Piratas! Temporada 1

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ILHA DE TOROA

Charlote olhava ao seu redor assustada, enquanto se esforçava em manter a bolha de ar que as protegia de se afogarem. Sua mãe Norna estava ali, do seu lado, o que trazia um pouco de conforto... porém a ideia de que o tsunami tinha trazido desastre para as outras pessoas da vila não lhe saia da cabeça.

Kana também observava a amiga, ainda sem acreditar no que estava acontecendo. A possibilidade de que Charlote tivesse obtido algum dom das lendárias frutas do diabo podia explicar seus poderes, mas quando ela teria ingerido, e em que circunstancias? Só lhe restava acalmar a garota até que o mar voltasse para seu lugar correto.

E isto não demorou muito a acontecer. A força do grande tsunami já tinha se acabado, e agora as aguas corriam de volta para o oceano tão rápido quanto saíram, carregando uma grande quantidade de detritos... Sujeira, pedaços de arvores e construções... E infelizmente corpos de animais e... pessoas.

Logo Charlote pode dispensar a bolha de ar, e uma grande quantidade de agua começou a entrar na área, chegando ate os joelhos. Kana, Charlote e Norna se aproximaram dos corpos, receosas.

Alguns dos cadáveres usavam as roupas de piratas, mas infelizmente, haviam também moradores. Parecia que os membros do conselho que acompanharam Norna durante a negociação com os piratas não tiveram tempo de fugir.

Norna se ajoelha nas aguas que ainda fluíam em direção do mar.

“Vincenzo, Aaron... Meus amigos... Que tragédia...”, lamenta.

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ILHA DE TOROA

Toda aquela situação era um catástrofe atrás de outra, e Charlote e Norna lamentam as perdas. Kana também compartilhava as perdas, mas com a mente mais racional, urge as outras a agir, já que pessoas feridas precisavam de ajuda.

As três se põem a caminho em direção ao centro da vila, passando pela grande quantidade de entulho e sujeira que tinha se tornado a área portuária. Felizmente a maior concentração da população da ilha de Toroa se localizava em um local mais alto, e portanto a grande maioria tinha sobrevivido ao Tsunami. Porem em nada isto diminuía a dor daqueles que tinham perdido entes queridos que moravam próximo do porto.

Muitas pessoas ficaram felizes com a presença de Norna, Kana e Charlote, porem a morte dos outros dois conselheiros trouxe novamente uma nota de tristeza entre os sobreviventes. Kana foi para junto de seu tipo Takashi tentar aliviar as dores dos feridos, enquanto Norna e Charlote acalmavam os moradores desesperados que tinham perdido suas casas.

Porem a revolta era muito grande! Um dos moradores mais exaltados subiu em uma pedra, e começou a atiçar o povo descontente.

“O que fizemos para merecer isto? Quem nos protege? Quem é o culpado? Pois eu digo quem é o culpado... É Nindassus, o deus dos Oceanos e dos Mares! Nós preparamos tudo para a festa em sua homenagem, nós o cultuamos, e o que recebemos em troca? Piratas e uma gigantesca onda do mar! Como é possível explicar um Tsunami dessas proporções, senão uma vontade divina de nos destruir? Não faz sentido seguirmos uma divindade que quer nos destruir, mesmo depois de o adorarmos! Vamos destruir o templo de Nindassus, e cultuar um deus que nos proteja de verdade!”

As palavras de Barok espetam fundo na alma de Charlote, que devido a sua conexão maior com a agua, podia sentir a mesma carregando os cadáveres para o mar. Kana, que também estava próxima, pressente o mesmo clima de hostilidade que estava presente com os piratas, e que invariavelmente levava a violência.

O clérigo de Nindassus, Alek, ergue os braços tentando acalmar os ânimos da população.

“As coisas não funcionam desta maneira, Barok! A vontade divina funciona além do racional humano, e se o que aconteceu, aconteceu desta maneira, era para não ocorrer de maneira pior...”

Barok fica mais enraivecido com estas palavras.

“Pior? Pior? Diga isto para aqueles que perderam seus pais e filhos! Se Nindassus não nos protege disto, para que serve ele então? Mas voce é claro esta do lado dele, e permitiu que algo assim acontecesse! Voce é tao culpado quanto ele!”

Barok pega uma pedra do chão e atira contra Alek, atingindo-o no braço. Infelizmente outros moradores estão prestes a seguir o exemplo...

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ILHA DE TOROA

Era um momento de grande tensão.

Uma parte dos moradores estava com as pedras na mão, e Charlote se interpõe a Alek, admitindo ser a causa do tsunami.

—Fui eu que causei isso…(Ela chora e a voz é trêmula)estavamos encurraladas na praia, os piratas levariam alguns como escravos!!! —Eles fariam coisas terríveis conosco...não sei explicar como, mas minhas mãos convocaram o Tsunami(Charlote está se sentindo terrível, mas aquelas pessoas estão arrasadas também)— Nindassus sempre cuidou da ilha, ele não tem culpa disso, talvez eu seja um monstro...eu não posso mudar o que aconteceu, mas se querem matar alguém...eu prefiro que façam isso comigo...

Repentinamente, em meio a multidão, gritos de “Aberração!” “Monstro!” “Matem o monstro!” As pessoas precisavam de um bode expiatório, e para eles Charlote passou a ser o alvo.

Kana, ao ver a disposição maléfica não somente de Barok, mas de muitos outros, se junta a sua amiga.

- Se vocês pretendem começar uma guerra entre si... saibam que já tem muita gente ferida e não teria medicamentos e nem kits de primeiro socorros para todos. - Kana encara Barok com um olhar mortal- E seria trágico se alguém morresse por uma ferida mal tratada, não é mesmo?

Barok se sente intimidado a principio, e olha para tras, em busca de apoio. Ao ver que grande parte ainda estava mobilizada, ganha coragem para retrucar.

“Então quer dizer que a sobrinha do curandeiro esta do lado do monstro? Esta querendo nos tirar a justiça de vingar os parentes mortos? Se não sair da frente, vai morrer junto com a aberração!”

Norna surge e em seu rosto havia grande raiva. Isto faz com que os ânimos diminuam, pois ninguém nunca antes tinha visto ela assim.

“Eu estive com os piratas, e eu vi e ouvi o que eles iam fazer com a gente! Aquela que vocês chamam de aberração, e que é minha filha, salvou a todos de um mal muito, mas muito pior! Querem matar alguém para saciar sua sede de vingança? Então matem a mim, pois eu sou a líder! Eu respondo pelos erros! Mas deixem as meninas partirem em paz!”

Ocorre um momento de silencio.

Então, subitamente, uma fenda se abre no chão. As pessoas ficam assustadas, gritando “terremoto!” “vulcão!”

Do buraco avermelhado expelindo gases fedorentos surge um demônio gordo! Ele era bem feio, cheio de bocas com línguas roxas mexendo de um lado para o outro, como se estivessem querendo saborear algo. Ele usava um chapéu de cozinheiro branco alto.

Do seu lado estava Shiva! A dona da taverna do alto da colina!

“Muito bem! Estou vendo que tem bastante tompero aqui! Quem que eu posso levar, Shiva?”

SHIVA idade: 25 anos Profissão: Cozinheira/ Imediato Altura: 1,65m Peso: 65 kg

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Shiva tinha passado por literalmente uma das piores competições que já passou na sua vida. Masterchef era fichinha perto de tudo aquilo que havia passado naquele inferno, mas agora estava de volta e poder respirar aquele ar de novo era ótimo.

Olhando ao redor, reconheceu apenas as duas jovens que havia visto através daquele espelho no inferno e ficou surpresa quando o chef começou a falar e que ela deveria escolher uma.

- Ah chef... sério? Bom tempero? O senhor mesmo não acha o meu melhor?

Ela tinha que escolher alguém que ele pudesse levar? Mas com qual propósito isso?

- Escolher alguém chef? Quer que eu escolha pra que?

E se por acaso ela simplesmente se voluntariasse de novo na esperança de salvar a todos? Não costumava ser um mártir para ninguém, principalmente para desconhecidos, mas o que poderia acontecer a ela sendo que já sabia o que esperar caso aceitasse? Se ela não conseguisse pensar em como ludibriar o chef, aquilo era uma possibilidade...