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    O Jogo dos Tronos - Asdulfor

    Alexyus
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    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Empty Re: O Jogo dos Tronos - Asdulfor

    Mensagem por Alexyus Qui Nov 07, 2024 1:39 pm

    Com Lyra

    Lyra manteve o sorriso, embora uma pequena tensão iluminasse seu olhar. As palavras de Asdulfor, tão calculadas e precisas, eram um lembrete de que ela caminhava sobre uma linha fina, onde qualquer deslize poderia significar sua ruína — ou, talvez, algo ainda mais imprevisível. Mas ela não era de recuar. Aquela era a dança que escolhera, e estava pronta para acompanhá-lo em cada passo, por mais gélido que fosse o ritmo.

    Inclinando-se levemente para frente, ela respondeu, com a voz baixa e carregada de uma segurança tênue, mas impenetrável.

    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Lyra_j10
    — Mestre Asdulfor, sua confiança será sempre bem guardada comigo, assim como qualquer risco que eu possa correr ao seu lado. Quanto ao preço, sempre será justo... tanto quanto o senhor permitir.

    Ela suavizou o tom com um sorriso, não deixando transparecer qualquer hesitação, como se o jogo fosse apenas um estímulo em vez de um risco.

    Com um pequeno aceno de cabeça, Lyra se afastou, os passos suaves ecoando pelo aposento enquanto fazia sua saída. Ela manteve a compostura, o porte ereto e o semblante impecável. A cada passo, sua mente percorria rapidamente o que poderia ser sua próxima cartada, sempre um passo à frente, sempre calculando.

    Ao alcançar a porta, virou-se levemente, o olhar determinado e um sorriso quase desafiador nos lábios.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Lyra_j10
    — Estarei sempre à disposição, meistre, sempre que precisar.

    E, com um último olhar, afastou-se, deixando para trás o silêncio e o ar repleto das promessas e riscos velados de sua aliança com Asdulfor.

    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 B24dce4d225f56c5035ff80833402d50O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 B24dce4d225f56c5035ff80833402d50O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 B24dce4d225f56c5035ff80833402d50O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 B24dce4d225f56c5035ff80833402d50O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 B24dce4d225f56c5035ff80833402d50
    COM YARA

    Yara manteve-se imóvel por um momento, absorvendo a intensidade de Asdulfor e pesando cuidadosamente suas próximas palavras. Aquele era um homem que não se contentava com respostas fáceis; ele buscava o desconhecido com a mesma determinação com que ela própria navegava pelos mistérios que as sombras revelavam. Mas Yara também sabia que conhecimento demais poderia ser uma armadilha, e que alguns segredos eram selados por um motivo.

    Seus olhos, profundos e insondáveis, ergueram-se para encontrar os de Asdulfor, e ela deixou que um leve sorriso, sombrio e enigmático, se formasse em seus lábios. Ela respondeu, a voz quase um murmúrio que parecia se fundir com o ar, como se falasse diretamente às sombras ao redor.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — As sombras revelaram fragmentos de um futuro que se molda ao passo de escolhas e sacrifícios. Elas falam de um poder que está destinado a destruir ou a forjar. Uma força que se acumula como tempestades sobre os oceanos, uma maré que arrasta consigo aqueles que se atrevem a desafiar seu fluxo.

    Ela pausou, fechando os olhos por um instante, como se ouvisse algo distante, algo sutil que apenas ela poderia captar. Ao abrir os olhos novamente, um brilho sombrio reluzia ali, como uma chama cintilando no escuro.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Há uma voz entre as sombras que avisa que o preço para tal poder pode ser a própria essência de quem o busca.

    Ela continuou, permitindo que cada palavra soasse como uma advertência, e não um convite. 
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Aqueles que tentam moldar as sombras são moldados por elas, e poucos saem incólumes.

    As palavras de Yara foram recebidas com um breve silêncio, e ela pôde ver o brilho fascinado nos olhos de Asdulfor, o brilho de um estudioso obstinado que estaria disposto a arriscar tudo para tocar aquele poder.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Meistre, só posso guiá-lo até certo ponto. Além disso, o caminho é seu para percorrer, mas saiba que as sombras nem sempre perdoam.

    Ela esperou, observando-o com uma calma firme, deixando o peso das suas palavras pairar entre eles.

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    COM RALPH

    O taverneiro Ralph ouviu o pedido de Asdulfor, rabiscou alguns números e finalmente disse:

    - Posso arranjar isso, Meistre Asdulfor. Ao custo de 8 dragões de ouro.

    OFF: Marque o gasto no tópico Cofre do Tesouro.

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    AS PRÓXIMAS DUAS SEMANAS

    O treino de Rakashar era extremamente cansativo fisicamente para um velho como Asdulfor, mesmo com suas capacidades empáticas com os animais.

    Já Morghul era bastante inteligente, mas muito genioso e estava bastante perturbado com a presença de Yara.

    O ensino de westerosi era um desafio pedagógico para o meistre nortenho, com dois alunos muito diferentes entre si: Olac tinha o idioma como sua língua nata mas sofria para reconhecer letras no papel e associá-las aos sons; por sua vez, Yara conseguia ler e compreender as palavras, mas o som delas era uma prova difícil para ela, que não conseguia entender o que ouvia nesse idioma e menos ainda pronunciar as palavras.

    AS NOITES COM YARA

    Na quietude das noites, enquanto a lua cheia lançava uma luz pálida e misteriosa sobre o aposento, Yara e Asdulfor estavam reunidos em um dos cantos mais sombrios da estalagem. Uma mesa simples de madeira estava coberta de velas, que Yara havia cuidadosamente preparado. O ar era preenchido com uma fragrância densa e herbácea, misturando-se ao crepitar das chamas que iluminavam suas expressões com um brilho quase sobrenatural.

    Yara, com movimentos lentos e graciosos, depositou um pequeno punhado de pó vermelho nas chamas de uma vela, fazendo com que uma chama viva e alta se erguesse por um instante. Ela olhou para Asdulfor, seus olhos refletindo o fogo, e começou a falar, sua voz baixa e carregada de reverência.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Os deuses, meistre, são como as sombras que dançam. Os Deuses Antigos, os Sete que são Um dos ândalos, o Deus Afogado das Ilhas de Ferro, o Deus das Tempestades, O Leão da Noite, o Bode Preto, a Criança Pálida, o Grande Garanhão dos dothraki, a Senhora Chorosa de Lys, o Deus Ovelha dos lhazarenos, o Rei Caranguejo, o Deus de Muitas Faces, todos eles existem e têm poder. Diferentes e igualmente insondáveis em cada canto do mundo. Aqui, em Westeros, as divindades têm raízes antigas e profundas, como as árvores-coração, que são canais para alcançar os Desues Antigos. Elas ouvem e observam, mas são mudas e implacáveis. As faces esculpidas no represeiro, por exemplo, guardam segredos de milênios, prontos para quem ousa pedir sua visão. Elas não são os únicos canais. Há muitos outros. E até mesmo os homens e mulheres podem ser canais para canalizar o poder dos deuses.

    Ela fez um movimento com a mão sobre o fogo, e o reflexo das chamas pareceu ondular e tremeluzir, formando imagens confusas que iam e vinham.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Em Essos, os deuses tomam outras formas, mas o princípio é o mesmo. Eles revelam e escondem, exigindo obediência absoluta. Veja R'hllor, o Senhor da Luz. 

    Com um movimento rápido, ela empurrou um pouco mais de pó vermelho no fogo. A chama cresceu, dançando e emitindo um leve calor. 
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — O fogo é sua ferramenta. Nas chamas, é possível vislumbrar o futuro, decifrar profecias e aprender sobre os caminhos que ainda não foram trilhados.

    Ela indicou a Asdulfor para que olhasse mais de perto as chamas. E enquanto ele se aproximava, as sombras dos dois se alongaram e se contorceram nas paredes, como se também estivessem tentando escutar.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Encare o fogo e permita-se perder no ritmo dele, o Senhor da Luz revela o que ele desejar e nada além. Apenas aqueles com coragem para enfrentar as consequências de suas visões podem tocar essa força.

    Asdulfor observou fixamente, e, por um breve instante, achou ter visto a silhueta de uma figura misteriosa no meio das chamas. Mas a visão logo desapareceu, deixando apenas o calor e o brilho do fogo diante dele. 

    Depois, Yara apagou a chama com um gesto, e o aposento mergulhou em uma escuridão quase absoluta. Ela ergueu as mãos, e, com um murmúrio de palavras em uma língua esquecida, as sombras começaram a se mover ao seu redor. Sombras de todos os cantos da sala pareciam se aglomerar e se envolver ao redor de Yara, criando formas vagas e contornos incertos que pareciam ganhar vida.

    Ela murmurou, sua voz quase um sussurro.
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    — Asshai é o lar de deuses mais obscuros, e os sacerdotes e feiticeiros de lá invocam o poder das sombras. E as sombras, Asdulfor, são perigosas. Elas podem ser usadas como ferramentas, espiãs e até mesmo armas, mas sempre pedem um preço. A vida, a luz, o sangue… algo sempre é deixado em troca.

    As sombras ao redor dela, como criaturas obedientes, começaram a se mover ao seu comando. Yara estendeu uma mão, e uma das sombras desceu pela parede, serpenteando até a mesa, passando por perto da mão de Asdulfor, que a observou com um fascínio que beirava o desespero. A sombra deslizou como se fosse sólida, parecendo capaz de invocar algo muito além de meras ilusões.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Com o tempo e o sacrifício, você pode aprender a controlar o que está à margem da luz. Mas saiba que as sombras nunca pertencem totalmente a quem as chama. Assim como os deuses, elas têm suas próprias vontades e podem trair quem as subestima.


    OFF:  @Sandinus, faça um teste de Lidar com animais (Treinar), com dificuldade 15 para Rakashar e um para Morghul com dificuldade 12. Role um teste de Conhecimento (Educação) com dificuldade 12 para Olac e um com dificuldade 15 para Yara.
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    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Empty Re: O Jogo dos Tronos - Asdulfor

    Mensagem por Sandinus Qua Nov 13, 2024 11:58 pm

    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Dalle_11
    Meistre Asdulfor


    Com Yara:



    Asdulfor ouviu as palavras de Yara com a intensidade de um estudioso que há muito havia jurado desbravar os mistérios além do véu da realidade. As advertências dela reverberaram em sua mente como ecos de segredos antigos, e seus olhos, atentos e famintos, absorviam cada nuance daquele diálogo carregado de sombras e prenúncios. Ele sabia que o poder que ela mencionava não era simples; era uma força que moldava e era moldada por aqueles que ousavam tocá-la, uma força cujas consequências poucos poderiam prever.

    Observando Yara, ele notou a chama sutil que reluzia em seus olhos, um reflexo de um entendimento compartilhado apenas pelos que trilharam caminhos perigosos. A menção de um preço, a essência perdida por quem busca dominar as sombras, era uma verdade que Asdulfor reconhecia. Ele próprio já sentira os dedos frios da escuridão tentando esculpi-lo de acordo com seus próprios desígnios.

    Com um murmúrio grave, Asdulfor finalmente rompeu o silêncio, a voz carregada de determinação e uma familiaridade inquietante com o desconhecido.
    — Se o preço é a essência — disse ele, as palavras desenrolando-se como uma profecia —, então minha essência já é metade sombra. Não há como voltar atrás quando a curiosidade se transforma em destino. Se as sombras pedem algo em troca, elas já têm parte de mim.



    Ele a fitou com firmeza, a luz trêmula lançando sombras que dançavam em seu rosto, refletindo a decisão que pesava em sua alma. As sombras não o intimidavam; o vazio da inação, esse sim, o aterrorizava.
    — Guia-me até onde podes, Yara, e deixemos que os deuses, sejam antigos ou novos, testemunhem o que repousa além do teu alcance. Pois eu, Asdulfor, não temo o abraço da escuridão, mas sim a chance perdida de nunca ter ousado enfrentá-la.


    TREINOS E ENSINOS:



    Durante aquelas duas semanas de desafios implacáveis, Asdulfor sentia o peso de cada momento arrastar-se por seus músculos e ossos, uma lembrança amarga da idade que já o havia alcançado. O treino de Rakashar, o feroz companheiro animal, sugava dele as últimas gotas de vigor. Cada comando, cada exercício, exigia uma precisão que ia além do simples controle; era necessário fundir-se ao instinto da fera, entrar em sua mente e entender suas motivações. Asdulfor, mestre das sutilezas da empatia animal, sentia-se desgastado, mas cada gota de suor era uma moeda paga pela lealdade de seu aliado bestial.

    Morghul, por outro lado, perturbava-o de maneira diferente. A inteligência daquele corvo negro era indiscutível, mas sua personalidade intransigente e a agitação causada pela presença de Yara faziam com que o meistre enfrentasse confrontos diários. O olhar intenso da ave e seus grasnados desafiadores ecoavam pelo quarto da taverna, uma lembrança constante de que, por mais profundo que fosse seu laço com a criatura, o controle nunca era absoluto. O corvo parecia saber mais do que deixava transparecer, e Asdulfor, com seu olhar penetrante e sábio, tentava captar o que estava além das penas escuras.

    O ensino do idioma westerosi também não lhe dava trégua. Olac, com suas raízes profundas no Norte e uma língua nativa que parecia se revoltar contra o papel, exigia paciência e criatividade. Para Olac, a escrita era uma dança de formas que ele relutava em decifrar. Yara, em contrapartida, devorava os textos com um fervor impressionante, mas suas tentativas de pronunciar as palavras soavam como uma luta árdua e distante. O desconcerto dela com o som do idioma era um quebra-cabeça pedagógico para Asdulfor, que tentava de tudo — desde fonemas fragmentados até repetição cadenciada.

    Mas havia mais do que cansaço e frustração. Durante essas duas semanas, Asdulfor dedicou-se a um ritual mental que lhe era familiar e necessário: wargar suas criaturas, Rakashar e Morghul, por tempo suficiente para vasculhar suas mentes e verificar se existia outro warg infiltrando-se em seu domínio. Essas verificações eram feitas com uma disciplina imprevisível, sem qualquer padrão que pudesse ser antecipado, três vezes por dia, sempre em horários diferentes. Ele sentia a sensação de se desprender de seu corpo envelhecido, um frio etéreo percorrendo sua espinha enquanto se conectava aos sentidos dos animais, rastreando sinais sutis de uma presença que não fosse a sua.

    Cada mergulho na consciência das criaturas era uma mistura de vertigem e vigilância aguçada. No corpo de Rakashar, sentia a pulsação selvagem da floresta, o cheiro do ar carregado de terra e folhas, e a certeza de que, por enquanto, seus pensamentos eram seus. No espaço nebuloso de Morghul, havia uma inquietação, uma sombra na beira da percepção que o fazia hesitar antes de se retirar. Morghul estava, talvez, mais ciente do que ele gostaria de admitir.

    Asdulfor terminava cada verificação exausto, a mente pesada, mas a determinação implacável. Não importava quão profundas fossem as sombras que sondava, ele continuaria atento. Ele sabia que apenas a vigilância constante manteria as mentes dele e de seus aliados protegidas e os segredos que guardava a salvo.

    As noite com Yara:


    Asdulfor sentia o impacto das palavras de Yara como um sussurro ancestral, ecoando em sua mente e alimentando seu desejo de conhecimento. O ambiente saturado pela fragrância herbácea e pelo calor das velas era um templo de segredos, onde cada sombra projetada parecia carregar um fragmento de verdade esquecida. O velho meistre, com seus olhos tão azuis quanto frios, encarava as chamas com a certeza de um estudioso que já tinha desafiado os limites do permitido mais vezes do que podia contar, inclusive subjulgando os sete em Porto Real numa batalha mental.

    A cada gesto de Yara, enquanto manipulava as sombras ao seu redor, Asdulfor observava com um fascínio que ia além da mera curiosidade. Aquilo não era apenas um ritual; era uma janela para um poder que ele ansiava dominar. As menções aos deuses de Asshai, ao Senhor da Luz, e a outros cultos e entidades perdidas pelo mundo ecoavam dentro dele como um chamado. O perigo implícito nas sombras, o preço que demandavam de quem as invocava, parecia não ser suficiente para dissuadi-lo. Asdulfor sempre soube que o conhecimento e o poder vinham com um custo, mas esse era um preço que ele se habituara a pagar sem pestanejar.

    Quando a chama alimentada pelo pó vermelho ergueu-se com uma intensidade quase viva, ele se inclinou, deixando que o calor lhe tocasse o rosto. A silhueta que surgiu por um instante nas profundezas do fogo fez seu coração acelerar, mas o medo não o tocou; em vez disso, um sorriso ligeiro se formou em seus lábios. As sombras que dançavam, formando figuras na parede, eram mais do que simples escuridão; eram potencial, ferramentas esperando serem compreendidas e usadas.

    Quando Yara terminou o ritual, apagando a chama e lançando o aposento em escuridão, Asdulfor sentiu um arrepio, não de apreensão, mas de excitação. As sombras que se moviam ao comando dela, como uma extensão de sua vontade, pareciam responder a algo muito mais profundo, uma força que ele desejava entender. O sussurro dela sobre os sacrifícios necessários e as traições possíveis das sombras soava quase como uma promessa para o meistre. A ideia de que as sombras poderiam ter vontade própria o intrigava, mas não o intimidava.

    Ao ver a sombra deslizar pela parede até a mesa, roçando sua mão com um toque frio e quase sólido, Asdulfor não recuou. Pelo contrário, seu olhar fixo e calculado buscava decifrar cada nuance do fenômeno, com a certeza de que aprenderia não apenas a chamar as sombras, mas a usá-las com uma maestria que superaria qualquer outro praticante. O desafio era imenso, mas Asdulfor estava longe de ser um homem que temia consequências. Se as sombras exigissem sacrifícios, ele os faria. Se tivessem vontades próprias, ele aprenderia a manipulá-las. Afinal, o poder, para ele, não era uma opção; era um destino.

    O Sonho de Asdulfor 


    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Asdulf23
    Asdulfor Fenlinight, 14 anos


    Asdulfor caminhava pelos corredores silenciosos e sombrios do Castelo dos Sussurros. O eco dos seus passos reverberava nas pedras geladas, e o ar pesado parecia conter os sussurros antigos que se entrelaçavam com as paredes. Cada canto parecia carregar um segredo, como se o castelo fosse uma entidade viva e observadora. Ele se dirigia ao pátio, como sempre fizera quando desejava um pouco de paz, embora soubesse que aquele lugar carregava mais do que tranquilidade — havia algo misterioso ali, algo profundo.

    Ao se aproximar da grande porta de ferro do pátio, as folhas se abriram com um suave estrondo, como se o castelo o chamasse para fora. O ar fresco da noite tocou sua pele, e ele atravessou o espaço sombrio, onde as sombras se moviam e dançavam ao ritmo de uma melodia inaudível. No centro do pátio, a Árvore Coração permanecia, altiva e imponente. Suas raízes entrelaçavam-se nas profundezas da terra, e os galhos robustos, que tocavam as estrelas, pareciam uma extensão do próprio céu noturno. O tronco da árvore, com sua casca suave e luminosa, exalava uma energia incomum, como se fosse o coração pulsante de toda a natureza.

    Ele sabia que a Árvore Coração era especial. Sempre sentira uma conexão com ela, como se a árvore o chamasse, como se fosse parte dele e ele dela. Algo no tronco, nas folhas, nas raízes que se estendiam por todo o pátio fazia com que Asdulfor se sentisse em casa, em sintonia com o mundo ao seu redor.

    Naquele momento, ele percebeu algo estranho à sua frente. Surgindo das sombras, uma figura felina apareceu. Mas não era um gato comum. Seus olhos brilhavam como lâminas de cristal, e sua pelagem parecia feita das próprias sombras, fluida e mutável. Um gato das sombras, com uma presença poderosa e enigmática. O gato olhou para ele com uma calma profunda, como se estivesse esperando por algo, como se o reconhecesse, e sua aura era ao mesmo tempo ameaçadora e fascinante.

    Asdulfor, sem hesitar, se aproximou. Ele sentiu uma conexão imediata com o felino, como se o gato fosse uma extensão de sua própria alma. Estendeu a mão, e, quando os dedos quase tocaram a pelagem do animal, algo indescritível aconteceu. O gato não recuou. Pelo contrário, aproximou-se, e seus olhos, agora intensamente brilhantes, penetraram profundamente nos de Asdulfor, como se o desafiassem a mergulhar em um mundo oculto, a atravessar o véu entre as realidades.

    Foi nesse momento que ele sentiu a árvore — a Árvore Coração — em sintonia com ele. Ela parecia respirar junto a ele, e uma energia profunda começou a se espalhar por seu corpo. Era como se o gato fosse o emissário da árvore, uma criatura criada pela própria essência da Árvore Coração, conduzindo-o a um conhecimento primitivo e antigo.

    De repente, uma onda de sensações invadiu sua mente. Ele sentiu a vida pulsando ao seu redor — não apenas a vida humana, mas a vida das sombras, da terra, dos ventos. Ele sentiu a conexão com o gato, com as raízes da Árvore Coração, com o coração pulsante do castelo, com tudo. A sensação de pertencimento foi avassaladora. O gato o guiou, conduziu sua mente através de passagens ocultas, através das raízes profundas da terra e para o vasto reino das sombras. Era como se ele pudesse ver o mundo de uma forma completamente nova, com cada sombra, cada movimento, cada som carregado de significados e verdades ocultas.

    Mas então, uma presença o interrompeu. Seu pai, Uster Fenlinight, apareceu, surgindo das sombras com um olhar firme e grave. Ele estava imóvel, os olhos dourados fixos em Asdulfor, como se o estivesse avaliando. A sensação de conexão com o gato e a árvore se desfez momentaneamente, e Asdulfor sentiu um peso na alma.

    "Ainda não é o momento, meu filho," a voz de Uster ressoou em sua mente, clara e profunda. "A Árvore Coração é mais do que uma conexão com os animais ou as sombras. Ela é um elo com algo muito mais antigo, mais perigoso. O controle virá, mas precisa ser conquistado."

    A imagem de seu irmão, Jasper, surgiu ao lado de seu pai, também em forma de lobo, uma figura imponente e cheia de força. Jasper olhou para ele com uma expressão que misturava compreensão e cautela, como se quisesse adverti-lo sobre o poder com o qual estava lidando.


    Asdulfor tentou resistir ao fim do sonho, tentar manter a visão do gato das sombras, da árvore, da conexão profunda que sentira. Mas as sombras se dissiparam e a imagem do pátio começou a se desfazer. Ele se viu novamente no castelo, no pátio vazio, sem o gato, sem a Árvore Coração, sem a sensação de pertencimento.

    Quando acordou, o silêncio o envolveu. Mas dentro de si, algo ainda pulsava — a sensação de ter tocado algo primordial. Ele sabia que a Árvore Coração, o gato das sombras e o poder de controlar ambos eram parte de algo muito maior, algo que ele ainda não compreendia totalmente. Mas, no fundo, sentia que esse caminho, com todas as suas complexidades e perigos, estava apenas começando a ser revelado. E, apesar do medo, sabia que não poderia fugir de sua própria natureza, do que estava destinado a ser.

    Então ele acordou novamente, mas dessa vez no presente com uma sensação de nostalgia e felicidade, pronto para mais um novo dia.

      Data/hora atual: Sáb Nov 16, 2024 12:28 am