Corredor

pós o segundo disparo, corremos a procura do que estava havendo e logo que chegamos no corredor, nele havia sangue espalhado pelo chão e na parede. Não compreendia a principio, mas logo André gritava aterrorizado proferindo a morte de Davyd. Eu não pude ver muita coisa, pois Deco se pôs a minha frente e me abraçou obstruindo minha visão.

- Não, ele não se matou!! - Exclamei ainda nos braços de Deco. - Deco encontrou sangue na floresta e Rick disse que haviam armas pela casa. Sem falar daquela criança sinistra na mata. - Respirei profundamente ao ouvir as palavras de Deco. - Ok. - Respondi enquanto o abraço cessava e logo após segurei sua mão e o segui escada a cima.

- Ok, ok! Ricos são demasiadamente estranhos, mas essa porta já é demais... - Suspirei ao ver tal porta.

Enquanto tentava ler as escrituras na porta assustei-me com uma musica que começava a tocar do nada. E ao virar-me a escada havia sumido e agora parecia que estávamos em um hotel de beira de estrada.

- Cara, o que tinha naquela água que você me deu? - Questionei Deco enquanto esfregava meus olhos. - Serio, você é legal. Tá certo que faz filosofia e vai acabar vendendo biju de miçanga na praia, mas não precisa desse artificio para levar uma garota para cama. - Disse ao começar a caminhar vagarosamente enquanto tateava o chão com o bastão de baseball à procura da escada.

Naquele momento a unica explicação plausível era eu estar sobre o efeito de algum alucinógeno.

- Na real, Deco. Eu preciso muito de ajuda. Não posso confiar nos meu olhos e não quero cair da escada. - Minha respiração estava pesada devida a tensão que aquela situação causava. - E fala para o André que não é hora para música. Principalmente uma tão depre. - Naquele momento começava a sentir meu coração disparar. Certamente algo de ruim estava prestes a acontecer...

xistem diversas técnicas de se drogar alguém sem que a pessoa perceba. - Deixava escapar um sorriso, mais pelo nervosismo do que pela brincadeira. - Não fica magoado, não. Eu acredito em você. - Olhei para Deco e pisquei.

Logo Deco se pronunciava achado que se tratava de uma brincadeira dos amigos, eu tinha quase certeza que não se tratava disso. Principalmente, porque não adormeci em nenhum momento durante a vinda para a mansão. E não sei se foi por desespero ou o que, mas levei um susto quando ele gritou com Gláucio. Mesmo com o pedido de ajuda de Deco não me fez sair do lugar. O medo de pisar em falso e rolar escada abaixo me assustava.

Enquanto procurava pela escada, algo incomodava-me, um pressentimento sobre a porta que ficava à esquerda da porta fortemente trancada. Sem muita esperança de encontrar as escadas, decidi seguir em frente, pelo menos por ali, acreditava que não sofreria nenhum acidente. Fui até aquela porta e cautelosamente a abri, olhando receosamente. Só adentraria após me certificar que não era perigoso. Após uma boa olhada lá dentro, bati com o bastão sobre o piso para ter certeza que o mesmo estava ali.

uvi a teoria de Deco e logo me questionava de como aquilo seria uma prova se aquele lugar não era real. No entanto, eu entrei na brincadeira.

- E se na verdade os gêmeos maravilha são descendentes dele e nos atraíram para cá. Para que pudessem julgar e executar os impuros... Ou seja, nós! - Disse com sobrancelhas levantadas e arqueadas, com olhos arregalados e boquiaberta expressando surpresa e então deixei a mente de Deco trabalhar nisso.

Com a carta em mãos, eu a olhava mas não conseguia manter a atenção. A porta a minha frente ainda me incomodava. Devolvi a carta para Deco.

- Tira uma foto. Se for real, nos mostraremos para os outros. Talvez um deles saiba resolver esse enigma. - Voltei para a porta, respirando profundamente tentando reunir minha coragem para adentrá-la.

primeira vista era apenas um pequeno banheiro que precisava de alguns concertos e uma boa limpeza, mas ao cruzar a porta um terrível cheiro de algo podre. Uma rápida olhada a minha volta e logo identificava a fonte do mal cheiro. Não sabia o que havia dentro daquela banheira pois uma lona a cobria, muito menos estava disposta a descobrir, porém já estava ali a tempo o suficiente para estar em decomposição. Além do mal cheiro, um buraco na parede também chamava minha atenção. Era grande o suficiente para alguém passar por ele, porém a escuridão tornava impossível visualizar qualquer coisa dentro dele. Era totalmente estranho um buraco tão profundo na parede de um hotel.

- Deco, você precisa ver isso. - Disse ao chamá-lo até o banheiro. Infelizmente a maçaneta e os sons vindos de fora indicavam o retorno do residente. Puxei Deco pela mão e fechei a porta do banheiro. - Uma passagem. - Sussurrei apontando para o buraco na parece. - Se você que dar as boas-vindas ao recém-chegado, boa sorte. - Estendi o bastão para ele. - Mas eu vou dar o fora daqui. - Liguei a lanterna do celular tentando observar o que me esperava buraco adentro.

Encarei Deco, respirei profundamente rezando para que aquele buraco não fosse o possível tumulo para um possível corpo que estava sob aquela lona cinza. Abaixei-me debruçando sobre o buraco, iluminei o caminho com meu celular e prossegui adentrando-o. Segui rastejando por ele esperando que Deco não bancasse o herói e estivesse atrás de mim. Real ou não, no minimo aquilo era um provável indicador de futuros problemas psicológicos.

entia-me aliviada por Deco decidir acompanhar-me.

- Não se preocupe, não tenho costume de rastejar por buracos. Ah, e espero que só a perna mesmo. Sem usar a escuridão para dizer que foi sem querer. - Apesar da situação o tom de deboche era facilmente notado. - E se alguma coisa me pegar, eu peço desculpas por espernear e acabar te acertando. Essa vai ser a deixa para você recuar. - Naquele momento senti um calafrio e torci para que nada de estranho aparecesse diante de mim.

Ao ouvir o som da porta sendo arrombada, tentei acelerar mas logo vozes familiares fizeram-me para bruscamente.

- Hey, você ouviu? - Questionei Deco. - Parece o pessoal. Acho que a tensão nos fez esquecer que aqui ainda é a mansão do Rick. O que acha de voltarmos para ver como eles estão? - Aguardei pela escolha de Deco. Afinal, eu não tinha como voltar se ele não quisesse.