O Jogo dos Tronos - Gylen

Gylen destacou os homens que o Lorde Felinight lhe designara para a missão clara mas nem um pouco fácil: localizar o gato das sombras Rakashar em algum lugar da Mata do Rei.

Meistre Asdulfor tinha absoluta certeza de que fôra o renegado Cornell Felinight que sequestrara o animal para fazer chantagem e causar a derrota de Esdres no torneio, e Beron parecia inclinado a acreditar naquilo também.

Snow sabia que Cornell estaria festejando sua vitória, mas a ordem dele para seus homens referente ao destino do Rakashar poderia ser dada a qualquer momento, fosse qual fosse ela. Ele poderia decidir tanto cumprir sua palavra e devolver o mascote do meistre Felinight quanto demonstrar seu lado sádico executando o bicho.

Gylen tinha consigo o furtivo Gaspar, a elusiva Lu Mei e os rápidos e mortais gêmeos arqueiros Anthony e Maxwell Arrow. Seu pai selecionara bem a equipe, eram os melhores mateiros que Snow poderia querer.

Ele tinha duas opções claras: espionar o acampamento de Cornell para interceptar o servo que poartisse rumo ao Rakashar, ou ir diretamente à Mata do Rei e antecipar-se aos movimentos dos dorneses.

Tap tap tap

O bastardo batia levemente a bengala na mão enluvada. Ele queria estar sentado. Queria estar festejando a vitória do irmão. Na verdade andava devagar e desconfortável sob o olhar de assassinos competentes. Assassinos sim, pessoas que entendiam fraqueza. Pessoas que viam a que ele demonstrava, talvez já soubessem como matá-lo. Já tivessem um plano.

Tap tap tap

Ele demonstrava vulnerabilidade enquanto entendiava aquelas pessoas perigosas. Quantas armas eles tinham ali? Faças? Adagas? Que tipo de instrumento de morte Lu Mei carregava? Gaspar, ele mataria uma pessoa com dentes e unhas? Os gêmeos? Eram todos mais úteis que o bastardo.

Tap tap tap

O manco não precisava pensar em como mataria eles, eles juntos, era tudo que ele sabia.

"Vocês estão aqui porque até um bastardo pode receber alguma autoridade. Mas não pensem que sou o tipo de idiota não vê seu valor. Não respeita quem vocês são. "

Pelo menos era isso que achava. Ele se apoia na bengala a fazendo ranger no chão.

"Temos uma responsabilidade a cumprir e sei que são melhores que eu no que precisa ser feito. Ficaria perdido sozinho, mais inútil que um aleijado sem sua bengala." Ele sobe e desce a peça de madeira pontuando sua observação.

"Precisamos resgatar o gato. Precisamos fazer isso antes que seu captor possa trair sua palavra. Antes que ele possa cumprir com sua palavra também. Temos uma mensagem a entregar: Cornel não está no comando." Ele aperta a bengala com força. "Nos estamos." O bastardo deixa a raiva infectar a voz, mas a mantém sob controle. Aqueles não soldados amedrontados que precisavam ser inflamados. Eles precisavam saber que não estariam seguindo um imbecil iludido.

"Lu Mei,  você já se provou atenta e afiada nas ruas. Seus últimos dias aqui te levaram por todos os cantos entre os acampamentos. Acompanhou as damas da casa e viu todo tipo de nobre e servos e bastardos de toda sorte. Você vai manter seus olhos na festa de Cornel e quando vir algo útil vai nós deixar saber." O bastardo sabia que não a controlava e sabia que ela era perfeita para a tarefa. Só rezava para ela cumprir com o que ele pedia.

"Vocês três vão a mata do Rei. Se tem um lugar onde se esconderam para sua desonestidade é lá.  Vocês vão encontrá -los. Se estiverem lá,  eu sei que vão encontrá-los. São hábeis e astutos e conhecem o selvagem melhor que qualquer dornes cheio de areia." Conheciam mesmo. O bastardo coloca a bengala sobre a mesa e começa a desabotoar os botões da sua melhor sobre casaca. A que tinha escolhido para a vitória dos Felinight no torneio.

"Eu sou lento e só iria atrasar. Talvez prender meus pés desajeitados numa raiz e quebrar a perna." O bastardo olha o símbolo da família no tecido caro antes de deixar a peça na mesa. "Hoje não vamos caçar com honra e respeito." Ele ajeita as suas lâminas no corpo. Tinha todas elas consigo.

"Eu vou ficar na entrada da Mata do Rei esperando no escuro. Esperando encontrarem algo, mas esperando também para receber qualquer um que se ponha no caminho de vocês. Seja um bêbado leal ou a maldita guarda real inteira." O bastardo olha calmamente de um para o outro. Essa era a hora em que ele precisava dar algo a eles. Dar a eles o conhecimento de que não estavam sozinhos como ferramentas descartáveis. A vida dele estaria na mesma linha.

"Hoje vamos entregar uma mensagem sutil e discreta sobre poder. Seja ela escrita com a ausência de um gato ou com corpos ensanguentados." O bastardo deixa sua bengala para trás assim como todos os símbolos de sua casa e sai com seus assassinos. Seus matadores. Seus bastardos.

Ele sabia que nenhum dos cinco ia olhar para trás.

Com os comandos de Gylen, Gaspar, Lu Mei e os gêmeos saíram para cumprir suas missões.

Já era então fim do dia, e o sol começava a se pôr no oeste de Westeros.

Lu Mei desapareceu de vista, provavelmente disfarçada, para espionar o acampamento de Cornell.

Gaspar liderou os gêmeos para a Mata do Rei, à frente do passo marcado de Gylen.

Snow tinha de cruzar o rio Água Negra para chegar à floresta, e a melhor forma de fazer isso era pegar uma das muitas pequenas balsas no cais de Porto Real. Pagando um valor modesto, poderia ser transportado para a outra margem onde já começava a maior floresta do sul de Westeros. Parado no movimentado porto, Gylen poderia ver a mata dominando todo o horizonte.

Outra forma de adentrar a Mata do Rei era seguir a Estrada do Rei, que a cruzaria mais ao sul no caminho para Ponta Tempestade. Seria um longo e movimentado caminho, e levaria horas para mesmo atingir as árvores. Também parecia improvável que qualquer um querendo se esconder ficasse muito próximo da estrada, sendo isso mais próprio para salteadores de viajantes.

Gylen poderia escolher a melhor forma de cruzar o rio, mas não fazia ideia de para onde teriam ido Gaspar e os irmãos Arrow, e nem como eles fariam para encontrá-lo se assim precisassem. Não havia uma entrada oficial pela margem do rio, havendo muitos caminhos possíveis para o interior das árvores.

Porque escolher quando se tem tempo?

Ele precisava ver e ouvir. Sentir os caminhos e até conversar com quem estivesse por lá.

Uma caminhada relaxante pela estrada do rei deveria dar lhe uma medida da mesma. Algum vendedor na estrada? Alguma casa grande se passando por taverna? Pedintes? Qualquer um poderia dar a informação que precisava. Não era todo dia que alguém passava por ali tentando esconder um gato das sombras se é que as pessoas ali o reconheceriam como mais que uma fera selvagem.

Gylen andaria pela Estrada do Rei por uma longa hora antes de voltar e seguir para as balsas. Não tinha a intenção de atravessar e sim investigar. Reclamar dos nobres e seus pedidos absurdos. Será que algum deles reclamaria de volta de ter sido acordado no meio da noite para levar uma carga misteriosa? Seria sorte. Contrabando talvez. Mas valeria a pena investigar. Olhar as condições do local. Talvez até ir ao outro lado e fazer o mesmo lá.

Um passo de cada vez. Gylen começa a andar. Andar e se amaldiçoar por ter deixado a bengala para trás. Necessário? Talvez. Mas uma má ideia. Seus homens não teriam usado as balsas. Teriam seguido pela estrada como ele estava fazendo. Merda de ideia de andar. Andar era para os camponeses, os destituídos, os pedintes. Aparentemente também era um privilégio dos bastardos burros.

Um passo depois do outro ele segue pela estrada.

Gylen não sabia qual caminho seus comandados teriam tomado para ir à Mata do Rei. Mas o bastardo Felinight escolheu seguir pela Estrada do Rei.

A Estrada do Rei passava justamente na entrada do Portão do Rio da cidade de Porto Real. Ela contornava os campos do torneio, demarcando os limites da área dos acampamentos. As barracas do festival tinham sido montadas nas margens da estrada, o que provocava um grande congestionamento nas áreas mais próximas do portão. À medida que a estrada ia se afastando da cidade, as barracas rareavam rapidamente , terminando por desaparecerem por completo a cerca de uma milha da área do acampamento.

Uma coisa que Gylen percebeu foi que a Estrada Real não fluía do Norte para o Sul, mas sim na direção oposta. O início dela era em Ponta Tempestade e ela avançava rumo ao Norte, encontrando-se em Porto Real com a Estrada das Rosas, que vinha da Campina, e a Estrada do Ouro, que vinha do Ocidente. A capital dos Sete Reinos se beneficiava de ser um nexo entre essas importantes vias de locomoção e comércio. Atravessando uma longa ponte, Gylen chegou à outra margem do Água Negra, caindo numa via de terra ladeada de ambos os lados pela espessa floresta real. 

O bastardo Snow mancava passo a passo, metro a metro, vendo o sol se pondo no horizonte enquanto ele se afastava da capital. Os viajantes que cruzavam com ele eram cada vez menos, ao passo que eles escolhiam pernoitar em hospedarias ou montar acampamento enquanto a escuridão não os cobrisse por completo.

Sozinho, Gylen teria dificuldades para fazer mesmo uma fogueira que fosse por si mesmo, dada a dificuldade de ajuntar galhos na penumbra do crepúsculo. Ele poderia tentar improvisar uma tocha para continuar sua caminhada, ou mesmo procurar algum lugar para acampar do melhor jeito que pudesse.

Mas ele teria que escolher rápido o que faria, ou ficaria cego na escuridão da noite no meio da estrada.

Gylen Snow foi prudente e não caminhou por muito tempo pela Estrada do Rei, voltando para o o porto assim que a via começou a ficar deserta.

No porto, já perto da escuridão da noite, Gylen verificou o cais de onde saíam as balsas em direção à Mata do Rei. Eram embarcações simples de diversos tamanhos, algumas destinadas a levar apenas passageiros a pé, outros com capacidade para transportar cavalos, e umas poucas eram capazes de atravessar com grandes carroças e comitivas numerosas. Os valores também oscilavam conforme a demanda.

O porto de Porto Real era o maior dos Sete Reinos de Westeros, e sua extensão cobria boa parte da margem do rio Água Negra anexa à cidade. Na margem oposta havia vários pontos de atracagem com distâncias desiguais entre si, e cada uma conduzindo a uma ou mais entradas para a floresta densa e fechada.

O bastardo Felinight deduziu corretamente que seria mal negócio colocar-se na outra margem, já que não sabia exatamente em quais direções seus agentes tinham ido, e nem por onde voltariam. A decisão mais esperta seria mesmo esperar por eles naquele cais, onde seria mais fácil divisá-los.

Infelizmente isso envolvia passar a noite ali no porto, ao relento, e com atenção aguçada o tempo todo.


OFF:  @Wordspinner, faça uma rolagem de Status 4 para descobrirmos como o Gylen se virou durante a noite. Pode acrescentar descrições do que ele tentou ou tencionou fazer.

Ao amanhecer,  Gylen viu seus quatro enviados retornando numa das primeiras balsas a iniciar o serviço no dia.

Gaspar, Lu Mei e os irmãos Arrow carregavam um volume grande sobre um pano grosseiro suportado por duas varas longas de madeira, uma espécie de padiola improvisada.

Quando eles aportaram, Gylen viu que eles traziam o corpo de Rakashar.
Anthony avisou:

- Não se preocupe, Gylen! Ele só está dormindo! Está bem sonolento, mas está bem! Os homens que estavam vigiando Rakashar fugiram assim que nos ouviram, e mal conseguimos vê-los. Achamos melhor trazer o gato de volta em vez de perseguir os infelizes mata adentro... 

Lu Mei ajudou a descarregar o gato-das-sombras, mas enquanto preparavam o transporte dele de volta ao acampamento Felinight, ela agarrou a primeira oportunidade de falar discretamente com Gylen:

- Eles estavam bem fundo na mata, mas Gaspar parecia reconhecer o caminho. Ele não soube explicar como, mas disse que tudo ali lhe parecia familiar e algumas vezes indicou as direções certas. Mais um mistério para você desvendar...


OFF: Pode fazer as ações que desejar durante a noite e pela manhã. A aventura continua no tópico Jogo dos Tronos - Felinight.

Gylen precisava passar a noite ali. Precisava também ver as balsas o tempo todo. Mas não precisava passar toda a noite ao relento. Ele entraria eventualmente em uma taverna ou outra, certamente vendiam álcool para marinheiros cansados por ali. Gylen beberia um pouco para se esconder do frio. Para ver as pessoas que estavam ali. Quem sabe um dos homens do tio? Quem sabe um espião do lado de fora seguindo seus passos mancos? Era sempre difícil ter certeza. Mas fazer caminhos estranhos ajudava.

Como estava sem seus símbolos de bastardia e nobreza Gylen faria alguns malabarismos com faca para passar o tempo e se esquentar do lado de fora. O frio era um inimigo perspicaz e aliado do sono. O risco de se cortar era um bom antídoto. Um modo de se manter atento e poder virar os truques em qualquer direção para lidar com o perigo.

Quando o sol chega com notícias Gylen se alegra. Depois sente o peso do fracasso no corpo sem vida do gato. Mas as palavras de Anthony logo o levantam de novo.

"Maravilha!" Ele manca para perto do gato e toca o seu pelo com cuidado e respeito. "Eles que fizeram isso com o gato?"

Ele precisava voltar rápido, antes que o efeito passasse. Não queria lidar com um gato confuso e acordado no meio da cidade.

"O colocamos em uma carroça e seguimos todos para o acampamento. No caminho vocês me dão os detalhes." O bastardo vê bem o tamanho da balsa. Era aquele tipo de transporte que poderia ter sido usado para levá-lo para a mata. Teria sido a menor embarcação possível. Alguém recebeu um bom dinheiro para levar um corpo, ou uma jaula, quem sabe para o outro lado.

Depois de ouvir Lu Mei o bastardo tenta fingir que não ouviu nada e não sabendo ser capaz decidiu por uma rápida conversa com o barqueiro. O barqueiro estava trabalhando cedo. A melhor hora para transportar um gato roubado para a mata do rei. Seria sorte demais que fosse ele. Mas o homem poderia ter visto o transporte.

"Bom homem, eu agradeço o transporte dos meus amigos. Mas fico curioso se poderia me ajudar a me lembrar de uma coisa. Esse mesmo transporte..." Ele olha para o gato e sorri. "... foi feito no sentido oposto um tempo atrás por amigos meus que gostaria de agradecer e não tive a chance."

O bastardo pega um veado de prata e o entrega ao barqueiro. "Poderia me apontar na direção certa? Talvez o senhor tenha visto eles embarcando? Conheça o barqueiro que os levou? Pode ter até conversado com eles, não? Pode me ajudar?" Ele pega outra moeda de prata e a segura na palma da mão.

--

Chegando no acampamento Gylen faria questão de ter todos com ele quando devolvesse o gato a Adulsfor. Ali encontrariam algum sentimento de gratidão genuína. Era o que podiam esperar. Depois disso levaria todos para reportar ao chefe da casa. Beron veria os responsáveis pelo trabalho bem feito. Rápido e sem percalços.

Quando finalmente pudesse dormir, pediria a Tasso um copo de vinho para lavar o gosto da porcaria barata que ele tinha bebido no Porto.

Durante a noite, Gylen não percebeu ninguém seguindo-o enquanto mancava pelos cais do porto. 

Havia fogueiras aqui e ali para os estivadores se aquecerem, mas o trabalho não tinha cessado completamente. Alguns navios carregavam ou descarregavam mesmo durante a noite, e a presença de alguns mantos dourados não era empecilho para essas atividades ligeiramente suspeitas. As tavernas perto do porto estavam lotadas, quentes, e serviam bebida barata e de má qualidade, como Snow suspeitara. 

"Maravilha!" Ele manca para perto do gato e toca o seu pelo com cuidado e respeito. "Eles que fizeram isso com o gato?"

Anthony aproveitou o gesto de Gylen para apontar pontos específicos no corpo do animal:

- Provavelmente, sim. Tem várias marcas de perfurações pequenas, muito menores que uma flechada deixaria. Acho que essas espetadas foram feitas a curta distância. Pequenas demais para causar qualquer ferimento notável. Mas o bastante para...

- Veneno! - cortou Gaspar, impaciente. - Ou alguma outra coisa que o fez dormir assim! 

Maxwell concordou com um aceno de cabeça:

- Sim, ele está um pouco magro e fraco, provavelmente não foi alimentado como costuma ser. Mas não está desidratado. 


Enquanto Lu Mei e os irmãos Arrow saíram à procura de uma carroça, Gylen falou com o barqueiro que conduzia a balsa que os trouxera.

"Bom homem, eu agradeço o transporte dos meus amigos. Mas fico curioso se poderia me ajudar a me lembrar de uma coisa. Esse mesmo transporte..." Ele olha para o gato e sorri. "... foi feito no sentido oposto um tempo atrás por amigos meus que gostaria de agradecer e não tive a chance."

O bastardo pega um veado de prata e o entrega ao barqueiro. "Poderia me apontar na direção certa? Talvez o senhor tenha visto eles embarcando? Conheça o barqueiro que os levou? Pode ter até conversado com eles, não? Pode me ajudar?" Ele pega outra moeda de prata e a segura na palma da mão.

O barqueiro pegou o primeiro veado de prata de Gyle e balançou a cabeça:

- Gostaria de ajudá-lo, senhor, mas nunca tinha visto um gato-das-sombras antes por aqui. Achei que só existiam nas montanhas. Eu não levei nenhum animal nem de longe parecido com ele antes, e os meus amigos aqui nas balsas também não me disseram nada. Mesmo que eu não estivesse aqui, seria difícil que nenhum deles me contasse algo assim. Essa viagem com seus amigos vai me render várias cervejas de graça essa noite na taverna, então acho que qualquer um que tivesse feito essa travessia não teria guardado segredo...

Ele estendeu o chapéu num cumprimento, timidamente esperando a segunda moeda de Snow.

Lu Mei e os gêmes voltaram com um carroceiro e informaram Gylen:

- Achamos alguém disposto a fazer a viagem com o Rakashar. Mas ele vai cobrar duas moedas de prata...

OFF: Registre o gasto no tópico Cofre do Tesouro.

Snow chega no acampamento Felinight fazendo pedidos diversos e lutando para manter um sorriso. Ele queria casacos de peles para todos os lutadores, assim como escudos e hastes. Queria também todos reunidos de imediato.

Na tenda onde esperava os guerreiros ele andava de um lado para o outro até o último chegar. Se lembrava que entre eles havia um Sor. Dois na verdade.

"Agora que estamos todos juntos podemos falar de negócios. Nosso negócio hoje é a violência." Ele falava enquanto andava na frente dos escudos.

"Hoje planejamos o corpo a corpo para deleite do público e horror dos adversários. Porque vocês entram na arena, não como soldados, mas como feras do frio do Norte!" Ele segura um dos casacos com força e deixa a emoção tomar conta das palavras.

"Implacáveis como as feras da noite! Sólidos como o gelo da muralha!" Ele bate a bengala em um dos escudos. O bastardo assiste o efeito das suas palavras e se sente tentado a esperar. A deixar um espaço para eles falarem. Não era hora.

"Nossos inimigos vão ver um muro de madeira e ferro e atrás dele as garras e presas de vocês! Atrás da muralha eles vão ver desolação e desespero! Vai ver a força de vocês e vão tremer!" Era isso que ele esperava quando batia a bengala no chão para pontuar suas palavras.

"Todos vão entrar na arena de escudos em punho." Ele diz depois de um momento longo no qual os deixaria falar. Os deixaria perguntar ou exultar ou que quisessem. " Todos vão ter um escudo e um casaco. Os casacos os fazem parecer maiores e homens grandes deixam homens pequenos com medo." Ele aponta o maior entre eles, possivelmente Krotalus. "Os escudos também servem a esse propósito. Vocês entram como uma parede coesa e sólida e disciplinada. São guerreiros profissionais que já apostaram a vida em suas armas e habilidade e venceram. Conseguem fazer isso."

Ele olha para os homens que ele sabe que não usariam um escudo se pudessem escolher e sorri.

"Tanto o casaco quanto o escudo tem a função de fazer os inimigos escolherem outros alvos. Nos dar tempo para andar até o inimigo que preferimos enquanto ele já está engajado com outro."

"Quando um inimigo chegar perto descarte seu escudo nele, gritem 'parede de escudos!' e os joguem em seus pés ou faces. Eles não vão esperar isso." Outro sorriso. Ele anda até as hastes de lanças.

"Essas aqui servem o mesmo propósito e podem ser arremessadas mais longe ainda. É muito fácil embolar os pés nisso se você está em uma formação fechada. Já os casacos? Os larguem quando quiserem se quiserem."

"Eu não sei como você luta." Ele diz olhando o cavaleiro que tinha sido incluído, o recém chegado. "Não sei de sua experiência e suas forças ou fraquezas. Os outros homens nessa sala lutaram lado a lado e treinaram lado a lado. Aconselho os que tem fama no Sul a ficarem nas pontas da formação, em especial do lado esquerdo que deve receber a parte mais forte da formação inimiga." Um
momento pensando que o cavaleiro teria uma ótima chance de se provar.

"Tenham cuidado. Mas sejam bravos e destemidos."

Gylen se afasta permitindo que todos peguem o equipamento.

Gylen reuniu os soldados da Casa Felinight em pouco tempo.



Os gêmeos Arrow não eram especialistas em combate corpo-a-corpo, Gaspar fôra levado por Asdulfor junto com Lu Mei, que além de tudo era uma mulher, mas pelo menos havia o cavaleiro das Ilhas dos Homens de Ferro, Sor Ruud Greyiron. O outro cavaleiro, acampado nas vizinhanças dos Felinight, não tinha vindo ainda.

As instruções de Snow foram bem entendidas e os mantos de peles davam um visual amedrontador para o batalhão.

Mais tarde, quando Gylen foi inscrever seus homens na competição do corpo-a-corpo, ele foi avistado e abordado por dois nobres nortenhos, Lorde Galwen Glover e Lorde Daryn Hornwood.



- Você é o bastardo de Felinight, não? Veio para inscrever seus soldados? Poderíamos unir esforços! O que acha de um exército inteiro de nortenhos?

"É exatamente isso que eu sou." Gylen não queria passar por aquilo. Não queria pensar. Queria cochilar. "Adoraria poder testá-los antes do evento." Ele sabia o que isso ia parecer, sabia que alguns nobres se deixariam ofender por isso. Gylen esperava que eles não fossem desse tipo.

Ele pisca e se estica para tentar firmar sua mente. "Acredito que sejam tão honrados quanto nossos melhores cavaleiros e soldados. Gostaria muito de tê-los encontrado seis ou oito dias atrás e aí o grupo de nortistas seria não só forte, como é claro que são, mas também se moveria como uma unidade perfeita. Seriam capazes de seguir a estratégia de um bastardo e os comandos de um mero cavaleiro em batalha?" Ele faz a pergunta com o peso que ela tem.

"Seu orgulho deve entrar na arena, mas não tenho mais espaço para lideres e já temos um plano. Se acreditarem que podem lutar sob as ordens de um dos nossos homens seguindo o caminho que traçamos... Seria uma enorme honra que lutem com os Felinight. Que o norte entre junto e unido contra esses garotos das terras quentes. O que dizem?"

Ele realmente os aceitaria. Não tinha razões para confiar e nem desconfiar. Mas só os incluiria na estratégia no ultimo momento. Não poderia deixar seus planos escaparem e certamente conseguiriam peles grandes para eles. Claro que haviam outros riscos. Traição? Assassinato? Muitas opções. Mas Gylen não podia se dar ao luxo de investigar. Logo depois ele precisava de um lugar para cochilar. Precisava descansar alguma hora.

Sor Arn se apresenta ao Bastardo do lorde Beron. Não fazia muito sentido para seus ouvidos sobre os casacos já que boa parte dos adversários teriam armaduras de verdade, o peso e a mobilidade contaria bastante para uma unidade e o que importava era se a parede de escudos cederia ou se manteria para que a segunda fileira pudesse estocar. O rapaz mancava e não parecia ter lutado realmente alguma batalha de verdade. Mas os homens o respeitavam e isso era o que importava para um líder.

-Onde o senhor quer que eu fique? - perguntava a Gylen de forma respeitosa.

Não era hora de chamar mais atenção e agora iria ser mais cauteloso, por hora abandonaria o seu nome, mas nunca sua honra. Se esse era o preço que teria que pagar ele estava disposto a dar tudo de si. A aliança com a casa dos gatos era muito importante para alto Ermitério que teria uma grande casa ao seu lado. E poderia fornecer o que o Norte não produzia.

Então se posicionou na fileira do lado mais fraco da mesma como sugeriu o comandante bastardo. Alguns ali já havia lutado com ele e por tanto sabia que era um dos homens mais competentes quando o assunto era combate.

"Sor Arn..." Ele manca para mais perto do guerreiro, mas preferia mancar para a própria cama.

"A maior parte dos homens ataca com a mão direita e o lado esquerdo normalmente é o mais fraco. Espero que aprecie a vantagem do teatro dos casacos e dos escudos, não é mais desleal que um bom grito de guerra para fazer plantar os pés dos inimigos." O bastardo analisa o homem em sua armadura. Não era o mais confortável, mas era bom ter uma armadura vistosa no campo de batalha. Esse homem atrairia os ousados assim como Krotalus faria os mais modestos escolherem outro alvo.

"Mantenham a cabeça fria, especialmente antes de engajar o primeiro grupo de inimigos. É sempre mais fácil acertar homens cansados e os golpes de homens com braços pesados de golpear ..." Ele bate no ombro da armadura mais próxima como alguém que bateria em uma porta. "... são sempre mais fracos" Ele sorri o que gostaria de ser um sorriso cumplice e confiante.

Sor Arn reconheceu Aubrey Abyss e Krotalus Khant da época da Rebelião Greyjoy. Aubrey era grisalho na época, mas agora todo o cabelo e a barba estavam brancos, porém ele continuava tão firme rígido quanto Arn se lembrava. Já o imenso Krotalus, que era mais alto e forte que o próprio Rei Robert, estava agora abatido e triste, com olhos pesados de um bêbado contumaz.

Gylen treinou com seus soldados junto com Arn antes de encontrar os demais senhores nortenhos.

 "Adoraria poder testá-los antes do evento. Acredito que sejam tão honrados quanto nossos melhores cavaleiros e soldados. Gostaria muito de tê-los encontrado seis ou oito dias atrás e aí o grupo de nortistas seria não só forte, como é claro que são, mas também se moveria como uma unidade perfeita. Seriam capazes de seguir a estratégia de um bastardo e os comandos de um mero cavaleiro em batalha?

Galwen Glover respondeu com simplicidade:


  - A casa Felinight tem a maior força militar aqui. Se você é o comandante dela, então lutaremos sob seu comando, Snow.

Daryn Hornwood apenas deu de ombro, dizendo:

- Não há nenhum Stark aqui, nem Bolton ou Manderly. Vocês são a casa mais forte, e vamos segui-los pela honra do Norte.

Com aquilo decidido, Gylen finalmente pôde dormir um pouco.

Mas não muito.

Elisabeth veio acordá-lo.

- Acorde, Gylen! Lorde Beron quer que você se arrume para ir assistir o torneio e depois para a audiência com o rei.

Gylen ficou na arquibancada ao lado de sua família, cochilando na maior parte do tempo, até que Lorde Beron disse que deviam seguir a família real. Os eventos do dia do torneio tinham acabado e o rei estava voltando para a Fortaleza Vermelha, com os Felinight na retaguarda de sua comitiva.


OFF: Continua no tópico Felinight.

Sor. Arn sorri com as palavras do manco, para o cavaleiro em uma guerra tudo dependia de muitos fatores. Traçar algo tão simplista assim lhe parecia mais comandos de um jovem que nunca havia participado de uma guerra de verdade, mas até que ponto as liças poderiam ser diferentes de uma verdadeira batalha?

Então olha para Aubrey e o gigante Krotalus o cumprimentando

-Será um prazer lutar novamente com os senhores

Então luta com o seu melhor tentando ordenar todos que estavam em sua parede de escudos. A real única fraqueza da parede de escudos é ela se romper.

Assim que Íris Dannett deixou o Salão de Bailes da Rainha, o baile acabou para Gylen.

Não havia mais nada do interesse nele naquele lugar.

Ou havia?

Mais tarde, quando Lorde Beron reuniu os Felinight para partirem, ele colocou a mão no ombro de Gylen e disse:

- Você volta na minha carruagem.

Gylen entrou na carruagem com Lorde Beron e Lady Maria, que olhou para ele com tolerância paciente. A outra ocupante da carruagem era Lu Mei.

Assim que a carruagem deixou a Fortaleza Vermelha e começou a descer a Colina de Aegon, Lorde Beron falou diretamente com Gylen:

- E então, Gylen? Como foi sua conversa com Lady Dannett?

Beron ouviu atentamente o relato de Gylen, assim como Lady Maria e Lu Mei.

Quando ele terminou, Beron acenou com a cabeça e ficou pensando em silêncio por algum tempo.

Quando voltou a falar, abordou amenidades do baile com a esposa e a protegida.

Foi apenas ao chegar ao acampamento que Beron disse a Gylen:

- Fique na carruagem.

O lorde e Lu Mei ajudaram Lady Maria a desembarcar e a conduziram até sua tenda. Beron voltou sozinho, subiu na carruagem e fechou a porta, falando em voz baixa e bem próximo do filho bastardo:

- Você fez bem, Gylen. Agora discutiremos isso em Winterfell, mas nossas chances de convencer Lorde Stark de nossa inocência são bem grandes. Se tudo correr bem, conseguiremos uma boa vantagem sobre os Dannetts. Mas agora quero lhe fazer uma pergunta.

A pausa que Beron fez aumentou o suspense a um nível angustiante.

Ele finalmente fez a pergunta:

- Você faz alguma objeção a se casar com Íris Dannett?



OFF: Retomando de onde paramos,  @Wordspinner!