Cap. 5 UNIFICANDO VEGAS

Para a infelicidade de Kelden, Meyers parecia experiente nas negociações, e também detinha de uma carta na mão, reféns conquistados na batalha pela cidade de Primm, esta que o ranger já imaginava estar perdida. No momento em que o vulgo xerife tirava de seu bolso um holodisco, Kelden acenava para que seus homens cercassem os inimigos imediatamente, e então a voz do - incompetente - tenente Hayes era ouvida, praticamente implorando para que a republica aceitasse as exigências dos arruaceiros, estas que o homem que detinha tal holodisco as dizia de maneira muito segura, como se acreditasse veemente que Kelden o deixasse partir sem maiores problemas.

“É por isso que estamos nessa situação, estamos cercados de incompetentes, nunca que os rangers do deserto deixariam a situação chegar a esse ponto...” - Pensava, lamentando o pacto de união cujo símbolo máximo surgia imponente sobre suas cabeças ali mesmo.

Enquanto ele falava, expondo suas exigências, Kelden notara que ele observava direto a atual situação do posto avançado, logicamente para tirar vantagem da situação precária dos recursos atuais disponíveis pelo ranger. “Não podemos deixa-lo sair daqui...” - Pensava, enquanto ouvia atentamente a tudo que o homem dizia. As exigências eram demasiadamente inaceitáveis, visto que os arruaceiros eram, até se rebelarem, criminosos perigosos da republica, e por isso eram prisioneiros na instalação N.C.R.C.F, onde deveriam pagar suas penas ajudando a construir estradas e outras obras a mando da NCR. Quando o homem terminava seu discurso, dava adeus a todos ali e fazia menção de partir, pois se demorasse, seus homens executariam os reféns.

- Vocês não vão a lugar algum. - Dissera Kelden, em tom sério e intimidante. - Entendo que essas sãos suas exigências, porém agora vocês ouvirão as nossas e aí talvez possamos chegar a um acordo, ou nós matamos vocês aqui e partimos para uma guerra sangrenta, que acredito que se fosse isso que desejassem, não estariam aqui. - Então acenava para que seus homens revistassem cada um dos inimigos para total segurança das negociações e após isso, começaria a negociar.

- Primeiro de tudo, lembrarei a vocês que não tiveram nem um pingo de misericórdia com os guardas da prisão quando se rebelaram, e todos sabem o sadismo causado por vocês com eles, utilizando inclusive das dinamites que deveriam servir para ajudar esta terra a se reerguer, se me lembro bem. - Agora era a vez de Kelden observar a reação do homem de chapéu. - Portanto acho melhor vocês serem mais realistas e reverem suas exigências, começando com a de seus líderes serem alçados a superiores em nossa republica, nunca aceitaremos criminosos e psicopatas covardes que mantém reféns em prol de uma batalha que sabem que não vencerão, portanto irei exigir a cabeça destes líderes em primeiro lugar, afinal de contas vocês parecem não se importar de verem seus compatriotas mortos e de até se livrarem deles, após isso, os criminosos de menor pena podem ser julgados pela nossa cúpula jurídica, e se obtiverem a liberdade constatada, se assim desejarem, serão aceitos em nossa republica. – Então parava, acenava para que um de seus homens que não estava cercando os arruaceiros viesse até ele e ouvisse sua instrução. – Vá para o rádio, precisamos informar Hsu e os outros superiores sobre isso, pois as tropas que veem para cá provavelmente passarão por Primm, e assim podemos continuar com nossas negociações. – Falava baixo o suficiente para que os inimigos não ouvissem e então esperava a respostas de Meyers. – Então, temos um acordo ou guerra?

- Isso depende de vocês. - Os respondia, então acenava para que seus homens recuassem um pouco, demonstrando mais liberdade aos inimigos. - Nós temos um rádio a nossa disposição, portanto vocês podem informar seus líderes de nossa proposta com ele aqui mesmo, sugiro deixar que Meyers me acompanhe até a sala de rádio para falar, enquanto os outros dois aí passam um tempo no xadrez, caso cumpram o combinado, podem retornar de onde vieram.

- Droga... - Reclamava o ranger, se levantando com dificuldade com a ajuda de seu soldado. - Fomos descuidados, pagamos o preço. Aprenda isso soldado, agora me ajude a ir até a ala médica, se é que isso ainda existe nesta espelunca. - Então Kelden tentaria se curar o mais rápido possível e depois questionaria seus homens sobre a mensagem por rádio aos seus superiores.

Ao desconectar a ligação o click mecânico do aparelho do rádio foi o último som na sala, o operador do rádio fingiu que nem estava ali, era normal na sua profissão ser apenas uma parede sem ouvido ou voz quando os comandantes tratavam dos assuntos sigilosos. Apesar disto o temperamento explosivo de Kelden frente aos grandes generais do exército era conhecido por todos, se isso causava uma certa admiração entre o baixo escalão que via Kelden como um legítimo representante, também gerava incerteza, pois era sabido que os pequenos capitães, tenentes e rangers que não se dobravam aos caprichos dos grandes tendiam a passar por maiores dificuldades. Todos esperavam as ordens de seu Ranger Chefe, o homem que tomou Nipton e agora liderava o pequeno grupo de militares do Posto Avançado do Mojave, pois por mais que Hsu mandasse o exército inteiro em apoio, o fato era que isso demoraria ao menos dois dias e os inimigos estavam a apenas algumas horas de distância e o Xerife Meyers havia carregado consigo informações bastante perigosas para dentro do deserto.