Kariane Himura
Aprendiz de detetive sobrenatural
Era bom de se ver que o mestre dos morcegos estava bem e que nada de ruim havia acontecido com ele por sua culpa, mas parecia que Yusuke estava feliz e orgulhoso de ver que ela havia aprendido o tal do leigan e que de tanto que fazia as caretas, Hiei ficava incomodado revirando os olhos.
Por alguns instantes ela, de pé, olhou para o céu, sorriu de leve e se permitiu fechar os olhos e apreciar a brisa do vento em seus cabelos. Aquela jornada estava apenas começando e pelo que tudo indicava, muitas emoções estavam apenas começando e mesmo sem saber onde tudo iria levá-la, um sentimento bom e de completude invadia o seu peito, como se finalmente sua vida estivesse começando a fazer algum sentido agora.
Os dias iam se passando e mais treinamentos até que algumas missões começaram. Inicialmente era bem diferente de ela ter mais uma atividade extra tirando a cafeteira e a escola. As vezes parecia muita coisa para ela dar conta mas algo dentro de si vibrava com essa agitação.
Quando conheceu mais amigos de Yusuke, se sentiu feliz e importante porque conhecer outras pessoas como ela não era algo que na sua vida havia acontecido antes e para quem havia se dedicado a se manter longe de qualquer tipo de contato como aquele era especial e grandioso. Sua vida tomava um outro sentido.
Depois de semanas em que se dedicava a treinamentos e missões acabou conhecendo um determinado amigo de Yusuke chamado Kurama. O que era aquele homem? O que era aquela aparência? O que era aquele jeito? O inexperiente coração da jovem chegou a dar uma cambalhota quando o viu pela primeira vez. Que sensação era aquela que sentia quando olhou para ele e quando esteve com ele em algumas missões? Nunca havia sentido algo como aquilo principalmente depois de ver uma pessoa pela primeira vez. Borboletas se agitavam no estômago, o coração batia mais forte e uma voz no seu interior gritava: “faça ele ser seu… custe o que custar..”
A voz crescia no decorrer de cada treinamento e missão é o que antes apenas provocava sensações em seu interior agora começava a falar, como se houvesse um outro lado dentro de si agora falasse com ela, dizendo em sua mente suas maiores vontades, que por acaso nunca havia externalizado. Essa voz criava força principalmente depois que havia conhecido ele, Kurama.
Era difícil manter a compostura e o controle quando aquela voz falava e falava cada vez mais. Em missões e treinamentos, essa voz que mais parecia ser parte de si como um grande instinto de sobrevivência as vezes lhe dava um pouco do medo. Talvez devesse voltar em usar certas técnicas de psicologia outra vez, mas agora em quem sabe conversar mais com aquela os e entender como lidar com isso. Parecia louco demais e insano demais…
Em uma noite, após o encerramento das atividades da cafeteria, Kariane organizava as coisas, terminava de fazer a limpeza e organizar as coisas do local, enquanto revisava algumas coisas para a aula do dia seguinte. Suas notas não iriam decair porque estava tendo mais uma atividade em seu currículo então continuaria sempre a estudar e se dedicar.
Enquanto organizava e aguardava algumas coisas atrás do balcão, ouviu um bater na citrino da loja, mas estava tão absorta em pensamentos e conversas com aquela sua voz que de cara não percebeu, mas quando as batidas continuaram, lá estava aquela figura ruiva do lado de fora. Seu coração rodopiou e aquela voz disse: “olha só… aquele gostoso do kurama está na sua porta..kkk… abra logo e vê se dessa vez você se atira nos braços dele, porra.. tá na hora de perder esse cabaço logo… não tô mais aguentando…” Esse tipo de comentário a deixava constrangida demais, mas não podia negar que aquela visita animara a noite.
Indo com um leve sorriso em seu rosto até a porta, ela abriu e o cumprimentou:
- Boa noite Kurama.. entre… posso servir algo para você? Um chá? Um café? – ela limpou as mãos no pano que ficava pendurado pelo avental sob o uniforme escolar e voltou para detrás do balcão antes da voz na sua cabeça voltar a resmungar: “quem sabe uma boa noite de sexo selvagem para começar… ele tem cara de quem fode bem.. e que você acha?” E tentando simplesmente ignorar aquela voz dizendo simplesmente em sua mente “chega, por favor”.
Conversar com aquela voz em sua mente fazia com que ela pudesse se conhecer mais, ainda mais porque agora ela sabia de verdade quem era mas não havia falado isso com ninguém e provavelmente não teria coragem para tal. A convivência dos dois lados dentro de si havia apenas começado.
E Kariane então voltou a falar:
- O que o trouxe aqui? Aconteceu alguma coisa?- e a voz ficou calada, porém continuaria observando a situação.