Histórias cruzadas.

Se tem uma temática a jornada do Lucas Xavier é Controle. Seu poder controla as coisas e pessoas. Seu poder é difícil de controlar. Sua mente é difícil de controlar. Seu controle só pode ser externalizado, não internalizado, não definitivamente. Usando seu controle, ele tenta agarrar a mente de Morgana, mas quem mandou-a ali estava pronto para isso.

Lucas arregalou os olhos diante do corpo da mulher se distorcendo e desfazendo em sua frente, pois sabia o que ia vir. Em sua mente, as vozes gritam em união, mesmo Jubilee, contra sua vontade, começa a ecoar um pedido só: "Mais um não! Não entre!". Enquanto tenta impedir, as informações vão vazando para dentro. Bran Morn, Bran Stark... Parecia uma antítese do próprio Lucas: dado o poder recebido pelos mortos, resolveu, também, buscar controle. Mas não para dentro, fora. Akeshi... Esse nome se repetia e os pensamentos de Morgana entraram na história de Odin e de Hela... Como sua "aliada", Hela. É a mesma? Metade do corpo uma mulher linda (Morgana), metade um corpo terrível em decomposição (Hela que está ao seu lado? Era velha, não se decompondo).

A tangente que fez ao menos fazia sentido para Morgana, e para Lucas. Mas não era o mesma Morgana. E era seu objetivo: trazer Lucas para cá. Os poderes de Lucas, qual não tinha controle, agora queriam trazê-la para dentro. Colocou as mãos na cabeça, como se pudesse ajudar, e apertou como se pudesse segurar tudo no lugar. A prisão mental se tornava um espaço não-euclidiano, apertando as celas entre si, juntando o chão com o teto, comprimindo de forma que "nada pudesse entrar". E não entrou. Não ia encontrar o Palhaço.

As vozes chamavam por David e ele gritava para elas - Quem na porra é David?! Eu sou Lucas!

Caiu de joelhos, puxando ar para dentro, nem ouvia o que Hela e Katereki gritavam. Quando virou, viu o raio em direção a ele e a espada do monstro de sombras. O último pensamento que teve foi: Acho que fui traído.

A morte é algo que temia bastante. Convenhamos, era uma bomba psionica andante. Talvez quando fosse morrer, sua personalidade seria apagada e outra pior tomaria o lugar e usaria seus poderes para todo tipo de fins. Ou finalmente as vozes cessariam de vez, ficando em um silêncio profundo. Entretanto, começou com o grito das vozes em sua mente, sendo destruídas por algo, se unindo.... Não queria que fosse verdade, independente do silêncio ou não, não queria que ninguém mais morresse.

Breu. Quando sua visão voltava, chovia, como chovia em Gotham. Por que lembrava de Gotham? Não gostava daquela cidade. Nenhum pouco. Saiu do transe quando um trovão cortou as janelas daquele quarto quieto. Tique-taque. Tique-taque. Odiava o barulho, mas mais assustador era os arredores que pareciam estar onde parecia ser tudo isolado, com uma floresta ao fundo.

- Acho que então é purgatório mesmo. Então é isso. - sentou no parapeito e abraçou os joelhos.

É de cortar o coração, não é?

Saltou como um cervo assustado. Iria achar si mesmo patético se visse dessa forma, mas não estava tão morto quanto imaginava então, então viu ela.

Imagino que você esperava alguém com foice e uma capa preta, né? Eu escuto muito essa. Sinto muito. Mas esse cara ta envolvido em outras coisas no momento. Quer conversar sobre o que está acontecendo?

- Achei que ia parecer mais com a velha que estava comigo, no mínimo. Não pensei em morte sendo algo tão belo. Flerte não-intencional. Estamos na minha cabeça ainda? Se estou morto, então o que tenho que a dizer é velha filha da puta. Deveria ter esperado um segundo amais.... Mas eu não esperaria.

Lucas mostra nojo conforme a mulher desfolia metade da face fora - Provavelmente tem creme para esse lado da tua cara.

Olhou ao redor e aos poucos, começou lembrar daquele espaço Era como seu quarto quando cresceu com Moira. Sempre pensou que aquele quarto deveria ser diferente. Deveria ser um igual à casa do Xavier para Jovens Especiais. A mulher, Hela, Morte, o que fosse, falou das vozes na cabeça dele como se fossem "pessoas", de verdade. Ficou quieto, sério, ouvindo que ela tem a dizer, depois retrucou.

- Odeio gente com monólogo pronto. Então você veio recolher as vozes na minha cabeça?... Quantos foram? Nunca pensei neles como pessoas... São partes de mim, não são? Hela não tem culpa disso. Ninguém tem culpa disso. Não é como se... Como se fossem reais. Não são para ser. E quanto a não ser David? Não sou. Deve ter um nessa realidade, meu nome. É. Lucas. Lucas Xavier. Seria bom se todos entendessem isso!! - gritou para o teto - E agora? Como a gente segue daqui? Não morri, mas veio buscar outros? Posso voltar? Não querendo ser grosseiro mas já olhei tempo demais para sua cara e imagino que você entenda como isso é pode ser um problema.

Voltou-se ao redor e bateu num boneco que estava numa das estandes - Se não é eu que morri, por que estou no meu quarto? Não deveria passar pelo deles? Nathan, Jubilation, onde estão? É tudo culpa do palhaço, não é?

- Quê? Desde quando a morte começa a falar de Jung? Quem-...

Aos poucos, a visão de seus arredores começam a se deformar e dar luz a um novo cenário, um mais mundano onde a mulher que falava não era um aspecto dos infernos, sim uma... mulher normal. Lucas fica mais confuso em ver Joe na sala. Não era possível, ele não estava na mesma realidade que seu pai- não, seu padastro e sua mãe viviam. Era um truque. Só pode ser um truque.

- N-não. Não estou aqui!... Agora faz sentido... Isso é o Abismo... Isso que é o inferno. Inferno pessoal de cada um. Isso não é real. Vocês não vão me quebrar, ouviram?! Você não é Joe e você... Você não sei quem é você! - gritou para os dois na sala - Me tirem daqui! Eu sou Legião! Sou o mutante mais poderoso que existe!!

Lucas estende a mão em direção da parede da sala e joga uma onda cinética contra ela para abrir caminho para fora do quarto.

Lucas aperta o abraço ao redor do corpo de Jubilee e afasta ela da Morte. Ela podia não ter terminado o que disse, mas entendia.

- Os dois. Eu não sei. Eu não sei se elas entram ou se eu copio elas... Mas Jubilation não merece isso. Ela pode voltar. Ela tem que voltar. - ele se afasta do abraço Acho que ela é a única voz que precisa voltar ao mundo real. O resto... faz diferença? Se estão aqui dentro, não tem outra vida além de mim. - deu um sorriso meio triste para a mulher.