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    Terra e Sangue

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    Mensagem por Soviet Seg Abr 20, 2015 5:45 pm


    A silêncio não tinha fim.

    Parecia à Nasri que já tinham se passado semanas que ela estava presa no interior daquela árvore. A humana estava fraca, mal sentia as pernas e já tinha se acostumado à dor nas costas. Os únicos sons que Nasri ouvia eram as vozes do Desertor das Árvores e de seus asseclas. A dor de cabeça que Nasri sentia ia e vinha constantemente, assim como as visões da massa disforme com dezenas de bocas. Apesar da dor vir a qualquer momento do dia, as visões acontecem apenas quando Nasri está dormindo, o que, na atual situação, não passa de poucas horas em que a humana consegue se desligar do mundo.

    Inicialmente pareceu que o tempo em que Nasri passou dentro da árvore trouxe apenas dores e sofrimento, mas a humana, com o tempo que tinha todo para si, começou a notar que havia algo diferente dentro dela. O medo fez Nasri não notar isso antes, e desde que acordou com o rosto na neve até o momento em que tinha sido presa no carvalho, a mulher não tinha tido um momento para notar estas coisas. Nasri também percebeu que não sentia fome. Quando a seiva tinha ficado insuportável demais para se comer, Nasri tinha se entregado por completo mas, ao invés da fraqueza que imaginava lhe acometer, nada aconteceu. Nasri tinha a estranha sensação de que seu corpo estava sustentando a si mesmo.

    Tudo pareceu muito estranho, mas Nasri se lembrou do que tinha acontecido quando os asseclas do Desertor tentaram prendê-la. Na hora em que aconteceu, Nasri não soube o que aconteceu, mas a mulher teve tempo para pensar sobre aquilo. Agora, Nasri tinha certeza de que a sua mente e a do homem, por aquele instante, estiveram conectadas. Talvez não da forma como quando um mago lê a mente de alguém, mas Nasri sabia que era isso o que tinha acontecido. E o mais assustador era que a força que derrubou o homem partiu de Nasri. A cabeça de Nasri começou a doer novamente. Mas a dor era cada vez menos intensa, mais curta... Algo estava mudado em Nasri, não havia como negar, e este processo ainda não tinha terminado.



    Anahera acordou com a cabeça apoiada na janela da carroça.  A feiticeira abriu e fechou a boca para afastar o gosto do sono, esfregou os olhos e esticou o corpo. O transporte em que a garota estava não era nem um pouco luxuoso, mas foi aquele que a carregou através do Anarouch, e por isso a falta de cortinas nas janelas ou por bancos almofadados passou desapercebida – na medida do possível, claro. Anahera viajou com um homem chamado Anuhl e sua família, a esposa Irri e um casal de filhos, Ezra e Adara. Irri e o marido eram pessoas amáveis, mas não conversavam muito, o rapaz ficou intimidado com a beleza de Anahera e mal falou com ela durante toda a viagem, mas a pequena Adara gostou das tatuagens da feiticeira e de sua roupa e a seguia sempre que Anuhl encontrava uma sombra para descansar e Anahera ia esticar as pernas, e isso fez com que a garota ficasse quase toda a viagem através do deserto sem dizer quase nada. Mas isso quase não era esforço, pois o calor sufocante do Anauroch tirava a vontade de falar de qualquer pessoa.

    Agora, fora do deserto, Anahera sentiu falta do Anauroch, mesmo que por um breve momento. O frio era palpável, penetrando fundo nos ossos e fazendo o corpo todo da feiriceira tremer involuntáriamente. Uma manta escura de lã cobria o corpo de Anahera, mas aquilo não era suficiente para afastar o frio do Norte. Irri e seus filhos estavam melhor protegidos, com grossas roupas de lã e couro e Anahera teve certeza de que Anuhl estava com roupas ainda mais pesadas. Não era por acaso que eles estavam preparados para o frio. Desde que Obscura, uma a cidade do antigo reino de Netheril que se refugiou da destruição no Plano das Sombras voltou para Faerûn, Anarouch não era mais um lugar tão seguro para se viver. Não o era antes, mas as coisas tinham piorado muito com o surgimento da cidade, e Anuhl decidira vir com a família para as Fronteiras Prateadas. “Prefiro a guerra do que aquelas sombras”, o netherese disse numa das raras ocasiões em que conversou com Anahera, “Além disso, eu sempre ouvi que a Senhora Alustriel protege o seu povo dos orcs. No deserto nós não temos ninguém além de nós mesmos, e isso nem sempre é o suficiente”.

    Anahera, ainda sonolenta, empurrou um pouco a madeira que cobria a janela e pode ver que eles já estavam em uma cidade e que ela estava coberta de neve, mas pela velocidade com que a carroça andava, as ruas eram pavimentadas e isso era uma boa notícia. Anahera olhou por mais algum tempo para fora e então soltou a madeira afim de bloquear o vento gelado que entrava pela janela. A garota olhou para Irri e seus filhos e achou curioso o fato de Adara estar ao lado de sua mãe, já que ela sempre se sentava ao lado da feiticeira. Anahera se arrumou no lugar, olhando para os três e notou uma expressão de dúvida em Ezra e sua mãe, e de divertida curiosidade em Adara. A feiticeira não entendeu o porque daquelas caras, e pensava nisso quando um ponto de luz desconhecido dentro da carroça lhe chamou a atenção. “Eles acenderam uma-”

    Um globo de luz amarelado que flutuava no ar cortou os pensamentos de Anahera e fez a garota compreender as expressões de Irri e os dois pequenos. A esfera se moveu até ficar diante da feiticeira e sua luz ficou sensivelmente mais intensa, mas não mais forte que a luz de uma vela. Anahera reconheceu o pequeno globo de luz, era o mesmo que estivera em seu sonho. Isso levantou questões, mas a feiticeira não teve tempo de pensar nisso, pois Adara pulou de onde estava e se sentou ao lado de Anahera com os pequenos dedos gorduchos apontados para o globo de luz.

    - Ele é seu amigo? - A pergunta estava tomada de excitação por parte da menina – Ele apareceu enquanto você dormia, do nada! Eu tava brincando de adivinhação com o Ezra e a bola apareceu em cima da minha cabeça!
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    Mensagem por Edu Seg Abr 20, 2015 10:09 pm

    Como ele pensado quando acordou na floresta. Já não era a mesma de antes, seja lá o que fosse. Havia mudado e isso estava ficando cada vez mais aparente. Toda vez que dormia, quer dizer apagava, via aquela massa de fumaça e rostos. O que era aquilo? uma especie de pesadelo? Seria uma mensagem do seu subconsciente? Não devia já tá morta? Sua fome tinha sumido do nada e não vinha se alimentando de seiva mais. Tinha também aquela dor de cabeça que vinha e a forma como ela conectara com a mente de um dos seguidores do desertor. Era uma coisa absurda, como tinha passado o sofrimento da sua mente pra ele? Afinal o que era ela?
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    Mensagem por Makaveli Killuminati Ter Abr 28, 2015 4:00 am

    O corpo da feiticeira afundava, em direção a profunda escuridão submersa, sentia todas suas feridas e seu sangue se misturando a água, mas nada podia ver, a sensação perturbadora e aterrorizante de sufocamento começava a ser iminente, a esperança de se sobressair aquela situação se esvairia junto com seu fôlego, o ar no pulmão estava próximo de terminar, até que finalmente se afoga sem ar para respirar. Anahera acorda assustada, enchendo seu pulmão de oxigênio e recuperando-se da desagradável sensação de sufocamento, pensava sozinha agradecendo pelo fim do confuso sonho, ofegante e com o olhar vazio.

    Com a boca trêmula e abraçando seu próprio corpo, a feiticeira se manteve quieta junto a família com quem viajava, tentando evitar o máximo possível qualquer contato visual, embora a caçula da família tivesse uma atração natural pela feiticeira e sempre tentasse uma aproximação. A estranheza era nítida, e logo Anahera percebe o por quê da reação da família e do incomum lugar na carroça aderido por Adara, eles observavam o Globo de Luz, o misterioso Globo de Luz. A curiosa garotinha logo salta ficando ao lado da feiticeira, instigada a entender o quê era o Globo de Luz, tal como a própria feiticeira estava.

    A pergunta da garotinha remoía os pensamentos interrompidos de Anahera, que tentavam conectar-se de alguma forma ao sonho que acabara de acordar, tentando de alguma forma responder Adara com alguma lição que pudesse tirar daquilo. - Sim, é meu amigo... Mas é seu amigo também. - Respondia com uma fala mansa ao questionamento inocente da menina. - Esse globo de luz é o que de mais importante existe no mundo. - A feiticeira reflete um pouco, a menina estava curiosa, Anahera julga que talvez pudesse dar uma lição a garotinha mostrando a importância que o globo de luz tinha para ambas. - Por quê esse fraco ponto luminoso é tão importante? - Ao questionar a menina, Anahera molha a ponta dos dedos e esfrega sobre o barbante da vela acesa que mantinha o interior da carroça iluminado, apagando o fogo da vela, deixando o fraco Globo de Luz como único ponto luminoso. - Em uma completa escuridão, ele é a única coisa que te permite enxergar. - Anahera se silencia e fixa seu olhar ao Globo de Luz, tentando entender o mistério por trás dele, passava em sua cabeça a possibilidade dela mesmo ter conjurado o Globo de Luz, mas ter esquecido, as recentes "revelações" faziam que ela se acostumasse com o fato de ter que lidar com sua amnésia e procurasse por explicações próprias a fatos como estes.

    A viagem continuou, apesar de manter-se sempre distante e evitando contado com a família, naquele ambiente fechado era um pouco mais difícil, então a feiticeira passava a observar o comportamento da mãe com suas filhas, tentando de alguma forma compreender a relação das pessoas entre uma família, o ambiente selvagem em que se acostumou a viver não permitiu que Anahera desenvolvesse grande desenvoltura em relacionar-se junto a uma família tradicional como aquela, o contato da feiticeira com a civilização era sempre muito mais egoísta e hostil, com Anahera tentando sobreviver ou conseguir algo que desejava de viajantes que passavam pela floresta, ou vice-versa. Outra preocupação que não saia de sua mente, era o frio. Anahera era incapaz de ignorar o frio do Norte, por isso cobiçava de todas as maneiras as grossas vestimentas de Irri.
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    Mensagem por Soviet Qui Abr 30, 2015 11:16 pm

    Nasri sabia que tinham se passado apenas algumas horas desde que tinha acordado, mas parecia que tinham se passado poucos minutos. Por mais que a humana pensasse em quem ela era ou no que estava acontecendo consigo, isso não ajudava em nada para fazer o tempo parecer passar. Ou será que Nasri estava em outro sonho? A escuridão permanente e opressiva estava começando a afetar a razão de Nasri, e a humana sentia isso. Será que o Desertor estava tentando destruir a sanidade de Nasri para depois destruir seu corpo? Esta era uma pergunta que talvez nunca tivesse uma resposta.

    Nasri meneou a cabeça e fechou os olhos. A humana sentiu o ar abafado e terroso lhe oprimir as narinas, a dor de cabeça sempre presente, o corpo dolorido, a madeira arranhando o corpo. Nasri suspirou, um suspiro já de aceitação pelo que iria acontecer em breve. Quando abriu os olhos, a humana esperava ver apenas o negro da escuridão, mas não foi isso o que aconteceu. Nasri se viu em uma cidade. Haviam soldados por todos os lados, em destacamentos de quatro ou mais, e um grande porto diante dela. Além do porto havia um mar de água azul turquesa com águas que refletiam o dourado do sol. Nasri sentia o aroma carcterístico do mar e a brisa que vinha dele, sentia o calor do sol e o cheiro de peixe. Uma dezena de grandes barcos de guerra tomava a costa e o cheiro de madeira nobre recém trabalhada tomava o nariz da humana.

    Uma celebração acontecia em um dos cais, o mais próximo dos barcos novos que flutuavam sobre a água, e era possível ver que todos ali estavam muito bm vestido ou usavam armaduras lustrosas e sem marcas de batalha. Um tablado alto tinha sido montado no cais, de frente para o único barco ancorado, e sobre ele haviam doze cadeiras e cada uma delas abrigava um homem de vestes luxuosas e tatuagens exóticas. E, acima destes doze, sobre outro degrau do tablado, havia um décimo terceiro homem. Sem cabelos, magro e de pele branca também coberta por tatuagens intrincadas e exóticas. Este era o único deles que portava um cajado e, na ponta dele, emaranhado na madeira, havia uma pedra verde e translúcida. Nasri sentiu que se lembrava de cada um deles, mas não tinha certeza disso e, se fosse verdade, a humana não saberia dizer de onde os conhecia.

    - Belo, não? Todos estes navios? - A voz, cansada surgiu de trás de Nasri e logo estava ao seu lado - Eles vão trazer mais riquezas para nosso império, aumentar nossas fronteiras! Nunca pensei que veria uma coisas dessas enquanto ainda estou vivo.

    Nasri se virou e viu ao seu lado um homem muito velho, aparentando cerca de noventa anos. Os cabelos eram ralos e completamente brancos e cobriam uma cabeça de pele lustrosa e cheia de manchas que chegaram com a idade. Diversas manchas também cobriam a testa enrugada as mãos trêmulas do homem, que segurava um cajado de madeira para se manter de pé. O homem vestia uma túnica muito simples vermelha e azul, mas de tecido raro.

    - Diga-me, qual o seu nome? - A voz do velho era grave e imponente, apesar de tudo. Era um sinal vago de que talvez um dia ele tenha sido alguém importante - Suas roupas me são estranhas e eu não me lembro do seu rosto.



    Anahera observava a cidade branca que passava por ela. Casas simples, sobrados, pequenos palacetes, torres... Todos lado a lado margeando uma rua pavimentada com o que pareciam ser blocos de pedra. Mesmo sob a neve, era possível reconhecer uma cidade incomum, diferente de todas as outras que a feiticeira já tinha conhecido. Ou melhor, supunha ter conhecido. Anahera pensava em algumas coisas, como a reação da garota à explicação da feiticeira sobre o que era o Globo de Luz. Adara deu um pulo no lugar e depois de alguns instantes estreitou os olhos em um momento de iluminação infantil. Desde então ela vinha observando o Globo com atenção, tentando tocá-lo, falando com ele, mas o Globo se esquivava de todas as suas investidas. Depois que Irri teve alguma certeza sobre o Globo - não sabia bem o que era, mas não faria mal à sua filha - ela conseguiu relaxar pelo pouco que faltava da viagem.

    Um pensamento tomou o corpo de Anahera e sua mão foi involuntariamente ao peito, um reflexo ao susto que levou. A garota tinha a clara lembrança de que algo a ferira no peito, mas não havia nada ali, corte ou sangue, e Anahera tinha certeza de que já tinha olhado para o próprio peito desde que acordara do sonhos estranho que tivera. Sonho que, além de ter sido extremamente real, desafia as leis que regem a vida de Anahera desde que a feiticeira se entende por uma pessoa. Tudo, absolutamente tudo o que acontece, seja em sonhos ou no mundo físico, desaparece. Pessoas, amores, amigos, brigas, discussões, descobertas... Tudo some com o tempo, como a névoa ao longo do amanhecer, mas as imagens do sonhos estavam claras de uma forma como nenhuma outra coisa que a feiticeira experimentou.

    - O que foi? - Adara perguntou imediatamente, quando Anahera se assustou. Apesar da garota ter ficado preocupada com a feiticeira, o Globo de Luz sequer pareceu notar algo - Você tá bem?

    A pergunta de Adara veio junto com o reduzir de velocidade da carroça, até que ela parou por completo. Todos dentro da cabine ouviram Anuhl descendo de seu posto, reclamando de algo em sua língua materna. A porta foi aberta com dois puxões fortes, e um bocado de neve caiu do teto.

    - Tinha bastante neve aqui. Vocês tiveram sorte de viajar aqui dentro - O nariz escuro de Anuhl estava avermelhado e sua barba castanha salpicada de neve. As vestes claras e grossas também estavam cobertas de neve e os pés do netherese completamente afundados no chão. Apesar de quieto, Anuhl estava sempre com uma expressão gentil e Anahera talvez pudesse sentir falta dela - Enfim, chegamos. Lua Argêntea, a chamada de Gema do Norte. Anahera, eu te trouxe primeiro aonde você me pediu, daqui nós vamos procurar o lugar aonde passaremos a noite.

    Anahera olhou pela porta e viu uma torre atarracada de dois andares e telhado curvo. Um beiral de madeira contornava toda a torre na linha exata do limite inferior das janelas do segundo andar, todas fechadas e com o vidro embaçado. Havia uma terceira linha de janelas, estas se abrindo do telhado, e cada uma delas tinha um pequeno telhado sobre si. A janela que ficava diretamente acima da porta, a maior de todas, alta e estreita, tinha um telhado mais angular, as outras, menores, tinham pequenos telhados abobados. A torre era de pedra maciça e em dois tons de cinza. A feiticeira viu dois pilares que subiam pela lateral, do chão até o beiral de madeira, e ambos eram cinza escuro como um céu tempestuoso, já os blocos que formavam as paredes da torre eram os mais claros. A porta simples de madeira parecia ser resistente, feita de alguma madeira escura, e acima dela havia uma pequena construção também de madeira, parecendo ser uma espécie de santuário, que estava completamente envolvido pela neve. Na verdade era mais simples procurar um lugar aonde não houvesse neve. A rua, as árvores adiante... até mesmo o telhado abobado da torre estava coberto de neve. A garota notou ainda que havia um outro beiral de madeira indo de um pilar de pedra ao outro, cruzando as placas menores de barro, mas Anahera não viu nenhuma utilidade para elas.

    - Pelo que os guardas no portão disseram, esta é a casa de Aghna Deòir.
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    Mensagem por Edu Seg maio 04, 2015 6:04 am

    Estava ali só esperando a morte. Não tinha mais o que fazer, não conseguiria sair daquele tronco. Perda de memoria, um grupo maluco de pessoas que sacrificam gente, um azar tremendo que ela tinha tido. Sentada no escuro nem lagrimas mais tinha pra chora o seu triste destino, mas tudo iria ficar pior.

    Primeiro foi a sensação de insanidade começar a crescer dentro dela. Não seria muito logico o fato dela começar a enlouquecer ali dentro. O que estava de dentro começando a acontecer. Depois veio a sensação de estar sendo digerida. Uma coisa horrivel, abafamento e madeira roçando contra a sua pele. A morte finalmente estava chegando pra ela. Fechou os olhos e tentou aguarda-la da forma mais digna possível.

    Não sabe quanto tempo ficou, se foi minutos, horas ou dias. Só sabia que ainda estava viva. Abriu o olhos e teve uma colossal surpresa. Não estava mais dentro de uma arvore e sim numa cidade. Era aquilo uma ilusão? Imaginava aquele lugar?

    Estava num porto com navios ancorados e homens com bonitas armaduras andando pra lá e pra cá. Ela olhava perdida aquilo tudo, enquanto olhava o seu próprio corpo para ver se tinha algo de estranho com ela. Nesse meio tempo um senhor veio falar com Nasri.

    Nasri se virou pra ele sem entender muito. De qual império ele falava?

    - Me chamo Nasri e que lugar, digo, cidade é essa?
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    Mensagem por Makaveli Killuminati Ter maio 05, 2015 12:19 am

    - Não é nada. - Responde com a voz atordoada a pergunta da menina, balançando a palma de sua mão a frente dela, impedindo que a menina tentasse ajudar ou se aproximar. Logo o homem daquela família noticia que haviam chegado no destino de Anahera, que demora a reagir, pois ela mesmo estava surpresa, um pouco curiosa em saber qual o destino dela, pois não lembrava de ter indicado algum lugar para deixá-la.

    Anahera balança a cabeça em um único cumprimento dentro da carroça, para a mãe e suas meninas, se despedindo em um silêncio cheio de tensão. O primeiro pé fora da carroça afunda um pouco na neve, o outro nem tanto, logo o frio lhe beija a espinha, fazendo seu corpo tremer ainda mais. A feiticeira escuta Anuhl enquanto observava o cenário que era apresentado a seus olhos, balançando a cabeça positivamente, dando a entender que estava prestando atenção em suas palavras. Anahera olha para o rosto simpático do homem uma última vez, resumindo sua despedida em uma única palavra. - Obrigado. - Anahera sorri para o homem e vira-se de costas, caminhando até a porta da casa de Aghna Deòir. O frio castigava os extremos do corpo da garota, que esfregava suas mãos uma nas outras e depois pressionavam os dois lados de sua cabeça, onde seu cabelo era raspado e ficava em contato direto com o frio do Norte. Agora em frente a porta, ela bate três vezes na madeira, com pressa em sair do frio, não esperava nem mesmo alguém responder no interior da casa, e rapidamente dava mais três batidas na porta.
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    Mensagem por Soviet Ter maio 05, 2015 4:17 pm

    Quando olhou para si, Nasri não reconheceu o próprio corpo. Usava roupas diferentes, o tom de sua pele era outro, mais escuro, queimado pelo sol, e ela era mais alta do que se lembrava e tinha um corpo muito muito mais expressivo, com longos braços bem delineados, assim como sua cintura, e seios fartos presos em um decote feito com muitos tecidos de diferentes cores. Ainda tentando entender o que acontecia, a humana foi interpelada por um velho falando sobre coisas que Nasri não conhecia.

    - Nasri? Um nome incomum - Agora o velho olhava para Nasri com uma expressão que misturava reprovação e curiosidade - Não saber qual cidade é esta... Estamos em Inixrien, uma das Doze Cidades da Espada!

    A humana nunca tinha ouvido falar daquela cidade e ouviu o velho pensando em outra coisa. Sua voz... Sua voz não era a dela, assim como o seu corpo. O décimo-terceiro homem erguia-se de sua cadeira e começava a discursar, mas Nasri não reconheceu o idioma, é claro. O povo ao redor vibrava a cada palavra de quem Nasri supos ser o governante daquela cidade, talvez do império que o velho tinha falado. A humana sentiu-se tonta de repente, mas conseguiu manter-se de pé. O velho ajudou Nasri como pôde, estendendo-lhe uma mão.

    - O que você tem garota? - O velho falava no mesmo idioma daquele que discursava, mas agora Nasri entendia. Ao fundo surgia as palavras do décimo-terceiro homem.

    -...são apenas os primeiros de uma frota que tomará o Mar das Estrelas Cadentes, expandindo nossos domínios e fazendo nosso comércio crescer! Este é apenas o início de uma nova era para o nosso império! Uma era de glórias e conquistas!



    Anuhl sorriu para Anahera, assim como sua esposa e o filho. Adara ficou intimidada com a mão da feiticeira, mas aquilo não a impediria de dizer um sonoro "Adeus, Anahera! Adeus Globo de Luz!" da janela da carroça depois que ela já tinha seguido seu caminho. Anahera, apesar da pressa em sair daquele frio, teve tempo de observar melhor a construção de madeira que havia sobre a porta, pois ninguém vinha lhe atender.

    Dois suportes de madeira surgiam das paredes ao lado da porta e sustentavam a construção, que era muito bonita e bem feita. Quatro tiras de madeira com detalhes entalhados decoravam a frente da peça. Duas estavam nos limites laterais e as outras duas subiam da base para o centro em diagonal, terminando em um anel de metal. Anahera notou que ele não era perfeito, mas levemente achatado. Mais três batidas na porta antes de se enrolar novamente em sua capa. Uma série de símbolos estavam engravados no metal e, no centro do anel, sobre a madeira embaixo dele, havia um rosto esculpido. O telhado era um detalhe quase à parte do todo, já que ele era bem incomum. Duas placas de barro comum e avermelhado estiravam-se, uma para cada lado, mas dois detalhes chamavam a atenção de quem os observasse. No final de cada placa havia uma pequena dobra no barro para cima, formando algo que lembrava uma asa; e no topo das placas haviam outras dobras no barro, mas estas terminava em duas placas menores e completamente eretas em direção ao céu. A feiticeira não deixou de notar que havia neve acumulada entre as duas placas menores sobre a construção, e também sobre todo o telhado de barro, antes de dar outras três batidas na porta.

    Anahera estava de pé ali por não mais do que cinco minutos, mas parecia muito mais. Sem conhecer Lua Argêntea e sem saber em que lugar da cidade estava, a garota não sabia para onde ir, mas qualquer lugar era melhor do que ficar no frio mas, antes que Anahera pudesse se decidir entre partir ou não, um ruído característico veio da fechadura e a porta logo se abriu, cuspindo um ar quente e maravilhoso em Anahera. Uma mulher de cabelos curtos e completamente brancos surgiu no vão entre a porta e o batente e seu rosto era cortado por diversas rugas. As bochechas rosadas faziam um contra-ponto aos olhos azuis, claros como o céu matutino. A mulher vestia um pesado manto de lã escura e só era possível ver seus pés... Nus. Apesar do frio, a velha estava descalça.

    - Pela graça de Chauntea, o que você está fazendo vestida dessa maneira minha querida? Entre!

    A mulher abriu mais a porta, permitindo que Anahera entrasse. A garota não conhecia aquela mulher, mas Anuhl foi claro quando disse que Anahera tinha pedido para ser levada até ali e agora ela se comporta como se reconhecesse a feiticeira.
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    Mensagem por Edu Ter maio 05, 2015 5:06 pm

    - Sim é que eu não sou daqui, ai talvez ele pareça meio esquisito- Ela terminou de dizer isso disfarçando um sorriso.

    A sua surpresa foi grande quando olhou pra baixo e viu o seu próprio corpo. Aquela não era ela nem de perto. Não tinha aquela pele morena e nem aqueles seios. Era tudo uma ilusão aquilo? Nem a sua voz era a mesma.

    - Inix...o que? Doze cidades da Espada? - perguntou ela mais confusa ainda saindo da sua reflexão sobre aquilo tudo.

    Um homem começou a discursar, mas ela não prestou muita atenção. Estava mais preocupada com o fato de estar numa grande Ilusão feita pelo espirito daquela arvore.

    - É melhor você prestar atenção no discurso do homem, parece importante - Disse Nasri pro velho fazendo um sinal com os braços e andando no sentido oposto.

    Logo que andou dois passos sentiu uma forte tonteira e quase perdeu o equilíbrio. Aquilo devia ser uma ilusão só podia, tinha que ter certeza. Talvez precisasse alguma coisa pontuda pra espetar a sua mão, era apenas um pensamento inicial.
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    Mensagem por Makaveli Killuminati Qui maio 07, 2015 12:56 am

    Pacientemente, Anahera esperou em frente a porta, congelando no frio até que finalmente o rangido da porta é ouvido e lentamente se abre, apresentando para Anahera uma figura simpática de uma velhinha, acompanhado do muito bem-vindo ar quente de dentro da casa. Anahera que era apaixonada por seus olhos cor de mel, sente um pouco de inveja pelos claros olhos azuis da mulher, que prontamente a pede para entrar em sua casa. Ainda tremendo de frio, rangendo os próprios dentes com o movimento involuntário de sua mandíbula e seu corpo reagindo ao frio, Anahera adentra a casa da mulher sem responder a ela, o efeito do frio extremo era o mesmo que o do calor infernal do deserto, fazia Anahera aquietar-se, concentrando-se apenas em se encolher e se aquecer abraçando a si mesma.

    Dentro da casa, Anahera fica observando a mulher, tentando reconhecer sua figura, já que a mesma mostrava conhecer Anahera, ou era naturalmente amistosa a ponto de convidar qualquer um na rua para dentro de sua casa como se fosse algo agradável e prazeroso em sua rotina. - Eu... Você me conhece? - Sem saber como perguntar, a feiticeira gagueja ao perguntar a velhinha se ela era alguma conhecida, a verdade é que Anahera não queria fingir tratar a mulher como se conhecesse, já que não fazia ideia de quem ela era.
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    Mensagem por Soviet Sáb maio 09, 2015 1:40 am

    - Você é quem deve prestar atenção - o velho disse enquanto Nasri se virava - Talvez o que ele diz seja mais importante para você do que para mim.

    Nasri ouviu o homem, mas já tinha começado a se afastar do porto. A humana vislumbrou uma bela cidade. Torres terminando em pináculos altos e finos, outra torres tinham largura uniforme, eram atarracadas e terminavam em um teto abobado, muitas casas semelhantes, com fachadas de pedra e mármore branco, tudo cortado por ruas pavimentadas com grandes blocos de pedra. Uma multidão estava ao redor de Nasri, todos ali certamente para presenciar o discurso do tal homem e ver os navios de perto. Haviam homens e mulheres de todas as idades, todos usando roupas como as de Nasri e a grande maioria tinha a pele bronzaeda pelo sol, que estava alto no céu, deixando o dia claro e quente. Nasri conseguia sentir o calor, experimentá-lo, e aquilo era bom pois afastava o frio do Norte, mesmo que isso seja uma fantasia.

    Nasri não andou muito por causa da multidão, mas olhava ao redor procurando algo em que pudesse espetar sua mão e não viu nada realmente útil para aquele propósito além das armas dos soldados e uma ou outra pedra no chão.



    Anahera estava tão dominada pelo frio e pela curiosidade em saber quem era aquela mulher e se ela realmente a conhecia, que nem se atentou ao seu redor. Apenas duas coisas importavam agora, e uma delas já tinha sido resolvida, pelo menos por enquanto.

    - Eu... - Aghna foi pega de surpresa pela pergunta - Eu não sei, querida. Já não sou mais uma jovem, minha memória já começou a refletir a idade de meu corpo. Apesar que-- Aghna parou de repente, estreitou os olhos e depois os abriu novamente - Isso pode esperar alguns minutos, não? Sente-se para tomar um pouco de chá, você deve estar precisando.

    Deòir não esperou pela resposta da feiticeira e começou a preparar o chá que ofereceu. Com o tempo que tinha, além de pensar Anahera podia observar. Era um lugar simples, não havia como negar. Dentro da torre as paredes de pedra eram mais claras e o chão era coberto com placas de uma pedra áspera e escura. Não haviam paredes cortando a sala, portando não existia distinção entre os ambientes e, de onde estava, Anahera conseguia ver uma grande tábua de mármore sustentada por duas grossas colunas de pedra e, sobre o mármore escuro, havia todo tipo de alimentos. Pães e frutas, um saco de batatas e outro de cebolas, outros dois sacos que pareciam conter tipos distintos de cereais e quatro jarras de barro seladas com rolhas. No chão havia mais frutas e batatas. A feiticeira também viu panelas e outros utensílios, um forno a lenha feito de barro com uma placa de metal para colocar as panelas e uma mesa de madeira muito bem limpa e conservada. O forno ficava na parede oposta à porta e, entre os dois, um tapete vermelho e simples cobria o chão. Em volta dele, ficavam os bancos e poltronas aonde Aghna e seus convidados se sentavam para conversar e logo ao lado, à direita da porta, havia uma lareira, que estava acesa e crepitava de uma maneira acolhedora. Por fim, uma escada contornava a parede começando quase que imediatamente à esquerda da porta, mas ela logo desaparecia dentro do teto.

    - Espero que esteja como você gosta - Aghna disse quando surgiu com uma caneca simples de barro - É chá de lichia. Você conhece essa fruta?
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    Mensagem por Edu Sáb maio 09, 2015 11:25 pm

    Nasri nem ouviu o que o velho falou, já estava a procura de algo pontudo. As armas dos soldados estava totalmente fora de questão, não iria fazer uma besteira desse tamanho. Não restava a ela outra alternativa a não sei pegar um pedregulho do chão.

    Discretamente Nasri se abaixa e pega uma pedra do chão. Já em pé de novo ela direciona a ponta mais afiada e aperta contra a sua pele.
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    Mensagem por Makaveli Killuminati Seg maio 18, 2015 1:45 am

    Anahera não tinha certeza se a senhora que a abrigou estava tentando se lembrar se a conhecia, ou se sua expressão após pergunta da feiticeira era por qualquer outra coisa, Anahera deixa a questão de lado a pedido da já grisalha mulher.

    Os olhos da feiticeira observava todo o local, até se deslumbrando com a casa, já que era muito mais confortável e maior que sua antiga cabana, a qual tinha abandonado. O chá logo é servido, e a senhora indagava Anahera sobre a bebida que tinha lhe servido. - Lichia... Lichia... É, eu acho que sei qual fruta é, mas não lembro de ter provado. - A feiticeira força sua mente tentando lembrar de onde lembrava da fruta, mas não era tão importante a ponto de perder tempo se esforçando para lembrar, logo da um gole na bebida, fazendo uma expressão de surpresa com o sabor da fruta. - Doce... Bom, muito bom. - Anahera praticamente agarrava a sua caneca com as duas mãos, bebendo o resto do chá como uma selvagem, sem cordialidade nenhuma.
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    Mensagem por Soviet Qui Jun 04, 2015 4:44 pm

    Nasri forçou a pedra contra a mão. Não fez um corte profundo, mas conseguiu o que queria. Ou pelo menos tentou. Nasri arranhou sua mão, conseguindo apenas uma dor leve e incômoda e a frustração de não ter alcançado seu objetivo, sair daquela alucinação. Aquilo era uma alucinação, certo? A multidão ao redor de Nasri era maior agora, e todos gritavam muito, cantavam e pulavam com os braços erguidos em aclamação aos trezes homens, à frota ancorada e às conquistas prometidas.

    Nasri procurava por algo que pudesse ajudá-la quando notou que os olhos, bocas e narizes de todos ao seu redor começaram a verter água. Aquilo não parecia incomodá-los, na verdade eles não pareciam sequer notar a água de brotava deles mesmos, e as celebração continuavam. A mulher olhou ao redor, em todas as direções, e todos ali vertiam água. O chão começou a acumular poças grandes e os pés de Nasri afundavam até o tornozelo na água. Olhando na direção do porto, a mulher olhou para a bancada dos Treze e viu que aquilo não acontecia com eles. Nasri sentiu os pés molhados e quando olhou para baixo, viu que a água lhe alcançava os joelhos e que, além dela, ninguém parecia ter notado o que acontecia.



    Aghna se sentou de frente para Anahera, em uma poltrona antiga e gasta, mas que parecia confortável. A velha não disse nada enquanto a feiticeira apreciava o seu chá e serviu uma xícara para si mesma. O silêncio era incômodo para Anahera, e parecia que para Aghna também. A velha se revirava no lugar enquanto tomava seu chá, nunca encontrando uma posição confortável, e a forma como Anahera segurava sua xícara, quase se protegendo de algo, não ajudava. Mesmo de forma não intencional, uma ajudava a aumentar o desconforto da outra. Alguém teria que dar o primeiro passo, e Deòir tomou essa responsabilidade para si.

    - Os seus olhos me lembram uma pessoa que não vejo há muito tempo. Eu a vi poucas vezes antes dela precisar partir, mas eu acredito que ela está bem, que conseguiu superar os desafios da vida - a voz de Aghna era agradável e a velha falava todas as palavras, letra por letra, o que fazia com que ela demorasse mais para terminar suas frases, mas isso não incomodava Anahera. Pelo menos não neste momento. A feiticeira, apesar do desconforto por estar na casa de alguém desconhecido, sentia-se em casa, por mais paradoxal que esta situação seja - Olhos bonitos, grandes e cor de mel. O tom de seu cabelo também me lembra o dela.

    Anahera notou que Deòir tinha a voz cada vez mais embargada, o que fez a velha parar de falar por um instante. A feiticeira ainda não tinha olhada para Aghna com calma, e se viu fazendo isso agora. Em muitos os aspectos, Aghna tinha o rosto de uma velha. A testa e as bochechas cobertas por rugas, a pele alva e as bochechas coradas, o cabelo quase completamente branco. Mas os olhos de Deòir eram vivos. De forma alguma eles refletiam a idade de Aghnar e o azul profundo brilhava timidamente, refletindo a luz das muitas velas que haviam pela sala. Aghna olhava para baixo e de repente ergueu o olhar, encontrando os olhos de Anahera. A feiticeira instintivamente desviou o olhar.

    - Não tenho dúvida, os seus olhos são mesmo os dela. Mais chá? - Aghna sorria enquanto falava, agora sem toda a emoção que a tomara instantes atrás. A velha se inclinara para pegar o bule e servir mais chá para a feiticeira - Diga-me, Anahera, o que te trouxe até a minha casa?
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    Mensagem por Makaveli Killuminati Seg Jun 08, 2015 5:28 am

    Anahera terminava de tomar o seu chá, que agradavelmente aquecia seu corpo, e lentamente a feiticeira começava a parar de tremer por conta do frio, que gradativamente sumia. A velha trata de eliminar o desconfortável silêncio entre as duas, revelando um pouco de sua história de vida, que em algum momento tivera a passagem de uma mulher com traços parecidos ao de Anahera. A feiticeira ainda estava tímida, e raramente mantinha contato visual com a dona da casa, as poucas vezes que o fazia, logo desviava.

    A cada detalhe que a velha revelava sobre a tal moça que ela dizia ser semelhante a Anahera, a feiticeira tentava observar as semelhanças citadas no próprio corpo. A jovem selvagem não conseguia compreender direito, mas a velha mulher parecia sensível enquanto falava, suas palavras saiam de forma sofrida, o som da voz da mulher chegava tremulo aos ouvidos de Anahera, que discretamente tentava observar a velha com "rabo de olho", com a cabeça levemente abaixada, ainda um pouco encolhida com a xícara em mãos.

    Mais chá é oferecido, a feiticeira balança a cabeça positivamente, concordando em beber mais um pouco do doce chá servido. Logo a velha emenda um pouco mais a conversa, perguntando para Anahera sua intenção em ter procurado a casa dela. Anahera por sua vez, fica pensativa, com o olhar vazio e desfocado. A feiticeira não sabia por quê havia parado ali, mas isso não era o quê mais a assustava. Repentinamente, a jovem selvagem se levanta da cadeira em que estava sentada, com o olhar assustado fixado no rosto da velha, Anahera estava temerosa. - Eu não te falei meu nome... Eu não lembro... - A feiticeira leva uma de suas mãos a cabeça, passando sua palma em um dos lados raspados de seu cabelo. A testa de Anahera estava franzida, contraída, mostrando o grau de seriedade e tensão que a feiticeira se mostrava estar. - Por quê você sabe o meu nome?.. Como?!! - Anahera desconfiava que a velha estaria escondendo alguma coisa, mas não tinha certeza, confiava ainda menos na própria memória e sua mente poderia estar lhe pregando uma peça.
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    Mensagem por Edu Seg Jun 08, 2015 5:59 am

    - Au - exclamou nasri assim que usou a pedra.

    Acabara que não adiantou em nada, sentira dor e não sairam da alucinação. Devia estar morrendo mesmo, já não conseguia distinguir o que era realidade e o que era sonho. Foi nesse momento que olhou pras pessoas ao seu redor e viu seus olhos, bocas e nariz vertendo água.

    Ficou perturbada olhando pra todos os lados em procura de uma sanidade naquele lugar, mas parecia que todas as pessoas estava com aquela coisa bizara. Tinha vontade de gritar de desespero mas acabou não falando nada.

    Olhou a pra bancar dos treze e viu que neles não parecia acontecer o mesmo com o resto das pessoas. Nesse momento a água a sua volta já chegava aos seus joelhos. Tinha que ir para aquela bancada e já era pra já senão ir morrer afogada.

    Foi andando passando pelo meio da multidão, esbarrando de forma rude algumas vezes até. Sem medo algum foi e se meteu em meio aos treze e o indagou:

    - Vocês não consegue ver o que tá acontecendo não? Tem agua saindo do rosto das pessoas.
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    Mensagem por Soviet Ter Jun 09, 2015 12:18 am

    Aghna se assusta quando Anahera pula da poltrona onde estava sentada e ouve as perguntas da feiticeira com uma expressão que a garota notou ser de apreensão, pelo susto que levou, mas também havia uma dose de culpa naqueles olhos. Denòir tinha dito algo que não queria, ou talvez que não deveria. A velha, apesar de tudo, não se exaltou. Deixou que Anahera extravasasse e gritasse, que a feiticeira buscasse por respostas aonde a garota sabia que não existia nada. A garota viu que, em determinado momento, a expressão de Denòir se abrandara e a velha tinha um sorriso tranquilo no rosto, mas ela continuou esperando que Anahera perdesse a razão e que, por ventura, fizesse alguma acusão. Aghna esperou um longo minuto antes de dizer qualquer coisa.

    - Me desculpe por assustá-la. Fui vítima de minha própria memória, assim como você - Aghna olhava para Anahera de forma diferente agora, como se uma máscara tivesse caído e a velha não precisasse mais fingir. Parecia haver... ternura na forma como Aghna olhava para a feiticeira - Melhor dizendo, da minha falta de memória. Sente-se, por favor. Acalme-se, minha querida. Você não sofrerá nenhum mal em minha casa, posso lhe garantir isso.

    Aghna se levantou com certa dificuldade e caminhou até a estante. A velha sentou em um pequeno banco de madeira, abriu duas portas de madeira que ficavam na parte inferior do móvel e de lá, depois de alguns minutos empilhando coisas sobre o chão, retirou um pequeno baú simples, com fios de metal cingingdo as bordas e um cadeado de ferro negro protegendo o que havia ali dentro. Aghna levantou com mais dificuldade ainda, pegou o baú e o carregou até aonde estava Anahera, colocando-o na mesa ao lado do búle e se sentando novamente em seu lugar.

    - Às vezes me esqueço que este baú está ali, tantos são os anos em que o estou guardando. Eu sempre soube que um dia você viria, mas infelizmente isso aconteceu cedo demais. Mas você já está confusa o suficiente, os devaneios de uma velha não lhe ajudarão em nada - Anahera não deixou de notar que Aghna não usou mais seu nome, talvez para isso ajudar a feiticeiro a se acalmar - Você terá duas escolhas e poderá me perguntar aquilo que quiser, mas antes terá que responder a pergunta que eu te fiz a pouco. O que te trouxe até a minha casa?



    As pessoas xingavam e empurravam Nasri conforme ela passava com mais rispidez, mas a mulher não teve problema em chegar até o palanque e subir com um salto. Quando Nasri falou com os treze, ela soube o que dizia, seu significado, mas as palavras eram desconhecidas, em outro idioma. Os doze olharm para Nasri e não disseram nada, seus olhos frios e duros como pedras preciosas, e foi o décimo-terceiro que respondeu a indagação, mas tudo o que Nasri ouviu foi um grito. Alto, rasgado, tão agudo que Nasri sentiu seus ouvidos explodirem. Então os doze começaram a falar, mas tudo o que surgiu foram mais gritos em tons diferentes, mas todos insuportavelmente altos. Ao mesmo tempo nuvens negras encobriam o sol. A água voltou a acariciar os pés de Nasri.

    Antes que a humana pudesse fazer qualquer coisa, Nasri viu uma mão rasgar o peito do décimo-terceiro homem de dentro para fora, dilacerando a carne como se fosse papel. Logo outra mão surgiu, e outras nos doze e, ao redor de Nasri, toda a multidão começou a gritar de forma tortuosa, gritos de homens e mulheres afogados, desesperados para não morrerem. Tudo parecia ter sido engolido em um vórtice de desespero. Nasri se sentiu tonta e nauseada, caindo da bancada na água e afundando... Afundando... Afundando cada vez mais. Quando deu por si, Nasri viu todo o seu ar fugir de seu peito em bolhas de ar e, desesperada, a mulher começou a nadar pela água turva até que viu uma mão surgir e agarrar seu pulso. Nasri sentiu um calafrio percorrer todo o seu corpo quando sentiu que o toque da mão era mais gelado que o toque da água, e quando Nasri foi puxada para fora da água, ela viu que todo o porto tinha sido tomado por uma massa negra e disforme com milhares de bocas e olhos. O ser gigantesco havia devorado tudo, os treze, a multidão, a frota que traria riquezas. A própria água agora era parte da criatura, que gritava com todas as suas vozes, com um fôlego de milhares de homens e mulheres. O ódio era palpável, a dor era angustiante.

    Então, no meio de todos aqueles urros ensandecidos, Nasri ouviu uma melodia. Baixa, distante, mas bela. Era alguém cantando. Uma mulher. Nasri se sentiu completamente envolvida por aquela melodia que a salvava do ódio e da dor daquelas mil vozes e se deixou levar por ela. Nasri viu uma mulher com longos cabelos e corpo esguio caminhando pela escuridão com apenas uma vela na mão. Ela parecia alheia à presença de Nasri, mas de repente ela parou de andar e se virou para a humana e os olhos amendoados, a pele alva e o sorriso doce encantaram Nasri. De forma tímida, a mulher arrumou os cabelos atrás da orelha e Nasri viu que se tratava de uma elfa, que lhe estendeu a mão mas, antes que Nasri pudesse lhe agarrar aquela mão delicada, ranhuras de luz atravessaram o corpo da elfa e Nasri ficou completamente cega. O corpo da humana, fraco e dolorido, caiu sobre a terra dura e fria da floresta.

    - O Desertor te convida para um jantar - Nasri reconheceu a voz, mas não a associou a nenhum rosto - Você consegue andar ou precisa de um tempo para se recompor?
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    Mensagem por Makaveli Killuminati Qua Jun 10, 2015 3:08 am

    Anahera estava enlouquecendo com o horror que habitava sua mente, por vezes, esquecer as lembranças mais longínquas eram normais, mas quando acontecia com as mais recentes ela ficava apavorada. Se sentia ameaçada pela pessoa que sabia seu nome sem ela ter contado, embora soubesse da probabilidade de ter se apresentado e já esquecido, mas isso não diminua a sensação de ser uma completa estranha na casa de uma conhecida, por mais paradoxal que isso soasse. A velhinha não respondia nada, o quê deixava Anahera ainda mais incomodada. - Responda! - Mesmo implorando, a velhinha continuava sem responder, até que se levanta.

    As palavras da dona da casa tranquilizava a feiticeira um pouco, mas não tira sua expressão ameaçadora e sua postura de que a qualquer momento pularia no pescoço da velhinha. Os punhos fechados se seguravam para não lançar alguma magia, de forma que suas unhas cravavam na palma das próprias mãos, fazendo seus braços tremerem não de frio, mas de nervosismo. Apesar de ser convidada a sentar-se novamente, Anahera ignora o convite, ficando de pé com os olhos focados na velha. Estava agitada demais para sentar-se e se acalmar-se.

    A velha coloca o baú sobre a mesa e volta a sentar no seu antigo lugar, a curiosidade de Anahera faz com que desce dois passos a frente, se aproximando da mesa e esticando um pouco seu pescoço para checar o quê havia no baú, mas logo volta a ficar com sua postura de desconfiança, focada na velha. - Uma familia me trouxe até aqui... Eu não sei por quê, eles me falaram que pedi para que me deixassem aqui... Mas eu não faço a mínima ideia do por quê... - Ainda em pé, a feiticeira responde o questionamento da dona da casa. - Você disse que sabia que eu vinha, então você que deve saber!... Me responda! - Anahera havia perdido a noção dos bons modos enquanto passou a viver de forma isolada, mas algum sentimento oculto fazia com quê reconhecesse seus maus modos. - Por favor?! - Anahera solta um tímido "por favor", mas se sente ainda mais incomodada por ter se forçado a ser cordial, havia soado artificial e acidentalmente sarcástica, então logo volta a manter sua postura de desconfiança para com a velha.
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    Mensagem por Edu Qui Jun 11, 2015 8:22 pm

    Quando ela achava que tudo ia ficar bem, veio um grito insuportável do decimo terceiro e tudo virou um pesadelo. Mãos começaram a dilacerar os integrantes da bancada. Logo todos começaram a gritar em desespero e Nasri estava de envolta por água por todos lados. Sufocava sem ar envolvida por aquela água toda. Por que não podia simples morrer?

    Ser presa numa arvore, terríveis pesadelos realistas, porque não simplesmente não partia pro além? Podia deixar de existir, iria ser dor, sem dor sofrimento. Estava confusa, perdida e sem esperança. Porque aquilo tudo acontecia com ela? Quem era antes de perder a memoria? Tudo isso importava agora?

    Viu que uma especie de entidade tinha tomado, as pessoas, o porto e os treze lideres. Ela parecia gritar em odio ou em raiva, não Nasri não diferenciar. Queria ir embora dali, fugir pra onde fosse. Atè mesmo pra dentro daquela arvore. Foi nesse momento que essa misteriosa dama apareceu. Parecia um pedaço recortado de outra realidade colado ali, uma esperança em meio a tanto desespero e sofrimento. Nasri tentou alcança ela do melhor jeito que podia.

    A mulher a tinha notado a sua presença e se virou pra ela. O sorriu pra ela e estendeu a mão. Nasri se iluminou com a elfa, chegou até abrir um timido sorriso e ficar enrubescer por um momento. "minha estrela" pensou por um momento e levantou estendeu o braço pra pegar a mão da elfa, no entanto ficou cega por um momento e caiu no chão da floresta.

    Abriu os olhos e estava de volta na floresta. Fraca, com dor se sentia. Ficou deitada sem se mover por um momento, só respirando, aproveitando a tranquilidade após tanto sofrimento. Poderia ficar ali por toda a eternidade que já estava feliz. Ouviu uma voz falar com ela e desejou não ter escutado nada.

    - NÃÃO! Fique longe de mim, não quero voltar pra aquela arvore maldita.

    Nasri não conseguia se levantar e muito menos correr. Suas pernas estavam duras e dormentes do tempo que ficara na arvore. Mesmo assim ela começou se arrastar pra longe do homem e da voz que ela ouvira.
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    Mensagem por Soviet Qui Jun 18, 2015 10:58 pm

    - Essa pequena esfera de luz não tem nada a ver com isso? - Aghna sorria e apontava para o Globo de Luz - Acho que esta pobre família que você mencionou não tem culpa de nada, eles apenas te trouxeram para onde ele quis - A velha notou a expressão de surpresa no rosto de Anahera e não conseguiu conter uma risada - Vejo que você se esqueceu dele. Apesar de tudo, não sei dizer se isto é culpa minha ou sua. Mas eu estou me adiantando, disse que você teria duas escolhas e é o momento de você decidir.

    Aghna puxou um cordão de lã trançada de seu pescoço e junto com o fio surgiu uma chave de ferro, negra como o cadeado que trancava o baú. Denòir puxou o cordão pela cabeça e colocou a chave sobre a mesa, entre o baú e o bule. Depois olhou para Anahera com a mesma expressão doce que mantinha desde que a feiticeira chegou em sua casa.

    - A condição que lhe persegue, a troca que você precisa fazer, suas memórias pelo seus poderes, foi imposta por mim quando você ainda tinha poucos dias de vida. Talvez você considere isto uma maldição, mas na verdade é uma benção. Dentro deste baú existe tudo o que você deseja. Sua vida, suas memórias roubadas sobre sua mãe, mas não sobre seu pai - Anahera não teve como deixar de notar que Aghna sentiu um arrepio ao mencionar seu pai - O que está neste baú é seu, eu estava apenas guardando. Você pode pegá-lo e partir, eu não a impedirei. Mas, se você deseja saber sobre tudo, quem é seu pai e o motivo de eu ter feito o que fiz com você... Se você quiser recuperar todas as memórias que perdeu, Anahera, você precisará permanecer aqui e deixar que eu termine o ritual que comecei quando você tomou estas duas xícaras de chá.



    A voz do assecla do Desertor das Árvores puxou Nasri da paz em que ela estava e jogou a humana no mais puro desespero. Nasri tentava mover as pernas, mas era doloroso demais, por isso a mulher sem memória se arrastava com os braços, arranhando a terra com os dedos nus, que eram arranhados de volta pela terra fria. O homem riu e pegou Nasri pelos ombros, colocando-a de pé e segurando a humana por um dos braços quando as pernas falsearam.

    - Se acalme. Você não voltará mais para árvore alguma. Você jantará com o Desertor e então será preparada para amanhã.

    Outro assecla estava ali para também ajudar Nasri a caminhar até a clareira aonde uma mesa circular de madeira estava posta. Aquela com certeza não era a primeira vez que eles faziam aquilo, e Nasri sentiu o estômago embrulhar e uma sensação ruim subir dele até seu peito. Apesar do frio, a humana suava. Os dois homens acomodaram Nsri em uma cadeira e lhe serviram um pouco de cada comida que havia ali. Carne cozida com batatas, rabanetes crus, algum tipo de cereal cozido em um caldo apimentado e vinho.

    - Você está melhor do que eu pensei. As outras mulheres sempre ficaram mais magras, mas você não mudou nada, mesmo depois de todos esses dias sem se alimentar - O Desertor estava em uma cadeira ao lado de Nasri. Ele vestia roupas simples, mas pesadas, e carregava sua arma na cintura, uma maça que parecia pesar tanto quanto seu portador - Fico feliz com isso. Vamos, coma, quero lhe explicar o motivo de tudo isso. Tenho certeza de que você me vê como alguém ruim, mas esta não é a verdade. Mas não lhe incomodarei com estas coisas agora. Coma primeiro, depois conversaremos e você entenderá que a sua vida não lhe será tomada por crueldade, mas sim por necessidade.

    Nasri viu que todos os asseclas do Desertor estavam ali, então tentar fugir não era uma boa idéia, ainda mais no estado em que a humana estava. Não foi difícil entender que "ser preparada para amanhã" significava ser preparada para o sacrifício. Entender isso foi ainda mais fácil depois de o Desertor dizer que vai explicar para Nasri o motivo de tudo aquilo. A dor de cabeça voltou. Forte, perto da nuca. A mulher sem memória já tinha se rendido, desejava apenas morrer e acabar com todo aquele sofrimento, mas aquele era realmente o seu destino. Sempre que Nasri pensava em morrer, algo lhe dizia que a humana devia resistir e lutar. Nasri olhou para um dos asseclas e viu que ele tinha certo medo nos olhos, e a humana se lembrou que ele tinha sido aquele que Nasri fez desmaiar. Apesar de tudo, a mulher sorriu com a lembrança e o pouco prazer que ela trouxe. Quando olho uma segunda vez para o homem, que desviou o olhar, Nasri, de alguma forma, sentiu que sua mente estava conectada à dele. Era algo tênue, mas real.
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    Mensagem por Edu Dom Jun 21, 2015 2:32 pm

    Com os dedos machucados, por ter se arrastado no chão, Nasri foi levantada pelo Assecla. O coração da garota batia em desespero com o medo de voltar pra aquela arvore maldita. Tentou se debater, sacudindo os ombros mas estava fraca demais pra isso. Suas pernas estavam duras, o que significava que não conseguiria apoio nenhum pra fazer qualquer movimento de fuga. Alías só estava em pé porque o homem o segurava.

    - Me deixe, não quero ver desertor nenhum, por favor, me deixe ir embora. Socorro !!! - gritou Nasri desesperada.

    Infelizmente todo o grito e luta dela não não serviu de nada. Ela foi levada pra ver o maldito homem chamado desertor. Sua mente estava em frangalhos, era vazia como um concha e a sua vida que lembrava tinha sido até o momento desesperadora.

    Sentada na cadeira ela chorou amargamente antes de falar ao Desertor:

    - Porquê não me deixam ir? Não tiveram o suficiente já? Aquela arvore, a alucinação maldita. Não quero virar uma daquelas fantasmas. Não tem nada que me faça compreender a monstruosidade que você faz !!!!

    Nasri nem quis comer, atirou o prato no chão. O objeto quebrou e espalhou a comida.

    - Me diga, por que não cortou a minha garganta logo no começo? Se é pra me sacrificar porque me colocar numa arvore, fazer aquela visão, com aquele monstro e milhares de pessoas gritando? Além de matar você tem que sugar cada gota de sofrimento de meu? - Indagou Nasri com raiva antes que os asseclas a levantassem.

    Um dos poucos momento em que Nasri levantou os olhos do chão, ela viu um certo medo nos olhos do assecla. Perguntou-se porque? Era uma mulher indefesa e parcialmente paralisada. Foi depois de uns dois minutos que recordou. Aquele era o homem que tinha caído desmaiado quanto a colocaram na arvore. Tentava se debater pra fugir sentira uma dor de cabeça e ele cairá no chão. Foi um acontecimento misterioso, ainda se questionava se havia sido ela mesmo que tinha feito aquilo.

    Nasri percebeu a conexão entre a sua mente e a dele. Uma fagulha de maldade surgiu no seu olhar assim que encarava o assecla amendrontado. Faria sentir dor e sofrimento como sentira naquela arvore. Forçou pensar em coisas ruins e enviou pra ele. "Você vai gritar espere só" pensou ela.
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