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Natureza: Solitário
Comportamento: Excêntrico
Essência: Primordial
Tradição: Oradores dos Sonhos
Conceito: Estudante de Letras/Rato de Livros
Atributos Físicos (5)
Força 2
Destreza 4 (Esgueirar)
Vigor 2
Atributos Sociais (3)
Carisma 2
Manipulação 2
Aparência 2
Atributos Mentais (7)
Percepção 4 (Intuição)
Inteligência 3
Raciocínio 3
Talentos (5)
Prontidão 1
Consciência 2
Lábia 2
Perícias (9)
Condução 1
Ofícios 2 (Artesanato)
Meditação 3
Sobrevivência 2 (Floresta)
Armas Brancas 1
Conhecimentos (13)
Acadêmicos 2
Cosmologia 3
Enigmas 2
Linguística 2 (Francês, Algonquino)
Ocultismo 4 (Fadas)
Esferas (Focos)
Espírito 3 (Tabaco)*
Primórdio 2 (Poemas)*
Forças 2 (Cânticos algonquinos)*
(*) Emblema de Koth é o foco usado para magias que causam dano em seres vivos ou em espíritos, de qualquer Esfera. Esse é um foco único, pois o Emblema foi entalhado na parte interna de um medalhão de madeira feito pelo próprio Ronald. O medalhão é um disco de madeira que representa o Pássaro-Trovão das tradições indígenas norte-americanas, mas essa figura serve apenas como um disfarce para o Emblema que está na parte interna, oca, do medalhão. Essa parte oca fica entre dois discos de madeira colados um no outro. É nesse Emblema soturno e oculto que Ronald se concentra quando deseja ferir, causar dor ou debilitar um ser vivo ou um espírito.
Rotinas
Selo de Koth (Espírito 2)
Ritual: o mago usa seu próprio sangue para desenhar o Emblema de Koth no batente superior da porta principal de uma residência, escritório, depósito ou de qualquer outro espaço fechado, enquanto murmura um encantamento. O Selo afasta espíritos (inclusive Malfeas que temem o símbolo) e viajantes da Umbra. O efeito termina quando a porta for aberta, sendo necessário refazer o ritual caso se queira restaurar a proteção.
Fagulha do Pássaro-Trovão (Forças 2, Primórdio 2)
O mago opera um Caos Elétrico no alvo. Se o alvo for uma máquina, Ronald usará um cântico algonquino como foco. Se for um ser vivo ou espírito materializado, ele usará como foco o Emblema de Koth.
Novo Escudo Medecolin (Forças 2)
Os algonquinos contam que, antes dos colonizadores chegarem, os Medecolin (magos poderosos) criavam pequenos vórtices de ar que rodopiavam em volta deles para desviar flechas. Mas o efeito não funcionava bem com projéteis de armas de fogo. Os Medecolin não se intimidaram: criaram uma versão mais sofisticada da rotina, a qual cria um campo de força em volta do mago que, agindo diretamente sobre a energia cinética das balas, desvia suas trajetórias.
Saudade dos Jardins Perdidos de Zaïs (Primórdio 2 Espírito 2)
Ao invocar a lembrança desses jardins onde nunca esteve (um domínio do Sonhar? um Reino Fragmento?), Ronald altera seu padrão de modo a sintonizar-se mais facilmente com espíritos e regiões umbrais. Qualquer magia da Esfera Espírito que ele lançar sob efeito dessa rotina terá dificuldade reduzida, exceto no caso de magias que causem dano ou que aprisionem espíritos.
Antecedentes
Sangue de Fada (Andanças 1, Ator 1)
Avatar 3
Sonhos 2
Arcano 1
Recursos 1 (vive de mesada)
Arete 3
Força de Vontade 7
Quintessência 3
Ressonância: Entrópica (Dzannin; Morbidez) 1
Pontos de Bônus
Membro em Aprovação (-4 pontos)
Arete +2 (8 pontos)
Força de Vontade +2 (2 pontos)
Memória Eidética (2 pontos)
Esfera Espírito +1 (7 pontos)
História
“Você é um aluno inteligente, mas relaxado”. Isso é o que os professores de Ronald costumam dizer, desde o ensino fundamental. De fato, ele estudava só o mínimo do mínimo necessário para ser aprovado sem precisar de recuperação, mas isso não significa que ele gastasse seu tempo com esportes, namoricos, videogames ou televisão. Pelo contrário, ele saía muito pouco de casa, não era popular, não gostava de esportes e nem de jogos. Lia todos os dias, várias horas seguidas, mas só o que lhe interessava: arte, literatura, mitologia. Daí que suas notas só eram boas (na verdade, excelentes) nas disciplinas relativas a esses assuntos.
Ele tinha gosto e inclinações fora do padrão da maioria, e, de certo modo, isso fazia dele um rebelde. De nada adiantava que seus pais cobrassem melhor desempenho escolar, aplicassem castigos, e nem que rogassem para ele praticar esportes, fazer amigos e sair de casa. Ele era irredutível em só fazer o que era do seu interesse e ainda tinha pouca disposição para cultivar amizades. “Esse menino vive em outro planeta”, sua mãe exclamava. De certo modo, isso era verdade. Ronald não se sentia parte deste mundo, então se refugiava na literatura.
Despertar
Não admira que seu Despertar tenha ocorrido por meio dos livros. O processo começou quando ele leu O sol também se levanta, de Ernest Hemingway. Esse livro o incomodou e irritou porque o autor apresentava a tauromaquia, ou seja, a tourada, como uma forma de arte. Ronald sentia repulsa pela tourada por considerá-la um esporte cruel, um espetáculo de sadismo. Chamar isso de “arte” e tecer elogios a um toureiro só porque ele tem destreza para evitar os ataques do touro por meio de movimentos elegantes era algo que Ronald considerava tolo, sem sentido, além de desumano. “Crueldade com animais não tem nada a ver com arte”! Ele jogou o livro de lado, pois não queria terminar de ler. Mas não conseguiu evitar…
Ronald já não prestava atenção aos dramas dos personagens, só aos comentários sobre tauromaquia e sobre a Festa dos Touros. Quanto mais imaginava os tormentos do animal, mais se sentia enraivecido pela covardia e pelo sofrimento sem propósito, mas, ao mesmo tempo, mais fascinado e compelido a ler ele ficava. Quando terminou a leitura, ele se perguntou de onde poderia ter vindo aquela curiosidade mórbida, e cogitou se a morte e a crueldade, sendo inerentes à vida, não são também inerentes à arte… Depois de tal ideia lhe passar pela cabeça, perdeu a capacidade de dormir! Foram vários dias consecutivos sem conseguir pegar no sono, e nem mesmo os calmantes receitados por médicos eram capazes de findar aquela crise de insônia aguda.
A cura, incrivelmente, veio também dos livros. No terceiro dia sem dormir, ele começou a ler uma coletânea de obras de Lord Dunsany, e sua mente mergulhou nos mundos de fantasia desse autor como nunca acontecera antes com qualquer livro. Leu de forma quase ininterrupta por dois dias, e então pegou no sono… por 36 horas seguidas!
Acordou perturbado pela lembrança dos muitos e muitos sonhos diferentes que tivera, alguns maravilhosos, outros horripilantes. E, dali em diante, ele nunca mais foi o mesmo, pois uma intuição persistente lhe gritava que o mundo acessível aos nossos sentidos é apenas uma fina camada de realidade acima e abaixo da qual infinitas outras coexistem, realidades acessíveis pelos sonhos. Achou que estivesse ficando louco, mas um amigo da família, de nome Opechancanough Pamunkey, mas chamado de “Paul” pelos amigos, veio em seu socorro.
Paul, que conhecia os pais de Ronald desde antes que ele nascesse, era um xamã da tribo Pamunkey e também um mago dos Oradores dos Sonhos. Quando visitou a família após a crise de Ronald, percebeu que o garoto havia despertado, o que deixou Paul muito feliz. Assim, eles se tornaram Mentor e Discípulo e, em tempo curto, bons amigos.
Como estudioso de magia e ocultismo, Ronald era o oposto do que sempre fora no “sistema de ensino mundano”, conforme ele dizia. Afinal, aqueles eram assuntos que o interessavam acima de tudo, e então ele se empenhava com afinco, lendo tudo o que lhe era indicado e ainda mais, além de praticar sempre que podia. Ronald procurou se empenhar até mesmo nas atividades que não tinham relação direta com a magia, mas que Paul considerava imprescindíveis para um xamã: o estudo da história e cultura nativas e sobrevivência na floresta. De fato, eles acampavam quase todo final de semana.
A única dificuldade que Ronald tinha era lidar com rituais e magias que usavam sacrifício de pequenos animais como foco. Ele não gostava de matar animais e, ao mesmo tempo, sentia uma curiosidade ou atração mórbida por esse tipo de ritual. Até conseguia ser bem-sucedido nessa prática, mas costumava gerar uma ressonância Entrópica bastante mórbida e angustiante. Paul achou que era melhor deixar a prática desse tipo de ritual para mais tarde do que seria o normal para um Orador dos Sonhos e ponderou que esse adiamento não faria grande diferença, já que Ronald se saía muito bem em todas as outras práticas.
Enquanto isso, as notas de Ronald no curso de letras da universidade eram tal e qual suas notas nos níveis inferiores de ensino: apenas o suficiente para passar sem necessidade de recuperação.
Ruptura
A relação Mentor-Discípulo permaneceu frutífera até o final do primeiro ano de Ronald na universidade. Nessa época, ele teve um sonho que envolvia o “Selo de Koth” e a “divina Nathicana”. Paul reconheceu o primeiro como o Emblema de uma entidade ou poder impessoal considerado maligno, e cultuado por uns poucos Nefandi. A segunda era um mistério completo. No sonho, Ronald tinha medo do Selo, mas sentia-se curioso para saber mais sobre aquilo (uma reação igual àquela que os rituais de sacrifício despertavam nele). Ficava dividido entre procurar a “divina Nathicana” ou aprender mais sobre o Emblema misterioso e assustador. Paul ficou consternado e preocupado, pois concluiu que Ronald estava dividido entre trilhar um caminho de luz ou enveredar para a morte e a loucura.
Paul imaginava que Nathicana fosse uma deusa ou espírito cultuado por tribos de índios americanos pequenas e já extintas, mas, após vários meses de intensa pesquisa ao lado de Ronald, descobriram que ela é uma fada quase desconhecida e, o mais surpreendente, que ela era a avó de Ronald por parte de mãe! Paul ficou decepcionado ao descobrir que seu discípulo não era um descendente puro dos nativos da América e que nem mesmo era puramente humano, mas jamais comentou isso com Ronald. Ainda assim, o rapaz percebeu uma diminuição no empenho de Paul como Mentor…
Apesar disso, o que levou os dois a romperem seus laços foi que Ronald continuou a sonhar com o Emblema de Koth e, ainda pior, Paul descobriu que o rapaz estava secretamente usando o Emblema como foco para magias de combate, ao invés de usar o Pássaro-Trovão das tradições dos algonquinos. Além de deixar de ser Mentor, Paul espalhou histórias sobre a “tendência Nefandi” de Ronald entre os xamãs dos Oradores dos Sonhos, isolando o rapaz da Tradição.
Desligar-se de seu antigo Mestre deixou Ronald extremamente inseguro quanto ao seu futuro, pois já não tinha alguém para ensiná-lo, e também preocupado com sua segurança física no presente, pois estava sozinho num mundo dominado pela Tecnocracia e onde havia muitos perigos de natureza sobrenatural. Concluiu que precisava integrar uma Cabala...
Paradigma
Ronald começou a elaborar seu paradigma por meio dos ensinamentos de um xamã, de modo que acredita no uso do fumo e de cânticos algonquinos como Focos eficazes em magias que lidam com Espíritos e Forças da natureza. Contudo, a partir do momento em que começou sua busca por Nathicana, e se viu também fascinado pelo Selo de Koth, começou a desenvolver rotinas próprias usando seus sonhos com a fada e o Emblema e também a musicalidade da poesia. Ele começou a perceber que pode fazer magia baseando-se em qualquer sistema simbólico, já que tudo depende mesmo de sua vontade e conhecimento, mas não consegue operar efeitos mágicos se os focos não estiverem relacionados a sistemas de magias bem conhecidos (como aquele ensinado por Paul) ou a elementos que toquem sua emoção, como a poesia e os sonhos. Por outro lado, embora Ronald se dedique quase integralmente ao estudo e prática da magia, essa atividade também tem um lado negativo e arriscado: sua ressonância é do tipo Entrópico e associado à “estação do Dzaninn”, uma era de estagnação e morbidez que atingiu os “jardins de Zaïs”, que são o “lugar” onde Nathicana vive (e que Ronald não sabe onde fica). Em termos práticos, sua ressonância Entrópica é mórbida, e pode levá-lo ao Jhor, mesmo não sendo ele um praticante de necromancia.