CANON: RELIGIÃO E DIVINDADES

RELIGIÃO E DIVINDADES

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- O panteão é formado por apenas 12 divindades (e um que esta aprisionado). Elas são servidas por espíritos subordinados, ao estilo xamanico.São baseados no Zodiaco, e durante cada ano um dos deuses assume maior força.
- Ciclo zodiacal: a dinâmica de ciclos de dominância, e a influência dessa dominância na vida e personalidade das pessoas nascidas nos anos de dominancia de determinados deuses.
- Cada divindade pode sofrer influencia do 13 deus, em forma de uma macula, um aspecto mais acentuado de uma negatividade em seu aspecto.
- Os 12 Deuses:
Cada Deus não é apenas um "representante" de determinado Aspecto, e sim uma materialização do próprio. O Deus do Amor não seria um deus responsável pelo amor, e sim o Amor em si. Caso ele esteja forte, as pessoas passariam a amar mais umas as outras, o amor seria uma força mais poderosa. Caso ele enfraqueça, as pessoas se tornam mais frias e egoístas, e a quantidade de amor no mundo decai. Caso o Deus do Amor morra (o que seria tecnicamente impossível, mas apenas para uma ilustração hipotética aqui), o Amor desapareceria do mundo.
A divisão de Aspectos entre deuses e espíritos e as respectivas Tendências desses Deuses, ficou da seguinte forma (lembrando que o número de Espíritos seria quase infinito, então os que estão marcados ali são apenas exemplos soltos pra referência):

I - Planta e Animais (natureza) --- Neutro e Bom
1- espiritos naturais
2- Vida

II- Deus dos Elementos --- Neutro
1- Quatro elementos ocidentais
2- Tempestade, Trovão e relâmpago
3- Frio e Calor
4- Luz e Trevas
5- Sol e Lua

III- Deus do Conhecimento --- Leal e Neutro
1- oficios
2- estratégia
3- cura
4- agricultura

IV- Deus da Magia --- Neutro

V- Deus do Tempo --- Leal e Maligno
1- Passado, presente e futuro
2- destino e vidência

VI- Deus dos Mortos --- Leal e Neutro
1- morte
2- julgamento
3- guia
4- castigo

VII- Deus da Virtude --- Leal e Bom
1- Justiça
2- Temperança
3- Paciência
4- Bondade
5- Caridade
6- Sabedoria

VIII-  Deus do Pecado --- Neutro e Maligno
1- Preguiça
2- Inveja
3- Ira
4- Luxúria
5- Orgulho
6- Cobiça
7- Gula

IX- Deus do Oceano --- Caótico e Neutro
1- Mares
2- Ondas
3- Maré
4- Rios
5- Lagos
6- Cachoeiras

X- Deus do Amor --- Caótico e Bom
1- família
2- sexo
3- paixão
4- medo
5- ciúme
6- valor

XI- Caos  --- Caótico e Neutro

XII- Ordem --- Leal e Neutro

XIII- Destruição --- Caótico e Maligno

Possiveis Nomes:
I - Planta e Animais (natureza) --- ASSIRAL (Larissa April)
II- Deus dos Elementos --- Sonander (Anderson)
III- Deus do Conhecimento --- Monbauten (Beaumont)
IV- Deus da Magia --- Selarune (Thandara Selune)
V- Deus do Tempo --- UMALEK (Camuel)
VI- Deus dos Mortos --- Killeth (Hellkite)
VII- Deus da Virtude --- Leberine (Katherine Le Blanc)
VIII- Deus do Pecado --- Mahabut (Bahamut)
IX- Deus do Oceano --- Nindasus (Sandinus)
X- Deus do Amor --- Shampix / Shamphir / Xian-Pzu (Shamps)
XI- Caos --- ACLEPSYDE (Claude Speedy)
XII- Ordem --- Brunaline (askalians)
XIII- Destruição --- Lurietan (Tellurian)

- Xamanismo:
Espíritos são as representações de forças da natureza. Os Treze Deuses seriam manifestações de grandes Aspectos genéricos e amplos, e seriam servidos não por deuses menores, mas por espíritos que estariam ligados de alguma forma àquele Aspecto mais amplo.

- Considerações sobre os aspectos divinos:

Ordem-caos.
A ordem é a forma em que tudo se estrutura, seja físico, seja mental, seja espiritual ou cósmico. Tudo tem um caminho, uma fórmula e um jeito de ser. O universo foi moldado na ordem e assim tende a ser, com suas leis e regras. O caos é a desordem. Com o caos tudo perde a sua forma e o seu propósito, levando ao acaso e à sorte, que tendem sempre para o falho e o erro.

Vida-morte.
Vida é movimento, vida é energia. Essas são as definições de vida das antigas filosofias. Porém nesse contexto entram inumeras formas de entender a vida e suas ramificações. Aqui colocaremos a vida em sua forma mais pura. É através da vida que os Deuses dão uma continuidade ao universo. São os seres vivos que permeiam dentro da lei dos ciclos e transformam o meio em que vivem. É na vida que os deuses refletem os seus aspectos e é através da vida que o universo evolui até o dia em que tudo se igualará e retornará ao um inicial. A vida é pura, santa, majestosa e única. Quando falamos da morte, estamos falando de um aspecto do ciclo da vida. Porém, quando antagônica, a morte possui um tom de interrupção do ciclo. Tanto da vida quanto da morte. Essa mácula tende a interromper o ciclo dos vivos por fins nefastos e interromper o ciclo dos mortos pelos mesmos motivos. Assim, a vida e a morte nada importam, manipulando os ciclos para fins torpes. Muitos chamam a mácula da morte de a mácula da não-vida.

Natureza-destruição.
A natureza reflete a criação. Nela reinam a vida e o equilibrio, tudo em sua perfeita ordem com paz e beleza. A natureza é o terreno fértil para que tudo possa fluir e florescer em sua plenitude. A destruição visa quebrar toda a criação, e por isso é antagônico a natureza, de onde tudo nasce. Destruir a vida, a ordem, a paz, o amor, faz com que a criação seja deturpada mas ela pode ser reerguida. Destruindo a natureza a criação é interrompida e tudo cai em desolação.

Amor-ódio.
O amor é o estado de espirito que une as pessoas. Ele se divide de varias formas mas todas são puras e sinceras, seja um amor familiar entre pai e filho, entre irmãos, um avô e seu neto, etc. Seja entre amigos, seja um amor para com o seu mascote ou o amor entre um casal. Esse sentimento é o que mantém as relações interpessoais e que faz com que as sociedades se mantenham estruturadas. Sua contrapartida, o ódio, o rancor, é o que destrói as relações. Ele corrói por dentro e por fora afastando as pessoas e abalando as estruturas da sociedade ao servir de semente para outros males.

Sabedoria-loucura.
Uma mente agil e letrada possui conhecimentos mil sobre segredos diversos. Porém é através da sabedoria que todo e qualquer conhecimento é alcançado e as chaves dos segredos do universo são encontradas. Para a criação o universo havia de ser uma mente de sabedoria infindável capaz de desenvolver uma vasta trama tão bem montada e equilibrada, complexa e esplendorosa que chamamos de universo. É através da sabedoria que os caminhos são encontrados e os segredos revelados. Em contrapartida a loucura é o desvio desse caminho. Uma mente fraca, despreparada ou impetuosa pode encontrar a loucura no lugar da sabedoria ao tentar galgar aquilo que não pode ser. A mácula da loucura caminha lado a lado com a sabedoria, sempre atenta para desviar os caminhos mentais daqueles que trilham a via do saber a fim de lhes tirar a sanidade e consequentemente, o saber.

Beleza-deturpação.
A beleza é a perfeição das formas, sejam elas fisicas, mentais, astrais ou espirituais. A beleza exemplifica o ideal na forma e através dela instiga, inspira e inflama os seres aos ideais. Quando a beleza é deturpada o ideal também se deturpa, transformando aquilo que simbolizava a retidão e a perfeição em distorções da realidade. É através dessa mácula que conceitos são deturpados, fé é profanada e os desejos do indivíduo se sobrepõem ao bem de um povo, uma raça ou uma nação.

Paz-guerra.
O conceito de paz e guerra andam lado a lado desde os primórdios da história. É dito que o caminho da evolução de um ser decorre através da guerra interior e a verdadeira paz é a paz-guerreira. Os seres vivos conscientes possuem duas vertentes ativas e sempre em conflito, o "eu" animal e o "eu" espiritual. A verdadeira paz só pode ser encontrada se o "eu" espiritual vencer o conflito e o indivíduo se encontrar nesse estado de espírito tão buscado. Porém, ao contrário deste conceito, quando o indivíduo busca o bem para si ao invés do bem em si, ele transfere esse conflito para fora, entrando em guerra com o mundo. A mácula da guerra é o eterno conflito entre os seres que não alcançaram a paz, ou até mesmo não a procuram.

Progresso-ignorancia ou alienação
O progresso é inerente ao desenvolvimento de uma sociedade. Nele estão ligados a tecnologia e a prosperidade. Quando a benção do progresso cai sobre uma sociedade, ela passa por momentos de fartura, crescimento e desenvolvimento. A ignorância é tida como uma contrapartida ao progresso pois ela atinge os seres conscientes em mais de uma forma. Um povo ignorante de conhecimento vive sem ter projeção de sua vida, colhendo a mesmice e cultuando uma forma de vida estática. A ignorância intelectual ou espiritual faz com que o povo feche os olhos para o futuro e os faz temer aqueles que caminham em direção a esse.

Magia-Fel
A magia é a obra prima de todo o universo. Aquilo que faz com que a energia flue e que faz com que a vida floresça. A Magia, ou como chamam os magos, o mana, é a quintessência que provém a argamassa para toda a criação. O mana está presente em cada canto do universo, da menor parcela da matéria até a mais extensa estrela. O fel em contrapartida é o que suga essa energia. Muitos discutem se o fel existe ou se ele é apenas uma palavra para traduzir a falta do mana. O fel suga a quintessência do universo, desestabilizando o tecido da existência e afrouxando as tramas do universo.

Força de vontade-negação
A força de vontade é o impulso interior de cada indivíduo. É graças a esse combustivel interior que os seres conscientes alcançam características além de suas capacidades e são capazes de atos dignos de lendas. Aquele que tem o controle de sua vontade pode ir aonde ninguem consegue e superar todos os obstáculos em seu caminho. A negação por outro lado é a falta de vontade, a falta de fé em si mesmo. A mácula da negação faz com que o indivíduo se sinta incapaz de não apenas grandes feitos, mas também dos mais corriqueiros, tirando-lhe o desejo de passar barreiras e crescer pessoalmente.

Coragem-covardia
O conceito de coragem é agir com o coração. Isso significa que a pessoa corajosa age em prol do que vale a pena, em prol do próximo, mesmo que isso seja danoso para si. A coragem é o sentimento que faz com que o personagem faça o que acredita ser o certo, mesmo que esteja com medo e independente das consequencias. A contrapartida, a covardia, é o que impede o individuo de se impor em qualquer situação. Seja por medo de se machucar, medo de ser rechaçado, medo de interagir com os outros ou no pior dos casos, medo de ter mais medo, o covarde se encolhe enquanto deixa sua vida ser usada e dominada pelos outros.

Verdade-falsidade/enganação
A verdade é uma só e com ela se faz a justiça. O conceito de verdade traduz o fato de que embora a realidade seja fluida, a verdade é estática. Não existe variações nem interpretações para a verdade. Ela é nua, crua e por fim justa, pois através dela que tudo se ajusta. Em contrapartida temos a mácula da enganação, da mentira. Esse caminho trás a necessidade de passar a falsa verdade, a fim de dominar e controlar.

Luz/trevas.
O que é e o que não é. Tudo e nada. Simbolo tambem do conhecimento e a falta dele, assim como o do bem e do mal.

- As máculas:
Todo o mal deriva de uma única fonte, de um único grande inimigo, que seria o Décimo Terceiro Deus, banido por seus crimes. Esse Décimo Terceiro Deus seria o responsável por ter maculado todos os outros Aspectos representados pelas outras doze divindades, dando a todos eles um "outro lado" mais brutal, mais perigoso, mais vil, mais maligno. Por exemplo: O Deus do Amor carrega em si a Mácula do Décimo Terceiro, e é por isso que existe o amor abusivo, doentio, possessivo, ciumento. A Deusa da Magia também fora contaminada pela Mácula do Décimo Terceiro, então é por isso que existe a magia negra, de aspecto destrutivo, manipuladora, combativa. E é por isso mesmo que existem diferentes cultos de adoração aos mesmos Deuses, inclusive malignos.

Há uma diferença bem grande entre os seguidores dos Deuses e os seguidores das máculas. A fé para com os Deuses é algo justo e bem visto por todos. O inverso obviamente não. Por isso não existem templos para as máculas. Seus sacerdotes e clérigos carregam sua fé aonde vão. Fazem seus rituais e missas torpes em porões, clareiras afastadas, lugares remotos e salvo algumas exceções dificilmente repetem o local de encontro. Aqueles que veneram as máculas guardam uma forma de comunicação particular para poderem veicular suas preces e na grande maioria das vezes levam uma vida dupla.

Os deuses e suas maculas

Vida/Natureza/Plantas/Animais/Elementos - Morte/Destruição/Rochas/Monstros/Energias
Amor/Paz - Ódio/Guerra
Ordem/Sabedoria - Caos/Loucura
Cultura/Progresso - Selvageria/Ignorância
Magia - Fel
Verdade/Coragem/Beleza/Força de Vontade/Virtude - Mentira/Corrupção/Covardia/Negação/Pecado

- Força criadora: um casal, Elmir e Maaur.

LENDAS DE CRIAÇÃO

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PARTE 1:


"Elmi era o Céu. Naquele tempo antes do tempo, não havia luz. Elmi caminhava pelo firmamento, tão negro quanto seus cabelos, sem nada para contemplar além da própria voz. Um dia, ouviu o som de marteladas ecoando pela escuridão, e se assustou. Mas a curiosidade era grande em Elmi, e logo a curiosidade superou o temor e Elmi correu pelo firmamento, buscando a fonte do ruído. Mas estava escuro demais, e não era possível encontrar o que buscava. Então, Elmi teve uma idéia. Se não podia encontrar, se faria encontrar. E cantou as mais belas músicas que pôde criar.

As doces canções de Elmi preenchiam o vazio da Existência, e suas notas carregavam o peso de uma imensa tristeza e solidão. Por éons, Elmi foi paciente e suas canções lhe bastavam.

Mas a resposta nunca chegou, e a solidão crescia em seu ser, no escuro. E então chorou. De seus olhos rolaram lágrimas de cristal reluzente, que se espalhavam pelo firmamento e brilhavam, acendendo o céu. A luz era tênue, obscurecida pela tristeza de Elmi. Mas na escuridão mais profunda, a mais fina luz é um espetáculo a se admirar.

Durante éons, Maaur caminhou. Olhava para cima, apenas para contemplar a escuridão. E se sentia triste. Maaur era a Terra, e tinha a paciência das montanhas. Mas assim como a Terra, por debaixo da crosta havia um coração de fogo pulsante, e um dia Maaur se irou. Naquele tempo antes do tempo, ainda não existiam palavras que Maaur pudesse usar para expressar sua ira contra o Vazio e a Escuridão.

Maaur era não apenas extremamente hábil na arte de criar, mas era o que seria conhecido como Mestre de todos os artesãos. E com suas mãos e seu martelo, usando a forja de sua ira, Maaur forjou o Mundo. E agora o vazio não estava mais vazio, porque Maaur tinha um solo firme sob seus pés. Mas achou que sua criação não era boa. Era imperfeita, incompleta. Muito trabalho ainda era necessário.

Então Maaur ouviu uma canção. E a canção era bela, e aplacou a ira em seu coração. Maaur largou seu martelo, e abandonou sua forja, indo até o lado de fora de sua morada para contemplar o vazio acima de si. A música lhe trouxe paz, e Maaur se deitou para ouvir. Antes que pudesse perceber, Maaur adormeceu, mas naquele tempo antes do tempo, ainda não haviam sonhos para sonhar.

Éons se passaram enquanto Maaur jazia a dormir na escuridão. Até que algo feriu seus olhos, algo que nunca tinha visto antes. Despertou piscando os olhos, acordando de seu sono secular. E quando abriu os olhos, viu um número sem fim de luzes faiscando no céu. Eram luzes tristes e fracas, mas era algo que Maaur nunca tinha visto antes. E Maaur caminhou pela Terra, observando os pontos luminosos acima. Então Maaur percebeu que a música que o embalara tinha sido substituída por um choro copioso. E correu para encontrar quem chorava.

E Maaur encontrou Elmi.

O choro de Elmi fez Maaur sentir seu coração se partir. Achou que devia ajudar, mas não sabia como. Teve então uma idéia. Ergueu suas mãos e apanhou do firmamento várias das estrelas brilhantes, e as levou até sua forja de rocha e fogo. E o martelo ressoou durante Sete Dias.

Maaur forjou montanhas e vales. Desertos, pântanos e geleiras. Forjou oceanos, rios e cachoeiras. E Maaur se satisfez com suas criações e enfeitou o mundo inteiro com elas. E ofereceu tudo de presente para Elmi.

Elmi percebeu o trabalho de Maaur. E a curiosidade novamente agitou seu coração. Parou de chorar e ficou observando Maaur enquanto ia de lá pra cá, e de cá para lá novamente. Lá e De Volta Outra Vez, indo e vindo. E se maravilhou quando Maaur terminou.

O sorriso de Elmi era luminoso. As estrelas cresceram em luz e ganharam mil cores, e Maaur pôde ver claramente a face de Elmi. Elmi soprou um beijo para Maaur, e dessa semente de amor brotaram as primeiras mudas da Vida. Elmi sorriu e espalhou seus beijos por toda a Terra, e fez peixes coloridos para as águas de Maaur, e vento que espalhasse seus desertos e geleiras, e pássaros para neles voar. E fez répteis que sibilavam em seus pântanos, e fez bosques que enfeitaram seus vales e montanhas. E Maaur aplaudiu e sorriu.

E ambos se apaixonaram. Um amor que se iniciou num tempo antes do tempo, e que só se findará no tempo além do tempo."

PARTE 2:
Durante milhares de anos, Elmi e Maaur estavam felizes. Corriam pelo seu imenso jardim. Banqueteavam-se nos pomares dos vastos bosques, nadavam em águas cristalinas, cavalgavam velozmente através dos desertos, e amavam-se intensamente sob a luz das estrelas. A todo momento, Maaur fabricava novos mimos coloridos para Elmi, e Elmi sorria seu sorriso radiante. A todo momento, Elmi cultivava novas belezas para enfeitar as criações de Maaur, fazendo Maaur aplaudir e gargalhar sua gargalhada profunda. O tempo passava, e a cada dia a Criação ficava mais e mais bela. Elmi e Maaur viviam em plena felicidade e contentamento, e aquela foi a Era da Pura Felicidade.

Um dia, Maaur caminhava pelo jardim, quando encontrou Elmi dentro de uma caverna, com a engraçada expressão curiosa no rosto que Elmi sempre tinha quando algo atraía sua atenção. Elmi observava uma loba, que gania em agonia. Maaur se preocupou, mas Elmi mostrou-lhe que a loba estava prestes a ter uma ninhada. Maaur se sentou ao lado de Elmi e observou o parto da loba. Treze foram os filhotes da ninhada. E Elmi sorriu um sorriso radiante como Maaur nunca havia visto. Enciumou-se da loba, pois achou que a criação dela era mais bela aos olhos de Elmi do que as suas criações.

E correu para sua forja, enquanto Elmi dançava e brincava com os filhotes recém-nascidos. Então, Maaur pegou as suas pedras mais preciosas, e suas águas mais cristalinas. E com elas forjou treze filhotes. Mas ao invés da forma de lobo, ele os moldou no formato de Elmi e de si. E então correu para mostrar sua nova criação para Elmi, mas não conseguiu atrair sua atenção. Pois os lobinhos já conseguiam se apoiar sobre as quatro patas, e corriam nos prados verdes juntos de Elmi.

Maaur enfureceu-se com seu coração flamejante, e retornou a sua Forja. Pegou o fogo mais quente e brilhante que possuía e implantou-o no coração dos treze filhotes que forjara. E o ímpeto preencheu suas almas, e seus olhos brilharam. Ele se moviam, mas os movimentos eram mecânicos e sem significado. Mas Maaur sorriu, e saiu de sua forja e levou sua criação para Elmi se impressionar. Mas novamente não conseguiu sua atenção. Pois os lobos agora eram grandes e vistosos, e uivavam para lua com orgulho. E Elmi dançava a música de seus uivos sem olhar para Maaur.

Novamente Maaur enfureceu-se, e o chão tremeu com sua fúria. E correu de volta para sua Forja, com passos pesados e sonoros. Os movimentos estavam errados. Ele então pegou o vento que castigava o cume das montanhas mais altas e soprou na boca de seus filhotes, e eles ganharam a Voz. E Maaur correu para mostrar para Elmi como seus filhotes cresceram. Mas viu Elmi ao lado de velhos lobos, que ensinavam agora seus próprios filhotes a caçar, e Elmi acariciava as orelhas dos novos filhotes, ainda sem prestar atenção a Maaur.

Não entendia onde falhava. Suas belezas eram estáticas e duravam pra sempre. Porque os lobinhos atraíam a atenção de Elmi mais do que seus próprios filhotes? E pensou que talvez seus filhotes não fossem diferentes de brinquedos. E Maaur chorou de desgosto, lançando seus filhotes no mundo.

Elmi percebeu que Maaur chorava e se aproximou. E então lhe explicou. Que as belezas de Maaur eram incríveis, mas eram estáticas. Duravam pra sempre, mas eram sempre as mesmas. E o que tornava tudo ainda mais belo era aquilo que crescia e se desenvolvia, como apenas as coisas que haviam criado juntos eram capazes de fazer.

Elmi pegou um dos filhotes caídos de Maaur e colocou em sua mão. E Maaur entendeu que as coisas precisavam passar. Que a mudança era crucial para a beleza do mundo, e que nada deveria ser o mesmo pra sempre. Então, pegou um pedaço de Elmi. Um pedaço que Elmi chamava de Tempo. E fundiu o Tempo ao filhote que havia em suas mãos.

E então o bebê chorou. E o bebê cresceria, e amanhã seria diferente de hoje. Elmi o pegou no colo, e sorriu um sorriso estrelado. E Maaur se satisfez, pois aquele era o sorriso mais belo que Elmi já lhe oferecera, desde o Tempo antes do Tempo.