Casper

Eles sabem sobre tudo… isso?

-  Ainda não. São pequenos ainda, e talvez nem cheguem a ter contato com nenhum lobisomem. Talvez nunca precisem ssaber de nada.

Não tem nada para mim em Seattle mais. Vou ficar por aqui, com os Andarilhos e nossa família. Ou o que sobrou dela...

Além disso...

Bom, eu meio que… matei um cara em Seattle..

Era um traficante que estava batendo na mãe! O nome dele era Theorode, "Theo". Por isso achei que o cara de hoje tinha a ver com isso.

Alberto assentiu com a cabeça:

- Ah, sim, meus sequestradores estavam falando alguma coisa sobre isso. Pelo que entendi, Theodore é o chefe deles, e eles são uma quadrilha inteira de Theos. Bem ridículo, na minha opinião! Mas pelo visto eles não estão restritos a Seattle, e te acharam aqui em Vancouver. É melhor mesmo você ficar com os Andarilhos do Asfalto daqui, assim pelo menos vai ter alguma ajuda.


O jantar chegou, e tio e sobrinho puderam desfrutar de uma lauta refeição, regada a um bom vinho da adega do hotel.




- Bem, se você vai ficar aqui, posso transferir seus dividendos para uma conta daqui. Você vai pagar uns impostos por isso, claro, mas ainda vai poder receber uma boa quantia. Vou preparar a papelada para que você me nomeie seu procurador para administrar formalmente sua parte da empresa. Então me diga, como vai ficar sua vida aqui em Vancouver daqui para frente?





OFF:  @Mandhros, essa é a cena final desse capítulo. Pode terminar o diálogo com Alberto e fazer seus planos para o futuro próximo. No próximo post, eu faço um time skip e distribuo seu XP!

Não sei, tio. Não entendo muito disso, só sei de carros. Nem completei o Ensino Médio... bem, vou deixar tudo nas suas mãos e aprender aos poucos. Vou ficar com os Andarilhos, claro. Suponho que tenho que conhecer o resto dos Garou e ver como vou me encaixar aqui. Pelo que já sei, sou um guerreiro, um Ahroun, então vou lutar contra o que ameaça Gaia.

Você poderia tentar checar como minha mãe está? Nós não nos separamos na melhor forma.

Alberto assentiu e respondeu:

- Farei o possível. Mando informações assim que tiver alguma.

O Visconti mais velho olhou para o mais novo, pegou um cartão no bolso do terno e entregou-o, dizendo:

- Casper, sei que seu caminho agora é com os Andarilhos do Asfalto, mas se precisar de mim, não hesite em me procurar. Você é forte, meu sobrinho, e estou orgulhoso do que você fez por mim. Cuide-se!




OFF:  @Ed Araújo, Casper ganha 3 pontos no antecedente Recursos. Você tem 15 pontos de experiência para aprimorar a ficha de Casper. Também pode escolher um nome garou, já que os Andarilhos são muito flexíveis sobre isso.




O café local estava relativamente calmo naquela manhã, o aroma de café fresco e pães assados preenchendo o ar. Casper e Simone estavam sentados em uma mesa no canto, longe das janelas, em um esforço de manter a conversa privada. Simone mexia distraidamente na xícara de café à sua frente, a testa levemente franzida enquanto observava Casper.

Casper sabia que a transição para a vida Garou não seria fácil, e Simone era uma parte importante desse novo capítulo.

- Então, Casper - ela começou, sua voz carregando uma nota de hesitação - o que você planeja fazer agora que está... mais envolvido com a matilha?Você sabe que ser Garou não é só seguir ordens e cumprir missões, certo? Há toda uma dinâmica, uma política interna que você precisa entender.

Ela suspirou, olhando para a mesa por um momento antes de voltar os olhos para ele. 

- Olha, eu gosto de você, Casper. Mas eu não vou mentir, isso tudo me preocupa um pouco. Ser Garou... muda as pessoas. E você ainda é novo nisso.

Ela apertou a mão dele por um momento antes de soltá-la, um sorriso leve se formando em seus lábios. 

- Então você precisa saber um pouco mais sobre os Andarilhos do Asfalto aqui em Vancouver. Tinha um grande caern multitribal que foi perdido recentemente, um ancião dos Andarilhos foi morto e as outras tribos racharam. Não sei se o Michael já te levou no caern exclusivo dos Andarilhos, mas com certeza ele deve te levar lá em breve pra conhecer o resto da tribo. Liga pra ele e veja como você pode ir se adaptando à cena local. 


Ela hesitou antes de fazer a última pergunta:


- E quanto... a nós?

Essa era uma das coisas que Simone ainda não sabia, então ela perguntou:

Não me sinto tão diferente assim. Verdade que tem um monte de coisas novas acontecendo, mas ainda sou o Casper de sempre. Bem, talvez agora eu esteja mais preocupado com as coisas. Mas, olha só, agora tenho uma casa! E dinheiro! Então não é tão ruim.

- Uma casa, é? Onde você tá morando agora?

OFF: Pode definir onde Casper está morando agora, que tipo de casa, e o bairro de Vancouver. 

E a pergunta de um milhão de dólares.

No que depender de mim, continuamos. E você, que ficar comigo?

Simone demorou um pouco para responder, bebericando seu café e desviando o olhar para os arredores com um ar distraído.

Até que ela fixou Casper de novo e respondeu:

- Podemos continuar ficando... Mas sem compromisso! Você ainda vai aprender muitas coisas, e por enquanto acho melhor não termos nenhum laço mais forte. Está bom assim? Tem mais alguma coisa que você precise me dizer?

O sol começava a se pôr, lançando um brilho dourado sobre as ruas de Vancouver. Casper, recém-estabelecido em sua nova residência, observava pela janela enquanto a luz do dia lentamente se transformava em crepúsculo. Ele sabia que os companheiros de matilha chegariam em breve para levá-lo ao Caern do Buda Sorridente, um local que ele ainda não conhecia, mas que já o intrigava profundamente.

Michael, Milly e Alina chegaram pontualmente. A van preta que usavam parou silenciosamente em frente à casa de Casper, e ele saiu para encontrá-los. Michael, com sua presença imponente, estava no volante, enquanto Milly e Alina, ágeis e alertas, aguardavam do lado de fora.

Alina perguntou com um sorriso acolhedor, seus olhos brilhando com entusiasmo.

- Pronto para conhecer o coração da nossa sociedade aqui em Vancouver? 

A viagem até o Caern do Buda Sorridente foi tranquila, o ambiente na van era uma mistura de expectativa e camaradagem. Casper absorvia as histórias e detalhes que Milly e Alina compartilhavam sobre o Caern e sua importância. Era um lugar de sabedoria, um antigo clube noturno que havia sido um cemitério reverenciado e que agora servia como um refúgio espiritual para os Andarilhos do Asfalto.

Ao chegarem ao local, Casper ficou surpreso com a fachada discreta. A antiga boate dos anos 1970 parecia um edifício abandonado, mas ele sabia que as aparências podiam enganar. Michael estacionou a van e todos desceram, caminhando em direção à entrada.

Michael disse, abrindo a porta de metal enferrujado e revelando um interior que exalava uma sensação de história e mistério.

- Bem-vindo ao Caern do Buda Sorridente.
 
O interior estava iluminado por lanternas suaves, e as paredes eram decoradas com artefatos e fotografias antigas. O ambiente exalava uma aura de sabedoria acumulada ao longo dos anos. Ao entrar, Casper sentiu uma energia diferente, quase palpável, como se o local estivesse vivo com as memórias e espíritos dos Garou que vieram antes dele.

O interior do Buda Sorridente exalava uma atmosfera de história e espiritualidade, iluminado por lanternas suaves e perfumado com incenso. As paredes eram adornadas com murais antigos, fotografias em preto e branco, e artefatos espirituais que refletiam a rica herança do local. O salão principal, onde antigamente era a pista de dança, agora servia como espaço para reuniões e rituais, com um círculo central para cerimônias. Ao fundo, um santuário dedicado ao Buda Sorridente brilhava com uma luz suave, cercado por oferendas. Uma biblioteca cheia de livros antigos e documentos históricos, várias salas menores para meditação e reuniões, e uma área de convivência acolhedora completavam este refúgio de sabedoria e comunidade para os Andarilhos do Asfalto de Vancouver.

Eles foram recebidos por Hyram Wirth, o ancião Andarilho do Asfalto phillodox Coração de Ferro, cuja presença imponente e olhar sábio impunham respeito imediato. Era um homem alto e imponente, com cabelos grisalhos bem aparados e uma barba curta que acentuava suas feições severas. Seus olhos eram de um azul intenso, refletindo uma sabedoria profunda e uma vida cheia de experiências. Veste-se de maneira simples, com roupas práticas e funcionais, mas sempre limpas e bem cuidadas. Sua postura é ereta e digna, exalando autoridade e respeito.


Hyram disse, estendendo a mão em saudação.

- Bem-vindo, Casper. Estamos felizes por tê-lo conosco."

Ao lado de Hyram, estavam outros membros graduados da seita: Anton Stefanov, Vincent Rache, e Jonathan J. Rifkin, conhecido como "Jayjay,". 

Anton, o ahroun Stormcloud, era de estatura média, com um físico atlético e bem definido. Seus cabelos eram negros e levemente ondulados, cortados curtos. Ele tinha uma cicatriz proeminente que atravessava sua bochecha esquerda, um testemunho das batalhas que enfrentara. Seus olhos castanhos eram atentos e calculistas, sempre avaliando o ambiente ao seu redor. Anton usava roupas escuras e discretas, complementadas com um casaco de couro desgastado.


Vincent, o theurge Código Visual, era um homem magro e esguio, com um ar ligeiramente desleixado. Seus cabelos loiros eram longos e geralmente presos em um rabo de cavalo desordenado. Usava óculos de armação fina, que davam a ele um aspecto intelectual. Seus olhos verdes eram curiosos e perspicazes, escondidos atrás das lentes. Vestia-se de maneira casual, com jeans e camisetas, com vários elementos de tecnologia e gadgets preso ao cinto.


Jonathan J. Rifkin, o "Jayjay", ou o theurge Dreamweaver, era um homem de aparência jovial, com um rosto amigável e traços suaves. Seus cabelos castanhos eram curtos e desarrumados, combinando com seu estilo descontraído. Seus olhos eram castanhos claros e tinham uma expressão sonhadora, refletindo sua natureza espiritual e introspectiva. Jayjay usava roupas confortáveis e folgadas, adornadas com símbolos místicos e acessórios que denotam sua conexão com o sobrenatural.


Cada um deles irradiava uma sensação de poder e conhecimento, e Casper sentiu-se humilde na presença deles.


Hyram conduziu o grupo pelo Caern, explicando a história e a importância de cada seção do local. 

- Este lugar é mais do que um refúgio. É um santuário de sabedoria, onde aprendemos com o passado para enfrentar os desafios do presente e do futuro.

Enquanto exploravam, Casper absorvia cada detalhe, ciente de que estava começando uma nova fase de sua jornada como Garou. Ao final da visita, eles se reuniram em um círculo, onde Hyram, em um tom solene, disse: 

- Casper, você agora faz parte desta grande comunidade, a tribo dos Andarilhos do Asfalto. Que a sabedoria do totem deste Caern guie seus passos e fortaleça seu espírito.

Casper assentiu, sentindo uma profunda conexão com o lugar e com seus novos companheiros. Ele sabia que seu caminho não seria fácil, mas com a força da matilha e a sabedoria do Caern do Buda Sorridente, estava pronto para enfrentar qualquer desafio que surgisse.

O sol havia se posto completamente agora, e a noite cobria Vancouver. Mas para Casper, era apenas o começo de uma nova jornada.

Jayjay Dreamweaver ergueu as mãos ao céu, fechando os olhos enquanto começava a entoar a prece na língua Garou, suas palavras reverberando com uma energia ancestral que Casper entendia instintivamente. As baratas começaram a emergir das sombras e cantos escuros, movendo-se em direção aos Garou, formando um círculo ao redor deles.

- Espíritos antigos, guardiões da cidade e do asfalto, nós os invocamos! Venham a nós, criaturas da resiliência e sabedoria urbana, ouçam nosso chamado! Abrimos esta assembleia sob vossa proteção, para que possamos nos unir e fortalecer nossos laços. Que vossa presença nos guie e nos ilumine nesta noite sagrada. Sob a Lua e o asfalto, nós nos reunimos como um só!

Vincent Código Visual se levantou, ajustando seus óculos de armação fina enquanto observava os membros da matilha reunidos. As baratas ainda formavam um círculo ao redor dos Garou, e o ambiente estava carregado de expectativa. Ele respirou fundo, sentindo a responsabilidade do momento, e começou a falar com uma voz firme e clara.


- Irmãos e irmãs, estamos em um ponto crítico da nossa história. Desde a morte de nosso respeitado ancião Roger Daly, nossa comunidade tem sido abalada por conflitos internos e desafios externos. A morte de Daly deixou um vácuo de liderança que precisamos preencher com sabedoria e força.

Vincent fez uma pausa, olhando para cada um dos membros da matilha, seus olhos verdes brilhando com intensidade. 

- Atualmente, há uma guerra latente entre as facções de Garou pró e anti-Pacto. Para aqueles que não estão completamente familiarizados, o Pacto é uma aliança que visa fortalecer nossa posição e proteger nossos interesses diante das ameaças crescentes que enfrentamos. Porém, nem todos estão de acordo com os termos do Pacto, e isso está criando divisões perigosas.

Ele deu um passo à frente, aproximando-se do círculo central onde as baratas se reuniam. 

- Nós, Andarilhos do Asfalto, sempre fomos conhecidos por nossa adaptabilidade e capacidade de navegar nas complexidades da vida urbana. É hora de usarmos essas habilidades para nos posicionarmos firmemente a favor do Pacto. Precisamos de unidade, não de divisão. Vocês, a matilha dos Guardiões do Espírito Urbano, são crucial neste cenário. Nossa influência e habilidades nos colocam em uma posição única para mediar e liderar. Precisamos indicar um novo representante que possa falar por nós e garantir que nossas vozes sejam ouvidas.


Ele olhou diretamente para Michael, Milly, Alina e finalmente Casper, cada um recebendo sua atenção por um momento. 

- Este é um chamado à ação. Devemos escolher um líder que possa continuar o legado de Roger Daly, alguém que possa nos guiar através destas águas turbulentas e assegurar que os Andarilhos do Asfalto permaneçam fortes e unidos.

Vincent concluiu, sentindo a gravidade de suas palavras ressoando no silêncio que seguiu. 

- Vamos nos levantar e mostrar ao mundo Garou que somos mais do que indivíduos dispersos. Somos uma matilha, uma família, e juntos, podemos enfrentar qualquer desafio que venha a nós.

O salão estava em um silêncio reverente, a tensão palpável enquanto os membros da matilha absorviam as palavras de Vincent. A responsabilidade agora pesava sobre seus ombros, e a escolha que fariam nas próximas horas definiria o futuro dos Andarilhos do Asfalto em Vancouver.

Anton Stormcloud se levantou ao lado de Vincent, sua presença imponente e seu olhar determinado imediatamente capturando a atenção de todos. Ele cruzou os braços sobre o peito, a cicatriz em seu rosto destacando-se sob a luz suave das lanternas. Anton começou, sua voz grave e firme:

- Bros e sis, Vincent está absolutamente certo. Precisamos nos posicionar a favor do Pacto e mostrar nossa força. No entanto, palavras sozinhas não são suficientes. Precisamos provar, através de nossas ações, que somos capazes de defender Gaia e o Pacto com nossa força e determinação.

Ele olhou ao redor do círculo, seus olhos castanhos avaliando cada membro da matilha. 

- Para isso, precisamos estar preparados para qualquer desafio que venha ao nosso encontro. A cidade está cheia de perigos, tanto visíveis quanto ocultos, e devemos estar prontos para enfrentá-los.

Anton deu um passo à frente, a intensidade em seu olhar aumentando. 

- A partir de agora, cada membro da matilha será treinado rigorosamente. Precisamos fortalecer nossos corpos, afiar nossas habilidades de combate e aprimorar nossas táticas. Lutaremos juntos, aprenderemos juntos e nos tornaremos uma força inabalável.

Ele levantou a mão, fechando-a em um punho. 

- Não é apenas sobre força física. Precisamos patrulhar os arredores da cidade, conhecer cada rua, cada beco, cada ponto estratégico. Precisamos ser os olhos e ouvidos da nossa tribo, antecipando ameaças antes que elas se tornem problemas reais.

Anton fez uma pausa, permitindo que suas palavras ecoassem no silêncio. 

- Este treinamento será difícil. Haverá momentos de exaustão e dúvida. Mas lembrem-se, estamos fazendo isso para proteger nossa casa, nossa cidade, e tudo o que amamos. Cada gota de suor, cada ferida, cada sacrifício será por Gaia e pelo Pacto.

Ele olhou para Michael, Milly, Alina e Casper, sua expressão suavizando um pouco. 

- Estamos juntos nisso. Como uma matilha, como uma família. E juntos, vamos mostrar às outras tribos que os Andarilhos do Asfalto não apenas sobrevivem - nós prosperamos e defendemos o que é nosso.

Anton concluiu, a determinação em sua voz fortalecendo a resolução de cada membro da matilha. Eles sabiam que o caminho à frente seria árduo, mas com a liderança de Anton e a união da matilha, estavam prontos para enfrentar qualquer desafio que se apresentasse.


OFF:  @Ed Araújo, Casper ganhou o antecedente Mentor 3 (Anton), que vai ser quem vai ensinar os dons do Casper. Responda todas as cenas como quiser.

Qual o espírito protetor deste Caern? A Barata? O Buda?

Alina respondeu rapidamente, em voz baixa:

- O Buda é só um símbolo que o Daly gostava, o totem do caern é a Barata. Este é um caern de Sabedoria de nível 1, com a Película daqui estando geralmente num nível 4. Ele foi criado no fim de 1980, quando Daly descobriu que esse terreno foi m cemitério para a seita garou Tatlayoko, extinta há muitos anos. Roger Daly costumava ser o Grande Ancião, mas com a morte dele tudo vai ter que ser reorganizado... mas se tivesse que apostar, eu diria que Hyram será o próximo líder da seita.  

Anton assumiu o treinamento de Casper e dos outros, inclusive na parte de ensinar dons para os que queriam aprender.

Ele escolheu uma noite tranquila, onde a lua banhava o antigo prédio do Buda Sorridente com uma luz suave e prateada, para começar o treinamento de Casper. Ele sabia que o novo membro da matilha precisava se fortalecer e compreender os dons que lhe dariam uma vantagem em seu papel como Andarilho do Asfalto. Os dois estavam sozinhos no salão principal do Caern, onde o eco de vozes antigas ainda parecia sussurrar pelos corredores.

Anton começou com o primeiro dom, a Benção da Arte dos Macacos. Ele entregou a Casper um conjunto de ferramentas e um motor simples que precisava de reparos. 


- O segredo deste dom - explicou Anton - é focar na conexão entre você e o objeto. Pense na história de cada ferramenta, na jornada dela até suas mãos. Sinta o espírito dela.


Casper se concentrou, fechando os olhos por um momento para limpar a mente. Ele então segurou a chave inglesa, sentindo seu peso e textura, e começou a trabalhar. Anton observava em silêncio, apenas intervindo quando necessário, guiando Casper com palavras calmas. 

- Deixe o espírito da ferramenta te guiar - murmurou Anton. 

Quando Casper finalmente terminou, ele notou como a tarefa havia se tornado mais fácil, quase como se a ferramenta estivesse viva em suas mãos. Ele havia despertado algo dentro dela.

Em seguida, Anton levou Casper a uma sala de tiro improvisada dentro do Caern. Duas pistolas estavam à disposição, cada uma em uma mesa. Anton pegou uma, girando-a habilmente em sua mão antes de passar para Casper. 

- Este dom permite que você veja além da necessidade de focar em um único alvo. Sua mente se expande, seus reflexos se tornam rápidos como um raio.


Ele ensinou Casper a disparar as pistolas, uma em cada mão, mirando em alvos que surgiam aleatoriamente. 

- Concentre-se na tarefa, mas não perca a percepção ao seu redor - disse Anton - Gaste um pouco de sua essência espiritual, sinta o fluxo de Gnose e deixe-o expandir sua consciência.

Quando Casper ativou o dom, ele sentiu o mundo ao seu redor desacelerar, e os disparos saíram precisos, atingindo cada alvo com maestria.

Por último, Anton levou Casper para fora, para a área mais remota do Caern. Ele indicou uma trilha longa e sinuosa que serpenteava pelas árvores e colinas. 

- Agora, vamos testar sua resistência - disse ele - Este dom é sobre ultrapassar seus limites, sobre não ceder à fadiga ou ao cansaço. Quando sentir que não pode mais continuar, é aí que este dom brilha.

Casper começou a correr, com Anton ao seu lado. A princípio, tudo parecia normal, mas conforme a trilha se tornava mais difícil, a exaustão começou a se instalar. Foi então que Anton falou: 

- Agora, use sua Fúria. Deixe-a alimentar seu vigor. Não há espaço para fraqueza. Inabalável significa nunca parar, não importa o quanto seu corpo grite por descanso.

Casper sentiu a Fúria subir dentro de si, e com um grito gutural, ele a canalizou. Seus músculos queimavam, mas não desistiam; suas pernas continuavam a se mover, mais rápidas e poderosas. Ele correu por mais tempo do que jamais havia imaginado ser possível, sentindo como se pudesse continuar para sempre.

Quando finalmente pararam, Anton colocou uma mão no ombro de Casper. 

- Você aprendeu bem - disse ele, seu olhar aprovador - Esses dons são agora uma parte de você. Use-os com sabedoria e lembrando sempre de nossa missão de proteger Gaia.

O treinamento de Casper estava apenas começando, mas ele já sentia a força dos dons dentro de si, prontos para serem usados em defesa do Pacto e da cidade que agora era sua casa.

Conversa com Martina

Quando Casper finalmente encontrou um momento para falar com Martina, a conversa foi difícil, mas inevitável. Eles se encontraram em um café discreto, em uma tarde fria. Martina chegou animada, mas logo percebeu que algo estava errado. Casper, com o semblante pesado, explicou que, por mais que gostasse de sua companhia, as circunstâncias haviam mudado. Ele não entrou em detalhes sobre sua vida como Garou, mas deixou claro que ela não deveria mais vir encontrá-lo com tanta frequência. 

Ela ficou em silêncio por alguns momentos, processando o que ele dissera. Era evidente que ficou magoada, mas aceitou, talvez sem entender completamente. 


- Tudo bem, Casper... mas não suma, ok? Podemos nos falar de vez em quando.

Ele concordou, sentindo o peso da despedida.




Encontro com Jean

Alguns dias depois, Casper encontrou Jean, seu velho amigo. Eles se reuniram em um bar, e enquanto bebiam e conversavam, Jean contava suas histórias como sempre fazia – relatos do submundo de Vancouver, histórias estranhas, rumores de desaparecimentos misteriosos. Dessa vez, porém, Casper estava mais atento. Ele prestava atenção em cada detalhe, procurando sinais do sobrenatural. Nos relatos de Jean sobre moradores de rua desaparecidos e figuras sombrias observando os becos, Casper começou a suspeitar da presença dos Roedores de Ossos, uma tribo de Garou marginalizada, ou até mesmo de vampiros. Era como montar um quebra-cabeça, cada palavra de Jean revelava algo novo. Casper mantinha uma postura calma, sem demonstrar seu interesse real, mas sua mente estava em alerta.




Pedido ao Tio Al

O pedido a Tio Al foi feito de forma discreta, mas com urgência. Casper sabia que ele era alguém com muitos contatos e recursos. 

Al não fez muitas perguntas, apenas assentiu e disse que cuidaria disso. Sabia que Casper tinha motivos sérios para se preocupar, e prometeu dar notícias o mais rápido possível. 

Dias se passaram, e Casper recebeu uma mensagem de Al dizendo que ainda estava procurando, mas havia conseguido algumas pistas. 

- Parece que sua mãe se mudou recentemente. Vou investigar mais e te aviso.




Contato com Simone

Casper também procurou Simone, sua antiga conhecida, para checar sua situação com a polícia. Eles se encontraram em um local discreto, e ele pediu a ela que verificasse se havia algo contra ele, caso precisasse voltar a Seattle. 


- Você acha que vai dar problema? - Simone perguntou, um pouco preocupada. 

Simone concordou em ajudá-lo, prometendo que faria a checagem. Alguns dias depois, ela o encontrou novamente. 

- Parece que a polícia não está mais te procurando ativamente, mas há registros. Talvez seja melhor evitar chamar muita atenção por lá.

A notícia foi um alívio parcial para Casper, que agora precisava planejar cuidadosamente sua viagem de volta a Seattle, se fosse necessário.


O Aprendizado do Ritual

Casper encontrou Alina nos arredores do Caern do Buda Sorridente, ao cair da noite, sob a luz suave da lua crescente. 

Ela o havia chamado para um momento especial: o ensinamento do Ritual da Dedicação do Talismã. Alina, uma Theurge experiente, sabia que este ritual seria essencial para o jovem Andarilho, que já começava a colecionar armas e roupas para seus combates e incursões pela Umbra.


- Esse ritual é simples, mas importante - começou Alina com sua voz calma, enquanto preparava o espaço. 


- A ideia é criar um laço entre você e seus objetos. Cada um deles terá parte de sua essência, o que permitirá que o acompanhem em suas formas e até para a Umbra.

Ela entregou a Casper suas pistolas e a faca, os objetos que ele queria dedicar. 


- Coloque-os à sua frente e se concentre neles. Você precisará gastar um pouco de sua Gnose, sua energia espiritual, para estabelecer essa conexão.

Alina se ajoelhou e começou a murmurar palavras na língua dos Garou, invocando espíritos para testemunhar o ritual. Casper sentiu a familiaridade da linguagem, como se cada palavra pulsasse com significado. Ela o instruiu a fazer o mesmo, e Casper repetiu, sentindo a energia ao seu redor começar a se mover. Era como se o próprio ar ao redor dos objetos vibrasse levemente.


- Agora, estenda as mãos sobre as armas e a faca, e visualize o espírito dentro delas despertando. Imagine o laço se formando entre você e esses objetos. Veja a conexão tomando forma, como raízes se entrelaçando.

Casper fechou os olhos e seguiu as instruções, focando profundamente. Ele imaginou suas pistolas e a faca tornando-se parte dele, espiritualmente atadas. Sentiu a pulsação da Gnose fluindo de dentro de si, impregnando os objetos com sua essência. A conexão era clara, quase palpável.

Alina observava em silêncio, sua expressão concentrada, esperando o momento certo para guiar o próximo passo. Quando Casper abriu os olhos, ela assentiu, sinalizando que a parte mais difícil já havia sido feita.


- Agora, finalize o ritual. Declare seu laço com esses objetos em voz alta e afirme que eles são uma extensão de seu corpo e espírito. Diga isso, com convicção.

Assim que Casper terminou de falar, ele sentiu uma leve mudança. Era como se as armas e a faca já estivessem se adaptando à sua presença. Ele sabia que, a partir daquele momento, poderia carregar aqueles objetos sem que eles o atrapalhassem em suas transformações ou viagens espirituais.

Alina sorriu suavemente. 


- Está feito. Agora, sempre que precisar, essas armas estarão com você, seja no mundo físico ou espiritual. Use essa sabedoria com respeito, e nunca se esqueça de que cada objeto carregará parte de sua essência.

Com isso, o ritual estava completo, e Casper sentiu que havia dado mais um passo para entender o mundo dos Garou e seus mistérios.


Conhecendo o sobrenatural

Alina e Casper se encontraram no mesmo beco onde haviam treinado antes. Era uma noite fria e úmida, típica de Vancouver, com uma fina garoa caindo enquanto a cidade vibrava com sons distantes de carros e vozes. Ao perceber que Casper queria saber mais sobre as criaturas que habitavam as sombras da cidade, Alina ajeitou o capuz do casaco e começou a falar, sua voz baixa mas firme.


- Vancouver é um lugar onde os sobrenaturais coexistem em uma tensão constante, cada grupo vigiando o outro, esperando o momento certo para agir.

Ela olhou nos olhos de Casper, certificando-se de que ele estava prestando atenção.


- Primeiro, os Garous. Nossa presença aqui é forte, mas desunida. Existem várias seitas e tribos disputando território e influência. A nossa tribo, os Andarilhos do Asfalto, sempre esteve envolvida com a cidade, os sistemas de comunicação, a tecnologia. Nós nos movemos nas sombras digitais, e muitos de nós preferem se alinhar ao Pacto, acreditando que a coexistência com os humanos pode ser a chave para salvar Gaia. No entanto, há aqueles que resistem a essa ideia, mais ligados às tradições e à guerra direta contra os malditos Dançarinos da Espiral Negra.

Ela fez uma pausa, deixando a gravidade das palavras assentar.


- Há também tribos como os Roedores de Ossos. Eles estão em quase todo lugar, mas aqui... bem, eles se adaptaram aos becos e aos mais desfavorecidos da cidade. Eles sabem tudo sobre o submundo de Vancouver e são um recurso valioso, apesar de muitas vezes serem subestimados pelos outros. Nunca os subestime, Casper. Eles sobrevivem onde a maioria dos Garous não conseguiria.

Alina então mudou o tom, tornando-se mais sombria enquanto falava dos vampiros. 


- Quanto aos vampiros, eles são uma praga, principalmente os que fazem parte da Camarilla. Os sanguessugas controlam várias áreas da cidade através de suas corporações e influência política. São mestres em manipulação e jogam com a política humana como peças em um tabuleiro de xadrez. Há anarquistas também, claro, mas a Camarilla é a verdadeira força dominante aqui. O que a maioria dos Garous esquece é que eles também têm hierarquias complexas e regras. Não são apenas predadores solitários. Eles têm clãs, cada um com suas especialidades.

Ela inclinou-se mais perto de Casper. 


- O mais perigoso, porém, é que os vampiros são pacientes. Eles têm séculos para planejar e executar seus esquemas. E a maioria deles enxerga os Garous como obstáculos – algo a ser eliminado se ficarmos no caminho deles. A guerra aberta entre Garous e vampiros é evitada ao máximo, mas o conflito nunca está longe da superfície.

Alina se endireitou, olhando para a noite em volta deles. 

- Então, você precisa estar sempre atento, Casper. Seja com os nossos ou com os sanguessugas, nunca confie totalmente, e nunca deixe de vigiar suas costas.

Ela olhou para ele uma última vez, com um olhar grave. 

- Essas são as principais forças sobrenaturais aqui. E você, como parte da matilha, vai precisar aprender a navegar por essa rede de alianças e conflitos. Cada passo em falso pode ser fatal.

Uma vez dominado o Ritual de Dedicação do Talismã, Casper não teve dificuldades em dedicar suas roupas, evitando que ficasse pelado da próxima vez que mudasse de forma. Se as roupas iriam se expandir junto com seu corpo ou se seriam absorvidas, ele descobriria na próxima mudança.

Já o debate com Alina se desenrolou de imediato.

Ouvi de um amigo que há mendigos desaparecendo e pode ser coisa dos vampiros… não deveríamos intervir, mesmo com o Pacto? Devemos deixá-los predar a humanidade impunemente só para mantermos a paz?

Alina sacudiu a cabeça negativamente.

- Sua ideia tem vários problemas. O Pacto diz que nós não devemos agir dentro dos limites da cidade, especialmente contra os vampiros, então se eles estão dando sumiço nos mendigos sem mexer com nossos Parentes, isso está dentro dos limites do acordo. A nossa tribo, os Andarilhos do Asfalto, protege o que há de melhor na humanidade, e mendigos não entram nessa classificação; isso é mais da preocupação dos Roedores de Ossos. E a missão principal dos garous é proteger Gaia, não os humanos. 

Ela olhou para as estrelas lá em cima no céu noturno por um longo momento antes de voltar a falar.

- Você é pouco mais que um filhote ainda. Terá muitas coisas para aprender. Não se arrisque sozinho, e não pise no calo dos grandões. Se você tropeçar nos negócios deles, pode estragar esquemas enormes e muito complexos.

Mas não são os humanos parte de Gaia? Bem, que seja..

Alina passeou um olhar tranquilo pelos arredores e disse:

- Você quer questionar? Bem, não acha que todos os animais são parte de Gaia? E ainda assim nós caçamos, comemos e sacrificamos alguns animais. As árvores e plantas também não são parte de Gaia? E mesmo assim nós cortamos e derrubamos algumas para construir e criar diversas utilidades. A água, os minérios, o petróleo e tantas outras coisas são partes de Gaia, mas fazemos uso delas para permitir o progresso dos humanos e do planeta em geral. A Wyld é o poder da criação, mas não podemos deixar que todas as criações dela continuem a existir, e por isso a Weaver precisa ordená-las; a própria Wyrm é parte de Gaia, destinada a manter o equilíbrio da criação por destruir as coisas que caíam na entropia, mas ela se desviou de seu objetivo e trouxe uma perturbação cósmica. 

Depois dessa digressão filosófica, Alina disse a Casper:

- Proteger todos os humanos é inviável. Alguns deles morrerão pelas ações de outros humanos, alguns pelas mãos dos servos da Wyrm, e até mesmo alguns serão destruídos pelos nossos irmãos garous. Não temos meios de proteger todos eles, e por isso devemos escolher bem as batalhas nas quais investiremos nossos recursos limitados, ou teremos lutado em vão. Pense sobre isso.




O celular de Casper vibrou inesperadamente, trazendo o nome de seu tio Alberto na tela. Ele atendeu, a voz cansada. "Oi, tio," disse, tentando soar mais despreocupado do que realmente estava.


- Casper - a voz do tio parecia rígida, tensa, com aquele sotaque italiano ainda mais pesado quando estava nervoso - Eu tenho algo... não sei bem como te dizer. É sobre sua mãe. Ela... está desaparecida. Não voltou pra casa há dois dias. Foi vista pela última vez com um sujeito chamado Theodore, aquele mesmo Theodore que você mencionou anos atrás.

Casper sentiu a garganta secar, memórias das sombras de seu passado surgindo como um pesadelo revivido. Ele achava que Theodore estava fora de sua vida — pensava que ele não existia mais para representar uma ameaça.


OFF:  @Ed Araújo, faça um teste de Força de Vontade para Casper resistir à vontade de beber/se drogar devido à pressão do momento.

Teste de Força de Vontade (se possível, vou gastar 1 FdV pra ter um sucesso automático).

Ed Araújo efetuou 5 lançamento(s) de dados (d10.) :

6 , 1 , 4 , 3 , 6