A caçada

@Gelatto

Olaf,

       A decisão de se separar do grupo e perseguir Valda para onde quer que ela esteja é arriscada. A floresta é grande, escravagistas estão perseguindo os sobreviventes da vila, o clima não ajuda, mas a confiança em suas habilidades e a busca por uma amizade antiga são importantes.
       Olaf segue pela mata na direção que acredita que viu Valda caminhar. Algumas marcas no chão e nos arbustos podem ser vistas, porém Valda era difícil de ser rastreada. Parece que ela não quer ser seguida. Enquanto segue o caminho, Olaf nota que Valda busca por algum tipo de abrigo em pequenas elevações no solo escondidas na floresta. Havia uma a cada 1km, eram distantes umas das outras, porém a distância era muito regular em locais que o terreno parecia ter sido alterado para ficar daquela forma.
Um vulto se move a frente e desaparece. Parecia Valda, mas mantinha uma distância de Olaf.

Olaf se enrola na capa enquanto caminha à procura da amiga. Havia se preparado para o frio, mas o vento ainda o incomodava. Os rastros de Valda eram um pouco difíceis de se seguir, parecia que ela queria evitar ser seguida. E isso faz Olaf a fazer o mesmo, evitando a neve como puder, andando nas pedras e troncos, para também não ser seguido.

Duas possibilidades passam pela cabeça de Olaf, dela estar querendo evitar os escravagistas ou dela estar querendo evitar seus amigos de propósito, como se ela fosse outra pessoa... Olaf pega um pouco de neve e esfrega no rosto tentando tirar da mente estes pensamentos paranoicos, afinal, eram amigos, e deveria honrar a tradição.

Haviam pequenos abrigos irregulares a distâncias regulares, ela parecia buscar algum destes abrigos, o que intriga Olaf de não ter notado estes abrigos em seus anos de mateiro. Analisando um destes locais, percebe um vulto à frente que some entra as árvores.

-Val...!", levando ambas as mãos à boca, Olaf interrompe o grito. Queria chamar pela amiga, mas a ameaça dos escravagistas o faz ser mais cuidadoso. Segue em direção ao vulto, evitando ser visto antes de confirmar quem quer que seja.

Olaf,

Valda não escuta o chamado de Olaf ou não era ela? Não sabia a verdade. O frio nas bochechas fazem Olaf recordar o calor do fogo, o crepitar da lenha queimando, o cheiro da madeira de carvalho pela casa. Memórias de um passado agora distante, não será mais revivido ou visitado. O cheiro das arvores ali no meio da mata parece diferente de outros locais, parece mais limpo, não há tantos animais perto dos montes de terra.

Aqueles locais não eram familiares para Olaf, tantos anos naquelas terras e eles permaneceram escondidos. Aquilo era estranho, inadequado, a memória de Olaf dizia que ali o terreno era plano. É o tipo de memória que alguém se lembraria. No mínimo subiria ao topo de um dos montes para olhar mais longe. Uma sensação de perigo arrepia os pelos do corpo de Olaf mesmo sob as roupas grossas. Algo estava errado com aquilo e Valda estava caminhando entre os montes. Seria a filha de Ymir pronta para iludir pessoas no Norte para a morte em meio a tempestade de neve?

O pequeno grito não chamou a atenção de ninguém, tão pouco afastou animais... onde estavam os animais?

O ar gelado da respiração de Olaf indica que o ar está ficando cada vez mais frio. Ele precisa ser rápido se quiser alcançar a amiga. Mas esta região é estranha para ele, não se lembra dela, não a reconhece, e Valda mais parece a filha de Ymir do quê um vanir.

A sensação de estar sendo enganado pelo filha de Ymir persiste na sua mente, o que o faz ser um pouco mais cauteloso com os arredores. Nas tradições, Atali leva os incautos para encontrarem a morte diante dos machados dos seus irmãos gigantes. Então arrisca um grito: -"VALDA!", mesmo sabendo dos perigos que isso pode trazer. Será que a figura responderá ao grito?

Não havia outro som além da respiração forte e grito de Olaf, nem dos animais, o que deixa o vanir cada vez mais preocupado. Estava perdido nas sua terra natal. O que sua mãe diria agora sobre isso tudo? Talvez alguma bronca seguida de algum conselho sobre evitar a filha de Ymir, mas e Valda? Não seria ela também vítima dos gigantes? Ou dos escravagistas? Olaf precisava confirmar seu destino e por isso continuava seguindo o vulto.

Olaf,

A imagem de Valda não podia ser ser vista, mas há pegadas na neve. A trilha leva até um tipo de elevação de terra ou pedras cobertas pela neve. Para Olaf aquilo era algo meio comum na região plana, mas era estranho na geografia. Toda a região era meio regular, mas eventualmente haviam estes montes de terra sem uma razão aparente espalhados por ai.

A trilha de pegadas de Valda leva para dentro de uma passagem pequena que há na elevação. Parado na entrada fica difícil dizer se ela entrou ou não, mas parece que sim. A passagem é estranha e parece que há escadas entalhadas na rocha. São degraus que levam pra baixo em uma espiral.

-"Por quê ela não responde? Do que ela foge?", Olaf se perguntava para se manter desperto enquanto seguia as pegadas na neve. Valda já não podia ser vista, mas suas pegadas sim.

Encontra uma pequena passagem com degraus estranhos entalhados que descem pela passagem. -"Será que ela entrou aqui? Será algum tipo de esconderijo? Ela sempre foi esperta, esperta até demais...", seus pensamentos fluíam como palavras enquanto ameaçava avançar pelos degraus, decidido a encontrar Valda escondida e protegida do frio em algum tipo de abrigo.

Com cuidado para não escorregar e usando o cabo da lança como apoio, Olaf entra na passagem. Se o caminho ficasse escuro, Olaf iria preferir improvisar alguma tocha para economizar as suas.

Olaf,

       Descendo as escadas Olaf encontra uma câmara com alguma iluminação. Não haviam animais ou plantas do lado de dentro.  
       A passagem tem uma espécie de escada na pedra, aquilo havia sido feito por humanos, não era algo natural. Logo quando observa, há uma sala maior no fundo da pequena escada. Parece que há uma figura de pé na sala, porém é uma estátua antiga. As cinco piscinas estão alinhadas, três delas tem água, não gelo. Isso é sinal que a temperatura lá não caiu tanto quando do lado de fora. O cheiro do local era de vazio, seguido pelo cheiro de Valda como se ela fosse a única a passar por ali em muito tempo, não haviam dejetos ou restos de animais. As criaturas e plantas pareciam evitar o local já que nem musgo estava do lado de dentro. A pedra da escada foi bem cortada, pode ter sido na talhadeira. A iluminação do local era feita por meio de buracos no teto, os quais deixavam água cair nas piscinas.

Imagem Ilustrativa:

       Valda estava em uma das cavidades laterais.
       - Olaf! O que veio fazer aqui trás de mim? A voz de Valda era de quem estava cansada de caminhar pela neve. Era óbvio que Olaf seguiu Valda, mas por qual razão?

Olaf fica um pouco maravilhado pelo local, a boa temperatura, as piscinas de água, parecia ser um ótimo refúgio contra o frio congelante. A estátua de pedra lhe chama a atenção. Se pergunta o que ela representa. Seria algum lugar perdido da antiga lemúria?

Olaf imagina que poderia trazer a todos para cá para se abrigarem, havia bastante espaço. A única estranheza era a falta de plantas e animais, mas estava animado que a estranheza foi ignorada.

Ele se aproxima de uma das tinas de água para sentir a temperatura da água, quando percebe uma Valda cansada saindo de uma das cavidades perguntando porque a seguia.

-"Valda? Até que enfim te alcancei! Estamos todos preocupados, você se separou do grupo que achamos que havia se perdido! Vim te procurar para te levar até eles! Mas veja este lugar! Seria um abrigo perfeito para todos, não?"

Olaf,

       Valda estava cansada e recostada na corcova da parede. A tempestade ficava mais forte a cada momento e pelos buracos do teto pequenos flocos de neve mergulham nas piscinas. O local realmente seria um abrigo perfeito para todos, porém eles estavam andando pela neve com suas pegadas sendo cobertas pela nevasca em condições bem difíceis. Olaf poderia voltar e procurar pelo caminho todo com muitas possibilidades, um outro abrigo, eles podem simplesmente caminhar até a casa do eremita durante a noite toda ou mais.
       As escolhas de Olaf não seriam fáceis. Procurar, se abrigar, onde, de qual forma entre tantas outras alternativas que passam em sua mente ocorre que Valda tem outras intenções:
       - Eu não vou voltar com eles. É perigoso demais se todos ficarem juntos. Os escravagistas podem achar um grupo grande mais fácil do que apenas alguns. Se quiser ficar, pode ficar, pois vou dormir e partir amanhã. Valda estava séria, determinada. Seria essa sua escolha de liberdade? Parecia que Valda estava em uma jornada, de escrava a ...
       Valda dorme na lateral da parede, cheia de sono apenas recosta a cabeça e fecha os olhos.

Olaf escuta o que Valda diz com a mente aberta, tentando entender suas intenções e não impondo suas convicções sobre as dela. O local seria um abrigo perfeito, mas Olaf não acredita que conseguiria encontrar o grupo e trazê-los até aqui, não durante esta nevasca que estaca se formando. Sabia que eles iriam até a cabana, era a poucas horas dali, e rogava aos ancestrais para que conseguissem. Olaf não se arriscaria, mas também não abandonaria seus amigos. Nenhum deles.

-"Eu deveria dizer que somos mais fortes juntos, que somos amigos e amigos se ajudam, estas coisas que os velhos dizem quando querem que façamos algo que não gostamos. Eu entendo seu ponto. Concordo com ele. Mas não deveríamos abandonar nossos amigos. Perante às nossas tradições, não somos adultos ainda, não estamos preparados para o futuro. Precisamos ficar juntos."

-"Façamos desta forma, vamos pernoitar aqui, é um ótimo abrigo. De manhã vamos procurá-los e ver se foram ou não pegos pelos escravagistas, ou pior. Quando confirmarmos a segurança deles, você decide melhor o quer fazer, de acordo?... mas, partir para onde?"

Mas Olaf não sabe se suas palavras foram ouvidas por Valda, pois ela estava recostada em um canto e dormia profundamente. Acender uma fogueira poderia ser arriscado neste momento, então, Olaf se aproxima para dormir ao seu lado. Estava frio e seria melhor dormirem próximos para se aquecerem.

Olaf,

       O local em que Valda e Olaf estão é quente em comparação com a neve do lado de fora. A água nas piscinas não congela mesmo com o frio do lado de fora.
       A tempestade cai forte do lado de fora do abrigo, alguns flocos de neve passam pelos buracos no teto e descem até as piscinas com água. Sem muita coisa pra fazer, exceto sentir o calor do corpo de uma mulher, o sono vem logo para Olaf.

      Em seu sono, Olaf sonha com a sala em que está, consegue ver seu corpo no chão ao lado de Valda. A estátua desapareceu e o local parece mais cinza. Logo a água das piscinas começa a ferver, a temperatura aumenta e um vapor sobe para o altar em apenas alguns segundos. Olaf como reação lógica tenta fugir, mas a escada desapareceu, há apenas outra reentrância no local em que achava que era a escada.
      O barulho de correntes aumenta de forma gradual e uma mulher flutua presa a correntes sobre o altar.
      - Liberte-me Olaf! A estranha mulher sabia o nome de Olaf. Todos desejamos algo, você quer reunir seus amigos e eu desejo a liberdade! A mulher então é envolvida pelo vapor. Olaf logo acorda suado, ainda é noite, a tempestade está forte e a água das piscinas desapareceu. Um pouco de neve cai pelo buraco no teto no local da piscina e o gelo começa a derreter lentamente. Valda parece que está em um sonho conturbado.

Imagem ilustrativa:

Olaf acorda suado, o sonho que tivera era estranho, parecia mais um pesadelo. A mulher que sonhara, nunca a vira antes, não conseguia se lembrar dela, nem em suas tradições algo lhe vinha a mente neste momento. Estava acorrentada, presa, desejando liberdade, mas se estava presa, coisa boa não podia ser. O local parece diferente daquele que ele entrou antes, algo está estranho, e Olaf conclui que este lugar é assombrado.

Ao seu lado, Valda parece estar em um sonho conturbado, e Olaf decide tentar acordá-la. -"Valda? Acorde! Valda!"

Caso ela acorde, continua: -"Você estava tendo pesadelos! Eu também os tive! Este lugar deve ser assombrado! Parece perigoso continuarmos aqui!"

Olaf,

Valda acorda no meio do pesadelo e olha Olaf nos olhos.
- Olaf, tive um sonho terrível. Uma mulher estava presa aqui, com correntes. Precisamos libertá-la. O passado de escravidão de Valda era conhecido, não declarado, mas sabido. Talvez sua origem faça com que tenha outro objetivo em relação à a mulher. Todavia isso não muda a forma de Olaf de pensar, coisa boa não podia ser.

O tempo avançou durante o sono e mesmo agora estão recuperados, apenas com fome somada a vontade de atender a natureza. Valda ainda olha a sala por alguns momentos até encontrar a passagem com a escada novamente.
- Quer fazer alguma coisa aqui ou vamos seguir viagem? Acho que vi outros destes locais aqui em alguma direção, mas aqueles escravagistas podem nos perseguir ou nossos suprimentos acabarem. Quando antes encontrar algum lugar estável para viver, melhor. Valda dizia isso, mas parecia determinada a soltar a mulher, com um ímpeto de liberdade.

-"Calma, Valda! Eu tive um sonho parecido com uma mulher acorrentada, deve ser a mesma mulher, não sei, ou pode até ser Atali, a filha de Ymir. Não estou gostando nada disto. Se ela está acorrentada neste lugar inóspito, coisa boa não deve ser." Olaf dizia visivelmente com um misto de preocupação e medo.

-"Olha, tenho aqui algumas provisões! Podemos comer algo antes de avançarmos, e quem sabe com a barriga cheia você não mude de ideia?", e abre a mochila e começa a retirar um pacote de provisões, era o suficiente para ambos fazerem uma refeição simples.

Olaf,

Valda olha para Olaf com um fogo nos olhos de quem não sabe o flagelo da escravidão, os abusos e o terror.
- Você não sabe o que é ser uma escrava. Um olhar de desilusão toma a face de Valda.

Valda aceita a comida de Olaf, mas está com a cara meio fechada. O tema de liberdade para uma escrava parece muito sensível. Os dois se alimentam ali mesmo, abrigados do frio naquele estranho e antigo lugar. A comida desceu bem e agora precisavam de um novo destino.

Agora precisavam de um novo destino. Será que Valda mudou de ideia ou apenas está calada?

Olaf fica um pouco constrangido e sem palavras. A reação de Valda era de alguém que guardava as marcas da escravidão e que não desejava aquilo para mais ninguém. Ambos fazem a refeição em um silêncio torturante. Toda a alegria que compartilhavam quando faziam a refeição entre amigos na vila estava morta. Estavam em uma situação que testava a determinação de todos.

Após a refeição, ambos começam a juntar seus pertences e devem decidir o próximo passo. Olaf, meio a contragosto, decidi ceder.

-Valda, me desculpe! Não tinha ideia do que você passou estes anos todos no sul!  Eu mesmo não tenho ideia do que é ser escravo e não gostaria de saber. Somos amigos, Valda, me magoa toda esta situação, tudo o que perdemos, familiares, lar e amigos. Se servir como pedido de desculpas, vamos ajudar esta pessoa, por mais que me desagrade! Faremos o que deseja! Eu sou seu amigo e estarei ao seu lado, para o bem ou para o pior."

Olaf,

Os olhos de Valda se enchem de lágrimas devagar, ela parece que não quer se apegar a ninguém no momento após a perda de tudo o que tinha, mas abraça Olaf. As lágrimas escorrem pela face de Valda ao lado da boche e ouvido direito de Olaf. Abraçada ela diz:
- Perdemos tanto, tão rápido. A escravidão foi tão ruim. Se ela está presa, ao libertá-la ela pode ir embora para o outro mundo. Seguir sua jornada assim como nós seguimos a nossa. Valda então solta o abraço que deu em Olaf e se afasta novamente limpando as lágrimas. Vamos. Valda se prepara para partir.

Olaf optou por fazer as pazes com Valda, mas algo em sua mente dizia que ia dar merda. Ninguém prende um espírito pra ele não ir embora para o outro mundo. Aquela coisa foi feita a muito tempo, a civilização que fez aquilo parecia muito habilidosa. Era certo libertar as pessoas, mas algo estava errado e muito errado.

Valda e Olaf deixam o local em busca de um outro ponto elevado como aquele. No entanto acharam apenas um local mais fundo. Valda andou ao redor e achou uma passagem que desabou. Não sabia o que houve, mas o local cedeu sob seu próprio peso, talvez a neve ou outra coisa do solo, mas fazia tempo, muito tempo que havia afundado no solo. Por mais um quilometro Valda procura o local, mas não o encontra, pouco mais a leste há uma coisa.
O terceiro local foi derrubado de propósito, Valda e Olaf conseguem ver as marcas de ferramentas na parede.
- Alguém derrubou isso de propósito. Parece que isso faz uma espiral naquela direção. Aquela me parece a direção da caba do eremita que pensamos em visitar. Valda estava um pouco preocupada. Será que o eremita tinha feito algo ou saberia de algo?

Olaf sabia que não era uma boa ideia libertar um espírito aprisionado sem saber os motivos reais dele estar lá. E se está preso, coisa boa não deve ser. Mas Valda estava decidida e não iria mudar de opinião tão fácil. Mesmo se opondo, Valda iria libertar o espírito, então, dado como vencido, Olaf decide acompanhá-la. Ela vai precisar da sua ajuda se algo der errado. E é bem provável que dê.

Percorreram vários caminhos em busca do cativeiro do espírito, até se depararem com uma passagem desmoronada, mas não parecia ser natural. Valda desconfiava se o eremita da cabana teria feito isto ou saberia de algo.

-"Valda, não acha sensato irmos até a cabana e falarmos com o eremita? Talvez ele saiba de algo. E se nossos amigos estiverem lá, podemos pedir ajuda para desobstruir o caminho, seria mais rápido."

Olaf,

Valda balança a cabeça de forma afirmativa. Parece que a visita ao Eremita poderia ser melhor do que a expectativa. Talvez haja respostas para tantas perguntas, sobre as construções e sobre o espírito.

A caminhada até a Cabana do eremita é intensa, mas factível. O frio da neve aumenta com o final do dia que apesar de diminuir a precipitação tem mais vento. Na chega até a cabana é possível ver um estábulo anexo. Aquilo não era uma informação disponível. Na porta as marcas de cavalos que arrastaram alguém daquele local para longe. Alguém saiu com pressa deixando a porta entreaberta. Do lado de dentro o fogo ainda queimava na ladeira.

A casa do lado de dentro está meio gelada, mas ao encostar a porta e jogar alguma lenha na ladeira o problema é resolvido. Há 16 cadeiras em duas mesas de seis lugares. Mais cadeiras do que mesas. Aquilo era estranho para uma casa de eremita. No entanto há muitos tapetes e locais para dormir no chão. Uma mesa separada das cadeiras do lado oposto ao salão tem bastante comida, suficiente para pelo menos seis pessoas. A comida estava servida como se fosse um almoço interrompido. Mais para dentro da casa há dois cômodos, um parecido com um escritório e outro com apenas uma cama adequada, mas não arrumada.

Na parede da cama um desenho rudimentar de um punho negro como da flâmula dos escravagistas. Os tapetes do quarto estão sujos como se muitos tivessem pisado ali.

Olaf está grato por Valda seguir seu conselho e deixarem o espírito para depois. Aquilo não lhe cheirava bem e quanto mais longe dele, melhor.

O caminho até a casa do eremita era longa, mas ambos estavam preparados contra o frio.

Chegando lá, algo não estava certo. Havia um frio tenebroso que emanava do lugar. Havia um estábulo, uma informação que Olaf não tinha, mas era normal, podia ter sido construído recentemente... mas haviam várias cadeiras e espaço para várias pessoas. E os sinais de alguém sendo arrastado na neve e a marca dos escravagistas na parede fizeram com que Olaf tremesse não de frio, mas de medo.

-"Eles estiveram aqui! Vamos embora daqui! Rápido!", e puxava Valda para deixarem este lugar o mais rápido possível.