CRONICAS DOS ASSASSINOS

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CRONICAS DE MAXIM GEZNY – O ASSASSINO DAS CORRENTES

CRIMEIA



Em 2014 a população de maioria russa da península da Crimeia aprovou um referendo, aprovando a anexação da região ao governo russo. Logo após o referendo, o governo russo enviou tropas para a península da Crimeia.

Em alguns locais houve resistência...

***

1 SEMANA ANTES DA INVASÃO DA CRIMEIA

Maxim Gezny estava sentado na calçada em frente do hospital, vendo um grupo de moradores pro-russia passarem. Eles estavam bêbados de vodka, e cantarolavam o hino russo com vozes graves. Ao verem Maxim, e reconhecerem sua etnia ucraniana, logo começaram a lançar insultos gratuitos, e a manda-lo de volta para Kiev.

O rapaz apenas os observou sem dizer nada, com olhos vazios.



Por algum motivo, os bêbados sentiram um frio na espinha, e ao ouvirem o som de correntes se arrastando, decidiram apenas ir embora para comemorar em outro lugar.

Mas a mente de Maxim estava voltada para Pavlo Gezny, seu irmão menor, que estava em tratamento no único hospital que possuía o equipamento necessário para continuar a sua luta contra o câncer, e que era sem custos. Maxim sabia o quanto isto era importante, e saber que a tempestade politico-militar poderia por um fim a este tratamento, era algo que lhe dava muita ansiedade.

Não ter dinheiro é uma merda!

Havia também um outro motivo para estar do lado de fora... hospitais são locais com extrema concentração de resíduos psíquicos, e por isto berçários não somente para recém-nascidos, mas também para maldições dos mais diversos tipos. E além disso, também existiam os espíritos recém-desencarnados que muitas vezes se perdiam do caminho, incapazes de compreender sua própria morte.

Embora estivesse acostumado a ver este tipo de coisa em Chernobyl, já tinha passado da hora de finalmente estar em um local, a principio, com coisas normais.

“Ei, que cara essa? Parece que viu um fantasma?”

Maxim franze a testa... não se lembrava de ter feito nenhuma amizade com ninguém destas paragens... Ele se vira para a dona da voz feminina, que era meio zombeteira.



Era uma garota bonita, de cabelos negros, vestindo como se fosse uma gótica de butique. Se fosse um outro momento, um outro lugar, ate que estaria disposto a puxar um papo... porem Maxim agora só queria manda-la a merda...

Só que esta frase, ah, não tinha como não falar nada.

“Se você soubesse quantos fantasmas eu já vi, você que ficaria com esta cara.”

Maxim esperava uma cara amedrontada, ou sem-graça. Porem a garota continuou com a cara zombeteira.

“Eu também vejo fantasmas e não fico com sua cara de bosta. Hihi.”

Maxim não sabia dizer se ficava surpreso ou partia para esganar aquela folgada!

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CRIMEIA



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O sangue de Maxim ferve diante da provocação daquela folgada! Mas ao mesmo tempo ela dizer que via fantasmas também havia atiçado sua curiosidade. Aquela garota era esperta, e tudo não passava de um jogo, para tira-lo fora do centro. Quer jogar, então vamos jogar, fanfarrona.

“Acha mesmo que tenho cara de bosta? Deve ser o contrario, para você vir aqui falar com um desconhecido. Esta me parecendo mais uma cantada...”

É a garota desta vez que fica indignada, e balança a cabeça, desacreditando.

“Ah cara, você se acha, hein? Olha, não é que eu te achei bonito nem nada, é que não é normal ver alguém que consegue ver o outro mundo...”

Maxim arregala os olhos. Como ela sabe disso?

“Escuta, moça, a proposito, meu nome é Maxim... você disse que via almas, essas coisas... O que você ve? E como você sabe que eu vejo?”

A garota cruza os braços e faz um sinal com a cabeça em direção a uma arvore. Maxim sabia a que ela estava se referindo. Sua maldição das correntes.

“Meu nome é Anekka. Esse dai atras da arvore é o seu ne? É que ele é novo pelas redondezas... E então eu te vi, ai sentado, e aquele grupo de nojentos pro-Russia... a maldição ia acabar com todos eles... se você deixasse... não é verdade?”

Definitivamente, essa moça sabia demais...

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Maxim estava intrigado com aquela garota que falava tão casualmente de coisas que ele achava que não poderia falar nunca, com ninguém! Certamente o chamariam de louco, e o internariam em um hospício.

“Talvez acabasse, não sei... não vi motivo para me incomodar, não sou daqui mesmo...”

Esta era uma resposta que ferveu o sangue de Anekka, era possível ver a mudança em seus olhos fixos. Maxim ate ergueu a sobrancelha, não teve a intenção, porem seria interessante ver aquela folgada irritada.

“Pois deveria se incomodar, o fato de você não ser daqui não muda a realidade que isto aqui é solo ucraniano, e que se alguns moradores estão descontentes, não lhes da o direito de entregarem território nacional para o inimigo! Eu não saio daqui, esta é minha terra, e eu sou ucraniana, não russa!”

Maxim revira os olhos e balança os ombros. Nao estava com a mínima vontade de discutir.

“É, já vi que você gosta de politica, mas o que estava querendo mesmo saber é... desde quando você consegue ver maldições e espíritos... e se você tem um que é seu...”

Ao ver que o rapaz estava tirando o corpo fora, Anekka da uma fungada e retoma sua compostura.

“Consigo ver desde pequena... Ficava muito assustada, mas a minha avó disse que era um dom especial que poucos tem, e aprendi a conviver com ele. Mas só que nunca tive afinidade com esses espíritos velhos que nem esse o seu, que tem ate correntes, que coisa mais retro!”

Mais retro? Pelo visto Anekka já tinha voltado ao seu normal mesmo, piadista de nariz empinado.

“É, sempre preferi o tradicional... vampiro que morre no sol ao invés do vampiro que brilha do Crepusculo...”

Anekka da uma risada fina e descontraída. Havia sido pega de surpresa pela piada.

“Cara, Crepusculo? Não sabia que você curtia... Bem, meus espíritos são um pouco diferentes...”

A moça olha para os lados e mostra os pulsos. Em ambos tinha uma cicatriz de corte lateral. Um suicidio mal-sucedido?

“Sei o que esta pensando, não é de suicidio... Olhe nos meus pulsos...”

No local onde suas veias iriam para as mãos, as mesmas começaram a escurecer, e então a vazar um liquido negro, espesso como o sangue, parecido com petróleo, através das cicatrizes. Esse liquido desafiava a gravidade, subindo e se juntando nas palmas de suas mãos.

“Não tenho um espirito, mas milhões deles nas minhas mãos.”

Definitivamente, essa moça era estranha...

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Ver aquele liquido preto nas mãos da garota era algo intrigante... sabia que não era algo puramente espiritual ou amaldiçoado, mas uma mescla dos dois.

“Ehr, você disse milhões? Quer dizer que isso é tipo uma colônia de mini-maldições, tipo aquelas anêmonas do Discovery Channel?”

Anekka olha meio surpresa para Maxim. Engraçado ele fazer esta comparação.

“Éééé... mais ou menos isso... não tem muita consciência, mas sabem obedecer ordens, que nem a sua maldição das correntes.”

“Tá... Voce me disse que meu espirito é velho... e essa coisa ai, vem de onde?”

“Ora, vem de coisa nova... não existem maldições nos objetos? E você acha que celular não carrega maldição? Quantas pessoas já não amaldiçoaram seus celulares? Não chamam de coisa maldita? Imagina a quantidade de energia ruim que não passa por um...”

É, até que faz sentido... essa Anekka parece ser mesmo inteligente, para chegar nessa conclusão.

“Verdade, também acho que de vez em quando eu acho que meu celular ta amalicoado mesmo, alguns aplicativos iniciam sozinhos, minhas fotos se corrompem, vai entender.”

“Bah, isso é vírus hahaha...”

“Sua boba! Hahaha! Mas escuta, o que você consegue fazer com esse liquido preto ai?”

Anekka sorri, e Maxim percebe que esse era justamente o ponto onde ela queria chegar.

“Posso te mostrar, se quiser... Alias preciso de uma ajudinha, ta muito ocupado?”

Interesseira safada…