Respondeu animado ao ver que todos os seus companheiros concordavam com a ideia. No mesmo instante se levantou e começou a olhar ao redor procurando o taverneiro, aquele que provavelmente sabia de todas as histórias da região.

Se conseguisse encontra-lo, Nilus buscaria nele algumas informações. Aproximaria-se calmamente com um sorriso amigável no rosto, cumprimentaria o taverneiro como alguém que não estivesse bêbado e então lançaria sua primeira pergunta.

- Senhor, lamento ter de ser direto em minha pergunta, mas o tempo é escasso. Sobre a filha desaparecida do burgomestre, o que poderia me dizer sobre ela? Coisas como quando, como e onde ela desapareceu...- Talvez a boa educação não funcionasse se o taverneiro fosse bom em reconhecer vagabundos, e por isso seria bom apelar também para a ganância dele.- Como um forasteiro, toda esta história de desaparecimentos me intriga. É muito triste. Talvez eu possa ajudar... e se eu for bem sucedido, qualquer um que me ajudar poderá colher os frutos comigo.

O taverneiro é um anão careca com uma grande barba negra. Ele te olha de cima a baixo enquanto limpa um copo e responde com um sorriso de canto de boca.
- Ha, seu tipo me diverte humano. Como os chamam mesmo? "Heróis" ou "aventureiros", certo? Mas nós dois sabemos que não é altruísmo ou desejo por emoção que os faz agir, tão pouco é o que põe comida na mesa - ele se vira para servir um copo de cerveja a um cliente antes de volta a atenção a você - Eu não sei mais do que você sobre a garota ou sobre o que aconteceu com ela, mas se soubesse não te contaria. Venderia a informação diretamente pro burgomestre e ficaria com a recompensa só pra mim. Mas eu tenho que admitir: minha prostituta preferida está sumida a uns dois dias e se continuar nesse ritmo vou ficar sem meu passatempo semanal. Stephen Woods está aceitando qualquer um em sua casa que esteja disposto a ajuda-lo, deveria ir falar com ele para ver se consegue mais informações e negociar a recompensa. Vocês não são os heróis que merecemos, mas são os que a gente tem, então espero ter ajudado.

" Hm, já vi que não da pra contar com o taverneiro pra buscar informações, vamos ter que criar um caminho. " - pensa Thuman consigo mesmo ao ouvir a resposta do anão. Não ligava para ofensas nem para como fora diminuído, afinal, era uma situação irrelevante para ele. Logo recolhia o folheto enrolando-o, e guardava na sua mochila. - Vamos pessoa, não temos tempo a perder. Este lugar não mais nos é útil. - dizia indicando a porta de saída. - A menos que vocês tenham uma ideia melhor, vamos seguir o conselho do anão -.

Esperava então uma ação de seus comparças para seguir a viagem.

Assim que percebeu que o anão não seria de grande ajuda, Nilus tirou o sorriso da cara. Parecia-lhe estranho que o velho não soubesse nem em que dia a filha do burgomestre desaparecera ou onde havia sido vista pela última vez, mas como não tinha como contrariar o dono do estabelecimento. Aquele anão miserável tinha a língua afiada, e Nilus já estava muitíssimo acostumado a ser tratado com desdém, e até que o anão fora educado de um certo ponto de vista, mas como estava bêbado não pôde deixar de sentir-se provocado. Foi então que percebeu a aproximação de seus companheiros, um lembrete de que não seria o único a se encrencar caso fizesse alguma besteira na taverna.

- Obrigado... pela ajuda. - Agora que não fazia mais questão de esconder que estava bêbado, falava até em pausas com o anão. Estava visivelmente aborrecido naquele momento, mas também era claro que já teria esquecido tudo isso antes mesmo de cruzar a porta de saída.

Deixaria o estabelecimento junto de seus companheiros.

- Podem encontra-lo no bairro residencial, é a maior casa e fica no centro do bairro. Eu mesmo prefiro mulheres maduras, se só as novinhas estivessem sumindo não seria um problema tão grande pra mim. Mas eu ouvi de alguns amigos que suas esposas sumiram, então eu não acho que, seja lá quem for o sequestrador, seja muito seletivo - o anão vê que alguns clientes estão ouvindo à conversa e se volta irritado para vocês - Agora saiam do meu estabelecimentos, esse papo não é bom para os negócios! - ele exclama apontando para a saída.

Primeiramente, Thuman julgou o papo de meretrizes antes de sair do local. Heresia. Não concordava com esses desejos carnais escrupulosos em demasia que o anão praticava, mas isso não lhe dizia respeito. Respirava o ar de fora e então tentava pensar com mais calma... seu raciocínio era ótimo, porém não era rápido como o de Eric, talvez pelo álcool em seu cérebro naquele momento. Tentava acompanhar o raciocínio do rapaz que falava desenfreadamente e, quando nota que não poderia raciocinar bem como gostaria, apenas concorda.

- Bom... é isso aí que ele falou... - Responde risonho enquanto arruma suas tralhas na mochila e olha ao redor. -Vamos? - Começava a se direcionar para o local indicado.

Vocês saem da cidade e cruzam a grande ponte negra que fica no centro da cidade, saindo do bairro comercial e indo para o bairro residencial. São 17:00 e o sol está baixo. Enquanto caminham, notam que somente homens andam pelas ruas. Chegando ao centro do bairro residencial vocês veem uma casa de madeira nobre e com múltiplos andares, em frente a ela estão quatro milicianos guardando o local.

O que vocês fazem?

Chegando ao centro do bairro residencial que o anão havia dito para Eric procurar. Nilus já havia deixado o mau humor gerado na taverna para trás, e continuava a ficar cada vez mais sóbrio com o tempo. O mistério em torno dos desaparecimentos começava a ser um bom passatempo para distrai-lo das desgraças recentes de sua vida. Tinha bastante confiança de que ele e seus companheiros conseguiriam faturar a recompensa do burgomestre, só não tinha certeza se conseguiriam encontra-la viva. Pessoalmente, Nilus achava melhor partirem do pressuposto de que a filha do homem já não caminhava mais entre os vivos.

- Ele realmente tem dinheiro. Contratou até vagabundos para guardar a casa.- Comentou com os outros antes de chegarem perto.

Já não tinha mais a paciência que teve quando tentou conversar com o anão,então dessa vez não se preocupou em fingir um sorriso e ser muito educado. Ser sincero e direto deveria bastar.

- Ei, vocês. Queremos falar com o burgomestre. Estamos interessados em trazer a filha dele de volta e faturar a recompensa.

Um dos homens, o maior ali, te olha confuso e ao sentir o cheiro do seu bafo lhe responde apontando casualmente a lança em sua direção.
- O mestre Woods não tem tempo para vagabundos oportunistas como vocês. Saiam daqui antes que nós os expulsemos a força!
Os outros milicianos ficam calados, não parecem ter a mesma confiança deste primeiro. Um não passa de um adolescente, o segundo é um homem portador de uma bela pança e o quarto é um senhor que já deve estar em seus 60 anos. Eles portam lanças e vestem-se com armaduras acolchoadas.

Thuman percebe a situação e nota que foi um erro deixar seu companheiro embriagado tomar a frente. Logo se posiciona na frente da lança e, com calma tenta abordar os guardas. - Nobre homem, perdoe os modos do meu companheiro. Estávamos tomando umas quando ficamos sabendo do sumiço. Somos aventureiros, com habilidades e feitiços poderosos. Eu sou um Sacerdote especialista em exorcismos e criaturas malignas, se ao acaso isso for obra de uma delas ou qualquer um que esteja relacionado às mesmas, tenho certeza que seu burgomestre gostará de falar comigo. Ademais, meus companheiros também têm habilidades pra lá de úteis em combate. Garanto que não se arrependerão de deixarem-nos passar. - Tenta encarecidamente convencer os homens e mudar o jogo à favor do time.