Capítulo 1: Retornando para casa:
Erik limpava o suor da testa enquanto cavalgava para o Oeste, e ao horizonte, ele já podia ver sua vila natal: Rorikstead.
Enquanto as imagens da vila enchem seus olhos, lembranças inundam sua mente.
...
Erik nunca conheceu sua mãe, Frida, apenas sabia através de seu pai que ela havia morrido ao lhe dar à luz, mas seu pai sempre cuidou dele. Mralki, como era chamado, era dono da taverna da vila, amigo pessoal de Rorik, fundador de Rorikstead.
Apesar de nunca ter conhecido sua mãe, Erik nunca passou necessidades, pois apesar de pequena, a vila de Rorikstead era conhecida como a vila com o solo mais fértil de toda Skyrim (sendo que outras cidades maiores chegavam até mesmo a pagar para comprarem seu rico solo), então, comida e clientes não faltavam. Erik trabalhava nas plantações de seu pai, mas seu coração era o de um aventureiro, e ao passar a adolescência, o jovem começava a achar a vida de fazendeiro entediante. Erik sonhava em deixar a vila e trabalhar como espadachim de aluguel, conhecer novas terras, novas pessoas, enfrentar bestas selvagens, desbravar tumbas antigas, descobrir segredos há muito perdidos e quem sabe salvar uma ou duas donzelas em perigo, mas seu pai jamais o deixaria partir e ele não seria capaz de juntar sozinho uma quantia suficiente de dinheiro para comprar o equipamento que a vida de aventureiro exigia. Tudo isso mudou quando, há alguns meses, um guerreiro errante o ajudou a comprar uma armadura e foi a primeira pessoa a contratá-lo. Mais tarde, Erik descobriria que ele não era um mero aventureiro, e sim aquele que agora era conhecido como Dovahkiin, ou Dragonborn, o herói de Skyrim. Erik se aventurou com ele por algum tempo e aprendeu muito, mas eventualmente, decidiu que deveria construir seu próprio legado e amistosamente se despediu do Dragonborn.
Erik é então tirado de seu torpor por Sofie, sentada na sua frente, também no cavalo.
- É... é mesmo lindo, Erik! Eu nunca havia visto pastos tão verdes antes. Lá em Windhelm só havia neve, pedras... e mais neve.
Erik conheceu Sofie em Windhelm, logo após se separar do Dragonborn ao final da Guerra Civil. Ele perambulava pelas ruas da cidade em uma noite fria, quando encontrou a criança dormindo no chão de pedra. Ele estremece só de pensar no que poderia ter ocorrido com a menina se ele não tivesse chegado a tempo. Ela era uma órfã, sua mãe morreu ao lhe dar à luz (assim como a de Erik) e seu pai faleceu lutando pelos Stormcloaks. Desde então, a menina vinha vendendo flores para conseguir dinheiro para a próxima refeição.
O estado e a história de Sofie partiram o coração do jovem e ele decidiu adotá-la. Mas havia um problema... Erik não possuía residência, e levá-la em suas viagens seria tão perigoso quanto deixa-la dormindo no relento na neve.
O nórdico então decide leva-la até sua antiga moradia (seu pai talvez precisasse de um par extra de mãos agora que o filho o havia deixado para se aventurar em Skyrim, em troca, a menina teria um teto sobre sua cabeça, comida e um lugar para chamar de lar).
- É aqui, Sofie! – Dizia Erik, apontando para a estalagem “Frostfruit Inn”.
Erik descia do cavalo, ajudava a menina a descer, então amarrava sua cela em algum local seguro, para depois guiar a menina para dentro. Ela estava tímida e ele teve de guia-la pela mão.
- Não se preocupe, meu pai é legal, você vai gostar dele!
- Mas... e se ele não gostar de mim?
- É claro que ele vai gostar, vamos!
Ainda era cedo da manhã e não haviam muitos clientes, mas seu pai estava lá, como se Erik nunca tivesse ido embora.
Mralki olha para ele ao entrar pela porta, esperando que fosse mais um cliente, mas seus olhos brilham ao ver seu filho novamente. O homem não consegue conter sua excitação e deixa seu posto de trabalho para ir correndo abraçar Erik.
- ERIK! Filho, eu senti tantas saudades! Eh...- Então ele se atrapalha ao ver a menina que segurava a mão do filho. - Hã... você não esteve fora tempo suficiente para ter uma filha dessa idade...
O rosto de Sofie corou, e Erik riu por dentro.
- Pai, esta é Sofie, eu a encontrei em minhas viagens. Ela não tinha onde morar, então eu pensei... bem... ela poderia lhe ajudar em seus afazeres enquanto eu estiver fora! A propósito, este é Mralki, meu pai!
Mralki franze as sobrancelhas, como que pensando no que dizer. É um instante que apesar de durar alguns segundos, parecia durar uma eternidade.
- Bem... eu devia saber que você não estava voltando para ficar- Então ele se dirige à menina – O que você sabe fazer, menina?
Novamente, Sofie corava. Erik percebeu que deveria interceder por ela.
- Pai, ela vendia flores, mas tenho certeza que se esforçará em qualquer tarefa que dê a ela!
- Hum... veremos. Seu quarto está vago, mas duvido que esta mocinha tenha força suficiente para auxiliar na horta tão bem quanto você fazia. Talvez ela possa me ajudar na cozinha, sinto falta de alguém que cozinhe desde que sua mãe...- A frase era interrompida, como se o homem engasgasse.
A apresentação não saiu tão bem quanto Erik esperava, então ele decide ficar por alguns dias e ver como Sofie se saía.
Mais tarde, Erik mostrava à menina seu novo quarto.
- Erik... a...acho que ele não gostou muito de mim!
- Naaahh, ele é assim mesmo. Pode ter certeza de que se ele não tivesse gostado, eu saberia! Não se preocupe com ele, ele pode ser carrancudo às vezes, mas tem um bom coração. É mais provável que apenas esteja triste por eu não ter voltado para ficar!
- Você poderia... digo... poderia ficar? Pelo menos por algum tempo, até que eu me acostume?
- É claro, pode deixar que você não ficará desamparada!
- Obrigada – diz a menina, e Erik teve a impressão de ver uma lágrima querendo sair do olho da garota – Sabe, eu gostaria de lhe agradecer. Não é muito, mas é tudo o que tenho!
Então oferecia a ele uma flor azul da montanha.
- É linda! Obrigado!
Então ele se ajoelha e beija a testa da menina, que o abraça.
...
Enquanto recolhia as coisas para fechar a estalagem, Mralki ouve o som de alguém se aproximando. Era Jouanne Manette, o mago da vila, amigo de Rorik. Sua súbita aparição era tão assustadora quanto sua face saindo das sombras.
- Noite feliz, Mralki? O bom filho à casa torna!
- Ah sim, estou muito feliz. Mas infelizmente ele não veio para ficar.
- Entendo. Felizmente ele trouxe consigo alguém!
- Ah sim, a menina...
- É, uma jovem e adorável menina! Justamente o que precisávamos para a próxima colheita!
Mralki se assusta com o que havia ouvido.
- Você... você está pensando...?!
- Ah, vamos lá, Mralki, uma alma pura é algo raro hoje em dia. Tivemos sorte dela ter aparecido por aqui, assim poderei continuar treinando Sissel por mais uma temporada!
- Fale baixo, meu filho está no quarto. Se ele ouvir o que você está falando...
- Ah sim, o pobre e inocente Erik. Ele já tem idade o suficiente para conhecer o segredo da vila, não acha?!
-... Não, e eu gostaria que ele permanecesse longe disso, principalmente agora que você deseja usar a menina que ele acabou de salvar para...
- Pai, ela capotou como uma pedra na minha cama, acho que vou ter que dormir no monte de palha! – Mralki se assusta ao ouvir a voz do filho, mas felizmente, parece que ele não havia ouvido nada de mais.
- Ah... claro, filho, pode indo!
- Certo, pai. Ah, boa noite, senhor Jouanne!
- Boa noite, Erik!
Então, o mago deixava a estalagem, enquanto Mralki o seguia com os olhos, pensativo, e falava para si mesmo:
- Ah, Frida, que os Nove não permitam que essa menina passe pelo mesmo que você passou!
OBS:. A história é baseada no game "Elder Scrolls V: Skyrim" e tem como base uma das maiores teorias de fãs sobre o jogo (envolvendo a cidade de Rorikstead). O protagonista do conto "Erik, The Slayer", bem como a maioria dos personagens e locais na história são apresentados no game.