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    O Caminho do Warlock (um conto de Novera)

    Lucas Corey
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    Mensagem por Lucas Corey Seg Ago 10, 2020 6:22 pm

    Este conto em quatro partes é ambientado em Novera, cenário oficial do fórum. Conta a origem de um personagem baseado em D&D 5a edição.


    O Caminho do Warlock (um conto de Novera) Lobos_053

    PARTE I - Em busca do lobo perfeito

    Eu sei, você acha que sou louco. Todo mundo acha. Vou te contar minha história; ou melhor, só o começo. Você vai continuar achando que sou louco, eu sei, mas vai ouvir do mesmo jeito! Você merece saber.

    Ao nascer, recebi o nome de Arendyll Amastacia. Isso faz uns 100 anos… 106, pra ser exato. Vantagem de meio-elfo. Vocês humanos têm uma inveja danada das raças longevas, o que não deixa de ser engraçado. Afinal, pelos fantasmas em ruínas de castelos, vocês sabem que existe vida depois da morte. Por que tanto medo de mais uma mudança? Mas nem comecei e já estou divagando, ha ha ha…

    Minha infância foi muito feliz! Meu pai era um ranger humano, igual a você, e minha mãe uma druida que adorava o deus da natureza e seus espíritos. Nasci e vivi numa pequena aldeia élfica chamada Niri, quase totalmente isolada na floresta mais setentrional de Elendi. Aprendi com meus pais a amar a natureza. Ele protegia a floresta contra os raros intrusos vindos do norte, nada além de um ou outro monstro desgarrado ou um caçador ocasional. Seu trabalho mais rotineiro era recolher animais doentes ou órfãos para serem cuidados por minha mãe, antes de voltarem ao ambiente natural.

    Sempre tinha muitos bichinhos e plantas em nossa casa ensolarada, construída na copa de uma árvore imensa. De todos que foram cuidados, só um acabou virando nosso mascote, aquele que eu mais amei: Nairun, um lobo branco muito especial. A pelagem de tom prateado, olhos cor de safira, o porte garboso, davam a ele uma beleza hipnótica. E, mesmo sendo um lobo grande e forte, era mais manso e obediente que qualquer cão. Comentavam que ele devia ser uma dádiva do deus da natureza ou um espírito nascido do deus para manifestar materialmente a essência dos lobos, o lobo por excelência, o lobo perfeito. Minha mãe não se opunha aos comentários.

    Numa manhã de primavera com muito sol, pouco depois de eu fazer 11 anos, desci a árvore para brincar com o Nairun, mas ele estava diferente. Não saía de dentro da casinha de jeito nenhum, por mais que eu chamasse. Levei comida, levei água, ele não queria nem saber. Minha mãe passou aquele dia muito atarefada com os preparativos para uma cerimônia religiosa que a aldeia fazia todos os anos naquela estação, mas prometeu que iria examinar o Nairun no final da tarde ou começo da noite. Passei o resto do dia observando os ninhos de pássaros em nossa árvore, estudando, desenhando… Às vezes, ia ver meu lobo, mas continuava na mesma.

    No comecinho da noite, meu pai chegou em casa com uma expressão preocupada, perguntando pela minha mãe, mas ela ainda não tinha voltado do templo da aldeia. Ele perguntou sobre o meu dia e, quando eu descrevi como o Nairun andava esquisito, ele ficou sobressaltado. Não quis dizer o motivo, mas desceu comigo para ver o lobo. Só que o Nairun tinha fugido!

    Ele ia sozinho para a floresta raras vezes, e só quando ouvia os uivos de outros lobos, mas não era o caso daquela vez. Eu quis ir procurar na mesma hora, mas meu pai disse que precisávamos esperar minha mãe, pois ela seria necessária. Para sorte dos meus nervos, ela chegou logo em seguida. Meu pai me mandou esperar um pouco porque precisava conversar com minha mãe, mas eu não resisti a ouvir atrás da porta do quarto. Meu pai contou sobre relatos de animais que estavam morrendo de uma doença cruel, que os fazia ficar sem comer, nem beber. Tinha ido até a floresta investigar e achou uma raposa morta bem na beira do rio, mas com sinais de desidratação e desnutrição.

    Nem ouvi o final da conversa, de tão assustado e preocupado que fiquei! Desci até o pé da árvore, ansioso para que viessem logo. Partimos os três para a floresta sem dizer nada um ao outro, e eu gritava por Nairun. Elfos e meio-elfos enxergam bem à noite, mas levamos tochas para ajudar meu pai a encontrar os rastros. A escuridão atrasava o rastreamento, mas ele era bom no que fazia. Seguimos as pegadas até o vau do rio, e só paramos ao ver que havia um animal enorme deitado na margem, quase bloqueando o caminho pelo vau. Podia ser um urso pardo muito grande ou talvez um owlbear (não dava para ver a cabeça de onde estávamos). Chegamos perto com muito cuidado, o suficiente para minha mãe lançar uma magia druídica de apaziguamento de feras.

    O bicho permaneceu inerte, apesar da respiração muito rápida e resfolegante, e nós o contornamos para passar. Era um owlbear mesmo. Talvez por achar aquela respiração anormal, minha mãe se deteve para observar um pouco mais. Ele estava com os olhos fechados e o bico aberto, babando horrores. Por um segundo, não mais que isso, as luzes de nossas tochas iluminaram aquela cabeça enorme. Foi o que bastou para a criatura maldita arregalar os olhos, dar um guincho estranho e, tão rápido que eu mal pude ver, rasgar a barriga da minha mãe com uma patada poderosa!

    O sangue espirrou na minha cara! Larguei a tocha, levei as mãos à cabeça e gritei aterrorizado, gritei como nunca antes e nem depois. Meu pai já estava com a espada em punho quando o ataque aconteceu, mas dois passos adiante de nós, de costas, pois não esperava que o bicho fosse atacar depois da magia. Reagiu rápido o bastante para dar uma estocada na lateral da fera antes que ela me atacasse, e mais uma vez o sangue jorrou naquela noite de lua cheia. Meu pai já tinha vencido criaturas mais perigosas antes, mas o owlbear investiu contra ele como um touro enlouquecido, sem lhe dar tempo nem para um segundo ataque, nem de recuar para ganhar espaço.

    Ah, até hoje me sinto mal quando lembro daquela noite! Meu pai recuou alguns passos para tentar manter distância e acabou entrando dentro do rio, que era bem raso ali por causa do vau. A besta entrou na água, meu pai largou a tocha e, com as duas mãos na espada, conseguiu cravar a lâmina bem fundo na garganta. O animal ainda deu mais dois ou três passos e, com um guincho sufocado e gorgolejante, tombou… Tombou em cima do meu pai!

    Corri até lá na mesma hora. Um owlbear adulto pesa centenas de quilos, mas creio que não haveria risco se meu pai não tivesse ficado com a cabeça embaixo d’água. Tentei empurrar aquele corpanzil para o lado, já sabendo que nada conseguiria. Vi uma das mãos do meu pai emergir, desesperada. Eu a peguei e puxei com toda a força, sem resultado. Mergulhei a cabeça na água pensando em soprar-lhe ar dentro da boca. Tentei muito, mas aquelas carnes gordas, cobertas de penas e pêlos odiosos, não permitiam que eu o alcançasse. Percebi que já era tarde demais quando a mão dele afrouxou… Logo ele, tão dedicado à vida selvagem e tão admirado pela bravura, teve essa morte inglória: afogado em meio metro d’água após matar um animal que estava fora de si.

    Corri então até minha mãe agonizante. Oh, as garras tinham aberto quatro rasgos no ventre, por onde as vísceras saíam! Ela estertorava, revirava os olhos, segurava os próprios intestinos com as mãos, e havia sangue, muito sangue! Suas últimas palavras: “por que não funcionou?”. Eu odiei a criatura, gritei para a noite estrelada, chorei por meus pais… E voltei para a aldeia sem o Nairun.
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    O Caminho do Warlock (um conto de Novera) Empty Re: O Caminho do Warlock (um conto de Novera)

    Mensagem por Lucas Corey Seg Ago 10, 2020 11:21 pm

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    PARTE II - O fim da infância


    Vou te poupar dos detalhes de como o lado élfico da família recebeu a notícia e saiu no meio da noite para resgatar os cadáveres. Todos na aldeia ficaram muito consternados e tristes pelo ocorrido, e os corpos deles foram velados no templo até o fim da tarde, quando fizeram o sepultamento. Ao cair da noite, eu quis sair de novo à procura do Nairun, mas meus tios mandaram esperar pelo dia seguinte.

    Procurei o lobo três dias consecutivos, junto com meu tio e primos, mas não havia rastreador muito bom entre nós. Na noite do terceiro dia, ao retornarmos para a aldeia, encontramos tudo em rebuliço. O Nairun havia aparecido por lá enquanto o buscávamos na floresta, mas estava ensandecido! Mordeu três aldeões (dois deles, crianças) e foi morto a flechadas antes que atacasse mais alguém. Nem vou dizer como reagi a mais essa perda trágica e revoltante!

    Logo surgiram boatos de que o mal misterioso era obra de algum Demônio das Sombras ou de adoradores da Mácula que tinham corrompido aquele lobo perfeito. Também teve quem dissesse que o culpado devia ser Arharat’ay, um gnomo que vivia isolado na parte mais escura da floresta e tinha fama de louco. Os boatos viraram quase histeria coletiva nos dias seguintes, quando os três elfos mordidos por Nairun sofreram males parecidos com os da doença: aversão à luz, confusão mental, dificuldade para engolir comida e água, paralisia da mandíbula, salivação excessiva. Um druida muito velho e sábio veio de longe para cuidar do caso, mas chegou quando os três já estavam moribundos. Nada pôde fazer.

    Eu passei por esses dias quase como se também estivesse enfermo: comia pouquíssimo, sentia angústia constante no peito e formigamento nas mãos. Tinha acessos de fúria e descarregava quebrando objetos e galhos de árvore. Depois, me prostrava horas a fio numa tristeza profunda, e nada fazia além de chorar ou de mirar o vazio. Não bastassem as perdas emocionais gigantescas, o mundo tinha deixado de fazer sentido. Eu me recusava a orar para os deuses e esperava ansiosamente que o velho druida descobrisse quem era o cultista ou demônio responsável por tudo aquilo. Eu queria que matassem ou prendessem o culpado, queria o mundo de volta aos eixos, queria justiça, JUSTIÇA! Bem, na época, eu acreditava nessas coisas...

    Quase enlouqueci nos vinte e dois dias seguintes. Vinte e dois dias! O tempo que demorou para o druida velhote anunciar a conclusão de suas investigações para os moradores de Niri, todos reunidos na praça em frente ao templo. Ah, você nem imagina qual foi a resposta! Ele disse que não havia nem adoradores da Mácula, nem ação demoníaca, nem maldição ancestral envolvidas. Era uma doença nova, que tinha surgido naturalmente ou que existiu por algum tempo entre certos animais antes de passar para lobos e destes para elfos. Um fenômeno natural, enfim. Com um semblante grave, mas um tom de voz otimista, o velho anunciou que já estava pesquisando a cura e, depois, desandou a falar sobre o "Ciclo Sem Fim de Vida e Morte", além de toda aquela conversa de "harmonia da natureza" que eu já tinha ouvido vezes sem conta.

    Me senti esgotado e vazio depois daquela assembléia. Perguntava para todo mundo como o deus da natureza podia criar algo assim. Uns diziam que "os caminhos dos deuses são misteriosos", outros falavam em provações e resignação, e a maioria culpava os orcs e humanos, os quais "usam a natureza como recurso" e "desrespeitam a natureza por ganância". Todos repetiam a ladainha do Ciclo Sem Fim, e alguns usavam palavras mais poéticas que outros.

    O esgotamento foi se transformando em inconformismo, e o inconformismo virou revolta. Mas, durante anos, meus únicos atos de revolta foram abandonar a religião e ficar em silêncio: eu só falava quando alguém se dirigia a mim. Passaram a me considerar uma pessoa taciturna e estranha, mas ninguém reclamava porque sabiam o motivo de eu ter ficado daquele jeito. Ou, pelo menos, sabiam metade do motivo...

    Quando eu já tinha uns 17 ou 18 anos, e morava com meus tios, ouvi uma conversa durante o jantar sobre Arharat’ay, o gnomo louco que, inusitadamente, tinha aparecido perto da aldeia e travado uma conversa esquisita com uns coletores de frutos. Quando contaram o teor da tal "conversa esquisita", eu achei que as palavras do gnomo tinham lógica, mas continuei mudo.

    Na mesma noite, quando todos já tinham se recolhido, peguei alguma comida na dispensa e fui até minha antiga casa, ainda desocupada. Lá, juntei várias coisas que eram dos meus pais; coisas úteis para sobreviver no mato. Fugi de Niri em direção à parte mais escura da floresta.
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    O Caminho do Warlock (um conto de Novera) Empty Re: O Caminho do Warlock (um conto de Novera)

    Mensagem por Lucas Corey Ter Ago 11, 2020 10:07 am

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    PARTE III - Rito de passagem

    Já não me lembro se encontrar Arharat’ay foi fácil ou difícil, nem quanto tempo levou. Não me olhe assim, como quem diz: "rá rá, vocês vivem muito mas esquecem da maior parte"! Esquecemos mesmo, ora essa, como vocês também se esquecem da maior parte do pouco que vivem. Aliás, se você tivesse minha idade, não lembraria nem da metade do que eu lembro, pois a mente humana não se moldou para uma vida tão longa. Não que boa memória seja uma vantagem fenomenal, na verdade, mas tem utilidade e ainda ajuda a dar a sensação de que as coisas que nos acontecem são importantes… E aqui estou eu divagando de novo, ha ha ha!

    Enfim, Arharat’ay correspondia ao que eu sempre tinha ouvido sobre gnomos: um nanico magricela muito agitado, loquaz, com aqueles olhinhos brilhantes das crianças que estão sempre curiosas, sempre querendo inventar coisas novas. À primeira vista, não tinha nada de diferente nele, a não ser a excentricidade de viver como eremita. Só quando visitei a caverna comecei a ter noção do conhecimento que o diferencia dos seres comuns.

    É, ele mora numa caverna enorme que existe no sopé da Pedra Pontuda, um morro de rocha maciça bem no meio da parte mais escura daquela floresta. Mas ninguém nunca soube da caverna porque muito poucos vão até aquele lugar e também porque ele camuflou a entrada com uns desses rituais de ilusão em que os gnomos são exímios.

    "Antes de te contar minhas descobertas, vou mostrar os fatos", foi o que ele disse ao revelar como se entra lá. A caverna é majestosa, mas vale muito mais por ser a primeira câmara de um sistema de cavernas que se estende por léguas. E as câmaras mais profundas, centenas de metros abaixo, ah..., são essas que escondem verdades esquecidas!

    Lá, eu vi fósseis de centenas de tipos de criaturas inacreditáveis, impossíveis, que habitaram nosso mundo há muitas, muitas eras atrás. Um tempo anterior aos humanos, anões, elfos, gnomos… tempo em que talvez nem mesmo os dragões existiam! Ou será que os dragões já foram bichos de estimação delas? Ha ha ha ha…

    Depois, Arharat’ay me mostrou papiros, pergaminhos e tabuletas de argila com inscrições antiquíssimas, as quais ele tinha coletado em viagens por Ankhanaton, Jing-Kai e tantas outras terras distantes. Sábios com reputação de insanos haviam escrito fragmentos da história perdida dos Grandes Antigos que aqui viveram. Esses seres foram senhores do nosso mundo por um tempo incomensurável, mas uma guerra generalizada, um cataclisma cósmico, ou talvez as duas coisas juntas, levaram uma grande parte deles à morte, enquanto os outros voltaram para seu Plano de Existência original.

    Só aí eu comecei a entender bem o que chamam de natureza e os tais "deuses" que veneramos. Ou melhor, foi somente aí que eu comecei a ter uma consciência mais articulada do que já tinha intuído antes.

    Mas Arharat’ay disse que eu ainda estava só arranhando a superfície do conhecimento ancestral a ser aprendido e que, para saber mais e poder mais, eu teria de acessar diretamente a fonte. Me contou também seu nome de nascença (muitos nomes e apelidos, como é costume da sua raça), mas que abandonou todos eles depois de pactuar com a entidade chamada Arharaty. E perguntou: "Quer ser meu discípulo? Aprender a se conectar aos Grandes Antigos?". Óbvio que aceitei.

    O aprendizado demorou anos, bem mais do que pensei. Éramos dois ermitões vivendo à parte do mundo civilizado para melhor entender o cosmos e a natureza viva. Nunca mais conversei com qualquer habitante de Niri, mas fui visto umas poucas vezes na mata, vestido com peles de animais e usando barbas longas. Muito tempo depois, eu soube que também tinha ganhado fama de louco, o que não foi surpresa nenhuma.

    Enfim, após anos de rituais, estudos e meditação, consegui me conectar com Xhazah, conhecido como A Trindade Profana, o Grande Arauto, o Coletor de Mentes! Nem meu Mestre sabia da existência dessa entidade, e ficou exultante e orgulhoso quando eu finalmente consegui. Agora, faltava só o pacto!

    Foi numa noite de lua cheia e céu claro, quando certos astros estavam apropriadamente alinhados, que realizei o ritual. Uma grande pedra achatada, cheia de símbolos entalhados por meu Mestre Arharat’ay, era o altar. Escolhi como oferenda um filhote de owlbear. Usei a adaga no momento preciso, entoei o cântico com ritmo e pronúncia perfeitas, pintei símbolos em meu rosto e torso com o sangue do sacrifício.

    Então, aconteceu: foi como se eletricidade passasse por meu corpo e metal derretido fluísse em minhas veias! Todos os músculos doeram absurdamente, latejaram, e eu queimei por dentro! O sofrimento do owlbear sacrificado não foi nem a sombra do meu sofrimento. Mas valeu! Ao transcender a dor, minha mente vislumbrou as milhares de mentes que formam a consciência do Grande Xhazah, e me perdi naquela perplexidade e fascinação por longo tempo. O transe acabou quando a luz do sol bateu no meu rosto, e meu Mestre exclamou: "Seu aprendizado está completo. Erga-se, Mestre Xhazah’ay"!
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    O Caminho do Warlock (um conto de Novera) Empty Re: O Caminho do Warlock (um conto de Novera)

    Mensagem por Lucas Corey Ter Ago 11, 2020 10:58 am

    O Caminho do Warlock (um conto de Novera) 1391d0cd17632b73147069dd22100bf2

    PARTE IV - Epílogo: ameaça em Selveeria

    Tornei-me um Mestre da Bruxaria, um Warlock, mas esse não foi o fim da minha jornada por conhecimento e poder. Foi só o ponto de partida para a etapa mais longa da jornada, aquela que eu iria percorrer com minhas próprias pernas. Saí da caverna e viajei pelo mundo.

    Nas muitas décadas de andanças, cresci em conhecimento, sabedoria e poder! Nas noites de lua cheia, realizo rituais de sangue para renovar o pacto. No início, eu tinha de sacrificar pequenos animais, como galinhas e coelhos, ou filhotes de animais grandes. Conforme evoluí, precisei sacrificar animais maiores, como carneiros e vacas. Aí chegou a vez das feras, começando com lobos, depois tigres, depois ursos. Tive então de passar para as criaturas mágicas, como pégasus, grifos, embora minha preferência continue a ser os owlbears. Agora… bem, chegou a hora de sacrificar criaturas inteligentes. E é aí que você entra.

    Agradeço por você ter me trazido aqui, ao coração da Grande Floresta de Selveeria. Vim para descobrir de uma vez por todas se essa floresta é consciente ou não, como afirmam os rumores. Isso é de suma importância, pois o Grande Xhazah é o Coletor de Mentes! Consumir a consciência coletiva de milhões de plantas e animais de uma vez só dará a ele o poder de voltar a existir em nosso Plano. Então, ele será capaz de dilatar os domínios do Grande Vórtice até abranger o mundo inteiro, abrindo caminho para o regresso dos Grandes Antigos.

    Você tem sorte de não ver isso. Não está preparado para transcender sua forma, como eu e alguns outros bruxos estamos. Minha adaga será rápida, não se preocupe. Sei que você é corajoso, já que não chora, mesmo aí amarrado e com a boca costurada. E não pense que foi por maldade que eu costurei. Nunca faço maldades. Foi só necessário. Não posso correr o risco de você me rogar uma maldição bem na hora do sacrifício. Então, confie: será melhor para você morrer agora, e eu terei a oferenda desta noite. Uma mão lava a outra, ha ha ha ha…

    Ainda acha que sou louco? Claro que acha. Mas sua ingenuidade é que é sintoma de loucura, ranger. A loucura de não querer ver.

    Hmmm… vejo que o brilho da lua cheia já está sobre nós. Hora de começar!
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