01. O Contrato de Hermes 3Smegistus

- Veja bem, a não ser que esse pingente rastreador nos leve pra uma “CAIXA” eu não estou sendo pago para recuperar nada disso, mas talvez eu acate essa sua ideia, Motóra – se referindo a Levy que foi o motorista do veículo na vinda.

Tentava identificar, mesmo com toda aquela confusão, de onde vinham as vozes dos invasores e se um confronto seria inevitável:
Perceber:
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1 - Se as circunstancias “dissessem” que sim, queria tomar a melhor posição possível e até surpreendê-los, se possível.
2 – Caso contrário, continuaria seu caminho até o veículo resmungando e ajudando os demais. Se fizesse sentido para a situação, dispararia contra a janela urrando - EU TENHO UMA CAIXA BEM AQUI!

Peta não tinha muito o que fazer além de ajudar aquelas pessoas que dependiam do tampo da mesa para sobreviver e lamentar cada vez mais por estar sendo obrigado a fazer tanto esforço por algo que mal havia começado.

Como odiava estar molhado.

Continuou pelo caminho até o barco, observando que Zipper era o que tomava a atitude de atirar contra os inesperados invasores... Não se importava com o que aconteceria a partir da atitude daquele homem, apenas queria sair o quanto antes daquela poça de água e ter acesso a algum dispositivo eletrônico que lhe desse a possibilidade de fazer algo.

Sua mente estava levemente mais agitada do que o normal, tanto que não conseguia se concentrar em pensar se havia ou não deixado algo para trás.

- Hey, carinha... Falou com Levy. - Aí de cima da pra ver se falta muito para chegarmos a essa bendita porta ?

Caótico, porém distante de ser considerado “anormal” para quem vivia nas ruas do Hyperhub: enfrentar uma cidade como aquela certamente preparava o sistema cognitivo das pessoas para confusões piores, como compras em períodos festivos ou o sistema de transporte público.

Em meio à balburdia, Zipper organizara os pensamentos – não sem apoio de um “empurrãozinho” eletrônico – para perceber algo: os barulhos eram próximos, mas não vinham do corredor. Estavam no casco e o caminho mais próximo até o escritório não seria o de dar a volta completa pela entrada oficial, mas invadi-lo justamente pela janela, ou... .

Uma nova explosão. Desta vez, como um raio vindo dos céus. O barulho fora mais intenso e ensurdecedor, não abafado pela ação da água. O cheiro de pólvora misturava-se ao da maresia numa maré de má sorte.
- A porta! A porta! – gritava Sétimo na luta para salvar a própria vida – Me tirem daqui e fechem a porta!

Apesar do desespero, aquela opção não era de todo uma salvação: para quem havia explodido o próprio casco – duas vezes –, uma porta não seria um obstáculo impeditivo. Ao menos atrasaria o avanço um pouco. Quem sabe nem saberiam de imediato que escaparam, dando mais tempo para a fuga.

À frente, a passagem seguia como uma garganta branca, um túnel quase asséptico. Havia várias portas ao longo dele, mas nenhuma importava. Deviam chegar ao fim dele, o ponto em que se juntava ao corredor principal, virando na direção da saída.

Nico se colocara de pé com certa dificuldade, ajudando a pobre funcionária arrastada junto por aquelas ondas de turbulência. Aparentemente, não teriam problemas em continuar, ao contrário do executivo, o qual necessitaria de apoio.

Seu TAP gravava os sons recebidos, analisava, e ampliava o que fosse importante em fração de milésimos de segundos. Isso “ampliava” sua capacidade auditiva, por assim dizer.

Com armas em punho imaginava uma posição para atacar os invasores que estavam no casco, porém, quando o segundo raio rasgou a embarcação aumentando ainda mais o caos, acreditou que evacuar o mais rápido possível era a solução. Além de que, os invasores não estavam atrás deles, e sim de uma tal “caixa”.

Gritou “BINGO!” quando o segundo raio atingiu a embarcação gigante. Em seguida disse – rápido, pelo corredor, meus amiguinhos. Eu vou cuidar da “rabeta” de vocês – se referindo a retaguarda.

Deslizavam pelo canal artificialmente iluminado, refazendo o caminho pelo qual vieram, ignorando corredores e salas projetados para inspirar tranquilidade e satisfação à elite – o exato contrário de uma fuga às pressas, sob um insistente alarme, enquanto desconhecidos armados tomavam a embarcação. A sorte não havia acompanhado ninguém naquele passeio e a curiosidade com a qual alguns observavam os detalhes daquela construção transformara-se em pânico.

Gritos vinham de direções confusas.

Não era algo com o que se preocupar naquele contexto, mas seria um prejuízo grande se enorme arraia afundasse levando consigo não só a própria estrutura, uma fortuna em si, mas também móveis e decorações da elite. Ou que fosse roubada por aquele grupo, cujo intuito exato não era claro para além de “destruir a caixa”. O que é que valia toda aquela confusão?

A musicista e o secretário atrasavam o passo, mas logo era possível vislumbrar a luz do dia brilhando ao final da passagem, anunciando uma possível salvação. Mas teriam que se apressar.

Ao longe e atrás, um novo “bang” anunciava que o “serviço” no escritório era findo. Isso significava que as atenções se expandiriam para outras áreas. Serem avistados se aproximando da lancha os tornaria o próximo alvo.

Havia, porém, “algo” inesperado aguardando-os: notavam sangue derramado por chão e paredes e, não muito à frente, um corpo. Era um jovem uniformizado, um garçom ou algo do tipo. Próximo a ele, uma senhora igualmente com roupas de servente.

Havia mais gente na embarcação, empregados e coisas assim, a tripulação que uma  coisa como aquelas exigia. De fato, era provável que houvesse bem mais gente espalhada e escondida.

Aquela cena, em realidade, indicava que a “gangue” contratada por Victoriana não fora a primeira a ter a ideia de chegar ao porto.

Agora, apenas uma porta de vidro automática separava-os da área aberta.

Com os corpos caídos e a certeza do confronto eminente, Zipper tomou a dianteira – Assim que atravessarmos esta porta seremos emboscados. Estejam preparados, meus pupilos. Eu vou lhes mostrar minha arte refinada de matar! – e deu uma risada histérica não compatível com o momento.

Como a porta era de vidro, tentaria observar possíveis inimigos além de locais para pegar cobertura.

Perceber?:

Para adentrar a próxima área Barlight usaria sua habilidade de overclock em seu corpo (rapidez) para garantir uma melhor reação aos possíveis ataques, e então abriria a porta assim que os outros estivessem preparados.

Usar poder rapidez:

De início, não passava de um distante assovio, daqueles que talvez só um cão escutaria. Mas crescia numa velocidade espantosa, até, finalmente, irromper numa algazarra caótica.
A pressão da explosão; o desmoronar do teto. Em meio aos estilhaços da vidraça arrebentada pelo deslocamento de ar, a jovem musicista jazia numa posição estranha e desconjuntada. Voara frágil como uma criança.

Quanto a ela, não havia mais o que fazer. Já sobre o grupo, este se dividira, surpreendido pelo disparo de um míssil pelas costas. O sistema anti-incêndio jorrava água por todo o lado.
- Eles vão ter que tentar ir até o helicóptero! – Gritou Sétimo, erguendo-se com dificuldade. – Temos que seguir até o barco! – Sem poder voltar, só restava seguir em frente, para o campo aberto.

Barlight havia espiado o caminho que teriam que cortar, encontrando alguns baús de entrega, altos apenas o suficiente para encobrir uma pessoa bem abaixada. Além deles, “apenas” o que pareciam ser mercenários bem armados e o barco de fuga.


Nico não parecia ter fibra para aquilo. Os olhos arregalados e a expressão de desespero denunciavam. Era uma figura frágil e era difícil dizer se possuía algum talento que valesse a pena naquela situação. Levando em conta o advogado ferido, teriam que decidir se tentariam um ataque pelo ou se esgueirar até onde fosse possível.

Por enquanto, a fumaça e o sistema contra chamas havia disfarçado a presença deles, uma vez que aqueles soldados olharam apenas rapidamente para a fonte de todo o barulho – afinal, estavam promovendo um ataque e estavam lá justamente para causar destruição, não sendo nada surpreendente para eles.
- O que vamos fazer? – Perguntou o secretário, tentando proteger-se o melhor que podia.


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