- Esperta, prática, pragmática. - ele responde a pergunta dela sem rodeios, era libertador se desfazer daqueles preconceitos, definitivamente não funcionava pra ele, pelo menos não com as primas que foram praticamente criadas junto dele, nenhuma atração por Line ou Kandice, definitivamente nenhuma.
- Não, ela contou a história quando eu e Shaw fomos atrás de saber o que tinha acontecido com a mãe dele, talvez ela tenha omitido um detalhe ou outro, tipo ele ser meu pai biológico e… - a voz subia pra um tom piadista como era de se esperar ele defletindo as coisas com humor, mas ele não termina - Eu não sabia, mas ninguém fica assim até o fim se não for alguém muito importante, isso explica um monte de coisa. A provocação do Asa Negra, o rancor pela Amy, o desespero quando eu era um Caça nas Trevas… - ele parecia poder continuar dando motivos e razões, mas preferiu o silêncio.
Quando ela oferece pra mostrar as fotos ele meneia a cabeça que sim, ele chega mais perto - Eu lembro dele, quando eu era criança, lembro do Stuarts, lembro de um monte de pessoas que eu não consigo ligar os nomes, rostos que eu não vejo mais por aí. - a voz cheia de tristeza, uma tristeza que Sam talvez não fosse capaz de compreender. - Mas não culpe o cara, ele tava numa missão, numa missão sagrada, eu sei que você não entende isso, espero que nunca venha a entender na real. - o desejo verdadeiro, ele vira o rosto sentindo todo o peso daquilo, só pra então em seguida ver o canino e a dog tag que havia dado pra Sam - Anda com isso escondido, não é seguro. - nenhuma repreensão, mas o tom era de aviso, ele toma tanto o canino quanto a dog tag em mãos e solta por dentro da camisa dela.
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Encostar a cabeça dele contra a barriga dela faz o corpo dele todo tremer, a coloração vermelha da pele e a temperatura como se ficasse febril, ele parece incapaz de responder as palavras dela, ele segura uma tábua do píer com uma mão dá pra sentir a coisa tremer pelos pés a outra mão fica sobre a lateral da barriga de Samantha, tão leve que quase não dá pra sentir, as lágrimas começam a verter, incontroláveis, toda a situação da própria vida agora doía tanto, a solidão mais ainda, logo dá pra ouvir barulho dos dedos entrando na madeira são seguidos por um barulho maior ainda de um naco da mesma saindo na mão, até que finalmente tudo para, a mão do chão se solta e dela cai madeira esmigalhada, tudo que sobra é o gigante chorando de soluçar abraçado na barriga de Samantha, a cor dele parece normal, o corpo não treme mais, os dedos sangrando e cheio de farpas são visivelmente empurradas pra fora pela própria carne.
Ele se levanta e olha pra Sam, uma linha molhada no rosto, os olhos vermelhos meio arregalados, mas que parecem cheios de propósito renovado, uma mão não descola momento nenhum da barriga dela, a outra ele limpa o sangue na calça e toma o rosto dela com carinho - Se você não liga da gente ter transado e sabe que eu daria minha vida por essas crianças o que muda entre nós? Só a verdade? - ele parece confuso tanto quanto deveria estar, mas alguma coisa desde que ela havia tocado a barriga dela na cabeça tinha mudado, as lágrimas se secando faziam o olhar dele parecer mais lúcido.
| Connor Mcleary
-Essência: 7/11 -Dano: 0/12 |