Sexta-feita, 19 horas.
Casper Visconti tinha acabado o dia de trabalho na oficida de Martina.
A mecânica latina começava a organizar as coisas para fechar o estabelecimento, mas antes de terminar foi até o escritório e voltou com o pagamento dele.
- Aqui está, niño! Tente não gastar tudo de uma vez! Aparece aqui na segunda, talvez eu precise de mais uma mãozinha...
Ela era sempre insinuante e debochada, e fazia com que cada palavra que dizia soasse com segundas intenções. Mas mantinha os limites de patroa-empregado.
Casper saiu da oficina, deixando que Martina acabasse de fechar sozinha. Ele tinha duas opções em mente: encontrar Simone para se divertir com a patricinha casca-grossa ou... procurar Jean Mitchell para checar se ele tinha algo bom hoje. As duas alternativas eram bastante tentadoras e Casper não conseguia decidir por si mesma.
De súbito, ele sentiu uma pinicada na lateral do pescoço e virou-se para ver o que era, mas não havia ninguém perto dele. Porém, havia alguém se aproximando, uma mendiga envolta num cobertor velho, mas seu olhar era atento e ela andava com força e vigor maiores que qualquer mendigo que ele já vira.
- Você! É, você aí, com a aranha no ombro! Eu vim buscar você! Hora de partir pra próxima fase, gatinho!
Antes que Casper pudesse pensar em articular qualquer pergunta, uma voz forte e infelizmente familiar a ele cortou o diálogo:
- Saia daqui, roedora de ossos! Ele é um andarilho! Ou será, assim que tiver a Primeira Mudança...
Era Alberto Visconti, o tio de Casper.
Será que ele não desistia nunca?